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segunda-feira, 29 de julho de 2019

Análise: Dádiva divina


É difícil fazer projeções diante de fatos recentes e sob fatores psicológicos que influenciam nossa opinião. Mas depois de três grandes corridas de Fórmula 1, temos que confessar que a categoria vai ter vida longa (e, tomara, eterna), Mesmo diante de setbacks, ela continua entregando o que é capaz para seus fãs. Hoje, vimos que quem disse que a F1 estava morta após o GP da França está cada dia mais enganado, sendo sacramentado por uma corrida maravilhosa vindo da dádiva divina - a chuva.

Não nos iludiremos, afinal, a próxima prova é na Hungria, em um circuito travado em que os caminhões atuais são incapazes de fazer uma ultrapassagem simples. Mas de qualquer forma, querendo ou não, tanto Ferrari quanto Red Bull provaram que tem condições sim de alcançar a Mercedes. A equipe alemã ainda não é ameaçada graças à incompetência ferrarista e a atual - e breve - incapacidade dos motores Honda. Quando ambos se acertarem, aí teremos corridas de verdade onde condições climáticas como calor e chuva não serão os causadores de grandes corridas.

Antes de entrar na análise da corrida, gostaria de comentar algo que deixei passar durante as últimas semanas.

Os grandes da F1

Em 2021, como todos sabem, a categoria terá mais uma grande mudança em seu regulamento. O efeito solo retornará e outras medidas estão sendo discutidas até serem finalmente entregues em outubro, após serem adiadas durante o fim-de-semana do GP da Canadá.

Eu não sou engenheiro da FIA nem de nenhuma equipe, logo, não posso garantir ou prever que graças ao efeito solo teremos corridas melhores daqui dois anos. Por isso, discuto mais o lado político desse adiamento e dos efeitos que, com ou sem ele, são sentidos.

O poder das grandes equipes, que dominam a categoria, é muito preocupante. Querendo ou não, a Mercedes tem sua grande influencia na Force India e na Williams, já a Ferrari engloba Haas e Alfa Romeo enquanto a Red Bull tem aquela que um dia já foi chamada de sua equipe-irmã, a Toro Rosso. Esse tipo de ligação é péssima, porque tira a possibilidade de metade do pelotão crescer e incomodar sua respectiva equipe-pai (digamos assim). Isso, simplesmente fecha a boca de chefes de equipe como Franz Tost, Günther Steiner e Frédéric Vasseur em momento de decisão como esse. A única equipe que realmente se pronunciou sobre esse adiamento em Paris foi a Renault de Cyril Abiteboul, demonstrando o quanto isso é um problema. Quanto mais tempo, maior será a influencia de Wolff, Binotto e Horner.

Carros medianos lutando com carros de ponta

Agora entramos na situação econômica. Quem está na frente investe baldes de dinheiro para lutar por vitórias e títulos. Se pararem de vencer e sumirem da ponta durante a entrada dessa grana alta, será fácil para uma Red Bull, por exemplo, abrir um buraco no grid e deixar a categoria com vergonhosos 16 carros. Sendo assim, cresce a necessidade de um teto de gastos para nivelamento das equipes, onde os grandes serão incapazes de dispararem por seu grande poderio econômico e não se assustaram por sua incompetência diante de tanto investimento.

Outra possibilidade na tentativa de aproximar as equipes é se espelhar na MotoGP e como eles transformaram a categoria em um grande fenômeno mundial. Eu não sei, infelizmente, o que realmente ocorre e como isso acontece, mas vemos, em diversas corridas, equipes clientes das montadoras lutando por vitórias e pódios. E, o mais incrível, alcançando e superando as grandes marcas em determinadas ocasiões. A Fórmula 1 teria muito a aprender com isso. Lá, por exemplo, existe uma diferença satisfatória entre Campeonato de Construtores e Campeonato de Equipes, além da possibilidade da compra de motos de anos anteriores por equipes do meio do pelotão, algo que já foi possível na F1 e que atualmente, caso não me falhe a memória, é proibido pelo regulamento.

Não que isso deva ocorrer sempre, mas que é bom para a categoria isso é inegável

Se olharmos para quarenta anos atrás, pegarmos uma corrida específica e assistir comparando com a atualidade, veremos que há pouca diferença. Uma equipe dominante às vezes sendo ameaçada por um ou dois pilotos, equipes medianas lutando por seus poucos pontos e uma prova com momentos monótonos e outros de emoção. Porém, se pegarmos uma sequência de corridas de quarenta anos atrás e compararmos com hoje, a diferença é absurda.

Vamos pegar a temporada de 1979 como exemplo. Nas cinco primeiras corridas daquele ano, a Ligier venceu três, com uma dobradinha, e a Ferrari duas, ambas com dobradinha. Nas cinco de 2019, a Mercedes venceu todas com dobradinha. Nove pilotos diferentes subiram ao pódio nessas primeiras provas de 1979, enquanto apenas cinco pilotos alcançaram tal feito em 2019. E a situação se agrava quando comparamos a quantidade de diferentes pilotos que pontuaram no mesmo período sob vigor de uma regra igualitária, ou seja, se tratando das seis melhores posições: 12 a 8.

"Ah! Eram outros tempos!", "os carros quebravam mais!". Então vamos dar uma olhada no grid de largada dessas provas. Em 2019, apenas três equipes diferentes foram capazes de colocar seus carros entre os quatro primeiros. Já em 1979, seis times diferentes estiveram presentes nas duas primeiras filas das cinco etapas iniciais. O dobro.

Redenção: surpresas no pódio

Pela disputa do campeonato, quarenta anos atrás, Gilles Villeneuve e Patrick Depailler dividiam a liderança com 20 pontos, seguidos por Jacques Laffite e Carlos Reutemann também empatados, mas apenas dois pontos atrás do lideres. Jody Scheckter e Mario Andretti vinham logo atrás há uma vitória da ponta do campeonato. Em 2019, Hamilton liderava com sete pontos mínimos de vantagem (os sete que dividem o primeiro do segundo na pontuação das corridas), mas atrás já surge um abismo com Max Verstappen, Sebastian Vettel e Charles Leclerc, todos com a metade dos pontos dos pilotos da Mercedes.

O que quero dizer é que o problema não é uma equipe ou outra dominando - pois isso sempre foi assim e sempre vai ser. O real problema é a inércia que os outros times tem nessa disputa. Ninguém é capaz de alcançar a dupla dominante e ameaçá-los. Em 1979, Lotus, Ferrari e Ligier estavam colados nas seis primeiras posições, se tratando da então campeã que massacrou à todos no ano anterior, e de outros dois construtores que já haviam abraçado e desenvolvido o carro-asa de forma impressionante. Já hoje vemos a Mercedes abrir vantagem e deixar Ferrari e Red Bull lutarem por um terceiro lugar.

Equipes que duela pelas últimas posições precisam da oportunidade de crescer

É esse tipo de competitividade que a Fórmula 1 precisa, onde equipes diferentes possam ameaçar as grandes e colocarem emoção na disputa de uma corrida ou até do campeonato. Nesse ano por exemplo, está mais emocionante acompanhar a disputa no meio do pelotão do que na ponta dele. Mais da metade do grid luta por um quarto lugar que vale ouro, e quem perder vai ficar com um humilhante nono posto no campeonato de construtores.

Isso tudo sem falar dos pífios vinte caminhões atuais. O presidente da FIA, Jean Todt, propôs que o reabastecimento voltasse à categoria para que os carros ficassem menores, facilitando ultrapassagens e tornando corridas em circuitos travados mais emocionantes. Mas existem problemas. Os rumores são de que todas as equipes são contra ao retorno do reabastecimento, primeiro pelo custo, segundo pela logística e terceiro pela segurança que precisa ser abarcada. Logo, os carros continuarão sendo trambolhos desengonçados. Não que isso vai realmente atrapalhar as disputas em 2021. Se cumprir o que promete, os carros do futuro terão menor arrasto aerodinâmico e causarão menor turbulência para quem vem atrás.

É esperar para ver o que a FIA decidirá até outubro. Até lá, a categoria (e seus fãs) estão entregues à boa vontade dos poderosos chefes de equipe.

Agora começa a análise da corrida.


Leclerc teve sorte de não ser atropelado por Hamilton. Falta grave de segurança

No início desse ano, o regulamento à cerca da largada sob Safety Car foi alterado, passando a ser realizadas voltas de reconhecimento antes do alinhamento do grid e a largada propriamente dita, com a redução do número de voltas de acordo com a quantidade de voltas de reconhecimento. Uma boa medida, "ótima para o show e como deve ser", nas palavras de Sérgio Pérez após a corrida. Isso permite mais disputas e uma largada carregada de emoção, com a possibilidade de acidentes e surpresas. Ontem, ambas as Red Bull não tracionaram bem e Kimi Räikkönen assumiu o terceiro lugar com a Alfa Romeo.

