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segunda-feira, 29 de julho de 2019

Análise: Dádiva divina


É difícil fazer projeções diante de fatos recentes e sob fatores psicológicos que influenciam nossa opinião. Mas depois de três grandes corridas de Fórmula 1, temos que confessar que a categoria vai ter vida longa (e, tomara, eterna), Mesmo diante de setbacks, ela continua entregando o que é capaz para seus fãs. Hoje, vimos que quem disse que a F1 estava morta após o GP da França está cada dia mais enganado, sendo sacramentado por uma corrida maravilhosa vindo da dádiva divina - a chuva.

Não nos iludiremos, afinal, a próxima prova é na Hungria, em um circuito travado em que os caminhões atuais são incapazes de fazer uma ultrapassagem simples. Mas de qualquer forma, querendo ou não, tanto Ferrari quanto Red Bull provaram que tem condições sim de alcançar a Mercedes. A equipe alemã ainda não é ameaçada graças à incompetência ferrarista e a atual - e breve - incapacidade dos motores Honda. Quando ambos se acertarem, aí teremos corridas de verdade onde condições climáticas como calor e chuva não serão os causadores de grandes corridas.

Antes de entrar na análise da corrida, gostaria de comentar algo que deixei passar durante as últimas semanas.

Os grandes da F1

Em 2021, como todos sabem, a categoria terá mais uma grande mudança em seu regulamento. O efeito solo retornará e outras medidas estão sendo discutidas até serem finalmente entregues em outubro, após serem adiadas durante o fim-de-semana do GP da Canadá.

Eu não sou engenheiro da FIA nem de nenhuma equipe, logo, não posso garantir ou prever que graças ao efeito solo teremos corridas melhores daqui dois anos. Por isso, discuto mais o lado político desse adiamento e dos efeitos que, com ou sem ele, são sentidos.

O poder das grandes equipes, que dominam a categoria, é muito preocupante. Querendo ou não, a Mercedes tem sua grande influencia na Force India e na Williams, já a Ferrari engloba Haas e Alfa Romeo enquanto a Red Bull tem aquela que um dia já foi chamada de sua equipe-irmã, a Toro Rosso. Esse tipo de ligação é péssima, porque tira a possibilidade de metade do pelotão crescer e incomodar sua respectiva equipe-pai (digamos assim). Isso, simplesmente fecha a boca de chefes de equipe como Franz Tost, Günther Steiner e Frédéric Vasseur em momento de decisão como esse. A única equipe que realmente se pronunciou sobre esse adiamento em Paris foi a Renault de Cyril Abiteboul, demonstrando o quanto isso é um problema. Quanto mais tempo, maior será a influencia de Wolff, Binotto e Horner.

Carros medianos lutando com carros de ponta

Agora entramos na situação econômica. Quem está na frente investe baldes de dinheiro para lutar por vitórias e títulos. Se pararem de vencer e sumirem da ponta durante a entrada dessa grana alta, será fácil para uma Red Bull, por exemplo, abrir um buraco no grid e deixar a categoria com vergonhosos 16 carros. Sendo assim, cresce a necessidade de um teto de gastos para nivelamento das equipes, onde os grandes serão incapazes de dispararem por seu grande poderio econômico e não se assustaram por sua incompetência diante de tanto investimento.

Outra possibilidade na tentativa de aproximar as equipes é se espelhar na MotoGP e como eles transformaram a categoria em um grande fenômeno mundial. Eu não sei, infelizmente, o que realmente ocorre e como isso acontece, mas vemos, em diversas corridas, equipes clientes das montadoras lutando por vitórias e pódios. E, o mais incrível, alcançando e superando as grandes marcas em determinadas ocasiões. A Fórmula 1 teria muito a aprender com isso. Lá, por exemplo, existe uma diferença satisfatória entre Campeonato de Construtores e Campeonato de Equipes, além da possibilidade da compra de motos de anos anteriores por equipes do meio do pelotão, algo que já foi possível na F1 e que atualmente, caso não me falhe a memória, é proibido pelo regulamento.

Não que isso deva ocorrer sempre, mas que é bom para a categoria isso é inegável

Se olharmos para quarenta anos atrás, pegarmos uma corrida específica e assistir comparando com a atualidade, veremos que há pouca diferença. Uma equipe dominante às vezes sendo ameaçada por um ou dois pilotos, equipes medianas lutando por seus poucos pontos e uma prova com momentos monótonos e outros de emoção. Porém, se pegarmos uma sequência de corridas de quarenta anos atrás e compararmos com hoje, a diferença é absurda.

Vamos pegar a temporada de 1979 como exemplo. Nas cinco primeiras corridas daquele ano, a Ligier venceu três, com uma dobradinha, e a Ferrari duas, ambas com dobradinha. Nas cinco de 2019, a Mercedes venceu todas com dobradinha. Nove pilotos diferentes subiram ao pódio nessas primeiras provas de 1979, enquanto apenas cinco pilotos alcançaram tal feito em 2019. E a situação se agrava quando comparamos a quantidade de diferentes pilotos que pontuaram no mesmo período sob vigor de uma regra igualitária, ou seja, se tratando das seis melhores posições: 12 a 8.

"Ah! Eram outros tempos!", "os carros quebravam mais!". Então vamos dar uma olhada no grid de largada dessas provas. Em 2019, apenas três equipes diferentes foram capazes de colocar seus carros entre os quatro primeiros. Já em 1979, seis times diferentes estiveram presentes nas duas primeiras filas das cinco etapas iniciais. O dobro.

Redenção: surpresas no pódio

Pela disputa do campeonato, quarenta anos atrás, Gilles Villeneuve e Patrick Depailler dividiam a liderança com 20 pontos, seguidos por Jacques Laffite e Carlos Reutemann também empatados, mas apenas dois pontos atrás do lideres. Jody Scheckter e Mario Andretti vinham logo atrás há uma vitória da ponta do campeonato. Em 2019, Hamilton liderava com sete pontos mínimos de vantagem (os sete que dividem o primeiro do segundo na pontuação das corridas), mas atrás já surge um abismo com Max Verstappen, Sebastian Vettel e Charles Leclerc, todos com a metade dos pontos dos pilotos da Mercedes.

O que quero dizer é que o problema não é uma equipe ou outra dominando - pois isso sempre foi assim e sempre vai ser. O real problema é a inércia que os outros times tem nessa disputa. Ninguém é capaz de alcançar a dupla dominante e ameaçá-los. Em 1979, Lotus, Ferrari e Ligier estavam colados nas seis primeiras posições, se tratando da então campeã que massacrou à todos no ano anterior, e de outros dois construtores que já haviam abraçado e desenvolvido o carro-asa de forma impressionante. Já hoje vemos a Mercedes abrir vantagem e deixar Ferrari e Red Bull lutarem por um terceiro lugar.

Equipes que duela pelas últimas posições precisam da oportunidade de crescer

É esse tipo de competitividade que a Fórmula 1 precisa, onde equipes diferentes possam ameaçar as grandes e colocarem emoção na disputa de uma corrida ou até do campeonato. Nesse ano por exemplo, está mais emocionante acompanhar a disputa no meio do pelotão do que na ponta dele. Mais da metade do grid luta por um quarto lugar que vale ouro, e quem perder vai ficar com um humilhante nono posto no campeonato de construtores.

Isso tudo sem falar dos pífios vinte caminhões atuais. O presidente da FIA, Jean Todt, propôs que o reabastecimento voltasse à categoria para que os carros ficassem menores, facilitando ultrapassagens e tornando corridas em circuitos travados mais emocionantes. Mas existem problemas. Os rumores são de que todas as equipes são contra ao retorno do reabastecimento, primeiro pelo custo, segundo pela logística e terceiro pela segurança que precisa ser abarcada. Logo, os carros continuarão sendo trambolhos desengonçados. Não que isso vai realmente atrapalhar as disputas em 2021. Se cumprir o que promete, os carros do futuro terão menor arrasto aerodinâmico e causarão menor turbulência para quem vem atrás.

É esperar para ver o que a FIA decidirá até outubro. Até lá, a categoria (e seus fãs) estão entregues à boa vontade dos poderosos chefes de equipe.

