Ah, o futuro... Não sabemos sequer se estaremos vivos no próximo instante de nossas vidas, você mesmo não sabe se terá tempo para ler a próxima palavra deste texto. Bem, pelo menos temos a capacidade de pensar sobre nosso futuro, nossas expectativas e esperanças por uma vida melhor. Nunca sabemos o que pode acontecer daqui uma hora, uma semana, um mês ou quem sabe um ano, mas podemos trabalhar para que este futuro seja melhor, algo que guarde coisas boas, realizações.
A polêmica que envolveu Sebastian Vettel, Max Verstappen e Daniel Ricciardo serviu para movimentar um pouco mais os bastidores do circo da Fórmula 1. O tetracampeão já vinha fazendo diversas reclamações bobas e sem sentido nas últimas corridas, mas dessa vez acabou saindo do decoro de um piloto para dizer poucas e boas para Charlie Whiting, algo que, sinceramente, muitos de nós sonhamos a tanto tempo.
Esse decoro que citei anteriormente é uma das principais "armas" do politicamente correto que "robotiza" quase todos os pilotos do automobilismo. Com isso, o que nos resta é torcer para que mais pilotos como Max Verstappen surjam com coragem e força o suficiente para peitar alguns dos grandes nomes da categoria, pois é esse tipo de piloto que motiva, muitas vezes, "polêmicas de meio de semana", que aquecem de tal forma o circo que todo o fim-de-semana pode acontecer algo novo.
Verstappen e Ricciardo - a dupla dos pesadelos de Vettel
A falta de consistência nas decisões feitas pelos diretores de prova já vem a tempos atormentando os pilotos, e isso, somado a nova Verstappen rule, deixam as coisas ainda mais polêmicas. O próprio holandês, personagem mais polêmico do último fim-de-semana na Cidade do México, veio à publico pedir uma revisão nas regras após tanta confusão que colocou um trio de respeito numa situação um tanto quanto desagradável e, pior, vergonhosa aos olhos mais críticos.
Carlos Sainz também já pediu uma correção nessa loteria que se tornou a Fórmula 1, onde uns são punidos e outros não. O escândalo fica ainda maior se lembrarmos que Lewis Hamilton cometeu o mesmo erro de Max Verstappen na largada, fugindo de quaisquer problemas que pudesse enfrentar com quem vinha atrás. Daniel Ricciardo e Nico Hülkenberg reclamaram. E a equipe Red Bull se tornou uma das mais críticas às generosas áreas de escape que tanto estragam o show.
O sorridente australiano afirmou que prefere brita do que asfalto, e que elas servem para penalizar pilotos que cometem erros. Há uma controversa sobre as caixas de brita que mexem muito com a cabeça dos organizadores de Gp: elas já se mostraram perigosas demais, vide os capotamentos de Schumacher e Alonso na Austrália, em 2001 e 2016, respectivamente, por exemplo.
Ross Brawn pode estar de volta ao circo da Fórmula 1
Apesar disso, vimos mais uma vez, no acidente do espanhol no início desse ano, que a Fórmula 1 é a categoria mais segura do mundo quando não há negligência por parte dos organizadores (como na fatalidade ocorrida com Jules Bianchi em 2014). Por isso, sou totalmente a favor da volta das caixas de brita, pois apenas ela conseguiriam punir os pilotos de forma, digamos, natural e igualitária, e não absurda e idiota como vemos nos últimos anos vindos de Charlie Whiting e companhia...
É o futuro da categoria que fica em jogo. A própria Verstappen rule idiota também mexe um pouco com os ânimos, pois foi por causa dela que Sebastian Vettle foi punido e Daniel Ricciardo herdou o pódio. Um regra tão idiota que deve estar "revirando Gilles em seu túmulo". É o cúmulo do absurdo punir um piloto que muda de direção na freada. Estamos falando de um esporte, mas que já se parece uma novela mexicana.
O pouco tempo que ainda resta para que Bernie Ecclestone deixe de vez o comando da categoria (que parece uma eternidade) nos faz indagar sobre como poderá ser o futuro, quando, como muitos dizem, Ross Brawn será um dos principais homens: será que teremos uma Fórmula 1 melhor do que temos hoje? Tomara. Apenas tomara... Uma renovação total nem sempre é boa como imaginamos, especialmente no início...
Audi voltou a superar a Porsche, mas ainda não consegue liderar o campeonato
Agora saindo um pouco de onde a babaquice reina, entramos num assunto um tanto quanto triste e polêmico. As saídas de Audi e Volkswagen, respectivamente, do WEC e do WRC, chocaram o mundo do automobilismo. A polêmica que envolveu a marca alemã no ano passado, chamada de dieselgate, começa a ter consequências no esporte a motor, e elas não são das mais fáceis de se lidar.
Porsche e Audi são do grupo VAG, e por isso não havia sentido manter duas equipes de ponta lutando entre si enquanto existe uma enorme e monstruosa divida a se pagar nos EUA. A saída de uma das marcas já estava quase que programada quando o dieselgate veio à público, e isso se confirmou quando o time de Ingolstadt oficializou sua saída do Mundial de Endurance para o fim desse ano, algo que chocou, pois se esperava que a equipe participasse de mais uma temporada, ainda mais tendo um bólido que mostrou ser o mais rápido da categoria logo em seu primeiro ano, só não superando a Porsche no campeonato por motivos diversos.
Loïc Duval quer continuar correndo na LMP1
Loïc Duval e Lucas di Grassi estão na Fórmula E, enquanto André Lotterer correu na Super Fórmula em 2016, e por isso não correm riscos de passar um 2017 sabático. Já Benoît Tréluyer, Marcel Fässler e Oliver Jarvis tem futuro indefinido. O britânico manifestou interesse em ficar na LMP1, e sua maior chance seria na arqui-rival Porsche, onde Mark Webber se aposentará no fim desse ano. Porém, os favoritos a vaga de Stuttgart são Earl Bamber e Nick Tandy, vencedores de Le Mans em 2015 ao lado de Nico Hülkenberg.
Com a saída da Audi, Porsche e Toyota se tornam as duas principais equipes da categoria, deixando vazio um espaço que será difícil preencher. A Peugeot manifestou interesse em um retorno, mas acabou culpando os altos custos da LMP1 para se manter longe, pelo menos nos próximos anos, do WEC.
A Joest Racing fica sem rumo definido no endurance, sobretudo pelo fato de que sua antiga parceira, a Porsche, agora ter equipe oficial. Um destino interessante seria os EUA, onde a IMSA cresce a cada ano. Esperemos para ver qual será a decisão da equipe de Reinhold Joest.
O Polo que jamais correrá - dinheiro jogado fora...
Já no WRC o choque foi maior. A Volkswagen estreou em 2013 e desde então dominava a categoria de tal forma que destituiu uma era e iniciou outra: Loeb havia conquistado nove títulos seguidos até então e, agora, Ogier tem quatro canecos - são doze anos de domino de pilotos da França! A última vez que um carro alemão havia vencido o campeonato foi em 1984, com o Audi Quattro.
