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sábado, 19 de novembro de 2016

Pós-GP: A corrida para as corridas


Não sabemos se choramos ou rimos após esse fim-de-semana maluco em Interlagos. Na sexta-feira, Fernando Alonso fez de tudo, mais uma vez, para se aparecer, brincando de cameraman e ainda tentando fazer embaixadinhas com uma pequena pedra. No dia seguinte, um guarda-chuva vai parar no S do Senna (presságio?) e, no domingo, o céu vem abaixo depois de anos esperando por um GP do Brasil sob chuva.

Não há melhor lugar no mundo para se decidir um título mundial, mas isso só aconteceria se Nico Rosberg estivesse disposto a derrotar, na chuva, Lewis Hamilton, e, como todos nós sabemos, o alemão está com o regulamento embaixo do braço para levar essa decisão até Abu Dhabi, onde ele precisará apenas de um terceiro lugar caso o companheiro vença...

Infelizmente, o fato de não termos visto o título ser decidido em Interlagos, existem apenas duas formas, pelo menos as que acredito que podem acontecer, de termos um final emocionante em Yas Marina: ou Rosberg e Hamilton batem, em prol do alemão, ou as Red Bull superam o líder do campeonato na pista, em prol do britânico. Vale lembrar ainda que, em 2014 e 2015, a Mercedes só não venceu três corridas, enquanto, nesse ano, foram apenas duas derrotas em vinte provas... seria extremamente interessante ver isso acontecer de novo em 2016, sobretudo se a vitória caísse no colo da Ferrari, que tanto precisa de uma...


Apesar de tudo, o GP do Brasil também foi marcado pelas vaias do público com uma segunda, e sem sentido, bandeira vermelha após voltas e voltas de Safety Car. O povo pediu. E o mundo inteiro assistiu que brasileiro é uma pessoa diferente, impaciente, e que quer ver o "circo pegar fogo" seja embaixo sol ou chuva. Queremos corrida!

Além do mais, a chuva que vimos nesse ano pode se comparar ao que vimos em 2012, quando nenhuma bandeira vermelha foi agitada e o Safety Car só entrou na pista duas vezes, contando as duas últimas voltas após o acidente de di Resta... Isso só mostra que a Fórmula 1 entrou nesse "frescor" após o acidente de Jules Bianchi, e que a FIA ainda não percebeu que toda a fatalidade ocorrida com o francês foi por negligência dela mesma e não do piloto ou das condições meteorológicas...

Talvez a categoria aprenda mais com participações do público como as que vimos no Brasil, com vaias e negativos para uma ação completamente idiota e sem sentido. Se não tem coragem, vá trabalhar num escritório ou algo assim, saia do automobilismo e deixe apenas gente como Max Verstappen por lá...


Mais uma vez, o GP do Brasil poderá servir como lição para o futuro, a corrida para as corridas, e que nada disso se repita: cerca de 31 das 71 voltas foram feitas atrás do Safety Car. Parabéns, Bernd Maylander pelo ótimo trabalho, diga-se de passagem...

Tudo que vemos é uma piada para categorias como WRC e MotoGP. Uma piada...

Na sua décima tentativa, Lewis finalmente venceu no Brasil e realizou seu sonho de criança, e, como não podia perder a chance, tentou fazer um jogo psicológico ao dizer que esta foi a sua vitória mais fácil de todas. Com a conquista, Hamilton se tornou o primeiro piloto a trocar de capacete no meio da prova e ainda vencer a corrida. Algo que, sinceramente, nunca ninguém imaginou que iria acontecer. Foi bonito de ver o britânico com aquele capacete amarelo, não por lembrar Senna, mas por sair da mesmice de um branco tão sem graça que marcou seus dois últimos títulos.


Já Rosberg fez uma corrida simples e com apenas um susto (pelo menos mostrado na transmissão) na Subida do Café. Não se preocupou em segurar ou atacar Max Verstappen, tendo muita sorte ao terminar na segunda colocação após os problemas enfrentados pela Red Bull com as paralisações, que destruíram as estratégias do holandês e de Daniel Ricciardo, que, apesar de tudo, fez uma corrida apagada, ofuscada pela sua punição ainda nas primeiras voltas.

