Karl Jochen Rindt nasceu em Mainz, na Alemanha, no dia 18 de abril de 1942. A história desse alemão é muito triste, especialmente quando ainda era um bebê, isso mesmo, um bebê. Quando tinha apenas 1 ano de idade perdeu os pais em um bombardeio em cima de Hamburgo na Alemanha, na Segunda Guerra Mundial. Karl sobreviveu, e foi criado por seus avós na cidade de Graz, na Áustria. Rindt começou a se interessar e a correr no automobilismo em Graz, e com isso sua carteira de piloto foi licenciada na Áustria, mesmo que seu avó tenha mantido a cidadania alemã.
Jochen começou a se destacar na F-2, mostrando que era talentoso o bastante para conquistar títulos na F-1. Ele fez sua estreia com um Cooper T67 no ano de 1963 no GP austríaco, mas aquela prova não valia para o campeonato mundial. Por isso, apenas um ano depois, ele estreou definitivamente na categoria com a equipe Rob Walker, que tinha um chassis da Brabham, o BT11. Na sua estreia definitiva, em casa, Rindt abandonou com problemas na direção.
Abandonou na França e na Holanda, e entre essas provas, na Grã-Bretanha, terminou em 14º. No gigantesco circuito de Nürburgring, Rindt largou em 8º, e conquistou seus primeiros pontos após terminar em 4º. Na Itália terminou em 8º, e nos EUA pontuou novamente, com um ponto conquistado com o 6º lugar. Na última prova, no México, acabou abandonando após ter problemas na ignição. Mesmo tendo uma temporada irregular, Jochen mostrou que seu talento era de um futuro campeão.
No seu segundo ano na Cooper, o começo não foi tão bom, com um abandono em Mônaco. Mas a tristeza da primeira seria esquecida na Bélgica, quando Rindt conquistou seu primeiro pódio, com o 2º lugar. Semanas depois, na França, outra boa prova, com o 4º lugar, depois, na Grã-Bretanha ele termina em 5º . Esses dois bons desempenhos deixava o piloto austríaco em 2º.
Após outro abandono, na Holanda, semanas depois, na Alemanha, Rindt voltaria ao pódio, com o 3º posto conquistado em Nürburgring. Na Itália terminou em 4º, mantendo a boa forma no campeonato, mas longe do título, que estava nas mãos de Jack Brabham. Na penúltima prova, nos EUA, mais uma vez Rindt conquistou um 2º lugar, mas para seu azar, na última prova, ele acabaria abandonando, perdendo definitivamente o 2º posto no Campeonato de Pilotos, mesmo assim foi bom ano, terminando com 3 pódios, 22 pontos e um 3º lugar no Campeonato.
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Rindt com seu nariz quebrado em Montjuic |
A temporada de 1967 seria de esquecer para Jochen, que ainda na Cooper, terminou apenas 2 provas, e nessas corridas conquistou pontos, ambos com o 4º lugar, na Bélgica e na Itália. Das 11 provas da temporada, abandonou 8, não participou de uma, e completou duas, com três modelos diferentes, o T81, T81B e T86, todos equipados com motor Maserati V12.
Aquele ano de 1967 era para esquecer? Era, mas Rindt definitivamente não esperava um ano de 1968 muito semelhante. O começo era até empolgante, um 3º posto na África do Sul, mas nas provas seguintes, abandonou todas menos um, um desses abandonos foi até mesmo na corrida em que fez sua primeira pole, na França. Voltou a subir ao pódio na última corrida que completou na temporada, na Alemanha.
Nas últimas quatro provas, quatro abandonos, e um fiasco em seu único ano na Brabham. Foi contratado pela Lotus para o ano de 1969, e parecia que ele começaria á alavancar na F-1, com vitórias e até mesmo títulos. Uma equipe de ponta, que havia perdido seu principal astro, Jim Clark. Parecia que essa temporada também seria um fiasco, já que ele abandonou 5 das 7 primeiras provas, sendo que em Mônaco não participou.
Na sua terceira pole da época, Rindt conquistou um 4º lugar, seus primeiros pontos na equipe do "Tio Colin". Nas últimas 4 provas, Jochen havia conquistado apenas 3 pontos, nada de significante pra alguém que estava correndo pela Lotus. Mas nas últimas 4 provas da temporada... tirando uma corrida, a do México, na qual abandonou, Rindt esteve sempre no pódio.
Em Monza, faz a pole e termina em 2º, mostrando que estava evoluindo. Semanas depois, em Mosport, Rindt termina em 3º após largar na mesma colocação, logo depois, ainda na América do Norte, Jochen fez uma prova impecável nos EUA, largando na pole, fazendo a melhor volta, e conquistando sua primeira vitória. Com esses resultados, Rindt termina em 4º com 22 pontos.