Voltando à década de 80, é de se lembrar que o Grupo B foi extinto em 1986 quando a Audi preparava, secretamente, um super carro para o Grupo S, espécie de substituto obscuro do famoso Grupo B. O Audi 002 Quattro não era de motor frontal, mas sim traseiro, tendo traços que lembravam os sportscar da época. Um projeto ambicioso, feito longe dos olhos dos grandes executivos da marca. Walter Röhrl chegou a testar um Quattro S1 na Tchecoslováquia com motor traseiro, elogiando (e muito!) o carro, mas acabaria por jamais andar no 002.
O cancelamento do Grupo S decretou a morte do projeto que se manteve na escuridão por quase 20 anos antes de novas informações aparecerem na revista Motorsport. Trinta anos após o fim do Grupo B, o carro finalmente apareceu em um rally no Eifel Rallye Festival desse ano.
Mas por que escapar do assunto e leva-lo para um carro que jamais correu? Pois bem... há quem diga que o novo Polo era um dos mais rápidos já vistos na história do WRC! E como a Volkswagen não tem o costume de vender seus carros, estes provavelmente serão mandados direto para um museu (!), antes de reaparecem daqui algumas décadas em outro festival... Veja também: Sobre o fim da Volkswagen no WRC.
Assim, Sébastien Ogier, Jari-Matti Latvala e Andreas Mikkelsen ficam sem equipe para 2017. Um trio de respeito que muito provavelmente vai conseguir uma vaguinha em alguma das grandes marcas: Ogier é cobiçado especialmente por Citroën e M-Sport (Ford), enquanto nada sobre Latvala surgiu na mídia. Mikkelsen tem experiência em equipes privadas, e deve aparecer na temporada que vem.
O Rallye da Austrália será o último de uma era...
Enquanto o ano não acaba, muita coisa ainda pode acontecer. Li hoje no Continental Circus, que chegou a se falar de um abandono por completo dos programas esportivos da empresa alemã, o que acarretaria no desaparecimento também da Porsche no WEC! Não sei se posso estar exagerando ou falando bobagem num ponto como esse, mas a verdade é dolorida: a VW está a pagar pelo maior erro de sua história - e não é apenas ela que sente por isso, mas também o esporte...
Será difícil imaginar o que poderia acontecer no WEC e no WRC em 2017, quando Audi finalmente poderia ter superado a Porsche a Citroën parecia ter se aproximado dos carros da Volkswagen. Viveremos apenas de suposições, apenas de "e se...", e isso é chato, é besta, é algo desnecessário para nosso futuro, e que poderia ser evitado caso nosso presente não fosse tão conturbado.
O que quero dizer é que se a Volkswagen não tivesse c*****, vamos dizer assim, poderíamos ter duas das melhores temporadas de sempre no WEC e no WRC, e tudo não passará de meras suposições um dia. Isso se já não as fazemos hoje...
E o velho continua com suas idiotices
Sobre o futuro, devemos aprender com os erros de hoje e corrigi-los. E é isso que a Fórmula 1 deverá fazer caso não queria cavar um buraco tão fundo, onde não poderá sair com tanta facilidade como queremos, tal como ocorre com o Grupo VAG.
É inegável dizer que nos últimos anos a Fórmula 1 se viu tomada pela 'geração mimimi'. Manobras arriscadas, toques e qualquer outro tipo de incidente são vistos como polêmicos e motivo para reclamações e, sobretudo, punições. E quem mais perde com tudo isso? A própria Fórmula 1, e também você, que assiste a categoria. Qual a graça de acompanhar uma corrida onde é proibido ultrapassar?
Já na primeira curva vimos um acidente que poderia ter mudado o destino do campeonato. Vettel freou tarde, dividiu com Max Verstappen e acabou atingindo Nico Rosberg, que rodou e foi do céu ao inferno em menos de 15s. Estava montada a discussão. Será que o alemão deveria ser punido pelo incidente? Pensei inúmeras vezes em vir aqui comentar sobre isso, mas nunca tive tempo para tal. Agora tenho. E qual a necessidade de discutirmos se isso é ou não é motivo de punição? Não há o que reclamar! Foi um incidente de corrida.
Em 2001, Rubens Barrichello rodou Ralf Schumacher e ainda saiu impune. Ninguém abriu a possibilidade dele ser punido. E por que, agora, quinze anos depois, um incidente tão semelhante poderia causar uma punição? Não são só os comissários que mudaram seu jeito de interpretar um acidente, mas nós também. É triste dizer, mas, talvez, nossas cabeças já foram corrompidas pela tal 'geração mimimi'. E não vemos isso só no mundo da F1, e menos ainda no do esporte a motor. Isso está em todo lugar...
Já perto do fim, após se recuperar, Nico Rosberg forçou e conseguiu uma bela ultrapassagem sobre Kimi Räikkönen, ultrapassagem que custaria dez segundos no tempo de prova do alemão. Outra punição totalmente desnecessária feita pela direção de prova. Em 1999, por exemplo, David Coulthard, na volta quatro, fez exatamente a mesma manobra de Rosberg para superar Michael Schumacher e assumir o segundo posto. Punição? Nenhuma! A corrida seguiu normalmente e com o alemão sequer reclamando da manobra do escocês, mesma atitude de Räikkönen na corrida de domingo (pelo menos naquilo que vimos na transmissão...).
Simplesmente, uma palhaçada.
Não que seja culpa do comissário convidado, mas, por ser tão experiente, por ter participado de tantas provas numa época tão idolatrada pelos fãs da Fórmula 1, penso que Derek Warwick deveria ter pulso suficiente para evitar que punições tolas como essa fossem dadas. Tão tolas, como aquelas que envolvem trocas de câmbio, motor ou quaisquer outros tipos de dispositivos que compõem a unidade de potência.
Se não bastasse isso, temos agora maus perdedores. Sebastian Vettel já virou piada por tantas reclamações, o famoso "choro", antes, durante e após as corridas. Apesar dessa infantilidade, o alemão nunca foi capaz de criar uma polêmica que envolvesse toda a equipe Ferrari. Max Verstappen é outro nome que ultimamente vem causando problemas dentro da pista, enquanto, fora dela, chama atenção e anima os torcedores com duras declarações que confrontam até grandes nomes do esporte.
De qualquer forma, nenhum dos dois pilotos citados foi capaz de colocar toda a equipe contra si próprio. No último domingo, após outro estranho abandono, Lewis Hamilton foi à publico dizer que "alguém não quer que eu vença. Os motores Mercedes só quebram comigo". Uma atitude lamentável, que dão um status ainda mais negativo para a equipe e para o próprio tricampeão, que é visto como um mau perdedor, imagem que insiste em manter mesmo após 10 temporadas na Fórmula 1. Se existe um lugar para responder, é na pista.
Vamos lembrar de incidentes semelhantes, e pior, quando esses incidentes tiraram títulos. Em 1984, por exemplo, Alain Prost chegou na Itália ainda a frente de Lauda no campeonato de pilotos, mas acabaria por sair de lá com a segunda posição após abandonar na terceira volta, quando era segundo colocado e favoritíssimo à vitória. Cinco anos depois, na mesma Monza, Ayrton Senna acabaria perdendo a vitória nas últimas voltas depois de seu "inquebrável" motor Honda estourar. Abandono que colocou o brasileiro sob pressão nas últimas etapas da temporada.