Verstappen deu show, arrancando elogios até dos mais críticos, mas esse desempenho nos fez levantar uma hipótese: os pilotos teriam perdido a magia de como pilotar sob chuva? Verstappen e Ocon, dois dos mais jovens do grid fizeram a alegria dos fãs com uma performance magnífica, coisa que não é rara de se ver em categorias de base, onde outros pilotos, ainda menos experientes, se arriscam tanto que arrancam suspiros daqueles que os assistem. Talvez, o excesso de cautela dos mais velhos venha destruindo o show. Apenas talvez...

De qualquer forma, é inegável que o holandês tenha impressionado todos em Interlagos. Desde seu desejo de iniciar a prova sem mais enrolação até sua última ultrapassagem, sobre Sérgio Pérez, vimos um garoto que estava disposto a arriscar, a cometer erros e, sobretudo, a vencer, mesmo enfrentado os dois melhores carros do grid. É um piloto como Max Verstappen que falta à Fórmula 1. São pilotos com sua garra, com sua marra e com seu talento que os fãs tanto anseiam.


Porém, gostaria de destacar um ponto. O holandês demorou cerca de uma volta para superar uma Manor! Algo assustador pelo fato dele ter pneus mais novos e estar superando todos com tanta facilidade. Mas neste carro azul, branco e vermelho estava ninguém menos do que Esteban Ocon, o francês que derrotou Verstappen na Fórmula 3 e foi campeão da GP3, com muitos méritos, em 2015. Sua contratação pela Force India, tão contestada, sobretudo pelos brasileiros, não foi por acaso, e já expliquei o motivo num de meus últimos posts aqui no blog. O jovem francês, que agora é o piloto mais alto da categoria, soube segurar um carro muito superior e teve azar em não conseguir conquistar seus primeiros pontos numa corrida tão fantástica como essa. Infelizmente, as coisas são assim...

Se Max Verstappen não venceu por falta de sorte, Esteban Ocon não pontuou por falta de equipamento...

No outro carro da Manor, Pascal Wehrlein agora anda ofuscado pelo companheiro, não na pista, mas nos bastidores. O alemão perdeu sua grande (e quem sabe primeira) chance de correr numa equipe média, e agora passa por um momento em que Ocon vem conquistando resultados tão interessantes quanto os seus, tendo o francês participado apenas da metade das provas da temporada. Estive enganado ao apontar Wehrlein na Force India, mas já havia imaginado a sinuca em que a equipe se encontrava...


Voltando à ponta do grid, a Ferrari continua sofrendo com falta de organização interna. Com o pódio de Verstappen, a Red Bull assegurou o vice-campeonato e, agora, o que resta para o time italiano é fazer Sebastian Vettel ficar a frente do jovem holandês no campeonato de pilotos. O dia não foi bom para a dupla ferrarista. Primeiro, o tetracampeão decidiu brincar na grama e rodar e, logo depois, foi a vez de Kimi Räikkönen sem perder em plena reta dos boxes de Interlagos. Por pouco escapou de uma tragédia...

Vettel ainda foi bravo para recuperar as posições perdidas e terminar em quinto, mas demorar tanto para passar Sainz Jr foi fatal para que Verstappen não tivesse muitas dificuldades em supera-lo. É uma pena a Ferrari estar terminando a temporada dessa forma...

A Williams viveu um misto de emoções durante todo o fim-de-semana. Desde os surpreendentes resultados na sexta-feira até o fim de tudo no muro da Subida do Café, Felipe Massa teve altos e baixos, enquanto Valtteri Bottas tentava o impossível com um carro que ainda não aprendeu a andar na chuva. Foi triste ver o brasileiro acabar sua corrida batendo? Foi! Mas o destino quis que fosse assim, e que ele tivesse uma das despedidas mais emocionantes que a categoria já havia visto. Ser aplaudido por Mercedes, Ferrari e Williams não é para qualquer um...


A performance do carro parece não ter melhorado, e agora resta esperar para 2017, com um novo regulamento e com um novo piloto. Quem sabe a Williams não consiga voltar aos dias de glória? É difícil, mas nunca sabemos quando algo surpreendente pode aparecer.

E mais uma vez, o azar ousou tirar Nico Hülkenberg do pódio em Interlagos. Após assinar com a Renault, o alemão ganhou tanta confiança que, frequentemente, supera Sergio Pérez nos treinos classificatórios e, no último domingo, parecia que finalmente havia chegado a vez do vencedor de Le Mans subir ao pódio. Infelizmente, no acidente de Räikkönen, um pedaço da asa da Ferrari foi parar na frente de Hülkenberg, que cruzava a reta dos boxes no meio de todo o spray.

