sexta-feira, 5 de junho de 2015

A História de Nürburgring - Parte 4 - A Fórmula 1


Depois de contar como foi o período da II Guerra, agora chegamos á um novo período, o da Fórmula 1 em Nürburgring, categoria, que infelizmente, destruiria a tradição do circuito. falei como foi a corrida de 1951, agora vou falar como foram as provas da década de 1950 e 1960. A primeira década da F-1 seria dominada por italianos e argentinos, além da volta da Mercedes...

Na edição de 1952, incríveis 34 pilotos participaram da corrida, inclusive um brasileiro com sua equipe também brasileira, Gino Bianco correu ao lado do uruguaio Eitel Cantoni, na Escuderia Bandeirantes. Com a Maserati, Gino conquistou um 16º lugar no grid, mais de 20s atrás de Ascari, enquanto Cantoni foi apenas 26º.

A corrida teve 18 voltas, e uma duração de mais de 3 horas, pena que Bianco nem sequer completou uma volta, já que teve problemas no motor. Lá na frente, as 3 Ferraris dominavam a corrida ao lado de seus "clientes", já que houve equipes que compraram um carro da marca italiana. O domínio de Alberto Ascari e Nino Farina foi incontestável, com ambos no pódio ao lado de Rudi Fischer, que havia comprado um carro do "Tio Enzo".

Farina, o mais velho vencedor de todos os tempos

A verdade é que a Ferrari não tinha mais nenhuma rival á seu nível, já que a Alfa Romeo havia saído da competição e os carros alemães não estavam prontos para correr. Em 1953, surge um novo desafio, a Maserati, que tinha Juan Manuel Fangio. O GP da Alemanha daquele ano deixaria sua marca na história. No ano anterior, "apenas" 30 carros largaram, já que um teve problemas antes da largada e outros três não quiseram largar. Com isso, a edição de 1953 marcou a história por ser a corrida com o maior número de participantes largando ao mesmo tempo, 34 carros. Esse é recorde é em âmbito da Fórmula 1.

Outro recorde acabou acontecendo ao fim de 3:02:05.0s, quando Nino Farina cruzou a linha de chegada e se tornou o vencedor mais velho de um GP na F-1, com seus joviais 46 anos. A corrida mostrou ao mundo que a Ferrari tinha alguém para se preocupar, a Maserati fez uma grande corrida, com Fangio terminando em 2º, Felice Boneto em 4º e Toulo de Graffenried em 5º.


Em 1954 o circo da F-1 se espantou. A Mercedes voltou, e voltou dominando, com seus grandes pilotos, incluindo Juan Manuel Fangio. A corrida mais uma vez seria marcada na história, graças a sua duração, de 3 horas, 45 minutos, 45 segundos e 8 milésimos, que só foi superado no GP do Canadá de 2011. Fangio dominou a prova com sua flecha de prata, mas ele não viu seus companheiros alemães terem a mesma sorte, Kling foi apenas o 4º, Lang rodou e Herrmann teve problemas.


No ano seguinte, um desastre marca para sempre o automobilismo. As 24 Horas de Le Mans viu um terrível acidente, que vitimou, além do piloto, mais de 80 pessoas que assistiam a corrida. Depois desse acidente, a Mercedes anunciou sua retirada do automobilismo, retirada que durou mais de três décadas. Além disso, os GPs da França, da Alemanha, da Espanha e da Suiça foram cancelados, deixando a temporada com apenas 7 corridas.


A Mercedes havia ido embora, agora os italianos poderiam ficar na deles, e dominarem mais uma vez o esporte. Para você ter uma ideia desse domínio, apenas a Gordini era uma equipe fora da Itália a participar do GP da Alemanha de 1956, e ainda por cima, todos os seus carros abandonaram. Fangio foi o único ferrarista a terminar a corrida, mas pelo menos foi em uma bela posição, a 1º. Mal imaginava ele, e nem o mundo, que a edição de 1957 entraria para a história.

Para muitos o GP da Alemanha de 1935 foi o melhor da história, para outros o GP da Alemanha de 1957 foi melhor ainda, resta á você decidir. Nos treinos, Fangio conseguiu marcar o melhor tempo, seguido por Hawthorn, Behra e Collins. O argentino sabia que os carros da Maserati eram piores do que os da Ferrari, equipe que ele havia abandonado após perceber que Enzo Ferrari estava em busca de pilotos britânicos, e até mesmo favorecendo-os em cima de Juan. Aquilo era uma estratégia do italiano, para aumentar a venda de seus carros no Reino Unido.


A estratégia de Fangio era fazer uma parada, encher meio tanque para, na metade da corrida, trocar os pneus e reabastecer. A largada era um elemento importante nessa estratégia, e ela acabou dando errado. Os dois carros da Ferrari pularam para ponta, com Fangio logo atrás, querendo ultrapassar-los o mais rápido possível. A demora foi grande, apenas na 3º volta o argentino se encontrava na ponta, agora tentando ir o mais rápido possível, para conseguir abrir uma vantagem o suficiente para voltar colado depois da parada.


Acabou não dando certo. Juan parou seu Maserati, que começou a ser "servido" pelos mecânicos, que tentavam ser o mais rápido possível. No fim da parada, Fangio estava 45s atrás dos lideres ferraristas, e para muitos acabara a chance de vitória do argentino, que começou a voar na floresta alemã. A diferença estava caindo igual ao dilúvio do GP português de 1985. Todos os espectadores alemães estavam atônitos, da mesma forma que estavam 22 anos antes.