Uma década depois, em Indianapolis, Mika Häkkinen viu seu motor Mercedes ir pelos ares quando era segundo, caminhando para um pódio que o deixaria mais próximo de um possível tricampeonato. O mesmo Schumacher que saiu beneficiando do ocorrido em 2000 seria a vitima seis anos depois, em Suzuka, quando liderava antes do motor Ferrari decidir abrir o bico pela primeira vez em anos durante uma corrida...
Desde que Nico Rosberg e Lewis Hamilton se tornaram companheiros, o alemão não pontou oito vezes por causa de problemas mecânicos, enquanto o inglês apenas quatro. Dificilmente isso teria mudado o destino dos campeonatos de 2014 e 2015, mas é fato que em 2016 esse número poderá fazer a diferença. O placar é de 1 a 0 para o tricampeão, no momento...
Voltando ainda mais no tempo, vale lembrar que Hamilton sempre correu com motores Mercedes, conquistando 3 títulos, 49 vitórias, 57 poles, 31 voltas mais rápidas, 99 pódios e 2132 pontos. Dos 183 GPs disputados, o inglês abandonou 25, sendo apenas dois deles causados por problemas no motor. No fim, é lamentável ver um tricampeão agir dessa forma, especialmente após tantas e tantas conquistas no circo.
É claro que Hamilton pode ter razão em algumas declarações, mas só neste ano que os motores Mercedes começaram a, digamos, 'pipocar' perto do tricampeão. A equipe mesma não seria louca de colocar o futuro do piloto em xeque dentro da equipe, sendo ele o mais bem pago do grid, o maior vencedor e o maior favorito ao título nos últimos três anos. Isso seria suicídio. E sujo.
E agora, restando poucas etapas para o fim, não seria hora de fazer uma declaração forte como essa que pudesse desestabiliza-lo dentro da equipe. Quem agradece é Nico Rosberg. Mas ainda há uma luz no fim do túnel para o inglês. E, conhecendo bem o estilo de Lewis Hamilton, não é impossível que ele vença todas as corridas restantes e ainda saia com o tetracampeonato, isso com Rosberg podendo quebrar em qualquer uma dessas provas. Está aí a inutilidade de uma declaração como essa. Boba e lamentável.
Se Lewis Hamilton sair como campeão dessa "época" de 2016, tendo derrotado Nico Rosberg na pista durante as últimas etapas, tenha certeza que assistiu uma das melhores temporadas da história da Fórmula 1, com uma das mais impressionantes viradas da história. Agora é esperar para ver.
Ainda nessa semana saem as notas do GP da Malásia, onde Daniel Ricciardo finalmente voltou a vencer, Fernando Alonso deu outro show e Jolyon Palmer conquistou seu primeiro ponto.
Muito criticado pela sua extensão, o Red Bull Ring está prestes a receber de volta uma das mais clássicas, senão a mais clássica, parte de seu layout original: o "West Loop" - que não é utilizado desde 1987. Os tempos de volta cada vez mais baixos, somados a projeção de que os carros de 2017 poderão ser cerca de 5s mais rápidos do que os atuais, fizeram Dieter Mateschitz e Helmut Marko se mexerem para garantir a presença da Áustria no calendário dos próximos anos.
O projeto de expansão não é tão audacioso. O West Loop não está danificado e necessita apenas de um recapeamento, além de precisar se adequar às normas de segurança da FIA. Não seria de se espantar ver, já em 2017, o retorno de parte do icônico layout original, o que traria ainda mais emoção às provas no Red Bull Ring...
Castrol Edge
Como nem tudo são flores, existem duas chicanes no projeto. Uma delas logo após a Castrol Edge, atual primeira curva da pista, e a outra antes da Remus, o famoso cotovelo na parte mais alta do circuito. Apesar disso, as três curvas que compõem o West Loop não devem ser alteradas: Hella-Licht, Flatschach-Gerade e Dr. Tiroch Kurve.
Além de ser agradável à Fórmula 1, essa expansão deve visar também a entrada do circuito no calendário do World Endurance Championship, sabendo ainda que o antigo Österreichring fez parte, por anos, do World Sportscar Championship, antecessor do WEC atual. Quantas belas imagens dos 1000Km de Zeltweg temos...´
Numa rápida pesquisa na internet, encontrei fotos que comprovam a reforma e a rapidez do projeto em colocar tudo em prática já em 2017. Como vocês podem ver no vídeo acima, a subida da Castrol Edge e a descida para a Remus já foram asfaltadas. Também é possível observar a forma que a Remus vem tomando, o que entrega a possível construção de uma chicane para diminuir as velocidades na parte alta do circuito.
Assim, de 4.326kms, o Red Bull Ring passaria a ter bons 5.4kms, ficando cerca de 500 metros mais curto do que o layout original completo. Agora nos resta esperar, e torcer para que as mudanças aconteçam e a FIA aprove o West Loop para seu retorno aos Grandes Prêmios. Até o ano que vem, boa parte disso deve estar pronto, caso contrário deveremos estar assistindo uma corrida no antigo lado oeste do Österreichring.
O GP da Hungria já estava começando a ficar estranho: duas ótimas corridas nos dois últimos anos, e nenhum sinal de que isso poderia mudar. Porém, isso acabou mudando logo em 2016, quando estamos tendo uma temporada verdadeiramente interessante. E o que faltou para termos uma corrida emocionante em Budapest? O mesmo que aconteceu em 2014 e 2015 - chuva ou Safety Car.
Hungaroring nunca foi produtor de corridas super interessantes, mas, de vez em quando, sempre nos proporciona algumas obras-primas que ficam guardadas como "uma das melhores corridas da temporada". A prova de 2016 acabou sendo ruim pela falta daquilo que tanto criticamos nas últimas dias: o Safety Car. Pode parecer loucura, mas vale lembrar que em 2015 tivemos quase 50 voltas de monotonia total para, só depois do SC, já nos últimos 20 giros, termos algo tão emocionante quanto qualquer outro GP daquele ano.
A Fórmula 1 não é mais com antigamente, e qualquer corrida mais emocionante já é motivo de comemoração. Infelizmente, muitas vezes precisamos ver elementos que deveriam ser secundários acontecerem para que possamos ter uma corrida de verdade. E após tanta reclamação sobre a largada do GP da Grã-Bretanha com o Safety Car, parece que sentimos falta dele no GP da Hungria, pelo menos no meio da corrida.
Começamos o fim-de-semana com uma polêmica pole position de Nico Rosberg, enquanto nada de muito surpreendente acontecia no restante do grid, exceto o décimo quarto posto de Kimi Räikkönen. Depois de horas de conversa, ficou decidido que o alemão iria sim largar na primeira posição no domingo. Uma decisão estranha, polêmica e um sinal de quão incompetentes, ou melhor, irregulares podem ser os comissários da FIA.