Quando a bandeira verde sinalizou o reinicio da prova, o alemão foi obrigado a parar após um furo: era o fim das chances de pódio. Com isso, Sergio Pérez assumiu uma quarta posição que, voltas depois, se tornaria um terceiro lugar, com a parada de Max Verstappen. O desempenho do mexicano também não deixou a desejar, só não perseguindo Nico Rosberg por falta de equipamento e sendo superado pela Red Bull pelo mesmo motivo.


Um piloto que também teve um desempenho brilhante no Brasil, mas que passou despercebido, foi Carlos Sainz Jr. O jovem espanhol da Toro Rosso partiu da décima quinta posição e já na volta 20 ocupava o sexto posto. Beneficiado pelas marmeladas ferraristas e da Red Bull, Sainz chegou a estar na quarta colocação antes de finalmente fechar em sexto. Apesar do brilhante desempenho do espanhol, a Toro Rosso não viu o mesmo com Daniil Kvyat, que enfrentou problemas com um desgovernado Renault...

Falando de Renault, a renovação de Jolyon Palmer foi vista como idiotice por boa parte dos torcedores, com exceção dos britânicos, que ainda acreditam no talento de um campeão da GP2. É bom lembrar que o inglês derrotou Felipe Nasr em 2014 na categoria, mas mesmo assim só teve sua primeira chance num carro feito para receber o motor Mercedes e com um chassis velho da Lotus. Apesar de todas as burradas, Palmer merece uma chance...

Enquanto isso, Kevin Magnussen foi chutado da equipe e encontrou refúgio na Haas, onde, fontes internas dizem, estão atrasados no desenvolvimento do carro de 2017. Em apenas três temporadas na categoria, o dinamarquês foi do céu ao inferno com McLaren, Renault e, agora pode ir também, com a Haas.


Rumores dizem que a renovação de Palmer foi uma estratégia da Renault para contratar Bottas em 2018, o que poderia abrir uma vaga na Williams para Felipe Nasr, caso o mesmo consiga se manter na Fórmula 1 por mais um ano, ou ainda para Pascal Wehrlein, já que Toto Wolff se tornou grande negociador nos bastidores da categoria.

Aproveitando que Nasr foi citado, vamos falar de seu maravilhoso desempenho em Interlagos, onde, dias antes, havia dito que esta seria a maior oportunidade para marcar pontos: e conseguiu! Um piloto que sai da última fila com um carro da estirpe do C35 para aparecer no top ten em apenas dez voltas merece respeito e, pelo menos, um contrato assinado para próxima temporada. Com a saída do Banco do Brasil, os negócios de Felipe Nasr na Fórmula 1 podem chegar ao fim de uma das maneiras mais tristes de sempre.


Um desempenho tão louvável em comparação ao de Marcus Ericsson, que bateu ainda no início da prova, deveria garantir sua vaga em 2017, mas, se tratando de uma equipe que ainda luta para sobreviver, não devemos esperar nada. Para piorar, a vaga do brasileiro estaria ameaçada por nada menos nada mais do que Esteban Gutiérrez, um dos pilotos mais fracos do grid atual, que só não pontuou em 2016 por falta de sorte.

Chegando agora à Haas, onde não há muito o que dizer. Romain Grosjean imitou o maior ídolo francês, só que de maneira ainda mais bizarra: ele ainda estava na volta de saída até o grid. Curiosamente, ele não foi o único a culpar os pneus de chuva extrema da Pirelli. Kimi Räikkönen disse que os compostos de doze anos atrás (o finlandês estava na McLaren, assim, ele usava os Michelin) eram muito melhores.

Concordo com ambos. Se existe algo tão inútil no mundo da Fórmula 1, isso é o pneu de chuva extrema da Pirelli: ele pouco é usado porque o Safety Car sempre está presente em situações onde a chuva aperta e, ainda, quando é, não consegue trabalhar direito, deixando os pilotos na mão como aconteceu com Grosjean e Räikkönen em Interlagos.


A Pirelli tem muito a melhorar para 2017, sobretudo nos pneus de chuva, e ela tem essa chance com tantas baterias de testes que já vem acontecendo. E que a marca italiana traga bons compostos para uma nova Fórmula 1 no ano que vem...