Agora começa a análise da corrida.


Leclerc teve sorte de não ser atropelado por Hamilton. Falta grave de segurança

No início desse ano, o regulamento à cerca da largada sob Safety Car foi alterado, passando a ser realizadas voltas de reconhecimento antes do alinhamento do grid e a largada propriamente dita, com a redução do número de voltas de acordo com a quantidade de voltas de reconhecimento. Uma boa medida, "ótima para o show e como deve ser", nas palavras de Sérgio Pérez após a corrida. Isso permite mais disputas e uma largada carregada de emoção, com a possibilidade de acidentes e surpresas. Ontem, ambas as Red Bull não tracionaram bem e Kimi Räikkönen assumiu o terceiro lugar com a Alfa Romeo.

Chuva vai, chuva volta, a emoção da corrida mais uma vez foi causada por condições climáticas, que vieram e boa hora. Quem esteve com uma cabeça leve, errou menos e saiu com um ótimo resultado, diferentemente de quem se precipitava e errada na curva 16, onde a área de escape foi tão criticada, de forma errônea. Apesar de ser uma pista de dragster, aquele trecho do circuito ainda sim está fora da pista e deve punir os pilotos que erram. E puniu muito bem. Se houvesse brita lá, todos que passaram reto ficariam atolados, causando SCs desnecessários para retirada segura dos carros.

Pesadelo na Floresta Negra

A Mercedes que comemorava seus 125 anos de automobilismo, fez tudo que podia e conquistou a pole position na sorte. Mesmo com dor de garganta, Lewis Hamilton voltou a superar Bottas e os dois carros da Red Bull. Mas no domingo... a situação foi bem diferente. Querendo ou não, um dia todos erram. Até mesmo o grande inglês que há muito tempo não tinha um desempenho semelhante à alguns de sua mocidade na McLaren. Errou de forma boba, saindo duas vezes para fora (quando Vettel e Magnussen, tão criticados por seus erros, estavam na mesma condição), cruzando a pista de forma perigosa, entrando nos boxes irregularmente e andando muito devagar sob bandeira amarela. Apesar de tudo isso, recebeu apenas cinco segundos de punição quando esse número poderia ser maior. De forma semelhante, por exemplo, Sebastian Vettel foi punido no GP da Hungria de 2010 com um drive through quando segurou o pelotão para que Mark Webber retornasse entre ele e Fernando Alonso. A diferença é que, nesse caso, isso ocorreu na tentativa de beneficiar um terceiro.

Após a corrida, Hamilton usou a mesma dor de garganta que serviu para sua vanglória no sábado como desculpa para seu péssimo desempenho no domingo. Coisas assim que o tornam impopular. Basta ver a reação da torcida em suas duas escapadas, quando fora investigado duas vezes e quando recebeu sua punição. Ainda assim, sua estrela continuou brilhando, pois foi o único piloto que bateu na curva 16 e ainda assim se manteve na prova, herdando o nono lugar depois de tudo.

Enquanto isso, Valtteri Bottas, que tinha tudo para tirar a diferença no campeonato, também não foi bem. Seu melhor momento na prova foi quando passou a ser o maior concorrente pela vitória junto com Max Verstappen, mas incapacitado de perseguir o holandês. O ponto mais negativo foi estar atrás de Lance Stroll e não conseguir de ultrapassar o canadense graças à potencia do mesmo motor Mercedes que empurra ambos os carros. Sem se arriscar, o finlandês não conseguiu superar o tão criticado piloto da Racing Point. No fim, tentando se manter abaixo de um segundo atrás de Stroll, rodou e bateu na primeira curva, para delírio da torcida. Agosto é mês que vem já, Valtteri. E a Mercedes viveu um pesadelo devido, somente, à seus pilotos.

Finalmente! Acabou! (?)

A Ferrari também viveu seu pesadelo quando perdeu a primeira fila no grid com os problemas nos carros de Vettel e Leclerc no sábado. Mas, no domingo, estiveram perto da glória. O monegasco era segundo colocado quando bateu na Sudkurve e perdeu a chance de disputar e até arrancar a vitória de Verstappen, que já estava atrás dele. O monegasco já havia abusado duas vezes da sorte no mesmo ponto.

Já Sebastian Vettel fez corrida quase perfeita para sua redenção na Alemanha, saindo de último para terminar em segundo. Só não foi perfeita porque o alemão errou na última volta na Mercedeskurve, deixando Kvyat se aproximar e ameaçar a segunda posição até a Sachskurve, onde o ferrarista havia sofrido o acidente de 2018. Caso vencesse, seria a primeira vez na história que um piloto largando da última posição venceu uma corrida, só não superando, em número, John Watson. Apesar disso, vale dizer que o alemão não conseguiu ultrapassar Kimi Räikkönen na pista, só superando o ex-companheiro nos boxes e quando ele cometeu um erro na famosa curva 16... porém, saberemos o que estava acontecendo nos carros da Alfa logo mais no texto.

Voltando à Charles Leclerc, gostaria de comentar seu incidente nos boxes. Foi punido de forma justa, com a multa sendo dada para a Ferrari e não para o piloto. Mas ainda assim, é outro indicador de quão inconstante são as decisões dos comissários de prova. Em Mônaco, Max Verstappen perdeu o pódio pelo mesmo motivo, quando foi liberado de forma perigosa e atingiu Bottas no pitlane. Isso só serve para aumentar a teoria de conspiração que envolve Leclerc-Todt-Ferrari. Outra bobeira...

O novo rainmaster da F1

Enquanto isso, a Red Bull morre de rir com a Honda - na cara de Fernando Alonso. Outra vitória com desempenho fenomenal de Max Verstappen que, mesmo rodando, venceu e derrotou com autoridade ambos os pilotos da Mercedes. Para alegria da torcida laranja, o holandês agora ameaça até o vice-campeonato de Valtteri Bottas, após abrir uma vantagem de 21 pontos para Vettel e 42 para Leclerc. Uma surpresa grata e imensa para o melhor piloto da corrida e da temporada. E já são 20 provas consecutivas terminando, sempre, entre os cinco primeiros.

Porém, do outro lado da garagem, Pierre Gasly volta a viver seu inferno astral, muito atrás de seu companheiro e, agora, apanhando para a Toro Rosso. Depois de também largar mal, o francês não conseguiu se recuperar e ficou preso atrás dos carros do meio do pelotão, consagrando o fato com seu estranho incidente com Alex Albon nas últimas voltas. Na câmera onboard é possível ver que o tailandês fechou o colega de equipe, mas também que Gasly não calculou direito o momento da manobra. Helmut Marko, com todo seu histórico, deve estar babando sobre o contrato do francês. Agora, ele tem decisões difíceis a serem tomadas sobre o futuro de três de seus pilotos nas próximas semanas.

McLaren volta a se destacar e abrir vantagem na luta no meio do pelotão

Na McLaren, as coisas andam muito bem apesar da perda dos cada vez melhores motores da Honda. Carlos Sainz, mesmo rodando na Sudkurve, se recuperou e fechou na ótima quinta posição, aumentando sua vantagem para 21 pontos sobre o resto do pelotão intermediário no campeonato de pilotos, uma condição surpreendente para um piloto tantas vezes subestimado. É a sétima vez que pontua nas últimas oito corridas. Já Lando Norris, que também vem muito bem no campeonato, teve problemas e perdeu bons pontos.

Curiosamente, como em outros casos após a prova, o resultado não agradou Carlos Sainz, que sabe que poderia ter conquistado mais senão fosse a rodada na Sudkurve. O espanhol se lamentou, mas a equipe soube o consolar e mostrar que o futuro ainda aguarda grandes oportunidades para a equipe.