Na corrida, a largada valeu como ouro. Quem não conseguiu posições na largada, dificilmente teria chances de conquistar durante a corrida. Mais uma vez, Räikkönen foi uma exceção. Com uma estratégia diferente, o finlandês não demorou muito para chegar na briga contra as Red Bull. Sebastian Vettel herdou a posição de Max Verstappen nos boxes, enquanto o holandês enfrentava problemas com o tráfico.
Lá na frente, Hamilton se mantinha cerca de um segundo a frente de Rosberg, administrando muito bem a vantagem para o companheiro. Semelhantemente ao ocorrido no ano passado, as últimas voltas tiveram certa emoção, com Vettel se aproximando de Ricciardo e Räikkönen tentando ultrapassar Verstappen, que defendeu de forma valente, porém duvidosa.
O toque do finlandês com o jovem piloto da Red Bull foi um incidente de corrida, sobretudo pelo fato de que Verstappen mudou de direção apenas uma vez. No fim das contas, Räikkönen mais chorou do que seu próprio companheiro, e isso já virou um p*rre para a Fórmula 1. Mesmo com os enormes problemas na administração da categoria, os pilotos se preocupam em brigar sobre quem deve ou não receber punição.
É triste saber que a Fórmula 1 chegou nesse ponto, mas é verdade. Os pilotos deveriam saber usar suas vozes para mudar o regulamento, para algo que realmente fosse útil, que não punisse um piloto a cada 5 dias. Eles tem a voz, só não sabem usa-la. Ou talvez, não podem...
No mais, devo retornar ao assunto. Se qualquer acidente ou incidente tivesse acontecido pela volta 50, teríamos garantido um final de prova tão memorável quanto o de 2015, mas como isso não aconteceu, temos que nos contentar a esperar por semana que vem, quando Hockenheimring estará de volta ao calendário com o GP da Alemanha.
E com mais uma vitória, Lewis Hamilton finalmente assume a liderança do campeonato. Agora é ver se Nico Rosberg vai reagir, sendo este um momento crítico da temporada. Restando apenas uma prova antes das férias, quem se sair bem na Alemanha irá para Spa-Francorchamps com a confiança lá em cima. Até domingo...
Não vi nada de espetacular na corrida, mas, para não perder o costume...
MELHOR PILOTO: Kimi Räikkönen
SORTUDO: Sebastian Vettel
AZARADO: Max Verstappen
SURPRESA: N/H
Räikkönen foi o piloto que mais se destacou. Largou em décimo quarto, escalou o pelotão e terminou numa digníssima sexta posição. Vettel só conseguiu o quarto posto graças aos problemas enfrentados por Verstappen, e quase arrancou o pódio de Ricciardo no fim da prova.
A semana que acabou de terminar foi uma das mais movimentadas dos últimos anos, pelo menos no circo da Fórmula 1, onde uma polêmica troca pode ter mudado todo o futuro da categoria. Após errar duas vezes de maneira suspeita, Daniil Kvyat recebeu uma triste e exagerada punição de seus superiores: o rebaixamento para a Toro Rosso. Muitos levantam hipóteses de que o time austríaco já tinha tudo isso (digo da troca) armado antes mesmo da prova russa, e que toda essa discussão entre Vettel e Kvyat seria uma maneira de acobertar qualquer movimentação, digamos, suspeita.
Max Verstappen é bem-visto pelos chefes de equipe desde que chegou á Fórmula 1, com status de promessa e ótimos resultados. Em contrapartida, já se mostrou um belo falador e que ainda necessita de um pouco mais de experiência para não repetir erros como aquele cometido em Mônaco.
Por causa de sua idade e de seu claro talento, Verstappen tem potencial para quebrar boa parte dos recordes impostos por lendas da categoria, como Michael Schumacher, Ayrton Senna e Jim Clark. Alguns recordes já foram batidos, como o de mais jovem piloto a participar e a marcar pontos numa corrida, e agora, na Red Bull, pode se tornar o mais jovem a subir ao pódio e a conquistar uma vitória.
Lammers em Long Beach
Nesse sábado, igualou a Jan Lammers com a melhor posição de largada de um piloto holandês, com o quarto lugar. No GP do Oeste dos EUA de 1980, Lammers conquistou um surpreendente quarto posto no grid de largada em sua ATS, e agora, com a Red Bull, Verstappen tem a chance de superar esse feito e ainda se tornar o primeiro holandês a vencer uma corrida.
Não quero ir muito mais longe, apostando exageradamente e precipitadamente no jovem, mas que Max Verstappen tem potencial isso ninguém nega...
Isso pode ser apenas o começo de um belo futuro na Fórmula 1, mas para se manter nela terá de mostrar que tem tanto talento quanto se fala.
No mais, uma boa sorte para a grande vitima e para o grande beneficiado de tudo isso...
Horas antes do início do 13º Grande Prêmio da China de Fórmula 1, que tal relembrar um pouco daquilo que aconteceu nas últimas edições desta prova tão imprevisível? A mistura de poluição com chuva acaba trazendo ainda mais imprevisibilidade à corrida, colocando ela entre as mais esperadas de toda a temporada, pelo menos na questão de expectativas.
2004: Como poucas corridas escaparam da monotonia daquela temporada trucidada pela Ferrari, o primeiro GP da China serviu apenas para mostrar que Michael Schumacher ainda era um simples piloto que podia ter seus dias infelizes. O alemão largou dos boxes e fez uma pífia prova de recuperação, fechando apenas no décimo segundo posto enquanto Barrichello não sofria dificuldades para vencer em Xangai. Destaque também para a ótima performance de Jenson Button, que superou Kimi Räikkönen demonstrando a clara superioridade da BAR sobre o resto do pelotão não-Ferrari.
2005: Em busca do tão sonhado título de construtores, a Renault viu Fernando Alonso e Giancarlo Fisichella dominarem a prova chinesa, pelo menos até sua metade, quando o italiano enfrentou problemas que custaram uma dobradinha para o time francês. Mesmo assim, o novo campeão do mundo assegurou a alegria nos boxes da equipe, enquanto Schumacher mais uma vez tinha uma performance fraquíssima. Vale lembrar também que o GP da China de 2005 foi a última corrida da Minardi e da Jordan, fechando também o ciclo dos motores V10s na categoria.
2006: Depois de dois fracos desempenhos em Xangai, Michael Schumacher desencantou em 2006, largando na sexta colocação do grid para conquistar, no domingo, sua 91º e última vitória na Fórmula 1. Para demonstrar todo seu talento, o alemão ainda teve de enfrentar as imprevisíveis mudanças de tempo nos arredores do autódromo e superar Rubens Barrichello, Jenson Button, Kimi Räikkönen, Giancarlo Fisichella e Fernando Alonso. Lembremos também da fantástica última volta na disputa pela quarta posição.
2007: Na penúltima etapa do campeonato, Lewis Hamilton tinha o título em suas mãos, podendo se tornar o primeiro estreante campeão logo em sua temporada de estreia. Porém, numa estratégia ousada, o britânico colocou tudo a perder, cometendo um erro que seria fatal para a decisão do título. Räikkönen agradeceu, vencendo o GP da China para levar a decisão para Interlagos. Mais atrás, Sebastian Vettel deu show, veio da décima sétima colocação para terminar em quarto: melhor resultado, até então, da Toro Rosso.