Se a corrida de Grosjean não durou muito, a de Gutiérrez foi pífia: o mexicano largou mal e ainda teve uma performance muito abaixo do esperado pelas condições do tempo, digo, da temperatura.

Agora, para terminar, a equipe que mais virou motivo de piada nos últimos dois anos. Chuva e Interlagos trazem boas lembranças para a McLaren, que venceu pela última vez dessa forma em 2012 com Jenson Button, mas agora ela virou motivo de pesadelo para o campeão de 2009. Enquanto Fernando Alonso lutava para estar nas posições pontuáveis, o inglês amargava as últimas colocações em sua penúltima corrida da carreira.

O fim-de-semana no Brasil também marcou o fim de uma era: Ron Dennis, depois de 35 anos no comando do grupo McLaren, foi mandado embora após conflitos internos com acionistas chineses. É o fim da linha para Dennis na segunda maior equipe vencedora na Fórmula 1...


Sobre a corrida...

  • MELHOR PILOTO: Felipe Nasr
  • SORTUDO: Nico Rosberg
  • AZARADO: Lewis Hamilton
  • SURPRESA: Esteban Ocon
Nasr brilhou na chuva, segurou o top ten no braço e conquistou dois importantíssimos pontos para a Sauber; já Nico Rosberg teve sorte com as bandeiras vermelhas que destruíram a estratégia de Max Verstappen, o que também afetou Lewis Hamilton na briga pelo título; Ocon surpreendeu com a Manor, se manteve entre os dez por boa parte da corrida e deu show com um carro que jamais voltará a ter outra chance de pontuar: uma pena que o francês não teve condições para segurar por mais tempo o décimo tempo. Foi uma lição para quem acha que sua ida à Force India só foi por causa da força de alguém como Toto Wolff...

Até o próximo fim-de-semana em Abu Dhabi!

Imagens tiradas do f1fanatic.co.uk.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Pós-GP: Geração mimimi


É inegável dizer que nos últimos anos a Fórmula 1 se viu tomada pela 'geração mimimi'. Manobras arriscadas, toques e qualquer outro tipo de incidente são vistos como polêmicos e motivo para reclamações e, sobretudo, punições. E quem mais perde com tudo isso? A própria Fórmula 1, e também você, que assiste a categoria. Qual a graça de acompanhar uma corrida onde é proibido ultrapassar?

Já na primeira curva vimos um acidente que poderia ter mudado o destino do campeonato. Vettel freou tarde, dividiu com Max Verstappen e acabou atingindo Nico Rosberg, que rodou e foi do céu ao inferno em menos de 15s. Estava montada a discussão. Será que o alemão deveria ser punido pelo incidente? Pensei inúmeras vezes em vir aqui comentar sobre isso, mas nunca tive tempo para tal. Agora tenho. E qual a necessidade de discutirmos se isso é ou não é motivo de punição? Não há o que reclamar! Foi um incidente de corrida.

Em 2001, Rubens Barrichello rodou Ralf Schumacher e ainda saiu impune. Ninguém abriu a possibilidade dele ser punido. E por que, agora, quinze anos depois, um incidente tão semelhante poderia causar uma punição? Não são só os comissários que mudaram seu jeito de interpretar um acidente, mas nós também. É triste dizer, mas, talvez, nossas cabeças já foram corrompidas pela tal 'geração mimimi'. E não vemos isso só no mundo da F1, e menos ainda no do esporte a motor. Isso está em todo lugar...

Já perto do fim, após se recuperar, Nico Rosberg forçou e conseguiu uma bela ultrapassagem sobre Kimi Räikkönen, ultrapassagem que custaria dez segundos no tempo de prova do alemão. Outra punição totalmente desnecessária feita pela direção de prova. Em 1999, por exemplo, David Coulthard, na volta quatro, fez exatamente a mesma manobra de Rosberg para superar Michael Schumacher e assumir o segundo posto. Punição? Nenhuma! A corrida seguiu normalmente e com o alemão sequer reclamando da manobra do escocês, mesma atitude de Räikkönen na corrida de domingo (pelo menos naquilo que vimos na transmissão...).


Simplesmente, uma palhaçada.

Não que seja culpa do comissário convidado, mas, por ser tão experiente, por ter participado de tantas provas numa época tão idolatrada pelos fãs da Fórmula 1, penso que Derek Warwick deveria ter pulso suficiente para evitar que punições tolas como essa fossem dadas. Tão tolas, como aquelas que envolvem trocas de câmbio, motor ou quaisquer outros tipos de dispositivos que compõem a unidade de potência.