Corrida histórica para Toro Rosso

Após tanto caos e chuva, muita alegria para os da casa de Faenza. A Toro Rosso conquistou seu primeiro pódio de verdade (o primeiro havia sido com a chocante vitória de Vettel em Monza em 2008) depois de uma perfomance incrível de Albon e Kvyat. O anglo-tailandês, que nunca havia pilotado um carro de Fórmula 1 na chuva antes, chegou a lutar com Lewis Hamilton pelo terceiro posto, mesmo contra sua própria vontade, sabendo que perderia tempo e poderia perder posições preciosas. Foi o que exatamente aconteceu. Após aquela disputa, perdeu a posição para Sainz e não conseguiu mais recuperar, perdendo o time de uma parada que colocou seu companheiro de volta à prova e na disputa pelo pódio. Daniil Kvyat, pai da recém-nascida neta de Nelson Piquet, foi firme, ultrapassou Stroll após travada do canadense e terminou em terceiro em uma corrida de redenção. O russo agora é oitavo no campeonato, para surpresa de todos. E por mais incrível que seja, senão fosse a grande prova que estivesse fazendo, Albon poderia ter terminado em terceiro ou na quarta posição, colado com Kvyat.

Único erro de Räikkönen no fim-de-semana

Com Kimi Räikkönen largando entre os cinco primeiros, a Alfa Romeo parecia estar em um sonho quando viu o finlandês pular para terceiro na largada. Mas essa alegria durou pouco. A primeira parada do campeão foi problemática e, potencialmente, custou um incrível pódio para a equipe. Räikkönen caiu para sétimo e se contentou a duelar, durante toda a corrida, com Sebastian Vettel, não deixando que seu ex-companheiro o ultrapassasse até sofrer outro problema em outra parada nos boxes.

Apesar disso, tanto Räikkönen como Antonio Giovinazzi termina entre os oito primeiros colocados, conquistando pontos que os manteriam na briga contra a Toro Rosso e a Racing Point. Porém, após a prova, descobriu-se que uma disfunção na embreagem dos carros da equipe foi capaz de imitar o controle de tração. Esse fato levou os comissário a aplicarem uma punição de 30s, que empurrou ambos os carros para fora da zona de pontuação. A decisão será apelada por Vasseur, que afirma ter provas contundentes de que esta fora precipitada. Veremos nos próximos dias o que a FIA irá dizer sobre o caso, especialmente se tratando de uma equipe que disputa um campeonato em que pode terminar em quarto ou nono. Milhões em jogo.

Mais uma vez perto do pódio, mais uma vez batendo...

Na Renault, a zona impera. Depois da prisão de Carlos Ghosn, tudo aquilo que vinha sendo construído parece se desmoronar. Como se não bastassem os maus resultados, na corrida em que poderiam reverter a situação, Daniel Ricciardo perdeu seu motor e Nico Hülkenberg bate quando tinha o pódio, finalmente, em suas mãos. O alemão soube que disputar com carros superiores seria perca de tempo, mas acabou escorregando na Sudkurve para abandonar quando vinha para conquistar um resultado gigantesco para a equipe francesa. Doloroso para o piloto da casa, e ainda mais para os rapazes de Enstone, que agora estão atrás da McLaren, com motores Renault, e Toro Rosso no campeonato de construtores.

Mesmo após erros, Lance Stroll fechou na ótima quarta posição

Quem realmente saiu sorrido de Hockenheim foi a Racing Point. As atualizações surtiram efeito desejado, com Sérgio Pérez alinhando em oitavo enquanto Lance Stroll finalmente passou do Q1 (graças, é claro, ao abandono de Vettel). No domingo, as situações se inverteram e o mexicano, sempre um rosto conhecido nessas corridas em que vale mais a resiliência do piloto, rodou e bateu logo na segunda volta. Sobrou para Stroll carregar as estratégias inteligentes da equipe para um imenso quarto lugar.

O canadense chegou a ser líder da prova, mas foi superado por Verstappen. Ele só viria a perder o segundo posto, e consequentemente o pódio, porque travou na curva 3 e não conseguiu se defender de Kvyat na reta. No mais, depois de andar em último durante a corrida inteira, Lance Stroll se redimiu com seu pai conquistando pontos importantes e elevando a moral da equipe para Hungaroring, onde deverão estar mais fortes e com mais chances de pontos.

Luz no fim do túnel para a Haas

Para a Haas, o domingo foi de altos e baixos até o finzinho da noite. Com Romain Grosjean largando entre os primeiros, as chances de boa pontuação eram altas. Mas o francês não se deu bem com a estratégia e caiu para atrás, passando a lutar com Magnussen por posições que hora ou outra eram de pontuação. A situação mais interessante surgiu no final da prova, quando ambos se tocaram e se insultaram, para horror de Günther Steiner.

Romain Grosjean correu com a especificação de Melbourne no Hockenheimring após pedir à equipe durante a semana, que efetuou a troca e viu o quão bom era o antigo carro da equipe. Essa mudança acabou por agradar Kevin Magnussen, que também pediu para que o carro fosse convertido para o modelo de Melbourne na próxima corrida, na Hungria. Até lá, a equipe precisa agradecer o ganho, no famoso tapetão, da sétima e da oitava posição, resultados que colocam a equipe de volta na disputa depois de tanta confusão com William Storey.

Kubica aproveitou erro de Russell para conquistar ponto histórico

Para fechar, a equipe Williams também trouxe novidades que surtiram efeito. Apesar de continuar anos-luz atrás do resto do pelotão, o pessoal de Grove conquistou seu primeiro ponto na temporada de forma indesejada, mas ainda assim muito bem-vinda se tratando dos bônus que as equipes que marcam pontos recebem. E esse ponto veio logo com o piloto menos esperado.

Pela primeira vez na temporada, Robert Kubica superou George Russell e herdou o décimo lugar após a punição das Alfa. A ultrapassagem veio após um erro do britânico na curva 3, que provou-se fatal para que ele não conquistasse seu primeiro ponto na categoria. Ainda assim, o único piloto que ainda não pontou temporada é aquele que mais tem chances em um carro tão patético como o FW42. Sendo assim, há a possibilidade de 2019 se tornar a segunda temporada da história em que todos os pilotos inscritos pontuaram.

Vettel foi ameaçado por Kvyat nas últimas curvas

Para concluir, a corrida obviamente foi fantástica e uma honra de se acompanhar. Quem não assistiu, perdeu a melhor prova dos últimos anos, com alternativas, erros dos grandes pilotos e redenção de alguns. Foi também a primeira vez desde o GP de Portugal de 1992 que a Honda colocou dois carros no pódio, e a primeira desde Adelaide 1988 que são carros de duas equipes diferentes, quando Prost, Senna e Piquet foram os três melhores. O verão europeu para os japoneses está sendo tão incrível que zombaram de Fernando Alonso no Twitter na véspera de seu aniversário.

O melhor piloto da corrida foi Max Verstappen, que errou pouco e conquistou uma vitória incrível no Hockenheimring. Sebastian Vettel também merece crédito, tendo se redimido com a torcida após um ótimo desempenho, escorregando apenas na última volta. Daniil Kvyat, pai na noite anterior, foi incentivado por Horner a ter mais filhos graças à uma perfomance que rendeu um merecido pódio para a Toro Rosso. Lance Stroll tentou, mas se contentou com a ótima quarta posição que o coloca, agora, na frente de Pérez na classificação do campeonato.

Então, creio que seja isso. O post é longo e pode não ser um dos melhores, mas como retorno do blog é interessante fazer um assim.

Muito obrigado por ter lido até aqui. Nos vemos no futuro.

E até Hungaroring.

Imagens retiradas do RaceFans.net

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Análise: Os pontos da (e para) virada


Com a vitória soberana conquistada em Monza, Lewis Hamilton finalmente assumiu a ponta do campeonato. Mesmo com menos vitórias, Sebastian Vettel resistiu bravamente até a décima terceira etapa, quando o jogo finalmente virou a favor da Mercedes. As vitórias do inglês na Bélgica e, agora, na Itália, não foram de surpreender alguém, mas, nessa altura da temporada, está na hora da Ferrari reagir se quiser quebrar o jejum de dez anos sem título.

A tarefa será complicada. As próximas duas corridas favorecem o carro italiano, que por ter um carro com menor distância entre eixos e um melhor desempenho sob forte calor, supera a Mercedes com certa facilidade em pistas sinuosas e países tropicais. Nessa mesma passada, a Red Bull pode se intrometer na briga, pelo menos em Cingapura, lugar exato onde a Ferrari pode tirar mais vantagem. Já imaginaram quatro carros a frente da Mercedes e com Vettel no topo do pódio? Pela matemática básica, mesmo se isso acontecer, Hamilton ainda teria boas chances de conquistar o tetracampeonato.