2008: Em uma rara ocasião de pouca emoção em 2008, Lewis Hamilton, já com mais experiência, soube controlar tudo para vencer em Xangai, colocando o título de pilotos dentro do bolso. Após ceder a posição para que Räikkönen se tornasse campeão no ano anterior, Felipe Massa foi retribuído com o finlandês entregando o segundo posto, o que valeu pontos essenciais para a disputa em Interlagos - e que disputa...
2009: Depois de ser transferida da parte final para a inicial do calendário, o GP da China de 2009 foi marcado pela forte chuva. Mesmo depois de largar em segundo, Fernando Alonso se deu mal com uma estratégia de parada muito mais antecipada em relação aos rivais, perdendo assim sua primeira grande chance de vitória no ano. Quem agradeceu foi Vettel, que venceu fácil em Xangai, com Webber completando a dobradinha da equipe Red Bull, que comemorava sua primeira vitória. Mesmo após largar atrás de Barrichello, Button ainda superou o companheiro para terminar no pódio.
2010: Imprevisível como sempre, o GP da China de 2010 teve grandes emoções com Fernando Alonso queimando a largada e com a Red Bull errando na estratégia. Com isso, a corrida ficou nas mãos de Jenson Button e Nico Rosberg, que foi valente ao assegurar um pódio para a Mercedes mesmo após ser superado pelas McLarens. Era a segunda vitória de Button em quatro provas, o que confirmava todo seu talento a bordo de um carro competitivo.
2011: Cheio de alternativas, a edição de 2011 do GP chinês viu Lewis Hamilton voltar à gloria em Xangai após superar Button e Vettel. O britânico, para isso, contou com a ajuda de uma boa largada e de uma ótima estratégia que asseguraram o primeiro posto, enquanto o alemão da Red Bull ficava sem a vitória pela primeira vez desde o GP da Coréia do Sul de 2010.
2012: Finalmente as Mercedes tinham chances de vencer um GP depois de seu retorno. Com Nico Rosberg e Michael Schumacher partindo e tomando as primeiras posições logo na largada, uma dobradinha parecia certa para o time alemão, mas, problemas na troca de pneus, fizeram Schumi perder a sua maior chance de vitória desde 2006 - os azares de Michael continuavam... Já Nico não enfrentou problemas, conquistando sua primeira vitória ao fim das 56 voltas.
2013: Marcando-se com provas cheias de alternativas, a temporada de 2013 viu um GP da China ainda mais emocionante. Lewis Hamilton até largou na pole, mas não conseguiu parar um surpreendente Fernando Alonso que venceu pela primeira vez no ano. Após vencer o GP da Malásia, Vettel viu o pódio escapar de suas mãos nas últimas voltas, quando Räikkönen e Hamilton tomaram o seu segundo posto.
2014: Após tocar na largada, Massa perdeu suas chances de conquistar um bom resultado em Xangai. Um pouco mais a frente, Fernando Alonso surpreendia ao superar Sebastian Vettel, que por sua vez também seria superado por Daniel Ricciardo. Assim, o espanhol conquistou o primeiro de seus dois pódios em sua última temporada pela Ferrari, enquanto Lewis Hamilton vencia pela segunda vez seguida em 2014, começando a incomodar Nico Rosberg.
2015: Na pior edição da prova, sem qualquer grande emoção que realmente empolgasse a madrugada de sábado para domingo, Lewis Hamilton venceu pela quarta vez na China, com Nico Rosberg e Sebastian Vettel completando o pódio. Os únicos momentos que fizeram o telespectador sorrir foram as trapalhadas envolvendo Maldonado, as dificuldades enfrentadas pelos fiscais chineses em tirar a Toro Rosso de Verstappen da reta dos boxes e o ótimo resultado de Felipe Nasr com seu oitavo posto.
E para as próximas horas, o que nos aguarda? Mais uma vitória fácil da Mercedes ou será que Red Bull e Ferrari vão ameaçar a soberania de Rosberg? Hamilton conseguirá se recuperar tão facilmente como fez em certas provas na temporada de 2014? Receberemos todas as respostas daqui a pouco...
"#racingUnited
or in Bernie words:
#windbagsunited"
Nos últimos dias, uma curiosa foto tirada por Nico Rosberg que mostrava um jantar entre quase todos os pilotos do grid, sendo aqueles que preferiram viajar mais cedo para se adaptar ao fuso horário chinês, chamou a atenção de todos, sobretudo por causa de sua legenda, considerada uma forma de intimidação aos dirigentes da categoria. Com nomes de força presentes, criou-se a expectativa de que os pilotos poderão tomar alguma importante decisão neste fim-de-semana do GP da China.
Apesar do retorno do antigo formato de treinos, a Fórmula 1 vive uma grande crise, mais claramente no âmbito de sua direção, o que vem causando grandes discussões desde o início da pré-temporada. As loucuras cada vez maiores, e os erros altistas cometidos pelos dirigentes vem sendo apedrejados pelo público, que, de certa forma, gostaria de melhorar o espetáculo. A GPDA, para tentar resolver isso, lançou em carta sua opinião sobre o assunto (criticada por John Watson).
Já comentei sobre a greve dos pilotos em 1982 e a quase impossível realização de um novo protesto da estirpe em 2016. Mas a foto de Rosberg fez um sonho antigo voltar à tona: estariam os pilotos preparados para as consequências de alguma investida sobre os dirigentes ou isso seria apenas tempestade em copo d'água criada pelos fãs?
Independentemente da resposta, seria belíssimo ver os pilotos não comparecendo ao autódromo no dia da prova, mostrando toda sua insatisfação com a atual situação da Fórmula 1, que se perde em críticas feitas por todos os lados sendo incapaz de melhorar si mesma. As caduquices de seus comandantes parecem levar a categoria para a sepultura junto com eles.
Pode ser loucura, mas acredito que a única forma de derrubar os dirigentes seria haver um poderoso ataque vindo de todos os pilotos, até daqueles que não estão na GPDA. Além de aumentar seu respeito dentro do próprio circo, os showmans passariam a ser vistos como "heróis" pelos fãs, que poderiam esquecer a ideia de que "todo piloto atual é medíocre".
A greve seria a única grande solução, mas, como já disse, parece ser impossível acontecer pela enorme quantidade de dinheiro envolvido na Fórmula 1. Voltando para o que realmente importa: o que podemos esperar do Grande Prêmio?
Hamilton tem uma coleção de vitórias em Xangai, mas a sequência de conquistas de Nico Rosberg impõe respeito e certa dedicação por parte do inglês caso queria superar o companheiro. A perca de cinco posições no grid dificulta ainda mais o trabalho de Hamilton, prometendo assim um emocionante início de prova no domingo. Mas uma vitória ainda é possível.
A Ferrari tem condições de batalhar contra a Mercedes, e após um bom desempenho nos treinos livres, Kimi Räikkönen parece estar mais confiante após o pódio conquistado em Sakhir. Mas devemos ficar atentos para ver até quando essa confiança servirá sobre Sebastian Vettel. O alemão é, naturalmente, o único que pode aparecer no meio das flechas de prata e surpreender.