Se não bastasse isso, temos agora maus perdedores. Sebastian Vettel já virou piada por tantas reclamações, o famoso "choro", antes, durante e após as corridas. Apesar dessa infantilidade, o alemão nunca foi capaz de criar uma polêmica que envolvesse toda a equipe Ferrari. Max Verstappen é outro nome que ultimamente vem causando problemas dentro da pista, enquanto, fora dela, chama atenção e anima os torcedores com duras declarações que confrontam até grandes nomes do esporte.

De qualquer forma, nenhum dos dois pilotos citados foi capaz de colocar toda a equipe contra si próprio. No último domingo, após outro estranho abandono, Lewis Hamilton foi à publico dizer que "alguém não quer que eu vença. Os motores Mercedes só quebram comigo". Uma atitude lamentável, que dão um status ainda mais negativo para a equipe e para o próprio tricampeão, que é visto como um mau perdedor, imagem que insiste em manter mesmo após 10 temporadas na Fórmula 1. Se existe um lugar para responder, é na pista.


Vamos lembrar de incidentes semelhantes, e pior, quando esses incidentes tiraram títulos. Em 1984, por exemplo, Alain Prost chegou na Itália ainda a frente de Lauda no campeonato de pilotos, mas acabaria por sair de lá com a segunda posição após abandonar na terceira volta, quando era segundo colocado e favoritíssimo à vitória. Cinco anos depois, na mesma Monza, Ayrton Senna acabaria perdendo a vitória nas últimas voltas depois de seu "inquebrável" motor Honda estourar. Abandono que colocou o brasileiro sob pressão nas últimas etapas da temporada.

Uma década depois, em Indianapolis, Mika Häkkinen viu seu motor Mercedes ir pelos ares quando era segundo, caminhando para um pódio que o deixaria mais próximo de um possível tricampeonato. O mesmo Schumacher que saiu beneficiando do ocorrido em 2000 seria a vitima seis anos depois, em Suzuka, quando liderava antes do motor Ferrari decidir abrir o bico pela primeira vez em anos durante uma corrida...

Desde que Nico Rosberg e Lewis Hamilton se tornaram companheiros, o alemão não pontou oito vezes por causa de problemas mecânicos, enquanto o inglês apenas quatro. Dificilmente isso teria mudado o destino dos campeonatos de 2014 e 2015, mas é fato que em 2016 esse número poderá fazer a diferença. O placar é de 1 a 0 para o tricampeão, no momento...

Voltando ainda mais no tempo, vale lembrar que Hamilton sempre correu com motores Mercedes, conquistando 3 títulos, 49 vitórias, 57 poles, 31 voltas mais rápidas, 99 pódios e 2132 pontos. Dos 183 GPs disputados, o inglês abandonou 25, sendo apenas dois deles causados por problemas no motor. No fim, é lamentável ver um tricampeão agir dessa forma, especialmente após tantas e tantas conquistas no circo.


É claro que Hamilton pode ter razão em algumas declarações, mas só neste ano que os motores Mercedes começaram a, digamos, 'pipocar' perto do tricampeão. A equipe mesma não seria louca de colocar o futuro do piloto em xeque dentro da equipe, sendo ele o mais bem pago do grid, o maior vencedor e o maior favorito ao título nos últimos três anos. Isso seria suicídio. E sujo.

E agora, restando poucas etapas para o fim, não seria hora de fazer uma declaração forte como essa que pudesse desestabiliza-lo dentro da equipe. Quem agradece é Nico Rosberg. Mas ainda há uma luz no fim do túnel para o inglês. E, conhecendo bem o estilo de Lewis Hamilton, não é impossível que ele vença todas as corridas restantes e ainda saia com o tetracampeonato, isso com Rosberg podendo quebrar em qualquer uma dessas provas. Está aí a inutilidade de uma declaração como essa. Boba e lamentável.

Se Lewis Hamilton sair como campeão dessa "época" de 2016, tendo derrotado Nico Rosberg na pista durante as últimas etapas, tenha certeza que assistiu uma das melhores temporadas da história da Fórmula 1, com uma das mais impressionantes viradas da história. Agora é esperar para ver.

Ainda nessa semana saem as notas do GP da Malásia, onde Daniel Ricciardo finalmente voltou a vencer, Fernando Alonso deu outro show e Jolyon Palmer conquistou seu primeiro ponto.

