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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

GP Memorável 86# - Brasil 1978


Pouco menos de quinze dias após GP da Argentina, a Fórmula 1 chegava à quente Rio de Janeiro para o primeiro Grande Prêmio do Brasil realizado na cidade. Seria o também primeiro evento do tipo desde os tempos do Circuito da Gávea. Infelizmente, o motivo de Jacarepaguá estar no calendário não era dos melhores. O descaso com Interlagos contribuiu para a bagunçada prova de 1977 e a exclusão do autódromo do circo mundial até que os problemas no asfalto fossem resolvidos.

Na quinta-feira, um treino de reconhecimento foi realizado, com Emerson Fittipaldi sendo um dos mais rápidos, logo atrás de Mario Andretti. Seria uma miragem? O F5A era o primeiro Copersucar de efeito solo e já estava causando entre os carros de ponta. Enquanto isso, na Brabham, a situação era completamente diferente, com Niki Lauda insatisfeito com os problemas aerodinâmicos do BT45C. Na Lotus, as coisas iam do céu ao inferno. Favoritos à vitória, os carros de Colin Chapman precisaram ser modificados para se enquadrarem no regulamento para os treinos oficiais.

A cisão da Shadow com Jackie Oliver, Alan Rees e Tony Southgate abandonando John Nichols levou à complicações na justiça. Southgate havia feito uma cópia descarada do novo Shadow DN9, inscrevendo o Arrows FA1 já para a prova do Brasil! John Nichols ficou uma fera e processou os dissidentes por espionagem industrial, algo que só seria resolvido meses mais tarde à favor do ex-espião da CIA.


Dominando a categoria, a Goodyear passou a ser ameaçada pelos novos pneus radiais da Michelin, que equipava Renault e Ferrari. A marca norte-americana também seria cortês em uma de suas atitudes durante aquele fim-de-semana, cedendo um dos melhores jogos de pneus, quase sempre destinados ao ponteiros, para Emerson Fittipaldi.

No treino de qualificação da sexta-feira, o brasileiro foi o terceiro mais rápido! Apesar disso, na manhã seguinte, antes da última sessão oficial, desespero abateu o piloto A quebra do semi-eixo traseiro antes da entrada dos boxes levou à discussão entre fiscais e o bicampeão, que pedia ajuda para empurrar o carro de volta à garagem. Mário Patti, diretor de prova, vendo a situação da torre de controle, pediu, via rádio, para que o carro não fosse empurrado pois seria uma ilegalidade grave que poderia tirar Emerson da disputa. Tudo isso culminou num incidente lamentável na qual um fiscal, de apelido Pulguinha, brigou com o piloto da Copersucar, que o agrediu.

Sem tempo para arrumar o carro até a sessão da tarde, o brasileiro foi multado pela agressão e caiu de terceiro para sétimo colocado. Durante o fim-de-semana, Fittipaldi não foi o único a se envolver nesse tipo de incidente. James Hunt foi fechado por seu ex-companheiro Jochen Mass e foi tirar satisfação com o alemão, que ainda conseguiu escapar do punho do inglês furioso.


Depois de um apagado GP da Argentina, Ronnie Peterson foi o mais rápido ao cravar 1:40.45, oito centésimos mais rápido do que James Hunt. Mario Andretti era o terceiro, ao lado de Carlos Reutemann. Quinto lugar foi para Patrick Tambay, muito bem em suas primeiras corridas de McLaren, seguido por Gilles Villeneuve, Emerson Fittipaldi, Alan Jones, na segunda corrida da Williams, Hans-Joachim Stuck e Niki Lauda. O alemão da Shadow retornava ao Rio mais de quatro décadas depois que seu pai correra na Gávea.

Patrick Depailler era o melhor Tyrrell em décimo primeiro, seguido por Jody Scheckter, Brett Lunger, Jacques Laffite, Clay Regazzoni, Jean-Pierre Jarier, Lamberto Leoni, Riccardo Patrese, que substituía Gunnar Nilsson, com câncer, na Arrows, Didier Pironi e Jochen Mass. As últimas posições eram ocupadas por John Watson, de Brabham, com problemas, Hector Rebaque, Danny Ongais e Rupert Keegan. Arturo Merzario, Vittorio Brambilla, Eddie Cheever e Divina Galica não conseguiram se qualificar pelo fato do grid permitir apenas 24 carros alinhando.