A Red Bull mostra sua clara evolução em seus quatro carros, com todos os seus pilotos fazendo ótimos trabalhos que podem render bons pontos na corrida. Porém, a guerra, até agora verbal, entre Verstappen e Sainz Jr poderá estourar neste fim-de-semana, enquanto Kvyat parece afundado na dúvida se vai ficar ou não no time austríaco em 2017, o que acarreta numa onda de falta de confiança após dois resultados nada animadores.
No fim-de-semana que marca mais um aniversário de Frank Williams, o time de Grove está preso no mesmo nível da Force India, com Valtteri Bottas usando o novo bico enquanto Felipe Massa volta a utilizar o antigo. Apesar de não ter demonstrado bom desempenho no Bahrein, a nova frente do FW38 poderá evoluir durante esses três dias, dando condições para Bottas surpreender as Red Bulls.
Já a equipe indiana tem boas chances de se recuperar no campeonato, tendo uma animadora aproximação em cima das rivais do meio do pelotão. Hülkenberg e Pérez conseguiram bons tempos nos primeiros treinos livres, elevando ainda mais a confiança da dupla para esta prova em Xangai. Depois de resultados surpreendentes, a Haas finalmente poderá voltar de onde conseguiu sair, mas agora, confiante que pode bater Renault e McLaren.
Outro time que teve uma ótima performance em Sakhir foi a Manor, que, com Rio Haryanto quase em casa, poderá ver o piloto indonésio com um pouco mais de vontade para alcançar o que já pareceu impossível: superar Pascal Wehrlein. O alemão conquistou um incrível resultado no GP do Bahrein, e volta disposto para repetir a dose na China com uma provável evolução do MRT05.
McLaren e Renault se mantém na tentativa de sobreviver no fim do pelotão, com o retorno de Fernando Alonso ao certame mesmo ainda com dores nas costelas. Kevin Magnussen e Jolyon Palmer poderão finalmente demonstrar o que a equipe francesa pode ter evoluído após esses dois primeiros GPs da temporada.
Enquanto isso, no fim de tudo, Sauber continua tentando sobreviver, agora literalmente. As propostas vindas de dois interessantes nomes pouco servirão a curto prazo para a equipe, o que degrada ainda mais a imagem de Marcus Ericsson, e especialmente de Felipe Nasr na busca por um novo assento em 2017. Os problemas continuam, e nenhuma resolução parece pronta.
Os estranhos problemas enfrentados pelos pneus Pirelli de Massa e Magnussen levaram muitos à previsões precipitadas (inclusive eu), comparando esse estranho início de GP com o ocorrido em Indianapolis em 2005, quando apenas seis carros largaram após o boicote das equipes com borracha francesa.
Curiosamente, a ideia de boicote poderia camuflar um certo "golpe" que se chamaria "greve dos pilotos". É loucura? É! Mas a crise não deve ser mascarada da forma que vem sendo, com poucas notícias ou novidades relacionadas aos problemas na direção da categoria. Todos os fãs querem mudar isso antes que seja tarde demais...
No fim, o GP da China continua sendo um dos mais imprevisíveis do ano, onde nós poderemos ver Ferrari finalmente batalhando com Mercedes e uma provável chuva podendo embaralhar o grid daqui alguns instantes.
Após duas semanas de um crise tremenda, o circo agora está acampado nas areias do Bahrein, no maravilhoso circuito de Sakhir. Com Bernie Ecclestone soltando ideias piores a cada dia, a Fórmula 1 parece perdida com seus dirigentes malucos e pilotos sem força de vontade para reivindicar seus desejos. Tudo é dinheiro, quase sempre foi, mas hoje estamos no limite, no ponto máximo entre consciência e inconsciência da cegueira pelo capital.
O GP da Itália parece destinado a um fim semelhante do tradicionalíssimo GP da França, pelo menos em Monza. Enquanto se comenta sobre Mugello e Imola, Las Vegas toma um espaço que nunca poderia voltar a ter. Duas edições realizadas num híbrido de ruas, deserto e estacionamento para vermos dois pilotos campeões em corridas que deram à cidade uma reputação de fracassada no mundo da Fórmula 1.
O formato do treino de qualificação ainda é criticado, mas foi misteriosamente mantido. E como eu já havia comentado aqui no blog, foi uma perca de tempo, recursos e de emoções na sessão que realmente vale alguma coisa para a corrida. Corrida essa que não terá Fernando Alonso, que pela segunda vez em apenas um ano está incapacitado de correr. Suas costelas fraturadas poderiam perfurar seu pulmão em caso de outro acidente, e a solução mais segura foi abandonar o GP.
Em seu lugar um belga estará no volante, coisa que não acontece na McLaren desde o GP da Alemanha de 1973, quando Jacky Ickx foi cedido pela Ferrari. Stoffel Vandoorne finalmente terá sua primeira chance na Fórmula 1, tendo feito uma maratona para sair do Japão e ir para o Bahrein à tempo de participar dos primeiros treinos livres, onde conseguiu marcas semelhantes aos de Button. Apesar da etapa do Bahrein aparentar ser a única do belga em 2016, Fernando Alonso ainda corre sério risco de não participar do GP da China.
A Ferrari tem potencial, mas problemas no turbo dificultam qualquer investida
A Ferrari tem potencial para brigar com a Mercedes, pelo menos de dia, mas a noite parece ser de prata. Os alemães continuam acompanhando com tensão a superioridade imposta por Nico Rosberg até agora, esperando que uma reação qualquer vinda de Lewis Hamilton não seja desastrosa para a equipe. Enquanto os italianos esbanjam confiança na dupla Räikkönen-Vettel, a Mercedes pode estar temerosa com a bomba prestes a explodir.
Felipe Massa tem o novo bico da Williams, mas o carro ainda terá de se adaptar após perder ambas as sessões de sexta feira por motivos que envolvem o atraso. Bottas parece estar um pouco atrás do brasileiro, pelo menos para o GP do Bahrein, mas nunca devemos subestimar alguém que segurou bravamente Sebastian Vettel na última edição da prova.
Red Bull e Toro Rosso aparecem para caçar o lugar da Williams, com uma esquadra de impor respeito. O desempenho noturno dos jovens da marca de energéticos foi ótimo, enquanto o dia foi dominado pela equipe principal. Logo atrás da dupla, Force India parece acompanhar o crescimento de uma nova rival: a Haas.
O desempenho da dupla formada por Grosjean e Gutiérrez foi surpreendentemente bom, dividindo as atenções do meio do pelotão com Pérez e Hülkenberg. A McLaren e a Renault estão caminhando para outra disputa pelo melhor lugar dos piores, enquanto Sauber deverá ficar de olho aberto para uma possível evolução da Manor.
O post foi breve, mas já deu uma ideia daquilo que acredito que poderá acontecer durante este fim-de-semana recheado de automobilismo e motociclismo. Espero ver-los novamente em pouco tempo...