Ricciardo e Verstappen foram prejudicados em Monza para se beneficiarem daqui a duas semanas, e serão eles os protagonistas mais importantes, a longo prazo, da prova na Cidade-Estado asiática. Favoritos à vitória? Podem até ser. E é isso que deve afligir a Ferrari.


A realidade é que os italianos não tem, e dificilmente terão, um equipamento que se compare ao da Mercedes, sobretudo no quesito unidade de potência. Por esses e outros fatores, a equipe alemã é favorita a vitória em Abu Dhabi, por exemplo, por esta ser uma corrida que, em sua maior parte, ocorre nos gelados ventos do deserto. Assim, restariam quatro lugares onde o título tende a ser decidido, pelo menos na teoria: Austin, Hermanos Rodríguez, Interlagos e Suzuka.

Depois dos eventos de 2015 (e do Furacão Harvey) não consigo tirar uma conclusão absoluta sobre como poderá estar o Texas no final de outubro, mas, se for para apostar, apostaria tudo numa corrida quente, tal como no Brasil. Também em 2015, a corrida em Interlagos foi um das mais quentes dos últimos anos, sendo que, em 2016, choveu e a temperatura/umidade baixa aliviou os carros da Mercedes - mesmo que naquela época não havia um rival sério para ameaçar sua supremacia.

Outro ponto para se levar em conta é o tipo do traçado presente no CotA, no Hermanos Rodríguez e no José Carlos Pace. Os três são seletivos, principalmente o norte-americano. Em Interlagos, os setores 1 e 3 tendem a beneficiar a Mercedes, enquanto o setor 2, o mais longo, a Ferrari. Algo semelhante ocorre no Hermanos Rodríguez, onde o primeiro trecho favorece os carros alemães e os outros dois colocam os italianos em vantagem teórica. Também por ser a pista mais alta em relação ao nível do mar, o circuito mexicano representa um grande desafio: quanto maior altitude, menor refrigeração nos motores.

Já Suzuka... pois bem, é difícil até de prever, mas por apresentar um traçado desafiador, com curvas longas e rápidas, ela tem um toque que pode ajudar as Mercedes a lidar com a Ferrari nessas 7 últimas provas da temporada.

Pode ser cedo para falar sobre tudo isso, mas a verdade é que já podemos fazer um rascunho do que poderá acontecer nas próximas semanas. E, caso Vettel não tire vantagem das condições em Cingapura e na Malásia, será difícil não ver Hamilton campeão pela quarta vez ao final da temporada.


Agora, deixemos de lado a disputa pelo título, afinal, a Fórmula 1 não é apenas isso, nunca foi e nunca será. E por esse motivo, acredito eu, tenho certo repúdio às diversas e diversas vezes em que a Rede Globo tenta nos fazer engolir a disputa Hamilton x Vettel em denegrimento aos outros fatos desse campeonato de 2017. Será que não estaria não hora de mudar de estratégia?

Quem não se lembra das simpáticas Minardi, Jordan, Tyrrell, Super Aguri e tantas outras do fundo ou do meio do pelotão? Muita gente amava elas. E muita gente ama ver uma Force India lutando por um pódio ou uma Haas disputando posições e pontos contra Renault, Toro Rosso e McLaren. É claro que não existe uma diversidade de personalidade tão grande como antigamente, mas ainda assim é possível explorar figuras como Daniel Ricciardo, Fernando Alonso, Kevin Magnussen e Daniil Kvyat.

Toda corrida é um prato cheio de memes via rádio do espanhol. Vale esperar por cada momento? Vale! Muita gente assistia Fórmula 1 esperando apenas pela vitória de Ayrton Senna no final da corrida, sem se importar com quem estava no grid ou o que estava sendo conquistado por outros pilotos.


Por exemplo: abrir espaço para o famoso "suck my balls" de Magnussen para Hülkenberg poderia abrir a possibilidade de pessoas passarem a torcer por um ou por outro, sempre acompanhando o que cada um deles está fazendo e onde estão durante a corrida. Ficar batendo o martelo numa disputa que acontece de cinco em cinco corridas, no mínimo, cansa!

Outro exemplo: a briga interna na Force India - algo que teria tudo para ser um sucesso. Um jovem francês que "roubou" "com ajuda da Mercedes" "a vaga de Felipe Nasr" na Force India, mas que vem mostrando para que veio, com exaltações até de Reginaldo Leme (desde o ano passado, diga-se de passagem), contra um já veterano Sérgio Pérez, líder da equipe e extremamente agressivo quando precisa (às vezes até quando não precisa) ser. Não seria algo interessante para incitar a audiência a torcer e acompanhar um ou outro? O legal, acima de tudo, é que, por terem equipamentos iguais, quase sempre estão juntos na pista.

Querem mais? A evolução da Renault, Palmer ameaçado e possibilidade de Robert Kubica retornar. Será que a Renault não é uma potencial front runner até 2020? Esse Palmer sofre com esse carro! Imagina se o Kubica toma o lugar dele ano que vem? Se isso não levasse ninguém a acompanha-los de perto, eu não sei mais o que fazer - acabar com a Fórmula 1 no Brasil, quem sabe?


Agora que você, meu caro leitor, pensa que a crítica a Globo tenha acabado, saiba que está errado! Tenho uma última coisa a dizer: deem o mínimo destaque, pela graça de Deus, às médias e pequenas equipes. Uns meses atrás, o Flavio Gomes fez um interessantíssimo post que recomendo que leiam: SOBRE ONTEM DE MANHà- e digo mais, tenho total respeito pelo Galvão Bueno e só peço, junto com muitos outros, que ele mude alguns de seus hábitos nas transmissões.

Finalmente, chegamos ao que importa: a corrida em si. Tudo, infelizmente, ocorreu como o esperado sob um dia de sol em Monza. Quem tinha o melhor motor conseguiu o melhor resultado, com exceção da mega surpresa Daniel Ricciardo, que arranca elogios a cada corrida, enquanto seu companheiro tão badalado, Max Verstappen, sofre com a falta de confiabilidade, psicológico e, sem dúvida alguma, sorte. O holandês já foi acusado de ser agressivo demais na condução - um Keke Rosberg ou até mesmo um Nigel Mansell dos tempos modernos.

Mais uma vez, foi Lance Stroll que roubou o suposto papel de Felipe Massa como protagonista da Williams. Surpreendentemente, o canadense se tornou o mais jovem piloto a largar na primeira fila, quebrando um recorde que parecia inquebrável - Max Verstappen era o recordista após partir da segunda posição no GP da Bélgica de 2016. E no domingo, mais uma vez surpreendendo, Stroll teve cabeça para chegar até o final, a frente, inclusive, de Massa.


Falando no brasileiro, vale lembrar que sua vaga passou a ser especulada e associada com nomes como Fernando Alonso e Jenson Button, enquanto ele não parece estar disposto a ceder sua posição na equipe. Na corrida, Massa se envolveu nos dois principais incidentes do domingo - primeiro com Pérez e depois com Verstappen, sendo, em ambos os casos, uma figura controversa diante de um toque de corrida.

Na Force India, a crise interna não foi problema durante o fim-de-semana. Esteban Ocon, por meros 2 milésimos, conseguiu uma vaga no Q3 e, posteriormente, um lugarzinho na segunda fila. O francês chegou a sonhar com o pódio, mas a falta de chassis custou posições e a possibilidade de conquistar algo melhor do que aquele 5º lugar do GP da Espanha. De qualquer forma, Ocon agora está apenas três pontos atrás de Pérez no campeonato - e o GP do México está chegando...

Não há o que se comentar sobre Haas, Renault e Sauber, que conquistaram os resultados esperados numa pista totalmente desfavorável. Já a McLaren, depois de mostrar potencial no GP da Bélgica, confirmou que evoluiu durante as férias. Ao mesmo tempo em que negocia com a Renault, a equipe de Woking andou no pelotão médio-baixo tão bem como nunca, causando preocupação na Toro Rosso, que teme o avanço do time inglês.


