Semanas depois do GP dos EUA nas ruas de Phoenix marcado pela vitória arrasadora da dominante combinação Senna-McLaren-Honda, o circo chegava ao Brasil para a segunda etapa da temporada de 1991. Pelo segundo ano seguido, Interlagos era sede da prova que voltava a ter Ayrton como favorito à vitória. Depois de passar anos tentando em vão, o brasileiro estava ainda mais disposto para quebrar o jejum na vigésima edição do Grande Prêmio do Brasil.
Agora com mais condições do que nunca, sem nenhum rival despontando no início da época, Senna era de longe o principal protagonista do fim-de-semana, deixando desfocada as participações de Nelson Piquet, Roberto Moreno e Mauricio Gugelmin. A Ferrari continuava tentando buscar o lugar que foi tomado pela Williams, mas a equipe britânica fez um evolução tão grande á ponto de dar esperanças para Nigel Mansell.
Já no treino principal, quatro nomes não conseguiriam uma vaga no grid para domingo, e infelizmente ambas as Footwork estava no meio disso. A parceria com a Porsche não estava sequer perto de sair da lama, deixando Caffi e Alboreto fora da corrida. Com eles, Bailey e Johansson também voltariam para casa mais cedo. Enquanto lá na frente...
Na décima primeira colocação estava o Lola de Éric Bernard, ao lado dele a Dallara de Emanuele Pirro, enquanto Andrea de Cesaris e Roberto Moreno formavam a sétima fila. Ivan Capelli era décimo quinto, Satoru Nakajima décimo sexto, Aguri Suzuki décimo sétimo, Thierry Boutsen décimo oitavo, JJ Lehto décimo nono e Pierluigi Martini vigésimo.
Fechando o grid: Gianni Morbidelli, Mika Häkkinen, Érik Comas, Gabriele Tarquini e a dupla da Brabham, Mark Blundell e Martin Brundle. O tempo para a corrida não seria um dos melhores, especialmente em Interlagos, onde as forças da natureza são tão instáveis. Apesar da ameaça de chuva, a prova foi iniciada em pista seca, facilitando o trabalho dos pilotos.
Enquanto a luz vermelha ainda era acesa, quem se estava pegando fogo no grid era o carro de Berger, que não enfrentou maiores problemas apesar da fumaça que saiu de sua McLaren nas primeiras curvas. Quando a luz verde se ascendeu, Ayrton Senna pulou na ponta sem problemas, enquanto Mansell superava Patrese e Alesi tomava a quarta colocação.
Mais atrás, Gachot atrapalha Pirro que vai para a grama, caindo para vigésimo sexto. Logo, a primeira desistência: Gabriele Tarquini danifica a suspensão e bate num dos muros de Interlagos. Lá na frente, Ayrton Senna tenta abrir em relação à Nigel Mansell, mas o Leão é forte e se aproxima do brasileiro. Tentando recuperar-se da fraca posição no grid de largada, Moreno supera Bernard e já é décimo primeiro.
No terceiro giro, de Cesaris ultrapassa o francês da Larrousse e agora persegue Moreno. Sem muitas condições para combate, a dupla da Brabham já é superada por Mika Häkkinen e Emanuel Pirro. Liderando, Senna ainda recebe pressão de Mansell, com Patrese em terceiro, Alesi em quarto, Berger em quinto, Piquet em sexto, Prost em sétimo e Modena em oitavo.
O finlandês da Dallara seria o próximo alvo de Martini antes que Maurício Gugelmin desistisse da prova, tendo se envolvido num incidente que queimou suas nádegas no Warm-Up. As dores eram insuportáveis, e na nona volta o brasileiro decidiu bem em parar e abandonar a prova, apesar dela ser tão promissora para a Leyton House.
Em décimo oitavo, Satoru Nakajima roda e abandona, enquanto Senna mantém uma boa distância para Mansell, que por sua vez abre para Patrese e Alesi, que é pressionado por Berger. No décimo oitavo giro, Alain Prost vai aos boxes fazer sua parada, retornando em décimo primeiro. Modena mal teve tempo de comemorar a posição ganha, abandonando com problemas no câmbio.