Surpreendentemente, o carro reserva de Emerson Fittipaldi passou confiança durante o Warm-Up. Na mesma sessão, as Ferrari, equipadas com os pneus Michelin preparados para a corrida, foram dois segundos mais rápidos do que o resto do pelotão, para desespero das equipes Goodyear. Jacques Laffite sofreria um forte acidente, mas o carro estaria pronto para a largada. Na ATS, confusão generalizada quando um vazamento de combustível impede que Jochen Mass largue. Gunter Schmidt, sempre excêntrico, toma uma controversa decisão de dar o carro de Jean-Pierre Jarier para o alemão. O francês sai como perdedor moral...


Na volta de apresentação, Lamberto Leoni enfrenta problemas de transmissão e não deve largar. A temperatura é brutalmente alta. A partida ocorre sem incidentes, com Reutemann pulando do quarto para o primeiro lugar, abrindo para o resto. Peterson é superado por Hunt e vira alvo de Mario Andretti e Emerson Fittipaldi. O brasileiro passara por Tambay e Villeneuve e era quinto colocado.

Mais atrás, Riccardo Patrese e John Watson se tocam. O britânico cai para último, mas retoma à prova. Reutemann mantém a ponta abrindo mais de dois segundos por volta. Gilles Villeneuve também faz progresso e assume o quinto posto de Fittipaldi, ao mesmo tempo em que Andretti passa por Peterson na Curva Sul. Patrick Tambay é apenas nono, tendo sido ultrapassado por Stuck e Lauda.

Pressionando Peterson, Villeneuve erra e devolve a posição para Fittipaldi na volta 8. Mais adiante, James Hunt começa a ter problemas com seus pneus Goodyear. Antes de parar, o inglês ainda seria superado por Ronnie Peterson e Emerson Fittipaldi. É o fim da disputa para o campeão de 1976. Depailler, em décimo, é obrigado a abandonar com problemas nos freios.


Na décima segunda volta, a torcida delira! Emerson assume o terceiro lugar de Peterson, que volta a ser atacado por Villeneuve. Pouco depois, na Curva Sul, os dois acabariam por ser estranharem, saírem fora da pista e deixar o caminho livre para que Fittipaldi aumentasse a vantagem e tivesse uma corrida tranquila já numa posição de pódio!

Na mesma volta, Jody Scheckter e Patrick Tambay também se tocam. O francês é o mais sortudo das duplas bate-bate, o único a não ser obrigado à parar. Com a suspensão danificada, Ronnie Peterson não resiste na pista e bate, reclamando muito com Gilles Villeneuve quando este passa pelo local onde o sueco abandonou seu Lotus 78. Hunt, Villeneuve, Jones e Watson são nomes de peso já fora de uma disputa por pontos.

A corrida foi demasiada movimentada nas primeiras voltas e, apenas na vigésima quinta, voltaria a ter um pouco de emoção. Riccardo Patrese, mais uma vez, se envolve num acidente e tira James Hunt da prova. Resistindo ao ataque de Niki Lauda na disputa pelo quarto posto, Hans-Joachim Stuck tem de abandonar com problemas na bomba de combustível. Um triste fim para o alemão...

Estreia da Arrows com Riccardo Patrese no volante

No trigésimo quarto giro, Héctor Rebaque, em nono, para nos boxes para se refrescar. O calor é terrível. Patrick Tambay cometeria um erro por conta da exaustão e pararia logo depois da Curva da Lagoa. Na mesma volta, os freios da Ferrari e Gilles Villeneuve vão ao pó e quase causam um grave acidente. O canadense é salvo pelas cercas.

Quase desmaiando, Rebaque desiste e abandona. Na liderança, Carlos Reutemann é imbatível, com mais de quarenta e cinco segundos de vantagem para Mario Andretti, Emerson Fittipaldi, Niki Lauda, Clay Regazzoni e Didier Pironi, que completam os seis melhores lugares. A corrida caminha para o fim sem maiores mudanças, mas na volta cinquenta e sete...

Emerson Fittipaldi toma o segundo lugar de Mario Andretti, preso na quarta marcha, e a euforia toma conta do autódromo de Jacarepaguá. É o Brasil subindo ao pódio em dobro! Pela primeira na história, a Copersucar deve alcançar uma das três primeiras posições. Lauda também passa por Andretti na volta seguinte.


