segunda-feira, 28 de março de 2016

35 Anos - Jones declara guerra à Reutemann


Naquele longínquo 29 de março de 1981 o GP do Brasil seria realizado pela segunda vez no autódromo de Jacarepaguá, que definitivamente tomara o lugar de Interlagos:

Era um dia de forte chuva na cidade do Rio de Janeiro, mas água que caiu do céu não foi capaz de parar os torcedores, que vieram para acompanhar mais um espetáculo da categoria automobilística mais rápida do mundo. Sobretudo, agora tínhamos um motivo ainda maior para nos alegrarmos nos fins de semana: a chegada de Nelson Piquet revigorou a imagem do Brasil no esporte.

Para melhorar ainda mais, o brasileiro da Brabham era o poleman para a prova, sendo seguido por Carlos Reutemann, Alan Jones, Riccardo Patrese e Alain Prost. A escolha dos pneus seria crucial para o resultado da corrida, mesmo parecendo óbvio que todos os carros largariam com compostos de chuva. Porém, para choque de todos, Piquet, Pironi e Stohr chegaram ao grid com os slicks, arriscando pontos preciosos no campeonato.


Na partida, o piloto da Brabham patina, perde posições enquanto mais atrás Gilles Villeneuve toca em René Arnoux e causa um grande pile-up, que ainda envolve Mario Andretti, Alain Prost, Eddie Cheever, Chico Serra, Siegfreid Stohr e Héctor Rebaque, com Andrea de Cesaris escapando da carambola pela grama. A segunda etapa da temporada começara intensa.

Sem muitas dificuldades, Carlos Reutemann e Alan Jones começam a abrir para o resto do pelotão, não enfrentando nenhuma pressão da Arrows de Riccardo Patrese e da Alfa Romeo de Bruno Giacomelli, que já é atacado pelo jovem Elio de Angelis. Piquet era apenas décimo sétimo enquanto John Watson iniciava uma recuperação, superando Marc Surer e Alain Prost.

O norte-irlandês da McLaren agora pressionava Gilles Villeneuve, sétimo colocado na prova. Nos giros seguintes, Prost seria superado por Surer enquanto Giacomelli perderia o quarto posto para Elio de Angelis antes de sofrer com problemas na ignição. Na oitava volta, de Angelis começaria a ser atacado por Rosberg, enquanto Villeneuve tentava desesperadamente parar John Watson.


Fazendo interessante prova, Jarier já era oitavo após ultrapassar Prost, seguindo para o ataque em cima de Surer. No décimo quarto giro, Watson supera Rosberg que enfrenta problemas em seu Fittipaldi, perdendo, assim, quaisquer chances de pontuar na casa da equipe. Já sem chuva, com a pista secando lentamente, Keke começa a perder posições, inclusive para Jean-Pierre Jarier, que já passa por Marc para assumir a sexta colocação.

Na vigésima primeira volta, após ultrapassar Keke Rosberg, Alain Prost é atingido por Didier Pironi, que, sendo retardatário, aquaplanou e não conseguiu evitar o choque: ambos estavam fora da prova. Enquanto isso, lá na frente, Reutemann e Jones não enfrentavam nenhum problema com os rivais, tendo Patrese seguindo de longe e Elio de Angelis conseguindo segurar John Watson, que agora passa a ver Jarier em seus retrovisores.

O francês da Ligier, que está substituindo Jabouille, passaria voltas enfrentando problemas de subviragem, não resistindo aos ataques de Marc Surer a Jacques Laffite que o superam no giro 29, quando, mais atrás, Nelson Piquet finalmente se livra de Nigel Mansell. A pista estava secando, e isso ajudava o brasileiro.


O surpreendente Ensign de Marc Surer estava atacando John Watson quando o piloto da McLaren rodou na "Curva Sul", perdendo também a posição para Laffite e Jarier. Recuperando-se com a pista à secar, Piquet começa a ter esperanças de conquistar algum ponto ao fim corrida, mas o brusco retorno da chuva tirava todas as suas chances de algum desempenho agradável em frente à torcida brasileira.

Com uma Ligier mais equilibrada sob água, Jean-Pierre Jarier ultrapassa Laffite para ser sexto, enquanto Elio de Angelis é pressionado por Marc Surer que finalmente faz a ultrapassagem.

No 56º giro, Frank Williams e Jeff Hazell começam a sinalizar com a placa: JONES-REUT.

Ambos os pilotos da equipe britânica claramente enxergam a polêmica placa, mas o argentino não deixa o australiano tomar a liderança. A Ligier também imita a Williams, só que de maneira esperta, sabendo que Laffite era o único piloto que competiria toda a temporada, pedindo para que Jarier cedesse o sexto posto, algo que o francês fez nas últimas voltas.

O fim está próximo com a aproximação das duas horas de corrida, e a tensão aumenta nos boxes da Williams: Reutemann cederia a liderança para Jones?


Na 62º volta a bandeira quadriculada é agitada para a vitória do argentino, com o campeão de 1980 terminando quatro segundos atrás do companheiro. Fechando o pódio estava Riccardo Patrese, feliz por sua Arrows não deixa-lo na mão mais uma vez, com Marc Surer dando show ao marcar a melhor volta da prova e conquistar os primeiros pontos da Ensign desde 1978. O quinto posto ficou com Elio de Angelis, que, de maneira cada vez mais regular, passa a integrar os seis primeiros com um problemático Lotus. Laffite foi sexto, conquistando um importante ponto para a disputa pelo título, enquanto Jarier foi sétimo e John Watson apenas oitavo após sua rodada.

A chegada aos boxes foi marcada pela discussão na equipe Williams: Carlos Reutemann desobedecera as ordens de equipe, e consequentemente às clausulas do contrato assinado para ser o segundo piloto de Alan Jones, que, indignado, não comparece ao pódio, marcado pelos sorrisos de Patrese ao finalizar em terceiro.

Londoño em um de seus poucos registros como piloto da Ensign

O australiano declarou guerra ao companheiro, e agora sabia que teria de enfrentar mais um rival para buscar um provável bicampeonato. Já Nelson Piquet se afogou na própria confiança de sua estratégia, perdendo preciosos pontos e entregando de bandeja um segundo título de construtores para a Williams.

Apesar da guerra declarada e de toda a confusão no time inglês, havia alguém mais feliz do que qualquer um ao fim daquele GP do Brasil de 1981: Marc Surer. O suiço havia sido chamado às pressas pela Ensign após Ricardo Londoño ter sua superlicença negada, fazendo a equipe de Mo Nunn conquistar um impressionante quarto lugar além de sua primeira e única volta mais rápida.

A próxima etapa seria na Argentina, no dia 12 de abril, onde os ânimos prometiam ser quentes...

Imagens tiradas do Google Imagens - F1-History.deviantart.com

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