Na vigésima sexta volta é a vez de Nigel Mansell parar, sendo a troca de pneus um desastre com o Leão sofrendo problemas no câmbio, só voltando atrás de Riccardo Patrese e Jean Alesi. O britânico ainda tomaria a posição do francês na volta seguinte, quando Senna foi aos boxes e teve mais sorte, voltando com conforto na liderança da corrida.
No vigésimo oitavo giro é a vez de Patrese, Berger e Alesi pararem, o que beneficia Alain Prost, que jogou bem ao parar voltas mais cedo. Com problemas de embreagem, Bernard é obrigado a abandonar a prova logo depois que Martini usou do mesmo artifício de Prost para ultrapassar seu companheiro, tornando-se décimo colocado.
Escalando o pelotão, Pierluigi Martini tinha acabado de assumir a nona colocação quando um erro o tirou da prova. Conseguindo abrir a diferença, Ayrton Senna começa a se acalmar na liderança, conduzindo magistralmente no início de uma leve garoa. Nigel Mansell ainda faria sua segunda parada, mas os problemas na caixa de câmbio se mantinham para tirar o Leão da prova, na volta 59.
Acorrida já não era tão competitiva, e o abandono de Nigel Mansell evidenciava ainda mais que Ayrton Senna passou a dominar a Fórmula 1 de tal maneira que seria impossível detê-lo. Mas como ninguém é perfeito, a caixa de câmbio da McLaren MP4/6 do brasileiro começou a travar, problemas tão piores quanto aqueles enfrentados por Patrese, enquanto Berger sofria com um acelerador que travava regularmente.
Quando cruzou a linha de chegada em primeiro, não existiam mais palavras para descrever tal momento: Ayrton Senna havia vencido o GP do Brasil! Depois de ficar apenas na sexta marcha durante todas as últimas voltas, o brasileiro teve espasmos musculares em diversas partes do corpo, deixando, sua McLaren morrer no meio da Reta Oposta na Volta da Vitória. A torcida gritava, e ninguém mais sabia o que fazer no meio de tanta alegria.
No pódio, três gladiadores que fizeram do GP do Brasil de 1991 uma prova de resistência às dores e ao cansaço, uma corrida marcada pelo heroísmo mesmo após 71 voltas extremamente monótonas e sem nenhum grande momento... O que uma vitória com sabor à mais não faz, não é mesmo?
- 1 - BRA - Ayrton Senna - McLaren Honda - 1:38:28.128 - 10pts
- 6 - ITA - Riccardo Patrese - Williams Renault - +2.991s - 6pts
- 2 - AUT - Gerhard Berger - McLaren Honda - +5.416s - 4pts
- 27 - FRA - Alain Prost - Scuderia Ferrari - +18.369s - 3pts
- 20 - BRA - Nelson Piquet - Benetton Ford - +21.960 - 2pts
- 28 - FRA - Jean Alesi - Scuderia Ferrari - +23.641s - 1pt
- 19 - BRA - Roberto Moreno - Benetton Ford - +1 Volta
- 24 - ITA - Gianni Morbidelli - Minardi Ferrari - +2 Voltas
- 11 - FIN - Mika Häkkinen - Lotus Judd - +3 Voltas
- 25 - BEL - Thierry Boutsen - Ligier Lamborghini - +3 Voltas
- 21 - ITA - Emanuele Pirro - Dallara Judd - +3 Voltas
- 7 - GBR - Martin Brundle - Brabham Yamaha - +4 Voltas
- 32 - BEL - Bertrand Gachot - Jordan Ford - Sistema de Combustível
- 5 - GBR - Nigel Mansell - Williams Renault - Caixa de Câmbio - OUT
- 26 - FRA - Érik Comas - Ligier Lamborghini - Motor - OUT