Após terminar mais uma vez na frente de Räikkönen, Ricciardo conseguiu abrir no campeonato de pilotos em relação ao finlandês, deixando seis pontos de diferença entre eles. Uma conquista e tanto para aquele que é, talvez, o melhor piloto da temporada, tal como foi em 2016. Outra mexida interessante na tabela foi a de Lance Stroll, que agora está sete pontos atrás de Massa - quem disse que a Williams está somente com um piloto?

Pois bem, acredito que isso seja tudo o que tenho a falar. Se você leu até aqui, saiba que estou feliz por sua existência, complacência e decência de ler tudo isso e não criticar de forma babaca minha pessoa e minha opinião.

Até Marina Bay!

Imagens tiradas do f1fanatic.co.uk.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

TOP 10 - Pilotos mais jovens a vencer na F1


A vitória de Max Verstappen no GP da Espanha de 2016 levantou uma interessante discussão que envolve a idade dos pilotos que hoje desfilam nos mais famosos autódromos do mundo. No último meio século, a idade média de um piloto da categoria caiu quase que pela metade, chegando ao extremo de vermos um piloto de apenas 17 anos estrear em 2015.

No post na qual apresentei os dez mais velhos vencedores da Fórmula 1, disse que isso [queda da média de idade] é um sinal de evolução. Porém, como tudo há um "porém", existem gigantescos pontos negativos em vermos pilotos cada vez mais jovens entrando na categoria. Jaime Alguersuari havia estreado aos 19, e, já aos 25, anunciou sua aposentadoria prematura das pistas. E isso é ou não ruim?

Apesar da clara falta de experiência, pilotos mais jovens vem sofrendo cada vez mais com a pressão de serem consideradas uma promessa, o que tende a joga-los contra si mesmos em diversas ocasiões. Antigamente, era necessário evoluir passo-a-passo para finalmente atingir o pico de sua carreira na Fórmula 1, porém, com aquilo que chamo de evolução, isto se inverteu, com o piloto passando "os melhores anos de sua vida" quando ainda é jovem e inexperiente. Quem ganha com isso são categorias como WEC e DTM, que crescem cada dia mais enquanto a F1 se afunda com sua maior necessidade: pay drivers (ou Lance Strolls da vida).

Indo direto ao ponto, quais foram os dez pilotos mais jovens a vencer na Fórmula 1 e a receber toda uma carga de pressão que podiam atrapalha-los? Eis a lista:


10º lugar: Michael SCHUMACHER - 23 anos, 7 meses e 27 dias

Como não lembrar daquele último fim-de-semana de agosto em 1992? O circo estava mais uma vez em Spa-Francorchamps, com sua movimentada Silly Season a todo vapor enquanto Nigel Mansell ainda vivia a euforia de ser campeão mundial. Após confirmar seu retorno à Ferrari, Berger não teve um bom desempenho na Bélgica, batendo nos treinos e não conseguindo largar no domingo.

Ayrton Senna até que pulou na ponta no momento da largada, mas não teria equipamento suficiente para resistir aos ataques das Williams de Mansell e Patrese. Mais atrás, Brundle iniciava uma estupenda recuperação, chegando a superar Michael Schumacher na disputa pelo quarto posto. Após as paradas, o alemão conseguiria reverter a situação, retomando a posição perdida enquanto Senna não conseguia ter uma boa performance na pista molhada.

Perto do fim, Mansell e Patrese foram aos boxes para efetuarem a última parada, retornando atrás de Schumacher que tomou a ponta. Martin Brundle até tinha ultrapassado o alemão voltas antes, mas, com estratégia diferente, seria obrigado a fazer sua parada. Agora na frente, Schumacher guiava para uma surpreendente vitória na Bélgica, conquistada aos 23 anos, 7 meses e 27 dias.


9º lugar: Jacky ICKX - 23 anos, 6 meses e 6 dias

A temporada de 1968 chegava a sua metade em Rouen, na França, onde Jackie Stewart tentaria outra ofensiva sobre Graham Hill, líder do campeonato de pilotos. Naquele fim-de-semana, a Honda decidiu estrear seu novo bólido com John Surtees, o RA301, mas, após algumas voltas, o inglês se recusaria a correr, exigindo novos testes. Como Sochiro Honda estava na França e iria acompanhar a prova, a equipe decidiu correr atrás do veterano francês Joseph Schlesser, que aceitou correr.

Nos treinos, Jacky Ickx conquistou um terceiro posto, logo atrás de Jochen Rindt e Jackie Stewart. Líder do campeonato, Hill era apenas o nono, enquanto Schlesser conseguiu qualificar-se na décima sexta colocação. A leve chuva que cairia sobre o circuito na hora da partida seria determinante para o resultado da prova.

Ickx escolhera os pneus de chuva, enquanto todos os outros arriscavam com compostos intermediários. A escolha do belga seria de bom grado, pois, ao fim da primeira volta, estaria no primeiro posto após superar Rindt e Stewart. Logo após completar o segundo giro, Jo Schlesser perde seu Honda e vai de encontro com a mureta, incendiando-se. As chamas se espalharam por toda a pista, dificultando a passagem até mesmo dos outros carros.

O socorro seria incapaz de retirar o corpo do francês enquanto as chamas iam sendo controladas, protagonizando algumas das cenas mais lamentáveis da história do esporte a motor. Aos 40 anos, Joseph Schelesser perdia a vida em sua primeira corrida de Fórmula 1.

A chuva voltaria a atormentar os pilotos durante o resto da corrida, que sequer foi interrompida para que o socorro à Schlesser ocorresse de maneira correta. Após abandonar, Graham Hill trocaria de viseira com Jo Siffert, protagonizando outra simbólica imagem daqueles tempos de Fórmula 1...

No fim, Jacky Ickx venceria seu primeiro GP aos 23 anos, 6 meses e 6 dias, se tornando o primeiro belga vencedor de Grand Prix. O triste pódio seria completado por John Surtees, companheiro de Schlesser, e Jackie Stewart, que se aproximara de Graham Hill na disputa pelo título.


8º lugar: Robert KUBICA - 23 anos, 6 meses e 1 dia

Lewis Hamilton tinha mais uma vitória em mãos no circuito Gilles Villeneuve quando o inesperado aconteceu. A luz vermelha estava acesa no final do pit lane, obrigando os pilotos que fizeram suas trocas pararem e esperarem que a luz verde fosse ativada. Assim, o inglês acabaria batendo na traseira de Kimi Räikkönen, enquanto ainda seria atingido por Nico Rosberg.

Quem escapou ileso agradeceu, sobretudo Felipe Massa, que ficava a um passo da vitória. Infelizmente, a Ferrari cometeria um erro na parada do brasileiro, obrigando-o retornar aos boxes quando a prova já tinha bandeira verde e Nick Heidfeld assumia a ponta. Sem McLaren e sem Ferrari, as equipes médias tinham sua melhor chance durante o ano.

Kubica iniciava sua recuperação enquanto Heidfeld liderava. Trulli e Glock tinham o desafio de superar ambas as Red Bull a sua frente, com Barrichello em segundo e Nakajima em terceiro. Após as paradas, a BMW Sauber colocava seus dois carros nas duas primeiras posições, caminhando para uma surpreendente dobradinha.

No final da prova, Robert Kubica se tornaria o primeiro polonês a vencer na Fórmula 1 aos 23 anos, 6 meses e 1 dia. Nick Heidfeld foi segundo com David Coulthard, conquistando seu último pódio, em terceiro. Timo Glock seguraria defenderia bravamente o quarto posto de Felipe Massa, que se contentou com o quinto lugar. Fechando os lugares pontuáveis ficaram Trulli, Barrichello e Vettel.


7º lugar: Kimi RÄIKKÖNEN - 23 anos, 5 meses e 6 dias

Fernando Alonso se tornou o primeiro espanhol a conquistar uma pole position ao marcar o melhor tempo nos treinos para o GP da Malásia de 2003, mas seria incapaz de resistir aos fortes ataques de Kimi Räikkönen. Na largada, Jarno Trulli, que partiu de segundo, foi tocado por Michael Schumacher, perdendo sua melhor chance de vitória desde então.