Fangio tirava monstruosos 10s por volta, a ponto de cravar um tempo 8.2s mais rápidos do que sua própria pole. O argentino estava tirando leite de pedra, e agora tinha as Ferraris no visual. Collins e Hawthorn ainda tentavam aumentar a diferença, mas o espetáculo que o Maestro Fangio estava dando era superior. Na 20º volta, lá se foram os carro vermelhos da Scuderia, o Juan Manuel já se tornava líder, para não perder mais.


A vitória ainda foi suada, Peter Collins perdeu o ritmo, mas Mike Hawthorn ainda se manteve colado atrás de Fangio, querendo passar e não dando espaço para erros, que não aconteceram. O argentino comemorou pela última vez a vitória na F-1, o resultado era fantástico para a Maserati, que se tornaria campeã com seu piloto preferido, o Maestro Juan Manuel Fangio, que foi carregado pelos seus mecânicos e pela torcida alemã, que havia comparecido em peso.

As 200 mil pessoas viram a melhor corrida de toda a carreira do argentino, que afirmou, mais tarde, que ele dirigiu tão rápido do que ele nunca seria capaz de dirigir novamente. Acabara o GP alemão de 1957, um dos melhores de todos os tempos, uma causa para mim considerar Fangio como o melhor piloto de todos os tempos (pelo menos até agora).


A corrida do ano seguinte não contou com Fangio, mas pelo menos a Alemanha tinha alguém para torcer, Wolfgang von Trips entrou para a equipe da Ferrari, e tinha boas chances de vencer a corrida, coisa que não aconteceu. Começava o domínio britânico, com suas equipes garagistas. Mika Hawthorn largou na pole, mas teve problemas há voltas do fim da corrida. Apenas um carro da Scuderia terminou a corrida, e esse carro era o de von Trips, o 4º colocado, mais de 6 minutos atrás de Tony Brooks, que venceu pela primeira vez na Alemanha.

No ano seguinte, Nürburgring foi substituído por AVUS, que viu Tony Brooks vencer mais uma vez. Em 1960, o GP da Alemanha seria realizado mias uma vez no circuito de Berlim, que por sua vez foi boicotado pelos pilotos, que afirmaram falta de segurança do circuito alemão. A corrida que aconteceu no circuito de Nürbrugring foi de F-2, realizado apenas no Sudschleife...


A corrida, para muitos, foi muito chata, falta de disputas de posições e de velocidade. A visão dos espectadores ficou prejudicada, já que a chuva e a densa neblina tomaram contra do Suds, que viu Jo Bonnier vencer a corrida, com um Porsche. Acabara a década de 1950, e as fatalidades continuaram existindo, as mais famosas foram a de Onofre Marimón e Peter Collins, mas devemos lembrar dos outros guerreiros automobilistas que perderam suas vidas fazendo o que amam: Josef Hackenberg, Paul Kresser, Onofre Marimón, Ricardo Galvagni, Rudi Godin, Viktor Springler, Bernhard Thiel, Erwin Bauer, Peter Collins, Fausto Meyrat e Gustav Baumm...


Moss deu um show para cima das Ferraris

Em 1961, o GP da Alemanha voltava a ser disputado em Nürburgring, depois da F-1 destruir todo o legado de AVUS. A esperança de ver um alemão vencendo era grande novamente, Wolfgang von Trips liderava o campeonato, e estava a poucos passos de se tornar o primeiro alemão campeão do mundo. Ele largou em 5º, enquanto Phil Hill foi pole, mas na corrida nenhum deles ganhou. Stirling Moss mostrou que ainda tem forças para ser um campeão, e venceu a corrida, seguido por von Trips, que conseguiu superar Hill.

Moss havia dado um show em 1961, mas ele não participaria da corrida em 1962, que foi dominada por um jovem chamado Graham Hill, com sua BRM. Depois dessa vitória, Graham era líder do campeonato, e estava á caminho de seu primeiro título. A única alegria alemã naquele dia foi ver Dan Gurney terminar em terceiro com seu Porsche.

Hill voando até sua vitória em 1962

A edição de 1963 seria marcante na história da F-1. Com sua Lotus, Jim Clark largou na pole, e se imaginava uma vitória do escocês, coisa que não veio. O seu segundo lugar ficou marcado por ser seu único em toda a sua carreira. John Surtees conseguiu supera-lo com uma Ferrari, enquanto os alemães tiveram de ser orgulhar em ver Gerhard Mitter terminar em 4º com seu Porsche.

No ano seguinte, John Surtees não deixa espaço para erros novamente, e vence de forma soberana em cima de Graham Hill e Lorenzo Bandini. Apesar de sua vitória, o fim-de-semana foi marcado por uma tragédia, havia morrido Carel Godin de Beaufort, que se acidentou nos treinos livres com seu Porsche. O circuito e Nordschleife sempre se mostrou perigoso, e na década de 1960 estava mostrando isso mais ainda, já que os carros aumentavam sua velocidade...

Surtees e sua misteriosa técnica de pilotar...
Nos próximos dias veremos como foi a segunda parte da década de 1960 em Nürburgring, e também a década de 1970, até o acidente de Niki lauda. Espero que estejam gostando, e obrigado por ler, qualquer erro de concordância ou palavras erradas, me avise...


Imagens tiradas do Google Imagens

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