Chuva vai, chuva volta, a emoção da corrida mais uma vez foi causada por condições climáticas, que vieram e boa hora. Quem esteve com uma cabeça leve, errou menos e saiu com um ótimo resultado, diferentemente de quem se precipitava e errada na curva 16, onde a área de escape foi tão criticada, de forma errônea. Apesar de ser uma pista de dragster, aquele trecho do circuito ainda sim está fora da pista e deve punir os pilotos que erram. E puniu muito bem. Se houvesse brita lá, todos que passaram reto ficariam atolados, causando SCs desnecessários para retirada segura dos carros.

Pesadelo na Floresta Negra

A Mercedes que comemorava seus 125 anos de automobilismo, fez tudo que podia e conquistou a pole position na sorte. Mesmo com dor de garganta, Lewis Hamilton voltou a superar Bottas e os dois carros da Red Bull. Mas no domingo... a situação foi bem diferente. Querendo ou não, um dia todos erram. Até mesmo o grande inglês que há muito tempo não tinha um desempenho semelhante à alguns de sua mocidade na McLaren. Errou de forma boba, saindo duas vezes para fora (quando Vettel e Magnussen, tão criticados por seus erros, estavam na mesma condição), cruzando a pista de forma perigosa, entrando nos boxes irregularmente e andando muito devagar sob bandeira amarela. Apesar de tudo isso, recebeu apenas cinco segundos de punição quando esse número poderia ser maior. De forma semelhante, por exemplo, Sebastian Vettel foi punido no GP da Hungria de 2010 com um drive through quando segurou o pelotão para que Mark Webber retornasse entre ele e Fernando Alonso. A diferença é que, nesse caso, isso ocorreu na tentativa de beneficiar um terceiro.

Após a corrida, Hamilton usou a mesma dor de garganta que serviu para sua vanglória no sábado como desculpa para seu péssimo desempenho no domingo. Coisas assim que o tornam impopular. Basta ver a reação da torcida em suas duas escapadas, quando fora investigado duas vezes e quando recebeu sua punição. Ainda assim, sua estrela continuou brilhando, pois foi o único piloto que bateu na curva 16 e ainda assim se manteve na prova, herdando o nono lugar depois de tudo.

Enquanto isso, Valtteri Bottas, que tinha tudo para tirar a diferença no campeonato, também não foi bem. Seu melhor momento na prova foi quando passou a ser o maior concorrente pela vitória junto com Max Verstappen, mas incapacitado de perseguir o holandês. O ponto mais negativo foi estar atrás de Lance Stroll e não conseguir de ultrapassar o canadense graças à potencia do mesmo motor Mercedes que empurra ambos os carros. Sem se arriscar, o finlandês não conseguiu superar o tão criticado piloto da Racing Point. No fim, tentando se manter abaixo de um segundo atrás de Stroll, rodou e bateu na primeira curva, para delírio da torcida. Agosto é mês que vem já, Valtteri. E a Mercedes viveu um pesadelo devido, somente, à seus pilotos.

Finalmente! Acabou! (?)

A Ferrari também viveu seu pesadelo quando perdeu a primeira fila no grid com os problemas nos carros de Vettel e Leclerc no sábado. Mas, no domingo, estiveram perto da glória. O monegasco era segundo colocado quando bateu na Sudkurve e perdeu a chance de disputar e até arrancar a vitória de Verstappen, que já estava atrás dele. O monegasco já havia abusado duas vezes da sorte no mesmo ponto.

Já Sebastian Vettel fez corrida quase perfeita para sua redenção na Alemanha, saindo de último para terminar em segundo. Só não foi perfeita porque o alemão errou na última volta na Mercedeskurve, deixando Kvyat se aproximar e ameaçar a segunda posição até a Sachskurve, onde o ferrarista havia sofrido o acidente de 2018. Caso vencesse, seria a primeira vez na história que um piloto largando da última posição venceu uma corrida, só não superando, em número, John Watson. Apesar disso, vale dizer que o alemão não conseguiu ultrapassar Kimi Räikkönen na pista, só superando o ex-companheiro nos boxes e quando ele cometeu um erro na famosa curva 16... porém, saberemos o que estava acontecendo nos carros da Alfa logo mais no texto.

Voltando à Charles Leclerc, gostaria de comentar seu incidente nos boxes. Foi punido de forma justa, com a multa sendo dada para a Ferrari e não para o piloto. Mas ainda assim, é outro indicador de quão inconstante são as decisões dos comissários de prova. Em Mônaco, Max Verstappen perdeu o pódio pelo mesmo motivo, quando foi liberado de forma perigosa e atingiu Bottas no pitlane. Isso só serve para aumentar a teoria de conspiração que envolve Leclerc-Todt-Ferrari. Outra bobeira...

O novo rainmaster da F1

Enquanto isso, a Red Bull morre de rir com a Honda - na cara de Fernando Alonso. Outra vitória com desempenho fenomenal de Max Verstappen que, mesmo rodando, venceu e derrotou com autoridade ambos os pilotos da Mercedes. Para alegria da torcida laranja, o holandês agora ameaça até o vice-campeonato de Valtteri Bottas, após abrir uma vantagem de 21 pontos para Vettel e 42 para Leclerc. Uma surpresa grata e imensa para o melhor piloto da corrida e da temporada. E já são 20 provas consecutivas terminando, sempre, entre os cinco primeiros.

Porém, do outro lado da garagem, Pierre Gasly volta a viver seu inferno astral, muito atrás de seu companheiro e, agora, apanhando para a Toro Rosso. Depois de também largar mal, o francês não conseguiu se recuperar e ficou preso atrás dos carros do meio do pelotão, consagrando o fato com seu estranho incidente com Alex Albon nas últimas voltas. Na câmera onboard é possível ver que o tailandês fechou o colega de equipe, mas também que Gasly não calculou direito o momento da manobra. Helmut Marko, com todo seu histórico, deve estar babando sobre o contrato do francês. Agora, ele tem decisões difíceis a serem tomadas sobre o futuro de três de seus pilotos nas próximas semanas.

McLaren volta a se destacar e abrir vantagem na luta no meio do pelotão

Na McLaren, as coisas andam muito bem apesar da perda dos cada vez melhores motores da Honda. Carlos Sainz, mesmo rodando na Sudkurve, se recuperou e fechou na ótima quinta posição, aumentando sua vantagem para 21 pontos sobre o resto do pelotão intermediário no campeonato de pilotos, uma condição surpreendente para um piloto tantas vezes subestimado. É a sétima vez que pontua nas últimas oito corridas. Já Lando Norris, que também vem muito bem no campeonato, teve problemas e perdeu bons pontos.

Curiosamente, como em outros casos após a prova, o resultado não agradou Carlos Sainz, que sabe que poderia ter conquistado mais senão fosse a rodada na Sudkurve. O espanhol se lamentou, mas a equipe soube o consolar e mostrar que o futuro ainda aguarda grandes oportunidades para a equipe.

Corrida histórica para Toro Rosso

Após tanto caos e chuva, muita alegria para os da casa de Faenza. A Toro Rosso conquistou seu primeiro pódio de verdade (o primeiro havia sido com a chocante vitória de Vettel em Monza em 2008) depois de uma perfomance incrível de Albon e Kvyat. O anglo-tailandês, que nunca havia pilotado um carro de Fórmula 1 na chuva antes, chegou a lutar com Lewis Hamilton pelo terceiro posto, mesmo contra sua própria vontade, sabendo que perderia tempo e poderia perder posições preciosas. Foi o que exatamente aconteceu. Após aquela disputa, perdeu a posição para Sainz e não conseguiu mais recuperar, perdendo o time de uma parada que colocou seu companheiro de volta à prova e na disputa pelo pódio. Daniil Kvyat, pai da recém-nascida neta de Nelson Piquet, foi firme, ultrapassou Stroll após travada do canadense e terminou em terceiro em uma corrida de redenção. O russo agora é oitavo no campeonato, para surpresa de todos. E por mais incrível que seja, senão fosse a grande prova que estivesse fazendo, Albon poderia ter terminado em terceiro ou na quarta posição, colado com Kvyat.

Único erro de Räikkönen no fim-de-semana

Com Kimi Räikkönen largando entre os cinco primeiros, a Alfa Romeo parecia estar em um sonho quando viu o finlandês pular para terceiro na largada. Mas essa alegria durou pouco. A primeira parada do campeão foi problemática e, potencialmente, custou um incrível pódio para a equipe. Räikkönen caiu para sétimo e se contentou a duelar, durante toda a corrida, com Sebastian Vettel, não deixando que seu ex-companheiro o ultrapassasse até sofrer outro problema em outra parada nos boxes.