O finlandês da McLaren agradeceu aos problemas enfrentados pelos ponteiros, tomando a segunda colocação de Nick Heidfeld apenas duas voltas após a largada. A liderança de Alonso estava em risco. Mais atrás, o jovem Justin Wilson lutava contra as estonteantes dores no ombro, que vinha batendo de um lado e de outro dentro do cockpit após o HANS se soltar depois da primeira parada do inglês. Perto do fim, Wilson abandonaria, exausto e sem condições de se levantar do carro.

Fernando Alonso fez sua parada na volta 14, entregando a ponta para Kimi Räikkönen, que não enfrentaria dificuldades para mante-la mesmo quando fez sua troca de pneus. No fim, o finlandês conquistaria sua primeira vitória na Fórmula 1 aos 23 anos, seguido por Rubens Barrichello e Fernando Alonso no pódio malaio.


6º lugar: Lewis HAMILTON - 22 anos, 5 meses e 3 dias

Pela primeira vez na história, um negro largava na pole position de um grande prêmio da Fórmula 1. Lewis Hamilton, fenômeno da temporada, ainda não tinha vencido, mas, em Montreal, parecia que sua vez havia finalmente chegado. Isso ficou claro quando o britânico pulou pra ponta quando as luzes se apagaram, enquanto Alonso não conseguia manter a segunda posição e caia para o terceiro posto.

A corrida se manteria calma até Adrian Sutil bater num dos muros do autódromo canadense, obrigando a entrada do Safety Car. Após as paradas, Hamilton ainda se mantinha na ponta quando a prova foi reinicia - com um susto! Robert Kubica sofreu um grave acidente perto do hairpin, sendo atendido e levado ao hospital com ferimentos leves.

Quando a corrida se reiniciou, novamente, Fernando Alonso perdeu rendimento: problema nos freios. O espanhol não tinha muito o que fazer em tal situação, e era certo que ele perderia o último lugar do pódio. Felipe Massa e Giancarlo Fisichella seriam desclassificados após se envolverem num estranho incidente nos boxes, enquanto Albers e Liuzzi mudariam o destino da prova após sofrerem acidentes.

Surpreendentemente, Takuma Sato pressionava Alonso, querendo um espetacular sexto posto para a Super Aguri. Há 3 voltas do fim, o espanhol não teria condições de segurar o japonês, que andou bem durante todo o fim-de-semana. No fim, Hamilton venceria, e assumiria a liderança do campeonato, com Nick Heidfeld em segundo e Alexander Wurz em terceiro.


5º lugar: Bruce McLAREN - 22 anos, 3 meses e 12 dias

Jack Brabham, Stirling Moss e Tony Brooks chegaram à última etapa da temporada de 1959 com chances de título. Pela primeira vez o circo estaria em Sebring, realizando o primeiro Grande Prêmio dos EUA de Fórmula 1. Tentando se popularizar no continente americano, a categoria convidou Rodger Ward, vencedor da edição de 1959 das 500 Milhas de Indianapolis, para participar da prova.

Sem um equipamento decente, Ward largou em último, enquanto Moss era pole com Brabham em segundo e Brooks em quarto. Bruce McLaren era apenas o décimo colocado. Na partida, não houveram mudanças nas primeiras duas posições, mas, logo atrás, um jovem neozelandês fez fila para assumir o terceiro posto - era McLaren!

Cinco voltas depois, Moss abandonou, facilitando o caminho de Brabham em busca de seu primeiro título. Muito atrasado, Tony Brooks não tinha condições humanas para se recuperar e vencer a prova, e, consequentemente, o campeonato. Apesar disso, o final da prova foi tão emocionante quanto a decisão do título.

Na última volta Jack Brabham ficou sem combustível, pulou de seu Cooper e cruzou a linha de chegando em quarto, entregando a vitória para Bruce McLaren, que, aos 22 anos, 3 meses 12 dias, se tornou o mais jovem piloto a vencer na Fórmula 1*. 

* sem contar Troy Ruttman, vencedor da Indy 500 de 1952.


4º lugar: Troy RUTTMAN - 22 anos, 2 meses e 19 dias

Quando as 500 Milhas de Indianapolis ainda faziam parte do calendário oficial da Fórmula 1, poucos nomes do circo tentaram se aventurar nos EUA, mesmo este valendo importantíssimos pontos para o campeonato. Em 1952, pela primeira e única vez, a Ferrari inscreveu um carro para a prova. Alberto Ascari sofreu, mas mesmo assim conseguiu colocar seu bólido entre os 33 melhores.

Na corrida, surpresa! O italiano ganhou posições e já era um dos dez primeiros. Infelizmente, problemas no 375 tiraram Ascari da prova, na única ocasião em que ele não venceu naquele ano. Lá na frente, Bill Vukovich se aproximava de sua primeira vitória em Indianápolis, porém, restando nove voltas para o fim, a barra de direção de seu Kurtis Kraft ficou danificado, deixando a liderança para um jovem de nome Troy Ruttman.

Nascido em Mooreland, no estado de Oklahoma, o americano venceria aos 22 anos, 2 meses e 19 dias, mantendo este recorde até mesmo depois de sua morte, em 1997, e só perdendo-o para Fernando Alonso, em 2003, mais de 51 anos depois.



3º lugar: Fernando ALONSO - 22 anos e 26 dias

Fernando Alonso já havia conquistado sua primeira pole position na Malásia, mas o espanhol teria de esperar por quase seis meses para finalmente vencer. Também partindo da primeira fila, Alonso havia feito seu vigésimo segundo aniversário poucos dias antes daquele fim-de-semana na Hungria. Com Räikkönen e Schumacher apenas em sétimo e oitavo, respectivamente, a única maior preocupação do asturiano seria a presença de Juan Pablo Montoya.

Surpreendentemente, as Williams largaram muito mal, deixando Alonso sem nenhum rival à altura para disputar pela vitória. Sem equipamento, Mark Webber tinha a missão de apenas terminar no pódio, algo que, infelizmente, não conseguiria, graças à grande performance de Kimi Räikkönen. Enquanto Trulli e Schumacher não se destacavam, Rubens Barrichello abandonava de forma misteriosa, após uma grave quebra de sua suspensão traseira.

Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya recuperariam seu território perdido, mas não o suficiente para vencer Räikkönen e, é claro, Alonso, que cruzou a linha de chegada para se tornar o mais jovem vencedor da história da Fórmula 1. Pela primeira vez, o hino espanhol foi tocado no pódio. E sem dúvida não seria a última...


2º lugar: Sebastian VETTEL - 21 anos, 2 meses e 11 dias

Cinco anos depois de Alonso, uma nova sensação surgia da velha Minardi. Sebastian Vettel, de forma histórica, alinhou um Toro Rosso na primeira posição para o GP da Itália. Sem qualquer carro da Ferrari ou da McLaren nas primeira filas (exceto a presença de Kovalainen), Gerhard Berger, chefe da equipe na época, viu Sébastien Bourdais ser quarto no treino, tornando aquele molhado sábado de setembro histórico.

Por ter o melhor equipamento, Heikki Kovalainen era favorito à vitória. Com Bourdais não conseguindo largar, para desespero da equipe, toda a pressão caía, de uma vez só, nas costas de um jovem Sebastian Vettel. No primeiro GP da Itália sob chuva na história da Fórmula 1, o alemão surpreendeu a todos.

Kovalainen e Webber fracassaram na tentativa de acompanhar Vettel, que não cometeu nenhum erro, clássico de jovens pilotos, especialmente naquelas condições, enquanto Hamilton subia na classificação após largar nas últimas filas. Felipe Massa, já dentro do top eight, não conseguiria, como seu rival na busca pelo título, ganhar posições.

No fim, Sebastian Vettel venceu de forma histórica, com Kovalainen e Kubica completando o mais jovem pódio, em média de idade, da história da Fórmula 1. 23 anos e 350 dias. Seria também o primeiro e único pódio, até hoje, da Toro Rosso, que perderia no ano seguinte a figura de Gerhard Berger. 


