Dia 11 de junho de 1955, todos estavam no circuito de La Sarthe, apreensivos para o início da maior e mais difícil prova do mundo: as 24 Horas de Le Mans. Como sempre há, os favoritos eram as Mercedes e os Jaguares, que traziam uma rivalidade imensa vinda da II Guerra. Diferentemente das 500 Milhas de Indianapolis, a Fórmula 1 não contava as 24h como uma corrida em seu calendário, algo que não evitava a presença de estrelas da categoria.
Nesse ano, a corrida contaria com 46 pilotos britânicos, 35 franceses, 11 italianos, 9 norte-americanos, 6 pilotos alemães, 4 belgas, 3 suiços, 2 pilotos argentinos, inclusive Fangio, 1 do Brasil e outro da Guatemala. O "desbravador" brasileiro daquela edição era Hermano da Silva Ramos.
Para os grandes fãs da equipe preta e dourada, Colin Chapman esteve nessa edição, não apenas como um chefe de equipe, mas também como piloto, ao lado de Ron Flockhart, pilotando um Lotus Mark IX. Haviam outros nomes de equipes na qual nos lembramos muito, como MG, Cooper, Gordini e até mesmo a Bristol Aeroplane Company, que tem sua tradição e história construída nos aviões...
Já era fim da tarde, e os pilotos estavam prestes a fazer suas paradas. Mesmo assim, alguns batalhadores ainda se mantinham atrás de seus gigantescos volantes, entre eles Mike e Juan Manuel, que colocavam voltas em cima de seus adversários adversários. O próximo retardatário seria Levegh, com a outra Mercedes, tentando se recuperar na corrida.
Pierre morto no asfalto |
A Mercedes levantou voo depois de tocar no carro da equipe Macklin. Depois de capotar várias vezes, o Mercedes se dividiu ao meio, jogando estilhaços em cima do público e matando Levegh instantaneamente. O bloco do motor rolou por cima dos espectadores, que ainda tiveram que enfrentar as fortes chamas que vinham do carro prateado.
Pessoas foram decapitadas, perderam membros, causando óbito de boa parte do público presente na arquibancada principal, que ainda teve de enfrentar a fumaça do carro de Pierre, que estava no asfalto, "estirado" no chão e com partes de seu corpo queimadas. O público viu suas vidas mudarem para sempre, seja para aqueles que sobreviveram e perderam familiares, seja para os pilotos que estavam nos boxes vendo toda aquela tragédia.
John Fitch, Pierre Levegh e Alfred Neubauer |
"Quando eu estava no telefone, um jornalista que eu conhecia estava falando com um jornal e disse que as informações indicavam que 65 pessoas estavam mortas. Fiquei chocado, pois não sabíamos, estávamos nos boxes. Falei com Rudolph Uhlenhaut, diretor da Mercedes, e falei o que tinha acontecido. Disse: 'Rudy, talvez não seja a minha área, mas pensando no que aconteceu na guerra, a Mercedes não deve ganhar essa corrida em cima dos corpos de não importa quantos franceses. Não é bom para as relações, não é bom para a Mercedes, não é bom para ninguém'. Ele foi ligar para a cúpula, voltou e disse que os diretores ficaram horrorizados. E então disse que ficou decidido que eles iam se retirar. Moss ficou furioso comigo, pois ele e Fangio estavam na liderança e ele achava que eles iam vencer. Mas superou, hoje somos amigos."
A temporada de 1955 foi modificada em grandes proporções, a começar pela Fórmula 1, que tinha um grande calendário programado para aquele ano, mas que, depois do ocorrido, acabou perdendo os GPs da Alemanha, da França, da Espanha e da Suiça. Para que as corridas de automóveis voltassem a ser realizadas, os governos exigiram reformas em pró da segurança. Aos poucos as corridas voltaram a acontecer em várias países, que haviam aderido á esse tipo de "greve".
Uma das mais tristes cenas da história do automobilismo |
E a corrida? Ela continuou! A Mercedes ainda chamou a Jaguar a retirar-se também da prova, em sinal de protesto e também de luto, mas a rivalidade falou mais alto, e os britânicos continuaram em sua busca incessante pela vitória, que chegou no dia seguinte, embaixo de chuva, talvez representando a tristeza de todos com o acontecimento daquele fatídico dia 11 de junho.
Os restos da Mercedes de Levegh |
Imagens tiradas do Google Imagens
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