Até Suzuka...

Imagens tiradas de f1-fansite.com/tag/2016-wallpapers/ - facebook.com/Formula1/photos

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Pós-GP: Faltou o Safety Car...


O GP da Hungria já estava começando a ficar estranho: duas ótimas corridas nos dois últimos anos, e nenhum sinal de que isso poderia mudar. Porém, isso acabou mudando logo em 2016, quando estamos tendo uma temporada verdadeiramente interessante. E o que faltou para termos uma corrida emocionante em Budapest? O mesmo que aconteceu em 2014 e 2015 - chuva ou Safety Car.

Hungaroring nunca foi produtor de corridas super interessantes, mas, de vez em quando, sempre nos proporciona algumas obras-primas que ficam guardadas como "uma das melhores corridas da temporada". A prova de 2016 acabou sendo ruim pela falta daquilo que tanto criticamos nas últimas dias: o Safety Car. Pode parecer loucura, mas vale lembrar que em 2015 tivemos quase 50 voltas de monotonia total para, só depois do SC, já nos últimos 20 giros, termos algo tão emocionante quanto qualquer outro GP daquele ano.

A Fórmula 1 não é mais com antigamente, e qualquer corrida mais emocionante já é motivo de comemoração. Infelizmente, muitas vezes precisamos ver elementos que deveriam ser secundários acontecerem para que possamos ter uma corrida de verdade. E após tanta reclamação sobre a largada do GP da Grã-Bretanha com o Safety Car, parece que sentimos falta dele no GP da Hungria, pelo menos no meio da corrida.


Começamos o fim-de-semana com uma polêmica pole position de Nico Rosberg, enquanto nada de muito surpreendente acontecia no restante do grid, exceto o décimo quarto posto de Kimi Räikkönen. Depois de horas de conversa, ficou decidido que o alemão iria sim largar na primeira posição no domingo. Uma decisão estranha, polêmica e um sinal de quão incompetentes, ou melhor, irregulares podem ser os comissários da FIA.

Na corrida, a largada valeu como ouro. Quem não conseguiu posições na largada, dificilmente teria chances de conquistar durante a corrida. Mais uma vez, Räikkönen foi uma exceção. Com uma estratégia diferente, o finlandês não demorou muito para chegar na briga contra as Red Bull. Sebastian Vettel herdou a posição de Max Verstappen nos boxes, enquanto o holandês enfrentava problemas com o tráfico.


Lá na frente, Hamilton se mantinha cerca de um segundo a frente de Rosberg, administrando muito bem a vantagem para o companheiro. Semelhantemente ao ocorrido no ano passado, as últimas voltas tiveram certa emoção, com Vettel se aproximando de Ricciardo e Räikkönen tentando ultrapassar Verstappen, que defendeu de forma valente, porém duvidosa.

O toque do finlandês com o jovem piloto da Red Bull foi um incidente de corrida, sobretudo pelo fato de que Verstappen mudou de direção apenas uma vez. No fim das contas, Räikkönen mais chorou do que seu próprio companheiro, e isso já virou um p*rre para a Fórmula 1. Mesmo com os enormes problemas na administração da categoria, os pilotos se preocupam em brigar sobre quem deve ou não receber punição.

É triste saber que a Fórmula 1 chegou nesse ponto, mas é verdade. Os pilotos deveriam saber usar suas vozes para mudar o regulamento, para algo que realmente fosse útil, que não punisse um piloto a cada 5 dias. Eles tem a voz, só não sabem usa-la. Ou talvez, não podem...


No mais, devo retornar ao assunto. Se qualquer acidente ou incidente tivesse acontecido pela volta 50, teríamos garantido um final de prova tão memorável quanto o de 2015, mas como isso não aconteceu, temos que nos contentar a esperar por semana que vem, quando Hockenheimring estará de volta ao calendário com o GP da Alemanha.

E com mais uma vitória, Lewis Hamilton finalmente assume a liderança do campeonato. Agora é ver se Nico Rosberg vai reagir, sendo este um momento crítico da temporada. Restando apenas uma prova antes das férias, quem se sair bem na Alemanha irá para Spa-Francorchamps com a confiança lá em cima. Até domingo...

Não vi nada de espetacular na corrida, mas, para não perder o costume...