1º lugar: Max VERSTAPPEN - 18 anos, 7 meses e 15 dias

Em sua controversa estreia pela Red Bull, Max Verstappen conseguiu a melhor posição de grid para um holandês, repetindo o feito de Jan Lammers. O quarto lugar do novo piloto da equipe austríaca nem se aproxima do que estava prestes a acontecer logo no dia seguinte. Para a surpresa de todos (só que não), a primeira fila era totalmente da Mercedes, com Hamilton, tentando se recuperar no campeonato, a frente de Rosberg.

Na largada o alemão foi melhor que seu companheiro, tomou a ponta e, depois de uma controversa fechada, foi atingido. Ambas as Mercedes estavam fora. Tanto Hamilton quando Rosberg foram parar na brita, sem chances para voltar à pista. Abalado, o inglês parecia longe de finalmente rivalizar com seu colega de equipe em 2016.

Com o caminho aberto, Red Bull e Ferrari lutaram pela vitória com seus quatro pilotos. Daniel Ricciardo, mesmo assim, não estava ameaçado de perder sua vitória. Max Verstappen, que era segundo, só viria o primeiro lugar cair do céu após o australiano fazer mais uma parada, num raro erro de estratégia da equipe de Christian Horner.

Agora sem chances de ver o australiano no pódio, Verstappen se tornou o centro das atenções para a Red Bull. Apesar da pressão de Kimi Räikkönen, o holandês de 18 anos teria a frieza de vencer sua primeira corrida por cerca de meio segundo, se tornando o primeiro piloto dos Países Baixos a conquistar tal feito na Fórmula 1. Para a surpresa de todos, um garoto, male má adulto, vencera um Grande Prêmio, se tornando também o mais jovem de todos os tempos.

Imagens tiradas do Google Imagens - F1-fanatic.com - F1-fansite.com

sábado, 19 de novembro de 2016

Pós-GP: A corrida para as corridas


Não sabemos se choramos ou rimos após esse fim-de-semana maluco em Interlagos. Na sexta-feira, Fernando Alonso fez de tudo, mais uma vez, para se aparecer, brincando de cameraman e ainda tentando fazer embaixadinhas com uma pequena pedra. No dia seguinte, um guarda-chuva vai parar no S do Senna (presságio?) e, no domingo, o céu vem abaixo depois de anos esperando por um GP do Brasil sob chuva.

Não há melhor lugar no mundo para se decidir um título mundial, mas isso só aconteceria se Nico Rosberg estivesse disposto a derrotar, na chuva, Lewis Hamilton, e, como todos nós sabemos, o alemão está com o regulamento embaixo do braço para levar essa decisão até Abu Dhabi, onde ele precisará apenas de um terceiro lugar caso o companheiro vença...

Infelizmente, o fato de não termos visto o título ser decidido em Interlagos, existem apenas duas formas, pelo menos as que acredito que podem acontecer, de termos um final emocionante em Yas Marina: ou Rosberg e Hamilton batem, em prol do alemão, ou as Red Bull superam o líder do campeonato na pista, em prol do britânico. Vale lembrar ainda que, em 2014 e 2015, a Mercedes só não venceu três corridas, enquanto, nesse ano, foram apenas duas derrotas em vinte provas... seria extremamente interessante ver isso acontecer de novo em 2016, sobretudo se a vitória caísse no colo da Ferrari, que tanto precisa de uma...


Apesar de tudo, o GP do Brasil também foi marcado pelas vaias do público com uma segunda, e sem sentido, bandeira vermelha após voltas e voltas de Safety Car. O povo pediu. E o mundo inteiro assistiu que brasileiro é uma pessoa diferente, impaciente, e que quer ver o "circo pegar fogo" seja embaixo sol ou chuva. Queremos corrida!

Além do mais, a chuva que vimos nesse ano pode se comparar ao que vimos em 2012, quando nenhuma bandeira vermelha foi agitada e o Safety Car só entrou na pista duas vezes, contando as duas últimas voltas após o acidente de di Resta... Isso só mostra que a Fórmula 1 entrou nesse "frescor" após o acidente de Jules Bianchi, e que a FIA ainda não percebeu que toda a fatalidade ocorrida com o francês foi por negligência dela mesma e não do piloto ou das condições meteorológicas...

Talvez a categoria aprenda mais com participações do público como as que vimos no Brasil, com vaias e negativos para uma ação completamente idiota e sem sentido. Se não tem coragem, vá trabalhar num escritório ou algo assim, saia do automobilismo e deixe apenas gente como Max Verstappen por lá...


Mais uma vez, o GP do Brasil poderá servir como lição para o futuro, a corrida para as corridas, e que nada disso se repita: cerca de 31 das 71 voltas foram feitas atrás do Safety Car. Parabéns, Bernd Maylander pelo ótimo trabalho, diga-se de passagem...

Tudo que vemos é uma piada para categorias como WRC e MotoGP. Uma piada...

Na sua décima tentativa, Lewis finalmente venceu no Brasil e realizou seu sonho de criança, e, como não podia perder a chance, tentou fazer um jogo psicológico ao dizer que esta foi a sua vitória mais fácil de todas. Com a conquista, Hamilton se tornou o primeiro piloto a trocar de capacete no meio da prova e ainda vencer a corrida. Algo que, sinceramente, nunca ninguém imaginou que iria acontecer. Foi bonito de ver o britânico com aquele capacete amarelo, não por lembrar Senna, mas por sair da mesmice de um branco tão sem graça que marcou seus dois últimos títulos.


Já Rosberg fez uma corrida simples e com apenas um susto (pelo menos mostrado na transmissão) na Subida do Café. Não se preocupou em segurar ou atacar Max Verstappen, tendo muita sorte ao terminar na segunda colocação após os problemas enfrentados pela Red Bull com as paralisações, que destruíram as estratégias do holandês e de Daniel Ricciardo, que, apesar de tudo, fez uma corrida apagada, ofuscada pela sua punição ainda nas primeiras voltas.

Verstappen deu show, arrancando elogios até dos mais críticos, mas esse desempenho nos fez levantar uma hipótese: os pilotos teriam perdido a magia de como pilotar sob chuva? Verstappen e Ocon, dois dos mais jovens do grid fizeram a alegria dos fãs com uma performance magnífica, coisa que não é rara de se ver em categorias de base, onde outros pilotos, ainda menos experientes, se arriscam tanto que arrancam suspiros daqueles que os assistem. Talvez, o excesso de cautela dos mais velhos venha destruindo o show. Apenas talvez...

De qualquer forma, é inegável que o holandês tenha impressionado todos em Interlagos. Desde seu desejo de iniciar a prova sem mais enrolação até sua última ultrapassagem, sobre Sérgio Pérez, vimos um garoto que estava disposto a arriscar, a cometer erros e, sobretudo, a vencer, mesmo enfrentado os dois melhores carros do grid. É um piloto como Max Verstappen que falta à Fórmula 1. São pilotos com sua garra, com sua marra e com seu talento que os fãs tanto anseiam.


Porém, gostaria de destacar um ponto. O holandês demorou cerca de uma volta para superar uma Manor! Algo assustador pelo fato dele ter pneus mais novos e estar superando todos com tanta facilidade. Mas neste carro azul, branco e vermelho estava ninguém menos do que Esteban Ocon, o francês que derrotou Verstappen na Fórmula 3 e foi campeão da GP3, com muitos méritos, em 2015. Sua contratação pela Force India, tão contestada, sobretudo pelos brasileiros, não foi por acaso, e já expliquei o motivo num de meus últimos posts aqui no blog. O jovem francês, que agora é o piloto mais alto da categoria, soube segurar um carro muito superior e teve azar em não conseguir conquistar seus primeiros pontos numa corrida tão fantástica como essa. Infelizmente, as coisas são assim...

Se Max Verstappen não venceu por falta de sorte, Esteban Ocon não pontuou por falta de equipamento...

No outro carro da Manor, Pascal Wehrlein agora anda ofuscado pelo companheiro, não na pista, mas nos bastidores. O alemão perdeu sua grande (e quem sabe primeira) chance de correr numa equipe média, e agora passa por um momento em que Ocon vem conquistando resultados tão interessantes quanto os seus, tendo o francês participado apenas da metade das provas da temporada. Estive enganado ao apontar Wehrlein na Force India, mas já havia imaginado a sinuca em que a equipe se encontrava...