Apesar disso, tanto Räikkönen como Antonio Giovinazzi termina entre os oito primeiros colocados, conquistando pontos que os manteriam na briga contra a Toro Rosso e a Racing Point. Porém, após a prova, descobriu-se que uma disfunção na embreagem dos carros da equipe foi capaz de imitar o controle de tração. Esse fato levou os comissário a aplicarem uma punição de 30s, que empurrou ambos os carros para fora da zona de pontuação. A decisão será apelada por Vasseur, que afirma ter provas contundentes de que esta fora precipitada. Veremos nos próximos dias o que a FIA irá dizer sobre o caso, especialmente se tratando de uma equipe que disputa um campeonato em que pode terminar em quarto ou nono. Milhões em jogo.

Mais uma vez perto do pódio, mais uma vez batendo...

Na Renault, a zona impera. Depois da prisão de Carlos Ghosn, tudo aquilo que vinha sendo construído parece se desmoronar. Como se não bastassem os maus resultados, na corrida em que poderiam reverter a situação, Daniel Ricciardo perdeu seu motor e Nico Hülkenberg bate quando tinha o pódio, finalmente, em suas mãos. O alemão soube que disputar com carros superiores seria perca de tempo, mas acabou escorregando na Sudkurve para abandonar quando vinha para conquistar um resultado gigantesco para a equipe francesa. Doloroso para o piloto da casa, e ainda mais para os rapazes de Enstone, que agora estão atrás da McLaren, com motores Renault, e Toro Rosso no campeonato de construtores.

Mesmo após erros, Lance Stroll fechou na ótima quarta posição

Quem realmente saiu sorrido de Hockenheim foi a Racing Point. As atualizações surtiram efeito desejado, com Sérgio Pérez alinhando em oitavo enquanto Lance Stroll finalmente passou do Q1 (graças, é claro, ao abandono de Vettel). No domingo, as situações se inverteram e o mexicano, sempre um rosto conhecido nessas corridas em que vale mais a resiliência do piloto, rodou e bateu logo na segunda volta. Sobrou para Stroll carregar as estratégias inteligentes da equipe para um imenso quarto lugar.

O canadense chegou a ser líder da prova, mas foi superado por Verstappen. Ele só viria a perder o segundo posto, e consequentemente o pódio, porque travou na curva 3 e não conseguiu se defender de Kvyat na reta. No mais, depois de andar em último durante a corrida inteira, Lance Stroll se redimiu com seu pai conquistando pontos importantes e elevando a moral da equipe para Hungaroring, onde deverão estar mais fortes e com mais chances de pontos.

Luz no fim do túnel para a Haas

Para a Haas, o domingo foi de altos e baixos até o finzinho da noite. Com Romain Grosjean largando entre os primeiros, as chances de boa pontuação eram altas. Mas o francês não se deu bem com a estratégia e caiu para atrás, passando a lutar com Magnussen por posições que hora ou outra eram de pontuação. A situação mais interessante surgiu no final da prova, quando ambos se tocaram e se insultaram, para horror de Günther Steiner.

Romain Grosjean correu com a especificação de Melbourne no Hockenheimring após pedir à equipe durante a semana, que efetuou a troca e viu o quão bom era o antigo carro da equipe. Essa mudança acabou por agradar Kevin Magnussen, que também pediu para que o carro fosse convertido para o modelo de Melbourne na próxima corrida, na Hungria. Até lá, a equipe precisa agradecer o ganho, no famoso tapetão, da sétima e da oitava posição, resultados que colocam a equipe de volta na disputa depois de tanta confusão com William Storey.

Kubica aproveitou erro de Russell para conquistar ponto histórico

Para fechar, a equipe Williams também trouxe novidades que surtiram efeito. Apesar de continuar anos-luz atrás do resto do pelotão, o pessoal de Grove conquistou seu primeiro ponto na temporada de forma indesejada, mas ainda assim muito bem-vinda se tratando dos bônus que as equipes que marcam pontos recebem. E esse ponto veio logo com o piloto menos esperado.

Pela primeira vez na temporada, Robert Kubica superou George Russell e herdou o décimo lugar após a punição das Alfa. A ultrapassagem veio após um erro do britânico na curva 3, que provou-se fatal para que ele não conquistasse seu primeiro ponto na categoria. Ainda assim, o único piloto que ainda não pontou temporada é aquele que mais tem chances em um carro tão patético como o FW42. Sendo assim, há a possibilidade de 2019 se tornar a segunda temporada da história em que todos os pilotos inscritos pontuaram.

Vettel foi ameaçado por Kvyat nas últimas curvas

Para concluir, a corrida obviamente foi fantástica e uma honra de se acompanhar. Quem não assistiu, perdeu a melhor prova dos últimos anos, com alternativas, erros dos grandes pilotos e redenção de alguns. Foi também a primeira vez desde o GP de Portugal de 1992 que a Honda colocou dois carros no pódio, e a primeira desde Adelaide 1988 que são carros de duas equipes diferentes, quando Prost, Senna e Piquet foram os três melhores. O verão europeu para os japoneses está sendo tão incrível que zombaram de Fernando Alonso no Twitter na véspera de seu aniversário.

O melhor piloto da corrida foi Max Verstappen, que errou pouco e conquistou uma vitória incrível no Hockenheimring. Sebastian Vettel também merece crédito, tendo se redimido com a torcida após um ótimo desempenho, escorregando apenas na última volta. Daniil Kvyat, pai na noite anterior, foi incentivado por Horner a ter mais filhos graças à uma perfomance que rendeu um merecido pódio para a Toro Rosso. Lance Stroll tentou, mas se contentou com a ótima quarta posição que o coloca, agora, na frente de Pérez na classificação do campeonato.

Então, creio que seja isso. O post é longo e pode não ser um dos melhores, mas como retorno do blog é interessante fazer um assim.

Muito obrigado por ter lido até aqui. Nos vemos no futuro.

E até Hungaroring.

Imagens retiradas do RaceFans.net

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

OPINIÃO: 2017


Sou péssimo em resumos curtos. Mas dessa vez é necessário. Não posso deixar passar essa chance de falar, seja pouco ou muito, sobre a temporada de 2017.

As expectativas eram altas e, pelo menos para mim, foram superadas de forma louvável, com direito à polêmica entre os postulantes ao título e reviravoltas que tornavam o campeonato mais ou menos excitante a cada mês.

É verdade que terminou de maneira brochante, com Hamilton conquistando o tetracampeonato no México em meio à crise na Ferrari. O fato só fez aumentar mais as semelhanças entre 2017 e 1985, quando a escuderia italiana passou por situação semelhante com Michele Alboreto, que na época lutava contra Alain Prost pelo título. Mas, diferentemente de 1985, o cavalinho rampante foi uma grandíssima surpresa. (Logo comento a outra semelhança.)

O esperado era que Red Bull e Mercedes lutassem em 2017, com Ferrari cada vez mais afogada no segundo semestre de 2016. Mas o que vimos foi bom, com Maranello se livrando dos problemas e mostrando ao mundo que era possível vencer as Flechas de Prata, conquistando inclusive uma dobradinha em Mônaco.


A segunda semelhança é entre a campanha de Lotus e Red Bull. Guardadas as devidas proporções. Ayrton Senna e Max Verstappen enfrentaram graves problemas na primeira metade do campeonato, mas no segundo semestre conseguiram virar a mesa sobre seus companheiros Elio de Angelis e Daniel Ricciardo, que passaram a sofrer sem nenhum resultado consistente, o que é característica de ambos. No fim, tanto Red Bull quanto Lotus foram superados por rivais considerados imprevísveis: Ferrari e Williams, respectivamente.

Em relação aos pilotos, gostaria de ressaltar o ótimo trabalho de Lewis Hamilton e o fraquíssimo desempenho do, até agora, superestimado Valtteri Bottas. Para os finlandeses, é preocupante. Kimi Räikkönen voltou a apresentar uma clara desmotivação, sobretudo após críticas de um arrogante Sergio Marchionne. Com a chegada de Charles Leclerc, tudo indica que o ciclo do campeão de 2007 está perto do fim.

Falando em Charles Leclerc, não esqueçamos de Antonio Giovinazzi, que substituiu Wehrlein em Melbourne e Xangai de forma admirável. Não será surpresa caso a Ferrari cave um lugar para o italiano na Haas. Mas ainda assim, Leclerc aparece como favorito à vaga de Räikkönen em 2019.

Mas já estamos falando disso? Nem a temporada de 2018 começou e já se pensa em 2019? Em Maranello sim, mas em Grove... as coisas vão de mal a pior. A exigência da Martini por um piloto de mais de 25 anos atrapalha as negociações, invalidando nomes interessantes como Kvyat e Wehrlein e dando oportunidade para Palmer, Sirotkin e Kubica.