  • MELHOR PILOTO: Kimi Räikkönen
  • SORTUDO: Sebastian Vettel
  • AZARADO: Max Verstappen
  • SURPRESA: N/H
Räikkönen foi o piloto que mais se destacou. Largou em décimo quarto, escalou o pelotão e terminou numa digníssima sexta posição. Vettel só conseguiu o quarto posto graças aos problemas enfrentados por Verstappen, e quase arrancou o pódio de Ricciardo no fim da prova.

Imagens tiradas de F1.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Pós-GP: Não subestime (nem superestime)


Se toda temporada fosse baseada na sua primeira etapa, sem dúvida teríamos um belo campeonato pela frente, especialmente se comparado ao do ano passado. Mas como isso não acontece, vamos ter de viver uma corrida por vez das 20 que faltam até o fim do ano. Até lá, muita coisa promete acontecer, e após o GP da Austrália finalmente pudemos ver o real potencial das equipes.

Começarei comentando o novo formato de qualificação, na qual já critiquei e voltarei a criticar pelo simples fato da única coisa diferente entre ele e a antiga forma ficar apenas nos momentos mais emocionantes: antes, o começo era monótono e o fim era empolgante; agora, o começo é empolgante e o fim é monótono. Desde a primeira parte do treino ficou óbvio que esse formato não daria muito certo, pelo menos para mim.

Logo que ficou claro a grande burrada feita, houve uma reunião de emergência que destituiu o novo formato, tornando obsoleto pelo menos até as próximas semanas. Até lá, deveremos acompanhar afinco todo o futuro dos treinos de sábado.


Os resultados da qualificação não foram nenhum pouco surpreendentes como a maior parte do público esperava. A Mercedes dominou a primeira fila, a Ferrari segui-os de perto, a Williams não conseguiu parar a melhora da Toro Rosso e da Red Bull, enquanto a Force India fez ótimo trabalho ao colocar ambos os carros no top ten, de tal modo da McLaren no top quinze.

A Renault nunca foi exaltada durante os períodos de testes, especialmente graças aos objetivos inicias impostos pela marca, e por isso fez ótimo trabalho ao colocar os carro na frente das pequenas equipes. Enquanto a equipe francesa caminhava para começar a espantar os fantasmas de sua última passagem na Era Turbo, a superestimada Haas não teve um desempenho agradável para muitos.

Eu nunca acreditei muito no desempenho da equipe, mesmo com as animadores afirmações de todos os chefes, e por isso não me surpreendi com o resultado dos treinos. A Manor acabou fechando o grid como sempre faz desde muito tempo, mas houve algo que abriu um enorme sorriso num certo país da Ásia: Rio Haryanto foi mais rápido do que Pascal Wehrlein.

No domingo, Daniil Kvyat não conseguiu largar pelo segundo ano consecutivo, mostrando todo seu azar depois de ótimos tempos marcados por Daniel Ricciardo. A Mercedes viu mais uma vez seus dois pilotos largarem mal, sobretudo Lewis Hamilton, que ainda foi atrapalhado por Rosberg antes de ser superado por Verstappen e Massa. Enquanto isso, a dupla ferrarista pulou sem problemas na ponta da corrida, não tendo nenhuma grande ameaça vindo dos carros prateados.


Logo, uma surpreendente Toro Rosso começou a mostrar toda sua força, com Max Verstappen segurando o tricampeão enquanto Carlos Sainz Jr atacava Felipe Massa. A equipe italiana foi a que mais evoluiu em relação ao ano passado, conseguindo até mesmo superar a irmã mais velha. O ótimo quarto lugar, e mais tarde (provavelmente) as boas novas contadas sobre as reclamações de Hamilton, mimaram o jovem holandês.

Já com uma característica de falastrão, que me remete à Nelson Piquet, Max Verstappen se tornaria a personalidade da corrida com suas reclamações, mas até lá algo mudaria todo o resultado da prova. Esteban Gutiérrez e Fernando Alonso se envolveram num terrível acidente na "Sports Centre" (mais conhecido como curva 3), causando a interrupção da prova.

Como já havíamos visto em outras ocasiões, o acidente foi extremamente forte, com o espanhol levantando voo de maneira assustadora. Curiosamente, Brundle, Villeneuve e Coulthard já tiveram a sensação de voar naquele mesmo trecho, ocasionando até mesmo numa fatalidade em 2001, quando um bombeiro acabou morrendo.