Seu segundo ano na Lotus, Rindt começa mal, terminando em 13º na África do Sul, e abandonando na Espanha e na Bélgica. No meio dessas provas, houve o GP de Mônaco, onde ele conquistou uma vitória memorável, após atacar Jack Brabham no final da prova, ele viu o australiano errar na última curva, deixando o alemão com a carteira austríaca vencer em Mônaco.
Aquela vitória sera mais marcante do que ele faria depois. Na Holanda, Jochen Rindt vence após largar na pole, e segue a boa forma com seu 72C vencendo na França, na Grã-Bretanha e na Alemanha. Até ali, ele tinha conquistado 45 pontos, 20 a mais do que Brabham, segundo colocado, e 35 a mais do que Ickx, aquele que ameaçaria seu título no futuro.
Após um abandono na prova de casa, todos esperavam outra vitória do austríaco em Monza. Rindt já havia tido umas farpas com Colin Chapman, e havia anunciado que se aposentaria no final da temporada, essas "farpas" aconteciam por causa das acusações do austríacos de Chapman o colocar em riscos desnecessários. Na sexta-feira, as Ferraris, que estavam evoluindo muito rápido naquela temporada, dominaram os 3 primeiros postos, seguidos por Stewart e Rodriguéz, que estavam na frente de Rindt.
O austríaco estava insatisfeito com os resultados, e queria ver sua Lotus sem as asas, como quase todos os carros usavam. Essa ordem acabou sendo negada pro John Miles, que afirmou que não era preciso arriscar nessas circunstâncias. Na mesma sexta, Chapman deixou Emerson Fittipaldi usar o modelo de Rindt, uma ordem na qual Colin muito provavelmente se arrependeria, o brasileiro errou a freada na Parabólica e sofreu um acidente, destruindo o carro do líder do campeonato.
No sábado, quando o seu carro do não estava pronto, Rindt foi para a pista com o modelo usado por Fittipaldi, que não tinha asas. Como muitos de vocês deve saber, Jochen tinha um hábito de nunca colocar todo o cinto de 6 pontos, já que se sentia desconfortável quando era apertado nas virilhas. Assim, só colocava o cinto no tórax, facilitando sua respiração.
Depois de algumas voltas de aquecimento, Rindt começou sua volta rápida, sendo o melhor piloto do grid, com o melhor carro. Em uma dessas volta rápidas, o austríaco passou a McLaren de Denny Hulme antes de chegar a Parabólica. Quando ativou os freios, Jochen perdeu o controle de sua Lotus, guinando para a direita, e depois para a esquerda, indo direto para o guard-rail, e para seu azar, ele bateu bem no suporte do guard-rail, destruindo completamente a frente de seu carro.
Com isso, Rindt "escorregou" violentamente para baixo, quebrando os braços e fazendo que o cinto cortasse sua traqueia. Apesar dos socorros serem rápidos, havia certos problemas que pioraram a situação de Jochen, não havia helicóptero no circuito, e ele foi levado para o hospital de Milão, ao invés de ser atendido no hospital do circuito.
Quando ele chegou no hospital... já estava morto, e não havia mais nada a fazer. A Lotus, após saber dessa notícia, se retirou dessa corrida, retornando apenas na última prova do ano, nos EUA, onde Emerson Fittipaldi salvou o título de Rindt, que estava na história a partir daí, era o primeiro campeão póstumo da categoria. Sem dúvida uma ironia, ver aquele que destruiu seu carro para que você pegasse o destino de morte dele, dar um título á você...
Esse era o fim de Rindt, que deixaram sua esposa e uma filha. Aquele 5 de setembro de 1970 seria marcado como uma das datas mais tristes da história da F-1, já que no mesmo ano, a categoria já havia perdido Piers Courage, amigo de Rindt...
O que eu acho: Se continuasse na categoria nos anos seguintes, seria campeão outras várias vezes. Gostaria de vê-lo correndo ao lado de Jim Clark, com o mesmo Lotus, sem dúvida seria uma disputa fantástica. Graças á ele, Emmo teve mais "facilidade" para conquistar seu primeiro título em 1972 pela Lotus, que perdera o patrocínio da Gold Leaf e conquistara a da JPS. Mas como eu disse, Rindt seria campeão várias outras vezes, e sem dúvida deixou seu legado na categoria, como um dos melhores (ou até mesmo o melhor) austríacos na F1.....
NOTA: 9,3
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