O retorno do polonês está ameaçado. Ou estava. Os rumores são tantos que fica difícil cravar alguém ao lado de Lance Stroll. O último indicava um contrato de 7 corridas para que Kubica provasse sua capacidade, enquanto Sirotkin ficaria na espera do veredicto. Com isso, a Williams deixa cada vez mais claro seu destino infame com pay drivers, já que mesmo Kubica se tornaria um deles.

Ainda em Grove, Felipe Massa deu seu adeus definitivo da Fórmula 1 talvez de maneira melancólica se tratando de campeonato: atrás de Lance Stroll, o que condiz com o velho credo de que os números não valem mais do que a verdade. É sabido que o canadense evoluiu, mas nada que justificasse uma colocação melhor do que a do brasileiro após resultados carimbados com mais sorte do que talento.

Mais uma vez, a Force India mostrou ser a equipe mais competente do resto, superando sem dificuldade qualquer rival sério mesmo quando uma guerra interna se instaurava. Esteban Ocon evoluiu como esperado e terá sua prova de fogo em 2018. Sabendo que é um piloto bancado pela Mercedes, Bottas precisa ficar atento para melhorar seu desempenho.

Na McLaren, a decepção reinou no início, mas o fim é promissor, com um contrato de motores Renault numa mão e um chassis ótimo noutra. Talvez a maior conquista do ano sequer tenha sido isso, mas o fato de manterem Fernando Alonso.


Agora, Renault e Toro Rosso. Se olharmos para trás, é como discutir Toleman e Minardi! Ok, voltemos à realidade, que é duríssima para o time de Faenza, que perdeu o sexto posto no campeonato de construtores na última corrida do ano após seguidos e suspeitos problemas de motor. Perder a dupla original também atrapalhou, mas Hartley e Gasly não deveriam ter fraquejado num momento como esse, e não foi o que aconteceu!

Com uma Renault cada vez mais forte, Red Bull e McLaren se veem ameaçadas, sobre tudo os ingleses, já que a marca dos energéticos deve migrar-se, inteiramente, para os motores Honda em 2019 - uma jogada e tanto! Ficar preso abaixo da sempre polêmica marca francesa não será fácil para as bocas em Woking. Espero por um guerra interna caso a dupla se enfrente lado a lado nas pistas. Será interessante acompanhar.

De resto, foi uma bela temporada. O único ponto negativo foram as corridas mais mornas do que as de 2016, mas isso acaba sendo revigorado por uma disputa de título que sai da zona de conforto da Mercedes e passa a ser de duas equipes com uma rivalidade tão histórica. O Ano Novo promete, mas temo que o domínio de Hamilton continue. Um novo 2015 seria horrível.

Então é isso. O blog retorna com uma palinha do que foi 2017 e do que poderá ser 2018.

Obrigado pela atenção e voltem sempre!

Imagens tiradas do f1fanatic.co.uk.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Análise: Os pontos da (e para) virada


Com a vitória soberana conquistada em Monza, Lewis Hamilton finalmente assumiu a ponta do campeonato. Mesmo com menos vitórias, Sebastian Vettel resistiu bravamente até a décima terceira etapa, quando o jogo finalmente virou a favor da Mercedes. As vitórias do inglês na Bélgica e, agora, na Itália, não foram de surpreender alguém, mas, nessa altura da temporada, está na hora da Ferrari reagir se quiser quebrar o jejum de dez anos sem título.

A tarefa será complicada. As próximas duas corridas favorecem o carro italiano, que por ter um carro com menor distância entre eixos e um melhor desempenho sob forte calor, supera a Mercedes com certa facilidade em pistas sinuosas e países tropicais. Nessa mesma passada, a Red Bull pode se intrometer na briga, pelo menos em Cingapura, lugar exato onde a Ferrari pode tirar mais vantagem. Já imaginaram quatro carros a frente da Mercedes e com Vettel no topo do pódio? Pela matemática básica, mesmo se isso acontecer, Hamilton ainda teria boas chances de conquistar o tetracampeonato.

Ricciardo e Verstappen foram prejudicados em Monza para se beneficiarem daqui a duas semanas, e serão eles os protagonistas mais importantes, a longo prazo, da prova na Cidade-Estado asiática. Favoritos à vitória? Podem até ser. E é isso que deve afligir a Ferrari.


A realidade é que os italianos não tem, e dificilmente terão, um equipamento que se compare ao da Mercedes, sobretudo no quesito unidade de potência. Por esses e outros fatores, a equipe alemã é favorita a vitória em Abu Dhabi, por exemplo, por esta ser uma corrida que, em sua maior parte, ocorre nos gelados ventos do deserto. Assim, restariam quatro lugares onde o título tende a ser decidido, pelo menos na teoria: Austin, Hermanos Rodríguez, Interlagos e Suzuka.

Depois dos eventos de 2015 (e do Furacão Harvey) não consigo tirar uma conclusão absoluta sobre como poderá estar o Texas no final de outubro, mas, se for para apostar, apostaria tudo numa corrida quente, tal como no Brasil. Também em 2015, a corrida em Interlagos foi um das mais quentes dos últimos anos, sendo que, em 2016, choveu e a temperatura/umidade baixa aliviou os carros da Mercedes - mesmo que naquela época não havia um rival sério para ameaçar sua supremacia.

Outro ponto para se levar em conta é o tipo do traçado presente no CotA, no Hermanos Rodríguez e no José Carlos Pace. Os três são seletivos, principalmente o norte-americano. Em Interlagos, os setores 1 e 3 tendem a beneficiar a Mercedes, enquanto o setor 2, o mais longo, a Ferrari. Algo semelhante ocorre no Hermanos Rodríguez, onde o primeiro trecho favorece os carros alemães e os outros dois colocam os italianos em vantagem teórica. Também por ser a pista mais alta em relação ao nível do mar, o circuito mexicano representa um grande desafio: quanto maior altitude, menor refrigeração nos motores.

Já Suzuka... pois bem, é difícil até de prever, mas por apresentar um traçado desafiador, com curvas longas e rápidas, ela tem um toque que pode ajudar as Mercedes a lidar com a Ferrari nessas 7 últimas provas da temporada.

Pode ser cedo para falar sobre tudo isso, mas a verdade é que já podemos fazer um rascunho do que poderá acontecer nas próximas semanas. E, caso Vettel não tire vantagem das condições em Cingapura e na Malásia, será difícil não ver Hamilton campeão pela quarta vez ao final da temporada.


Agora, deixemos de lado a disputa pelo título, afinal, a Fórmula 1 não é apenas isso, nunca foi e nunca será. E por esse motivo, acredito eu, tenho certo repúdio às diversas e diversas vezes em que a Rede Globo tenta nos fazer engolir a disputa Hamilton x Vettel em denegrimento aos outros fatos desse campeonato de 2017. Será que não estaria não hora de mudar de estratégia?

Quem não se lembra das simpáticas Minardi, Jordan, Tyrrell, Super Aguri e tantas outras do fundo ou do meio do pelotão? Muita gente amava elas. E muita gente ama ver uma Force India lutando por um pódio ou uma Haas disputando posições e pontos contra Renault, Toro Rosso e McLaren. É claro que não existe uma diversidade de personalidade tão grande como antigamente, mas ainda assim é possível explorar figuras como Daniel Ricciardo, Fernando Alonso, Kevin Magnussen e Daniil Kvyat.

Toda corrida é um prato cheio de memes via rádio do espanhol. Vale esperar por cada momento? Vale! Muita gente assistia Fórmula 1 esperando apenas pela vitória de Ayrton Senna no final da corrida, sem se importar com quem estava no grid ou o que estava sendo conquistado por outros pilotos.


Por exemplo: abrir espaço para o famoso "suck my balls" de Magnussen para Hülkenberg poderia abrir a possibilidade de pessoas passarem a torcer por um ou por outro, sempre acompanhando o que cada um deles está fazendo e onde estão durante a corrida. Ficar batendo o martelo numa disputa que acontece de cinco em cinco corridas, no mínimo, cansa!

Outro exemplo: a briga interna na Force India - algo que teria tudo para ser um sucesso. Um jovem francês que "roubou" "com ajuda da Mercedes" "a vaga de Felipe Nasr" na Force India, mas que vem mostrando para que veio, com exaltações até de Reginaldo Leme (desde o ano passado, diga-se de passagem), contra um já veterano Sérgio Pérez, líder da equipe e extremamente agressivo quando precisa (às vezes até quando não precisa) ser. Não seria algo interessante para incitar a audiência a torcer e acompanhar um ou outro? O legal, acima de tudo, é que, por terem equipamentos iguais, quase sempre estão juntos na pista.