Imagens tiradas da Página Oficinal no Facebook da F1
Se toda temporada fosse baseada na sua primeira etapa, sem dúvida teríamos um belo campeonato pela frente, especialmente se comparado ao do ano passado. Mas como isso não acontece, vamos ter de viver uma corrida por vez das 20 que faltam até o fim do ano. Até lá, muita coisa promete acontecer, e após o GP da Austrália finalmente pudemos ver o real potencial das equipes.
Começarei comentando o novo formato de qualificação, na qual já critiquei e voltarei a criticar pelo simples fato da única coisa diferente entre ele e a antiga forma ficar apenas nos momentos mais emocionantes: antes, o começo era monótono e o fim era empolgante; agora, o começo é empolgante e o fim é monótono. Desde a primeira parte do treino ficou óbvio que esse formato não daria muito certo, pelo menos para mim.
Logo que ficou claro a grande burrada feita, houve uma reunião de emergência que destituiu o novo formato, tornando obsoleto pelo menos até as próximas semanas. Até lá, deveremos acompanhar afinco todo o futuro dos treinos de sábado.
Os resultados da qualificação não foram nenhum pouco surpreendentes como a maior parte do público esperava. A Mercedes dominou a primeira fila, a Ferrari segui-os de perto, a Williams não conseguiu parar a melhora da Toro Rosso e da Red Bull, enquanto a Force India fez ótimo trabalho ao colocar ambos os carros no top ten, de tal modo da McLaren no top quinze.
A Renault nunca foi exaltada durante os períodos de testes, especialmente graças aos objetivos inicias impostos pela marca, e por isso fez ótimo trabalho ao colocar os carro na frente das pequenas equipes. Enquanto a equipe francesa caminhava para começar a espantar os fantasmas de sua última passagem na Era Turbo, a superestimada Haas não teve um desempenho agradável para muitos.
Eu nunca acreditei muito no desempenho da equipe, mesmo com as animadores afirmações de todos os chefes, e por isso não me surpreendi com o resultado dos treinos. A Manor acabou fechando o grid como sempre faz desde muito tempo, mas houve algo que abriu um enorme sorriso num certo país da Ásia: Rio Haryanto foi mais rápido do que Pascal Wehrlein.
No domingo, Daniil Kvyat não conseguiu largar pelo segundo ano consecutivo, mostrando todo seu azar depois de ótimos tempos marcados por Daniel Ricciardo. A Mercedes viu mais uma vez seus dois pilotos largarem mal, sobretudo Lewis Hamilton, que ainda foi atrapalhado por Rosberg antes de ser superado por Verstappen e Massa. Enquanto isso, a dupla ferrarista pulou sem problemas na ponta da corrida, não tendo nenhuma grande ameaça vindo dos carros prateados.
Logo, uma surpreendente Toro Rosso começou a mostrar toda sua força, com Max Verstappen segurando o tricampeão enquanto Carlos Sainz Jr atacava Felipe Massa. A equipe italiana foi a que mais evoluiu em relação ao ano passado, conseguindo até mesmo superar a irmã mais velha. O ótimo quarto lugar, e mais tarde (provavelmente) as boas novas contadas sobre as reclamações de Hamilton, mimaram o jovem holandês.
Já com uma característica de falastrão, que me remete à Nelson Piquet, Max Verstappen se tornaria a personalidade da corrida com suas reclamações, mas até lá algo mudaria todo o resultado da prova. Esteban Gutiérrez e Fernando Alonso se envolveram num terrível acidente na "Sports Centre" (mais conhecido como curva 3), causando a interrupção da prova.
Como já havíamos visto em outras ocasiões, o acidente foi extremamente forte, com o espanhol levantando voo de maneira assustadora. Curiosamente, Brundle, Villeneuve e Coulthard já tiveram a sensação de voar naquele mesmo trecho, ocasionando até mesmo numa fatalidade em 2001, quando um bombeiro acabou morrendo.
A evolução na segurança é evidente, e como o Paulo Alexandre Teixeira, do Continental Circus, disse, se estivéssemos em 1982, provavelmente estaríamos falando sobre a morte do piloto que ali corria, como ocorreu com Gilles Villeneuve. Alonso ainda foi humilde ao dizer que a culpa foi sua e não do jovem mexicano, além de que gostaria de sair logo do carro pois sabia que sua mãe estaria o assistindo na TV.
A culpa? Acredito que o incidente foi mais um de corrida que, infelizmente, teve proporções muito exageradas. Gutiérrez acabou adentrando demais no meio do traçado, atrapalhando ainda mais um Alonso que sequer teria tempo de desviar. Felizmente, ambos saíram inteiros e sem problemas mais graves.
Quando a prova foi reiniciada, ficou óbvio que aquilo mudara o destino da corrida, já que os pilotos tiveram a chance de trocar os pneus no pit lane. O maior beneficiado nisso tudo foi Romain Grosjean, que pulou de 19º para 9º, tendo grandes chances de ganhar mais posições com as subsequentes paradas dos pilotos em sua frente.
Jolyon Palmer foi osso duro de roer para a dupla da Toro Rosso
Misteriosamente, Räikkönen mais uma vez enfrentou problemas em sua Ferrari, forçando um abandono inesperado, enquanto Hamilton sofria para superar ambas as Toro Rosso que agradeceram à interrupção da prova. Logo, a dupla teve de parar, com o holandês tendo a preferência. Surpreendentemente, o espanhol foi o primeiro a parar, retornando na frente do companheiro enfurecido com a péssima parada.
Além do holandês, outro que teve azar na parada, ou melhor, na estratégia, foi Sebastian Vettel, que perdeu a liderança e, naturalmente, a vitória. Enquanto o alemão tentava recuperar o tempo perdido indo ao ataque de Hamilton, Verstappen mais chorava do que atacava Sainz Jr. Apesar das nada boas condições de ultrapassar no circuito de Albert Park, Max deveria ter focado mais em forçar a passagem do que gritar no rádio em busca de alguma solução.
O jovem espanhol mostrou ser osso duro de roer, além de que ninguém deve ser subestimado. Max Verstappen vem sendo aclamado desde que entrou na Fórmula 1, e seus belos resultados como dois 4] lugares reforçaram a tese de ser um futuro campeão, mas será que isso não atingiu níveis extremamente elevados, digo, e se o holandês não conquistar o título? Vão critica-lo até tacarem toda sua reputação no lixo.
Por outro lado, Carlos Sainz Jr quase sempre foi subestimado, mesmo com resultados tão bons quanto os do companheiro. A própria posição no grid de largada em Albert Park mostra que ambos não tem uma diferença tão grotesca como a que muitos comentam. Sainz sobre ser esperto, parou mais cedo e se beneficiou da leve afobação de Verstappen nas últimas voltas.
Infelizmente, as duas sensações da corrida não conquistaram as posições que mereciam após tal performance.
Quem realmente dificultava a manobra do holandês sobre o espanhol estava na sexta colocação, alcançado algo que eu considerava impossível, ainda mais depois do péssimo resultado nos treinos. Romain Grosjean fez ótimo trabalho, se tornou o piloto do dia para os fãs e fechou no sexto posto, algo comparado à uma vitória pelo próprio francês.