Voltando à ponta do grid, a Ferrari continua sofrendo com falta de organização interna. Com o pódio de Verstappen, a Red Bull assegurou o vice-campeonato e, agora, o que resta para o time italiano é fazer Sebastian Vettel ficar a frente do jovem holandês no campeonato de pilotos. O dia não foi bom para a dupla ferrarista. Primeiro, o tetracampeão decidiu brincar na grama e rodar e, logo depois, foi a vez de Kimi Räikkönen sem perder em plena reta dos boxes de Interlagos. Por pouco escapou de uma tragédia...

Vettel ainda foi bravo para recuperar as posições perdidas e terminar em quinto, mas demorar tanto para passar Sainz Jr foi fatal para que Verstappen não tivesse muitas dificuldades em supera-lo. É uma pena a Ferrari estar terminando a temporada dessa forma...

A Williams viveu um misto de emoções durante todo o fim-de-semana. Desde os surpreendentes resultados na sexta-feira até o fim de tudo no muro da Subida do Café, Felipe Massa teve altos e baixos, enquanto Valtteri Bottas tentava o impossível com um carro que ainda não aprendeu a andar na chuva. Foi triste ver o brasileiro acabar sua corrida batendo? Foi! Mas o destino quis que fosse assim, e que ele tivesse uma das despedidas mais emocionantes que a categoria já havia visto. Ser aplaudido por Mercedes, Ferrari e Williams não é para qualquer um...


A performance do carro parece não ter melhorado, e agora resta esperar para 2017, com um novo regulamento e com um novo piloto. Quem sabe a Williams não consiga voltar aos dias de glória? É difícil, mas nunca sabemos quando algo surpreendente pode aparecer.

E mais uma vez, o azar ousou tirar Nico Hülkenberg do pódio em Interlagos. Após assinar com a Renault, o alemão ganhou tanta confiança que, frequentemente, supera Sergio Pérez nos treinos classificatórios e, no último domingo, parecia que finalmente havia chegado a vez do vencedor de Le Mans subir ao pódio. Infelizmente, no acidente de Räikkönen, um pedaço da asa da Ferrari foi parar na frente de Hülkenberg, que cruzava a reta dos boxes no meio de todo o spray.

Quando a bandeira verde sinalizou o reinicio da prova, o alemão foi obrigado a parar após um furo: era o fim das chances de pódio. Com isso, Sergio Pérez assumiu uma quarta posição que, voltas depois, se tornaria um terceiro lugar, com a parada de Max Verstappen. O desempenho do mexicano também não deixou a desejar, só não perseguindo Nico Rosberg por falta de equipamento e sendo superado pela Red Bull pelo mesmo motivo.


Um piloto que também teve um desempenho brilhante no Brasil, mas que passou despercebido, foi Carlos Sainz Jr. O jovem espanhol da Toro Rosso partiu da décima quinta posição e já na volta 20 ocupava o sexto posto. Beneficiado pelas marmeladas ferraristas e da Red Bull, Sainz chegou a estar na quarta colocação antes de finalmente fechar em sexto. Apesar do brilhante desempenho do espanhol, a Toro Rosso não viu o mesmo com Daniil Kvyat, que enfrentou problemas com um desgovernado Renault...

Falando de Renault, a renovação de Jolyon Palmer foi vista como idiotice por boa parte dos torcedores, com exceção dos britânicos, que ainda acreditam no talento de um campeão da GP2. É bom lembrar que o inglês derrotou Felipe Nasr em 2014 na categoria, mas mesmo assim só teve sua primeira chance num carro feito para receber o motor Mercedes e com um chassis velho da Lotus. Apesar de todas as burradas, Palmer merece uma chance...

Enquanto isso, Kevin Magnussen foi chutado da equipe e encontrou refúgio na Haas, onde, fontes internas dizem, estão atrasados no desenvolvimento do carro de 2017. Em apenas três temporadas na categoria, o dinamarquês foi do céu ao inferno com McLaren, Renault e, agora pode ir também, com a Haas.


Rumores dizem que a renovação de Palmer foi uma estratégia da Renault para contratar Bottas em 2018, o que poderia abrir uma vaga na Williams para Felipe Nasr, caso o mesmo consiga se manter na Fórmula 1 por mais um ano, ou ainda para Pascal Wehrlein, já que Toto Wolff se tornou grande negociador nos bastidores da categoria.

Aproveitando que Nasr foi citado, vamos falar de seu maravilhoso desempenho em Interlagos, onde, dias antes, havia dito que esta seria a maior oportunidade para marcar pontos: e conseguiu! Um piloto que sai da última fila com um carro da estirpe do C35 para aparecer no top ten em apenas dez voltas merece respeito e, pelo menos, um contrato assinado para próxima temporada. Com a saída do Banco do Brasil, os negócios de Felipe Nasr na Fórmula 1 podem chegar ao fim de uma das maneiras mais tristes de sempre.


Um desempenho tão louvável em comparação ao de Marcus Ericsson, que bateu ainda no início da prova, deveria garantir sua vaga em 2017, mas, se tratando de uma equipe que ainda luta para sobreviver, não devemos esperar nada. Para piorar, a vaga do brasileiro estaria ameaçada por nada menos nada mais do que Esteban Gutiérrez, um dos pilotos mais fracos do grid atual, que só não pontuou em 2016 por falta de sorte.

Chegando agora à Haas, onde não há muito o que dizer. Romain Grosjean imitou o maior ídolo francês, só que de maneira ainda mais bizarra: ele ainda estava na volta de saída até o grid. Curiosamente, ele não foi o único a culpar os pneus de chuva extrema da Pirelli. Kimi Räikkönen disse que os compostos de doze anos atrás (o finlandês estava na McLaren, assim, ele usava os Michelin) eram muito melhores.

Concordo com ambos. Se existe algo tão inútil no mundo da Fórmula 1, isso é o pneu de chuva extrema da Pirelli: ele pouco é usado porque o Safety Car sempre está presente em situações onde a chuva aperta e, ainda, quando é, não consegue trabalhar direito, deixando os pilotos na mão como aconteceu com Grosjean e Räikkönen em Interlagos.


A Pirelli tem muito a melhorar para 2017, sobretudo nos pneus de chuva, e ela tem essa chance com tantas baterias de testes que já vem acontecendo. E que a marca italiana traga bons compostos para uma nova Fórmula 1 no ano que vem...

Se a corrida de Grosjean não durou muito, a de Gutiérrez foi pífia: o mexicano largou mal e ainda teve uma performance muito abaixo do esperado pelas condições do tempo, digo, da temperatura.

Agora, para terminar, a equipe que mais virou motivo de piada nos últimos dois anos. Chuva e Interlagos trazem boas lembranças para a McLaren, que venceu pela última vez dessa forma em 2012 com Jenson Button, mas agora ela virou motivo de pesadelo para o campeão de 2009. Enquanto Fernando Alonso lutava para estar nas posições pontuáveis, o inglês amargava as últimas colocações em sua penúltima corrida da carreira.

O fim-de-semana no Brasil também marcou o fim de uma era: Ron Dennis, depois de 35 anos no comando do grupo McLaren, foi mandado embora após conflitos internos com acionistas chineses. É o fim da linha para Dennis na segunda maior equipe vencedora na Fórmula 1...


Sobre a corrida...

  • MELHOR PILOTO: Felipe Nasr
  • SORTUDO: Nico Rosberg
  • AZARADO: Lewis Hamilton
  • SURPRESA: Esteban Ocon
Nasr brilhou na chuva, segurou o top ten no braço e conquistou dois importantíssimos pontos para a Sauber; já Nico Rosberg teve sorte com as bandeiras vermelhas que destruíram a estratégia de Max Verstappen, o que também afetou Lewis Hamilton na briga pelo título; Ocon surpreendeu com a Manor, se manteve entre os dez por boa parte da corrida e deu show com um carro que jamais voltará a ter outra chance de pontuar: uma pena que o francês não teve condições para segurar por mais tempo o décimo tempo. Foi uma lição para quem acha que sua ida à Force India só foi por causa da força de alguém como Toto Wolff...

Até o próximo fim-de-semana em Abu Dhabi!

Imagens tiradas do f1fanatic.co.uk.