Querem mais? A evolução da Renault, Palmer ameaçado e possibilidade de Robert Kubica retornar. Será que a Renault não é uma potencial front runner até 2020? Esse Palmer sofre com esse carro! Imagina se o Kubica toma o lugar dele ano que vem? Se isso não levasse ninguém a acompanha-los de perto, eu não sei mais o que fazer - acabar com a Fórmula 1 no Brasil, quem sabe?


Agora que você, meu caro leitor, pensa que a crítica a Globo tenha acabado, saiba que está errado! Tenho uma última coisa a dizer: deem o mínimo destaque, pela graça de Deus, às médias e pequenas equipes. Uns meses atrás, o Flavio Gomes fez um interessantíssimo post que recomendo que leiam: SOBRE ONTEM DE MANHà- e digo mais, tenho total respeito pelo Galvão Bueno e só peço, junto com muitos outros, que ele mude alguns de seus hábitos nas transmissões.

Finalmente, chegamos ao que importa: a corrida em si. Tudo, infelizmente, ocorreu como o esperado sob um dia de sol em Monza. Quem tinha o melhor motor conseguiu o melhor resultado, com exceção da mega surpresa Daniel Ricciardo, que arranca elogios a cada corrida, enquanto seu companheiro tão badalado, Max Verstappen, sofre com a falta de confiabilidade, psicológico e, sem dúvida alguma, sorte. O holandês já foi acusado de ser agressivo demais na condução - um Keke Rosberg ou até mesmo um Nigel Mansell dos tempos modernos.

Mais uma vez, foi Lance Stroll que roubou o suposto papel de Felipe Massa como protagonista da Williams. Surpreendentemente, o canadense se tornou o mais jovem piloto a largar na primeira fila, quebrando um recorde que parecia inquebrável - Max Verstappen era o recordista após partir da segunda posição no GP da Bélgica de 2016. E no domingo, mais uma vez surpreendendo, Stroll teve cabeça para chegar até o final, a frente, inclusive, de Massa.


Falando no brasileiro, vale lembrar que sua vaga passou a ser especulada e associada com nomes como Fernando Alonso e Jenson Button, enquanto ele não parece estar disposto a ceder sua posição na equipe. Na corrida, Massa se envolveu nos dois principais incidentes do domingo - primeiro com Pérez e depois com Verstappen, sendo, em ambos os casos, uma figura controversa diante de um toque de corrida.

Na Force India, a crise interna não foi problema durante o fim-de-semana. Esteban Ocon, por meros 2 milésimos, conseguiu uma vaga no Q3 e, posteriormente, um lugarzinho na segunda fila. O francês chegou a sonhar com o pódio, mas a falta de chassis custou posições e a possibilidade de conquistar algo melhor do que aquele 5º lugar do GP da Espanha. De qualquer forma, Ocon agora está apenas três pontos atrás de Pérez no campeonato - e o GP do México está chegando...

Não há o que se comentar sobre Haas, Renault e Sauber, que conquistaram os resultados esperados numa pista totalmente desfavorável. Já a McLaren, depois de mostrar potencial no GP da Bélgica, confirmou que evoluiu durante as férias. Ao mesmo tempo em que negocia com a Renault, a equipe de Woking andou no pelotão médio-baixo tão bem como nunca, causando preocupação na Toro Rosso, que teme o avanço do time inglês.


Após terminar mais uma vez na frente de Räikkönen, Ricciardo conseguiu abrir no campeonato de pilotos em relação ao finlandês, deixando seis pontos de diferença entre eles. Uma conquista e tanto para aquele que é, talvez, o melhor piloto da temporada, tal como foi em 2016. Outra mexida interessante na tabela foi a de Lance Stroll, que agora está sete pontos atrás de Massa - quem disse que a Williams está somente com um piloto?

Pois bem, acredito que isso seja tudo o que tenho a falar. Se você leu até aqui, saiba que estou feliz por sua existência, complacência e decência de ler tudo isso e não criticar de forma babaca minha pessoa e minha opinião.

Até Marina Bay!

Imagens tiradas do f1fanatic.co.uk.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

GP Memorável #82 - Bélgica 1986


Depois da vitória de Alain Prost em Mônaco, as equipes McLaren, Benetton, Ferrari, Brabham, Ligier, Tyrrell e Haas estavam em Paul Ricard para uma sessão de testes coletivos.

Após largar na última posição nas ruas de Monte Carlo, Elio de Angelis diz, sorridente: "eu poderia ter sido segundo no grid... pena que será só em Spa". O italiano havia abandonado três das quatro provas que já haviam acontecido em 1986, e estava empolgado com a expectativa de evolução da equipe e do BT55. Ele, que odiava testes, se prontificou no lugar de Riccardo Patrese, que não foi para Le Castellet.

Mas, naquele 14 de maio, o mundo se chocaria com uma tragédia à mais de 250Km/h. Na região dos esses da Verrière, uma fumaça negra começa a subir. Alan Jones foi o primeiro a chegar ao local: "Não havia nada que eu pudesse fazer, eu só fiquei lá com minhas mãos no ar". Logo depois, foi a vez de Alain Prost, Nigel Mansell e Jacques Laffite chegarem, tentando desesperadamente fazer algo que pudesse salvar o colega e amigo de Angelis.

Um fiscal que estava nas imediações tentou apagar as labaredas que afligiam o BT55, mas de forma totalmente despreparada, vestindo um shorts e uma camiseta. Jones percebeu que o pó do extintor atingiu mais a cabine do piloto do que o incêndio que estava no motor, o que pioraria ainda mais o estado de de Angelis, que só seria retirado do carro dez minutos depois do acidente.

Por incrível que pareça, não havia nenhum helicóptero de emergência no autódromo. A espera de trinta minutos seria dolorosa e terrível. Elio ainda estava respirando, mas com muitas dificuldades. Naquela noite, Dr. Sid Watkins seria informado que o italiano sofrera extensos danos cerebrais e que a situação era quase irreversível. No outro dia, veio a confirmação: Elio de Angelis havia morrido por causa de graves ferimentos na cabeça e no peito.


Uma falha na asa traseira do BT55 fez Elio capotar várias vezes, saltar o guard-rail e parar de cabeça para baixo, 91 metros de distância do primeiro embate. Havia morrido um dos pilotos mais talentosos de sua geração, e um dos últimos gentleman da Fórmula 1. Nascido em Roma, de Angelis tinha 28 anos e duas vitórias na categoria.

Ayrton Senna diria: Elio era uma pessoa à parte porque ele exerceu seu trabalho pelo amor ao esporte, sem motivação financeira. Ele era um cavaleiro, uma pessoa de qualidade que estou orgulhoso de ter conhecido.

Depois da fatalidade, as mudanças. Jean-Marie Balestre, também abalado pela morte de Henri Toivonen e Sergio Cresto no rally, tomou medidas extremamente radicais, banindo o Grupo B e o Grupo S. Alain Prost e Nelson Piquet estava preocupados com as velocidades que os carros estavam atingindo: "350Km/h em uma reta tudo bem, [...] mas 300Km/h após algumas centenas de metros é absolutamente ridículo" dizia o francês, que pedia por uma diminuição rápida na potência dos motores.

A FOCA se reuniria com Balestre para decidir o futuro da categoria, com todos concordando em diminuir para 600cv a potência dos motores. Ron Dennis é a exceção, dizendo que não foi a potência do motor que matou Elio de Angelis, mas sim uma falha na asa. O inglês estava certo em reclamar. Mas, no sábado, dia 17, Balestre emitiu o comunicado oficializando as mudanças. A FISA ainda iria discutir outras para diminuir a pressão do turbo e o diâmetro do compressor.


Para piorar, Jean-Marie mudou o traçado de Paul Ricard, diminuindo o tamanho da Reta Mistral e retirando os esses Verrière. Em contrapartida, todo teste agora deveria ter uma ambulância, um helicóptero e um médico de plantão.

A consciência de todos estava pesada quando o circo chegou em Spa-Francorchamps, quase duas semanas depois da tragédia. A Brabham tinha apenas um carro para Riccardo Patrese, enquanto o #8 que era de de Angelis estava sendo preparado para Derek Warwick. A BMW, fornecedora de motores para a equipe inglesa e para Arrows e Benetton, disse que tinha a intenção de ter uma equipe própria em 1988, e com um nome já selecionado: Niki Lauda.

A Ferrari tinha novos turbos e uma suspensão traseira modificada. A Honda melhorara a recuperação de velocidade de seu motor e a Lotus trocou a parte traseira do 98T pelo do 97T de 1985. Enquanto isso, na Tyrrell, Philippe Streiff correria com a câmera onboard, uma das principais atrações para 1986.