Lá na frente, na mesma "Senna" na qual Verstappen rodou nas últimas voltas, Sebastian Vettel cometeu o erro que tirou todas as chances de alcançar um segundo lugar, entregando o ouro, ou melhor, a prata para Hamilton, já que Rosberg caminhou tranquilo para vencer no Albert Park, de maneira sortuda. Após a prova, a própria equipe Ferrari desacreditou numa vitória mesmo com uma mudança na estratégia.
Assim 2016 iniciou como 2015 acabou, com ambas as Mercedes na frente. Porém a promessa de uma melhora da Ferrari foi cumprida, a Red Bull e a Toro Rosso passaram a ameaçar a Williams enquanto Force India acompanha por fora toda essa movimentação. McLaren vem se recuperando, agora sendo acompanhada pela Renault, enquanto Haas, Sauber e Manor deverão seguir na parte de trás do pelotão...
No fim, gostaria de pedir para que todos parasse tem subestimar ou superestimar alguém. São todos humanos, cometem erros, tem defeitos e são maiores do que qualquer dificuldade...
A nova temporada se aproxima com o retorno de dois nomes que marcaram um dos melhores períodos da história da categoria: Renault e Haas.
Ambos os times retornam à Fórmula 1 na mesma era em que viveram seus primeiros dias, marcados por muitos fracassos em busca do grande prêmio: os franceses introduziram os turbos, mas não foram capazes de conquistar um título, enquanto os estadunidenses tinham um gigantesco projeto, nunca conseguindo fazer valer todos os grandes nomes que passaram pela equipe.
Os fantasmas das duas equipes ainda pairam pelo ar, mas apenas uma delas viverá este momento de horror. Enquanto a nova Haas é comandada por Gene, a antiga foi comandada por Carl, que apesar do mesmo sobrenome não tem nenhum parentesco, deixando todo o duro trabalho de enfrentar fantasmas passados para a Renault.
A marca francesa tinha tudo para conquistar títulos ainda na primeira metade da década de 80, mas a velocidade no desenvolvimento dos motores turbo das outras equipes foi estupenda, o que acabou superando todo o trabalho do time da Renault, que, no fim, saiu da categoria sem mostrar nenhum brilho durante toda a temporada de 1985. Curiosamente, o mesmo país que viu a Renault se despedir da Era Turbo, vê a Renault voltar a ele trinta e um anos depois.
Os franceses continuaram a fornecer motores, se tornando campeões na década de 90 já na época dos motores aspirados, o que impulsionou um brilhante e vitorioso retorno no século XXI. Sua segunda despedida foi melhor do que a primeira, apesar da pouca audiência dada na época.
Em 2016, com os espólios da Lotus, a Renault quer reescrever a história como equipe na Era Turbo, tendo um prazo de três anos para se desenvolver. Até lá, será impossível não lembrar-nos dos duros períodos de desenvolvimento com Jean-Pierre Jabouille na virada da década de 70 para 80.
Com aqueles anos de experiência conquistados a mais de 30 anos, a única grande lição que a Renault deve tirar de sua primeira passagem é: não desistir após a primeira tentativa.
Já o caso da antiga Haas é totalmente diferente, envolvendo os patrocinadores como os principais culpados pela saída após duas temporadas disputadas. Carl Haas já era um nome conhecido na América, tendo feito uma vitoriosa parceira com o ator Paul Newman para criar uma equipe na Indy. Os resultados agradaram, e a chegada da gigante Beatrice como patrocinadora colocou a Haas no rumo da Fórmula 1.
Como Jim Dutt, diretor da Beatrice, era amigo de Donald Peterson, diretor da Ford Motor Company, o ingresso de Carl Haas já estava basicamente comprado, especialmente com o grande objetivo de expandir a marca no âmbito internacional.
Associando-se com um staff de se invejar, incluindo Teddy Mayer, Tyler Alexander, Neil Oatley e um jovem Ross Brawn, Carl Haas tinha tudo para estrear na Fórmula 1 no fim da temporada de 1985, algo que aconteceu com nada mais nada menos do que com um campeão mundial: o australiano Alan Jones. Mesmo assim, o início não foi bom.
O projeto que envolvia os motores turbo da Ford atrasou, com o fiasco do L4, fazendo Jones participar das últimas etapas sendo empurrado por um fraco motor Hart. O australiano sofreu em todas as provas, com exceção de uma.
Na estreia do Grande Prêmio da Austrália no calendário, Alan não queria fazer feio em casa, se beneficiando de um carro rápido nas ruas de Adelaide. Infelizmente, a alegria do campeão do mundo acabaria nas primeiras voltas, enquanto assumia a sexta colocação após enfrentar problemas na largada e cair para o último posto...
O velho chassis THL1 seria usado durante as primeiras etapas de 1986, ainda com o motor Hart, mas a chegada do THL2, programada para o GP de San Marino já com o V6t da Ford, animava toda a equipe.
O carro não era um desastre, pelo contrário, tinha um dos melhores chassis do grid. Em contrapartida, o motor era péssimo. Isso beneficiava a equipe em circuitos sinuosos, colocando Patrick Tambay em posições confortáveis no grid como o oitavo posto em Monte Carlo e no México além do sexto lugar na Hungria. Jones, que antes era a grande sensação, passara a ser mero figurante.
A falta de confiabilidade ousava tirar pontos precisos da dupla, que figurava o top six em certas ocasiões. O grande absurdo foi ver a Tambay e Jones andando entre Prost, Senna, Piquet e Mansell nas primeiras voltas do GP da Hungria, sendo que mais tarde não conquistariam sequer um ponto. Apesar da evolução evidente, o fim já estava encomendado desde o início da temporada, quando a KKR tomou o controle da Beatrice e rompeu o contrato com Carl Haas.
Mesmo no meio de tanta tristeza houveram surpresas, como os fantásticos desempenhos de Tambay e Jones nos GPs da Áustria e da Itália, curiosamente em circuitos velozes. O australiano chegou a estar numa posição que possibilitava um pódio antes de ser ultrapassado por Johansson em Österreichring, mas o quarto lugar ainda teve gosto de vitória, com Tambay terminando em quinto. Semanas depois, em Monza, o mesmo Jones tiraria um ponto do bolso após largar em décimo oitavo.
No último GP da Haas, logo na casa do campeão do mundo de 1980, os pontos voltam a ser possíveis. Porém, os problemas que Tambay sofria, impossibilitavam uma ajuda a um surpreendente Jones, que estava na oitava colocação após ultrapassar Philippe Streiff quando abandonou. O mesmo francês da Tyrrell completaria a penúltima volta em terceiro...
Agora, Gene Haas traz o nome de volta ao grid, com motores que realmente inspiram respeito e uma dupla tão interessante quanto aquela de 30 anos atrás...
No fim, acredito que essa temporada que marca o retorno da Renault e a estreia da equipe norte-americana servirão mais para espantar fantasmas que envolvem seus nomes do que para conquistar resultados realmente grandiosos...
Começaremos a descobrir como eles poderão ir durante o ano a partir do próximo domingo, quando a 67º temporada da história irá ser iniciada. Até lá, vivemos de histórias para pensar no futuro...