A evolução na segurança é evidente, e como o Paulo Alexandre Teixeira, do Continental Circus, disse, se estivéssemos em 1982, provavelmente estaríamos falando sobre a morte do piloto que ali corria, como ocorreu com Gilles Villeneuve. Alonso ainda foi humilde ao dizer que a culpa foi sua e não do jovem mexicano, além de que gostaria de sair logo do carro pois sabia que sua mãe estaria o assistindo na TV.

A culpa? Acredito que o incidente foi mais um de corrida que, infelizmente, teve proporções muito exageradas. Gutiérrez acabou adentrando demais no meio do traçado, atrapalhando ainda mais um Alonso que sequer teria tempo de desviar. Felizmente, ambos saíram inteiros e sem problemas mais graves.

Quando a prova foi reiniciada, ficou óbvio que aquilo mudara o destino da corrida, já que os pilotos tiveram a chance de trocar os pneus no pit lane. O maior beneficiado nisso tudo foi Romain Grosjean, que pulou de 19º para 9º, tendo grandes chances de ganhar mais posições com as subsequentes paradas dos pilotos em sua frente.

Jolyon Palmer foi osso duro de roer para a dupla da Toro Rosso

Misteriosamente, Räikkönen mais uma vez enfrentou problemas em sua Ferrari, forçando um abandono inesperado, enquanto Hamilton sofria para superar ambas as Toro Rosso que agradeceram à interrupção da prova. Logo, a dupla teve de parar, com o holandês tendo a preferência. Surpreendentemente, o espanhol foi o primeiro a parar, retornando na frente do companheiro enfurecido com a péssima parada.

Além do holandês, outro que teve azar na parada, ou melhor, na estratégia, foi Sebastian Vettel, que perdeu a liderança e, naturalmente, a vitória. Enquanto o alemão tentava recuperar o tempo perdido indo ao ataque de Hamilton, Verstappen mais chorava do que atacava Sainz Jr. Apesar das nada boas condições de ultrapassar no circuito de Albert Park, Max deveria ter focado mais em forçar a passagem do que gritar no rádio em busca de alguma solução.

O jovem espanhol mostrou ser osso duro de roer, além de que ninguém deve ser subestimado. Max Verstappen vem sendo aclamado desde que entrou na Fórmula 1, e seus belos resultados como dois 4] lugares reforçaram a tese de ser um futuro campeão, mas será que isso não atingiu níveis extremamente elevados, digo, e se o holandês não conquistar o título? Vão critica-lo até tacarem toda sua reputação no lixo.


Por outro lado, Carlos Sainz Jr quase sempre foi subestimado, mesmo com resultados tão bons quanto os do companheiro. A própria posição no grid de largada em Albert Park mostra que ambos não tem uma diferença tão grotesca como a que muitos comentam. Sainz sobre ser esperto, parou mais cedo e se beneficiou da leve afobação de Verstappen nas últimas voltas.

Infelizmente, as duas sensações da corrida não conquistaram as posições que mereciam após tal performance.

Quem realmente dificultava a manobra do holandês sobre o espanhol estava na sexta colocação, alcançado algo que eu considerava impossível, ainda mais depois do péssimo resultado nos treinos. Romain Grosjean fez ótimo trabalho, se tornou o piloto do dia para os fãs e fechou no sexto posto, algo comparado à uma vitória pelo próprio francês.


Lá na frente, na mesma "Senna" na qual Verstappen rodou nas últimas voltas, Sebastian Vettel cometeu o erro que tirou todas as chances de alcançar um segundo lugar, entregando o ouro, ou melhor, a prata para Hamilton, já que Rosberg caminhou tranquilo para vencer no Albert Park, de maneira sortuda. Após a prova, a própria equipe Ferrari desacreditou numa vitória mesmo com uma mudança na estratégia.

Assim 2016 iniciou como 2015 acabou, com ambas as Mercedes na frente. Porém a promessa de uma melhora da Ferrari foi cumprida, a Red Bull e a Toro Rosso passaram a ameaçar a Williams enquanto Force India acompanha por fora toda essa movimentação. McLaren vem se recuperando, agora sendo acompanhada pela Renault, enquanto Haas, Sauber e Manor deverão seguir na parte de trás do pelotão...

No fim, gostaria de pedir para que todos parasse tem subestimar ou superestimar alguém. São todos humanos, cometem erros, tem defeitos e são maiores do que qualquer dificuldade...

Imagens tiradas do motorsport.com