Nos treinos, Gerhard Berger brilhou, marcando o tempo mais rápido no Q1 e só perdendo a pole position nos últimos minutos do Q2. Sendo assim, Nelson Piquet partiria da ponta com o austríaco ao seu lado. Alain Prost era terceiro, com Ayrton Senna em quarto e Nigel Mansell, reclamando do tráfego, em quinto. Teo Fabi, na segunda Benetton, era sexto, René Arnoux sétimo, Keke Rosberg apenas oitavo, Michele Alboreto nono e Patrick Tambay décimo.


Stefan Johansson era décimo primeiro, com Martin Brundle ao seu lado. Johnny Dumfries tinha o décimo terceiro melhor tempo, a frente de Thierry Boutsen, Riccardo Patrese e Alan Jones. Com problemas nos dois dias de treinos, Jacques Laffite era apenas décimo sétimo, ao lado de seu ex-companheiro Philippe Streiff. Andrea de Cesaris era o melhor dos piores com o décimo nono posto. Fechando o grid estavam Jonathan Palmer, Marc Surer, Alessandro Nannini, Huub Rothengatter, Piercarlo Ghinzani e Christian Danner.

O domingo amanhece com um belo sol, o que significava que as velhas dúvidas estariam sobre a cabeça de todos nos boxes: os pilotos conseguiriam chegar ao fim? Os mesmos precisariam trabalhar de forma esperta para completar a prova.

Na volta de apresentação, Riccardo Patrese e Christian Danner vão para os boxes com problemas, deixando duas vagas no grid na hora da largada. Na partida, Ayrton Senna se livra de Berger e tenta tomar a ponta, com Rosberg, mais ao fundo, tentando sair da grama após forçar uma forte largada para cima de Fabi.


Pressionado por Senna, Berger joga o carro contra o muro, mas quem estava lá antes era Alain Prost, que tocou na Benetton do austríaco. Confusão. Keke Rosberg é obrigado a dar meia volta, enquanto Patrick Tambay abandona com a suspensão quebrada e Nigel Mansell passa lento pelo local. Graças a confusão, Nelson Piquet escapou ileso para assumir a ponta com Ayrton Senna em segundo.

Prost e Berger vão para os boxes, com o francês trocando a asa dianteira de seu McLaren antes de voltar na penúltima posição. Com Senna e Piquet abrindo, Nigel Mansell é terceiro, Stefan Johansson quarto, Johnny Dumfries quinto, Jacques Laffite sexto, Alan Jones sétimo, Thierry Boutsen oitavo, Michele Alboreto nono e Martin Brundle décimo.

Na terceira volta, Jones, surpreendendo com seu Ford turbo, passa por Laffite e assume o último lugar pontuável. Lutando pela décima segunda posição, Keke Rosberg supera René Arnoux enquanto, mais ao fundo, Christian Danner abandona. Nessa altura, Andrea de Cesaris era décimo quinto com seu Minardi e Huub Rothengatter décimo sexto com seu Zakspeed - posições inimagináveis para ambos.


Com Piquet escapando na liderança, Senna acabaria sendo superado por Mansell na disputa pelo terceiro lugar. A alegria do britânico duraria pouco, já que na volta cinco ele cometeria um erro na Bus Stop, perdendo as posições para o brasileiro da Lotus e para Johansson. Rosberg superou Brundle e Streiff e já é décimo no momento, enquanto Prost tenta se aproximar de Surer, décimo nono colocado.

Duas voltas depois, Keke pararia na Les Combes depois de seu motor TAG-Porsche não resistir às subidas e descidas de Spa-Francorchamps. Essa seria uma das últimas chances para o finlandês manter as esperanças de título vivas. Caindo na tabela, Jones era agora apenas décimo primeiro, na mesma altura em que Johnny Dumfries cometeria um erro antes de ir aos boxes para abandonar.

No oitavo giro, Thierry Boutsen abandona com problemas elétricos, o belga estava lutando para se manter a frente de René Arnoux, que havia acabado de superar as Tyrrell de Brundle e Streiff e agora era sétimo. Surpreendendo, Marc Surer foge de Alain Prost e já é décimo segundo após passar Huub Rothengatter. O atual campeão ainda briga com Riccardo Patrese pelo décimo quinto posto após a rodada de Philippe Streiff na Stavelot.


Se recuperando, Arnoux era sexto na décima primeira volta, tendo superado seu companheiro Jacques Laffite. No giro seguinte, Streiff troca os pneus de sua Tyrrell aos gritos do Tio Ken. E, finalmente, Alain Prost conseguiria passar por Patrese, Nannini e Rothengatter para assumir o décimo terceiro posto. Liderando, Piquet está com a pressão máxima de seu turbo, algo que ele não percebe e que pode custar caro.

No fim da volta dezesseis, o brasileiro pararia nos boxes da Williams para abandonar. O motor Honda não resistiu aos problemas no sistema de controle do FW11, e estava prestes a estourar se o bicampeão continuasse na pista. Agora Ayrton Senna era primeiro, dois segundos a frente de Nigel Mansell, em segundo, e Stefan Johansson em terceiro.

Agora quinto, Arnoux tocaria nos retardatários e danificaria a asa dianteira, sendo obrigado a parar. Na volta seguinte, Laffite faz sua troca de pneus, retornando na sexta posição antes de Martin Brundle também fazer sua parada. Tentando o pulo do gato, Mansell faz sua parada. Oito segundos é um bom tempo que coloca a liderança de Senna em risco. Na volta seguinte, vinte e dois, o brasileiro para e perde a ponta para o inglês. A desordem nos boxes da Lotus custou caro. Em oitavo, após passar Surer, de Cesaris e Fabi, Prost também trocou os pneus, mantendo a posição.

O líder agora era Stefan Johansson. Em décimo, Andrea de Cesaris também faz sua parada nos boxes da Minardi, voltando em décimo segundo antes do abandono de seu companheiro Alessandro Nannini. Na volta vinte e quatro, o sueco da Ferrari fez sua troca, retornando atrás de Michele Alboreto que não deve parar. Com isso, Mansell finalmente assumia a liderança, apenas dois segundos a frente de Senna.


Sexto naquela altura, Martin Brundle abandonaria com a caixa de câmbio quebrada enquanto Rothengatter, décimo terceiro após bom desempenho, superando de forma incrível Jonathan Palmer, também se retirava da prova. Vazamento de água no carro do holandês. Na penúltima posição, René Arnoux abandonaria após estourar seu motor Renault.

Na volta trinta, a classificação era: Nigel Mansell em primeiro, Ayrton Senna segundo, Michele Alboreto terceiro, Stefan Johansson quarto, Jacques Laffite quinto, Alan Jones sexto, Alain Prost sétimo, Teo Fabi oitavo, Marc Surer nono, Andrea de Cesaris décimo, Riccardo Patrese décimo primeiro, Gerhard Berger décimo segundo, Philippe Streiff décimo terceiro e Jonathan Palmer décimo quarto.

Agora a corrida de Mansell era para se livrar dos retardatários, com Senna quase sempre se beneficiando. Quem, no meio disso tudo, se destacou foi Alan Jones com sua Lola Ford, que estava andando no mesmo ritmo do líder da Williams. Infelizmente, o australiano seria obrigado a fazer sua troca de pneus na volta trinta e dois, deixando o sexto lugar para Alain Prost.

A Ferrari começaria a ficar preocupada com a aproximação de Stefan Johansson em cima de Michele Alboreto. A escuderia italiana ainda não marcou mais do que três pontos na temporada e precisa desse resultado, e, como o italiano é o primeiro piloto, o sueco deve deixar que este termine no pódio. Marco Piccinini entraria em desespero voltas depois, quando Johansson começaria a atacar Alboreto na luta pelo terceiro lugar.


Na trigésima sétima volta, de Cesaris fica sem combustível, acendendo o alerta de todos na pista. No giro seguinte, Johansson superaria Alboreto na Les Combes, contrariando ordens de equipe. Ficando sem combustível, Senna é obrigado a diminuir o ritmo, enquanto Alan Jones, com problemas em seu mostrador, para na reta Kemmel. É o fim de uma fabulosa prova do australiano.

No fim, Nigel Mansell conquistaria a terceira vitória de sua carreira, com Ayrton Senna em segundo, Stefan Johansson em terceiro, Michele Alboreto em quarto, Jacques Laffite em quinto e Alain Prost fechando as posições pontuáveis após milagroso desempenho. Surer não cruzaria a linha de chegada, sendo liberado dos boxes depois do fim da corrida para fechar em nono, enquanto Palmer, em situação semelhante, não seria classificado.