- 23 - ITA - Pierluigi Martini - Minardi Ferrari - Rodada - OUT
- 8 - GBR - Mark Blundell - Brabham Yamaha - Motor - OUT
- 29 - FRA - Éric Bernard - Lola Ford - Radiador - OUT
- 22 - FIN - Jyrki Juhani Järvilehto - Dallara Judd - Elétrico - OUT
- 33 - ITA - Andrea de Cesaris - Jordan Ford - Motor - OUT
- 4 - ITA - Stefano Modena - Tyrrell Honda - Caixa de Câmbio - OUT
- 16 - ITA - Ivan Capelli - Leyton House Ilmor - Transmissão - OUT
- 3 - JAP - Satoru Nakajima - Tyrrell Honda - Rodada - OUT
- 15 - BRA - Mauricio Gugelmin - Leyton House Ilmor - Físico - OUT
- 17 - ITA - Gabriele Tarquini - AGS Ford - Suspensão - OUT
- 30 - JAP - Aguri Suzuki - Lola Ford - Bomba de Combustível - OUT
- 10 - ITA - Alex Caffi - Footwork Porsche - DNQ
- 18 - SUE - Stefan Johansson - AGS Ford - DNQ
- 9 - ITA - Michele Alboreto - Footwork Porsche - DNQ
- 12 - GBR - Julian Bailey - Lotus Judd - DNQ
- 35 - BEL - Eric van de Poele - Lambo-Modena Lamborghini - DNPQ
- 34 - ITA - Nicola Larini - Lambo-Modena Lamborghini - DNPQ
- 31 - POR - Pedro Chaves - Coloni Ford - DNPQ
- 14 - FRA - Olivier Grouillard - Fondmetal Ford - DNPQ
Esses foram os pilotos que participaram do fim-de-semana de GP
Volta Mais Rápida: Nigel Mansell - 1:20.436 - Volta 35
Curiosidades
- 502º GP
- XX Grande Prêmio do Brasil
- Realizado no dia 24 de março de 1991, em Jacarepaguá
- 28º vitória de Ayrton Senna
- 88º vitória da McLaren
- 210º pódio da McLaren
- 60º vitória do motor Honda
- 30º melhor volta do motor Renault
- 50º GP do motor Judd
- MELHOR PILOTO: Ayrton Senna
- SORTUDO: Ayrton Senna
- AZARADO: Maurício Gugelmin
- SURPRESA: N/H
Ayrton Senna guiou de forma magistral, mostrando que não era mais o mesmo Ayrton que havíamos conhecido na década de 80, muitas vezes sem cabeça em determinadas situações. O brasileiro ainda contou com a sorte que todo o campeão deve ter, resistindo à dois pilotos que sofriam de problemas semelhantes. Gugelmin tinha tudo para marcar pontos com sua Leyton House, mas o incidente no Warm-Up estragou qualquer possibilidade de festa em Interlagos.
- 1 - BRA - Ayrton Senna - McLaren Honda - 20pts
- 27 - FRA - Alain Prost - Scuderia Ferrari - 9pts
- 6 - ITA - Riccardo Patrese - Williams Renault - 6pts
- 20 - BRA - Nelson Piquet - Benetton Ford - 6pts
- 2 - AUT - Gerhard Berger - McLaren Honda - 4pts
- 4 - ITA - Stefano Modena - Tyrrell Honda - 3pts
- 3 - JAP - Satoru Nakajima - Tyrrell Honda - 2pts
- 30 - JAP - Aguri Suzuki - Lola Ford - 1pt
- 28 - FRA - Jean Alesi - Scuderia Ferrari - 1pt
Campeonato de Construtores:
- GBR - Honda Marlboro McLaren - McLaren Honda - MP4/6 - SEN/BER - G - 24pts
- ITA - Scuderia Ferrari - Ferrari - 642 - PRO/ALE - G - 10pts
- GBR - Camel Benetton Ford - Benetton Ford - B190B - MOR/PIQ - P - 6pts
- GBR - Canon Williams Team - Williams Renault - FW14 - MAN/PAT - G - 6pts
- GBR - Braun Tyrrell Honda - Tyrrell Honda - 020 - NAK/MOD - P - 5pts
- FRA - Larrousse F1 - Lola Ford - LC91 - BER/SUZ - G - 1pt
Imagens tiradas do Google Imagens - F1-History.deviantart.com - GPExpert.com.br
Pô meu amigo eu tenho esta revista da temporada de 1991.
ResponderExcluirGostei das suas materias.