Apesar de ser líder do campeonato de pilotos, Ayrton Senna parece pouco feliz depois de enfrentar problemas com sua Lotus durante a corrida. O brasileiro, mais uma vez conseguiu fazer um ótimo trabalho para chegar ao fim, diferentemente de seu compatriota da Williams, que voltou a sofrer com o motor Honda de seu carro. É um momento difícil para Nelson Piquet, que agora vê Nigel Mansell crescer após a vitória.


No pódio, o clima não seria um dos melhores, já que a morte de Elio de Angelis ainda era fortemente sentida. Nigel Mansell foi companheiro do italiano por quatro anos, enquanto Ayrton Senna tinha tido Elio como colega no ano anterior. A Fórmula 1 se encontraria no Canadá, três semanas depois, para a sexta etapa da temporada de 1986 que pintava como uma das melhores dos últimos anos.

RESULTADOS:
  1. 5 - GBR - Nigel Mansell - Williams Honda - 1:27:57.925 - 9pts
  2. 12 - BRA - Ayrton Senna - Lotus Renault - +19.827s - 6pts
  3. 28 - SUE - Stefan Johansson - Scuderia Ferrari - +26.592s - 4pts
  4. 27 - ITA - Michele Alboreto - Scuderia Ferrari - +29.634s - 3pts
  5. 26 - FRA - Jacques Laffite - Ligier Renault - +1:10.690s - 2pts
  6. 1 - FRA - Alain Prost - McLaren TAG-Porsche - +2:17.772s - 1pt
  7. 19 - ITA - Teo Fabi - Benetton BMW - +1 Volta
  8. 7 - ITA - Riccardo Patrese - Brabham BMW - +1 Volta
  9. 17 - SUI - Marc Surer - Arrows BMW - +2 Voltas
  10. 20 - AUT - Gerhard Berger - Benetton BMW - +2 Voltas
  11. 15 - AUS - Alan Jones - Lola Ford - Falta de Combustível
  12. 4 - FRA - Philippe Streiff - Tyrrell Renault - +3 Voltas
  13. 14 - GBR - Jonathan Palmer - Zakspeed Racing - NC
  14. 23 - ITA - Andrea de Cesaris - Minardi Motori Moderni - Falta de Combustível - OUT
  15. 3 - GBR - Martin Brundle - Tyrrell Renault - Caixa de Câmbio - OUT
  16. 29 - HOL - Huub Rothengatter - Zakspeed Racing - Vazamento de Água - OUT
  17. 24 - ITA - Alessandro Nannini - Minardi Motori Moderni - Motor - OUT
  18. 25 - FRA - René Arnoux - Ligier Renault - Motor - OUT
  19. 6 - BRA - Nelson Piquet - Williams Honda - Turbo - OUT
  20. 18 - BEL - Thierry Boutsen - Arrows BMW - Elétrico - OUT
  21. 11 - GBR - Johnny Dumfries - Lotus Renault - Radiador - OUT
  22. 2 - FIN - Keke Rosberg - McLaren TAG-Porsche - Motor - OUT
  23. 21 - ITA - Piercarlo Ghinzani - Osella Alfa Romeo - Motor - OUT
  24. 22 - ALE - Christian Danner - Osella Alfa Romeo - Motor - OUT
  25. 16 - FRA - Patrick Tambay - Lola Ford - Colisão - OUT
Esses foram os pilotos que participaram da corrida
Volta Mais Rápida: Alain Prost - 1:59.282 - Volta 31

Curiosidades:
- 425º GP
- XLIV Grande Prêmio da Bélgica
- Realizado no dia 25 de maio de 1986, em Spa-Francorchamps
- 3º vitória de Nigel Mansell
- 10º pódio de Nigel Mansell
- 24º vitória da Williams
- 9º vitória do motor Honda
- 400º GP do motor Ferrari


  • MELHOR PILOTO: Alain Prost
  • SORTUDO: Nigel Mansell
  • AZARADO: Alain Prost
  • SURPRESA: Stefan Johansson
Alain Prost foi espetacular durante todo o fim-de-semana, marcando a pole e só perdendo a vitória pela confusão na largada. De resto, o francês deu show, conseguindo chegar na ótima sexta posição com seu McLaren. Mansell teve sorte, escapou ileso das confusões e, mesmo após rodar, conseguiu arrancar o primeiro lugar de Senna. A boa surpresa veio de Ferrari, com Stefan Johansson conquistando o primeiro pódio da escuderia em 1986 em meio à críticas.


Campeonato de pilotos:
  1. 12 - BRA - Ayrton Senna - Lotus Renault - 25pts
  2. 1 - FRA - Alain Prost - McLaren TAG-Porsche - 23pts
  3. 5 - GBR - Nigel Mansell - Williams Honda - 18pts
  4. 6 - BRA - Nelson Piquet - Williams Honda - 15pts
  5. 2 - FIN - Keke Rosberg - McLaren TAG-Porsche - 11pts
  6. 28 - SUE - Stefan Johansson - Scuderia Ferrari - 7pts
  7. 26 - FRA - Jacques Laffite - Ligier Renault - 7pts
  8. 20 - AUT - Gerhard Berger - Benetton BMW - 6pts
  9. 25 - FRA - René Arnoux - Ligier Renault - 5pts
  10. 27 - ITA - Michele Alboreto - Scuderia Ferrari - 3pts
  11. 19 - ITA - Teo Fabi - Benetton BMW - 2pts
  12. 3 - GBR - Martin Brundle - Tyrrell Renault - 2pts
  13. 7 - ITA - Riccardo Patrese - Brabham BMW - 1pt

Campeonato de construtores:
  1. GBR - Marlboro McLaren International - McLaren TAG-Porsche - MP4/2C - PRO/ROS - G - 34pts
  2. GBR - Canon Williams Honda Team - Williams Honda - FW11 - MAN/PIQ - G - 33pts
  3. GBR - John Player Special Team Lotus - Lotus Renault - 98T - DUM/SEN - G - 25pts
  4. FRA - Equipe Ligier - Ligier Renault - JS27 - ARN/LAF - P - 12pts
  5. ITA - Scuderia Ferrari SpA SEFAC - Ferrari - F1/86 - ALB/JOH - G - 10pts
  6. GBR - Benetton Formula Ltd. - Benetton BMW - B186 - FAB/BER - P - 8pts
  7. GBR - Data General Team Tyrrell - Tyrrell Renault - 014/015 - BRU/STR - G - 2pts
  8. GBR - Motor Racing Developments - Brabham BMW - BT55 - PAT/ANG - P - 1pt
Imagens tiradas do Google Imagens - GPExpert.com.br - F1-History.deviantart.com

terça-feira, 11 de outubro de 2016

OPINIÃO: O grid de 2017


Estamos nos aproximando da segunda metade do mês de outubro. O grid da Fórmula 1 continua com grandes lacunas para serem preenchidas. Quem ocupará as vagas restantes? Quem poderá retornar e quem poderá estrear em 2017? Estas são algumas questões que continuam sem respostas antes mesmo do fim dessa temporada. De modo oficial, onze das vinte e duas cadeiras do próximo ano continuam sem dono.

No fim de setembro de 2015, fiz um pequeno post mostrando quem ficaria com cada uma das vagas que restavam no grid para esse ano, e agora fica claro que não tive muitas dificuldades para apontar quem ficaria onde em 2016. Porém essa dificuldade aumentou nessa nova Silly Season. No último fim-de-semana surgiram rumores de que Hülkenberg poderá ir para a Renault, o que mexeu ainda mais com nosso amado programa de meio de temporada: "Dança das Cadeiras".

Vamos direto ao assunto:

Mercedes AMG Petronas Formula One Team
6 - Nico Rosberg
44 - Lewis Hamilton

Os atuais tricampeões manterão para 2017 sua atual dupla de pilotos. Depois de dois anos na sombra de Lewis Hamilton, Nico Rosberg pode ter finalmente encontrado o caminho para a glória, o que ajudou na sua renovação até 2018. Parece que, mesmo se a equipe enfrentar problemas para se adequar às novas regras no início da próxima temporada, Hamilton e Rosberg poderão correr ainda por mais um ano na equipe, antes de seguirem seus próprio caminhos.


Red Bull Racing
3 - Daniel Ricciardo
33 - Max Verstappen
A Red Bull se livrou de qualquer especulação ao rebaixar Daniil Kvyat ainda no início do ano. Os contratos de Daniel Ricciardo e Max Verstappen são longos e interessantes, já que a equipe poderá ser a grande rival da Mercedes em 2017. Esperemos para ver. Enquanto isso não acontece, é difícil imaginar quem poderá ficar com essas vagas a partir de 2019, caso o australiano e/ou o holandês sigam outros rumos.


Scuderia Ferrari
5 - Sebastian Vettel
7 - Kimi Räikkönen
Pelo segundo ano seguido, a Ferrari era um dos principais alvos da Silly Season. Mas, antes mesmo dela começar a esquentar, Kimi Räikkönen foi confirmado para 2017, e melhor, semanas após a confirmação surgiram novos rumores de que o finlandês poderá ficar por mais um ano, vindo se aposentar apenas no fim de 2018. Já a permanência de Vettel após o fim do atual contrato entrou em xeque por Maurizio Arrivabene. Nada que possa preocupar o tetracampeão. Italiano gosta mesmo é de causar de vez em quando, e sabemos como a Ferrari ama ser assim.

Caso Alonso saia, Button retornará em 2018

McLaren Honda Formula 1 Team
14 - Fernando Alonso
47 - Stoffel Vandoorne
A quarta e última equipe que já tem sua dupla confirmada para 2017 é a McLaren. Sendo a performance do time de Woking o mais promissor para a próxima temporada, Stoffel Vandoorne poderá ter uma estreia dos sonhos em 2017. Seu grande talento, já apresentado em Sakhir, será um dos grandes atrativos do ano que vem, sobretudo ao ser comparado ao de um bicampeão da estirpe de Fernando Alonso. Após duas temporadas na sombra, o espanhol poderá em 2017 ter sua grande chance na McLaren, exatos dez anos após passar pela primeira vez pela equipe.

Wehrlein e Ocon já testaram pela Force India

Sahara Force India Formula One Team
11 - Sergio Pérez
27 - Nico Hülkenberg* / 94 - Pascal Wehrlein / 31 - Esteban Ocon
Depois de meses de especulação, Sergio Pérez acabou confirmando sua permanência na equipe indiana por mais um ano, tendo seus olhos voltados para uma vaga na Ferrari em 2018 ou 2019. As aposentadorias de Button e Massa, misturadas com a renovação do mexicano, colocaram a Renault em maus bocados em busca de um piloto para 2017. Mas este problema pode ter sua solução ainda na Force India.

A Autobild confirmou a ida de Nico Hülkenberg para o time de Enstone, sendo ele o primeiro piloto da equipe a partir do ano que vem, quando ainda estaria sob contrato da Force India. Caso o rumor se confirme, quem acabaria ganhando com a mudança, à curto prazo, seria o próprio time indiano, que receberia o dinheiro da multa além de ter dois jovens talentos para ocupar essa vaga.

Pascal Wehrlein seria o mais provável novo piloto da Force India, já que este se distanciou de uma das vagas da Williams. Porém, a equipe, que testou com o alemão e com seu companheiro de Manor, teria preferência por Esteban Ocon, sendo este, aos olhos do time, o mais talentoso, enquanto a alta cúpula da Mercedes prefere Wehrlein. Em ambos os casos, a Force India ganharia um bom desconto no preço dos motores alemães.


Williams Martini Racing
77 - Valtteri Bottas
    - Lance Stroll / Alex Lynn / 94 - Pascal Wehrlein / 12 - Felipe Nasr / 9 - Marcus Ericsson
Sequer Valtteri Bottas tem contrato assinado com a Williams para 2017, o que aumenta a quantidade de nomes em busca de uma vaga na equipe do "Tio Frank". De qualquer forma, o finlandês pediu que o novo contrato tivesse uma interessante cláusula: apenas Mercedes, Ferrari ou Red Bull poderiam tira-lo da equipe. Sua renovação parece certa.

Já no segundo cockpit do time britânico, Lance Stroll tem seu nome quase confirmado. A fortuna de seu pai, Lawrence Stroll, é um atrativo quase inegável para uma equipe que há tempos enfrenta problemas financeiros. Alex Lynn e Pascal Wehrlein perderam força na negociação.

Gasly é forte nome dentro da Red Bull

Scuderia Toro Rosso
55 - Carlos Sainz Jr
  - Pierre Gasly / 26 - Daniil Kvyat
Mesmo já tendo renovado com a equipe de Faenza, Carlos Sainz continuou a ser especulado em outras casas em 2017. Seu nome foi cotado, por exemplo, nas equipes Renault e Ferrari, mas, após longo período sem nenhuma novidade, acabou esfriando no mercado de pilotos dessa Silly Season. Já a segunda vaga na Toro Rosso ainda não está definida, com Kvyat lutando para se manter no grid da Fórmula 1.

É claro que o russo perdeu a motivação ao ser rebaixado, mas isso não o faz totalmente morto na briga por uma vaga na equipe. Sua confiança voltou no GP de Cingapura, quando o STR11 teve bom desempenho, e parte de sua antiga qualidade como piloto parece ter retornado após largar, com autoridade, duas vezes seguidas a frente de Sainz. Porém, Pierre Gasly continua sendo um nome que atormenta sua vaga. O francês é o atual vice-líder da GP2 e tem grande apoio interno da Red Bull. Esperemos para ver.


Sauber F1 Team
9 - Marcus Ericsson / 13 - Pastor Maldonado
12 - Felipe Nasr / 13 - Pastor Maldonado
Nenhum nome parece interessado nas vagas da equipe Sauber para 2017. Com a possibilidade de evolução após ser vendida, o time suíço parece ter tudo certo para manter Marcus Ericsson e Felipe Nasr pelo terceiro ano consecutivo. O brasileiro chegou a ser pintado na Renault, mas as negociações não se aprofundaram e parece mesmo que irá ficar por mais uma temporada na equipe. Já Ericsson, sem muitas portas abertas, deve ser figura carimbada no grid do próximo ano.

Pastor Maldonado (ele mesmo!) pode ter uma miníma chance de ficar com uma das vagas em 2017. Loucura minha? Deve ser, mas se não estou enganado, Nicolas Todt, empresário de Maldonado, foi visto nos boxes da Sauber num dos últimos fins de semana de GP. Pode ser impossível, mas seria interessante...


Haas F1 Team
8 - Romain Grosjean
21 - Esteban Gutiérrez
Outra equipe que não tem nenhum de seus pilotos confirmados para 2017 é a Haas. O time norte-americano tem tudo para manter Romain Grosjean por mais um ano, mas a vaga de Esteban Gutiérrez permanece em pauta. Depois que Charles Leclerc foi descartado por Günther Steiner, que afirmou ter preferência por pilotos experientes, parece que veremos o mexicano sofrendo novamente com um carro que nunca estará à altura de seu talento.


Renault Sport Formula One Team
20 - Kevin Magnussen / 26 - Daniil Kvyat
30 - Jolyon Palmer / 27 - Nico Hülkenberg / 31 - Esteban Ocon / Oliver Rowland / 12 - Felipe Nasr
Renault, onde qualquer um poderá correr em 2017. Sendo o principal alvo da Silly Season, a equipe francesa ainda não confirmou sua dupla de pilotos para a próxima temporada, o que abre um imenso leque de nomes para ocuparem essas duas vagas, muitos destes estão longe de conseguirem alguma coisa, já outros parecem próximos de um acordo.

Jolyon Palmer deve estar de saída, especialmente após passar por uma temporada cheia de problemas, e sem conseguir cumprir as expectativas, pondendo nunca mais voltar à F1. Nico Hülkenberg se tornou forte nome para ocupar sua vaga após Sainz e Pérez não avançarem na negociação, a ponto da Autobild confirmar sua ida para a equipe francesa no próximo ano.

Ainda existem outros dois interessantes nomes que podem ganhar um lugarzinho no time. Kevin Magnussen ainda não está confirmado, mas é quase certo que deva ficar mais um tempo na Renault, enquanto Esteban Ocon, francês de berço e sangue, protegido da Mercedes e da Renault, fique encostado na Manor por mais um ano antes de embarcar, por um alto preço, no navio amarelo.

Além de Ocon, quem pode cavar um lugar já em 2017 é Daniil Kvyat, lembrando que a Renault fornecerá motores para a Toro Rosso na próximo temporada, e, tal como a Ferrari fez para que Gutiérrez entrasse na Haas, mas agora ao contrário, Helmut Marko poderia colocar o russo numa das vagas do time francês. Parece improvável, mas numa vaga na qual já foi cotado Sergey Sirotkin tudo é possível.


Manor Racing MRT
94 - Pascal Wehrlein / 88 - Rio Haryanto
31 - Esteban Ocon / Jordan King
Manter um piloto do programa de desenvolvimento da Mercedes deve ser crucial para a Manor em 2017, com quase toda certeza de que este nome fará dupla com Rio Haryanto. Com uma quantidade enorme de fãs na Indonésia, o terceiro piloto da equipe britânica não teve carisma suficiente para atrair novos adeptos em âmbito internacional, mas isso não deve atrapalhar no seu quase certo retorno ao grid. Depois de Alexander Rossi confirmar que ficará na Indy por mais um ano, Jordan King se tornou o segundo nome mais forte para ocupar uma das vagas.