No fim, Mário Patti agita a bandeira quadriculada para Carlos Reutemann. O argentino finalmente tem sua chance na Ferrari. Apesar da vitória, o ferrarista seria menos aclamado do que o verdadeiro herói daquele 28 de janeiro de 1978. Emerson Fittipaldi cruzou na segunda posição, passando por entre uma multidão que invadiu a pista na volta final. Niki Lauda volta ao pódio pela segunda vez com a Brabham, Mario Andretti termina em quarto, Clay Regazzoni marca seus primeiros pontos com a Shadow e Didier Pironi é sexto logo em sua segunda corrida.

Por motivos óbvios, os pneus foram os principais contribuintes para as conquistas de domingo. A Michelin causou crise na Goodyear, que por sua vez, num ato generoso, aumentou e concretizou as esperanças brasileiras de um pódio da Copersucar-Fittipaldi. A Ferrari parece revivida. No campeonato, Mario Andretti lidera Lauda e Reutemann, enquanto Emerson é o novo quarto colocado na tabela de pilotos. Nos construtores, Lotus, Brabham e Ferrari sustentam suas posições graças apenas ao seus primeiros pilotos.


RESULTADOS:
  1. 11 - ARG - Carlos Reutemann - Scuderia Ferrari - 1:49:59.86 - 9pts
  2. 14 - BRA - Emerson Fittipaldi - Copersucar Ford - +49.13 - 6pts
  3. 1 - AUT - Niki Lauda - Brabham Alfa Romeo - +57.02s - 4pts
  4. 5 - EUA - Mario Andretti - Lotus Ford - +1:33.12 - 3pts
  5. 17 - SUI - Clay Regazzoni - Shadow Ford - +1 Volta - 2pts
  6. 3 - FRA - Didier Pironi - Tyrrell Ford - +1 Volta - 1pt
  7. 9 - ALE - Jochen Mass - ATS Ford - +1 Volta
  8. 2 - GBR - John Watson - Brabham Alfa Romeo - +2 Voltas
  9. 26 - FRA - Jacques Laffite - Ligier Matra - +2 Voltas
  10. 36 - ITA - Riccardo Patrese - Arrows Ford - +4 Voltas
  11. 27 - AUS - Alan Jones - Williams Ford - +5 Voltas
  12. 25 - MEX - Héctor Rebaque - Lotus Ford - Cansaço - OUT
  13. 12 - CAN - Gilles Villeneuve - Scuderia Ferrari - Acidente - OUT
  14. 8 - FRA - Patrick Tambay - McLaren Ford - Rodada - OUT
  15. 16 - ALE - Hans-Joachim Stuck - Shadow Ford - Bomba de combustível - OUT
  16. 7 - GBR - James Hunt - McLaren Ford - Rodada - OUT
  17. 20 - AFS - Jody Scheckter - Wolf Ford - Colisão - OUT
  18. 6 - SUE - Ronnie Peterson - Lotus Ford - Colisão - OUT
  19. 22 - EUA - Danny Ongais - Ensign Ford - Freios - OUT
  20. 30 - EUA - Brett Lunger - McLaren Ford - Superaquecimento - OUT
  21. 4 - FRA - Patrick Depailler - Tyrrell Ford - Freios - OUT
  22. 18 - GBR - Rupert Keegan - Surtees Ford - Acidente - OUT
  23. 23 - ITA - Lamberto Leoni - Ensign Ford - Transmissão - DNS
  24. 10 - FRA - Jean-Pierre Jarier - ATS Ford - Carro usado por companheiro - DNS
  25. 37 - ITA - Arturo Merzario - Merzario Ford - DNQ
  26. 32 - EUA - Eddie Cheever - Theodore Ford - DNQ
  27. 19 - ITA - Vittorio Brambilla - Surtees Ford - DNQ
  28. 24 - GBR - Divina Galica - Hesketh Ford - DNQ
Esses foram os pilotos que participaram do GP.
Volta Mais Rápida: Carlos Reutemann - 1:43.07 - Volta 35

Curiosidades:
- 299º GP
- VII Grande Prêmio do Brasil
- Realizado no dia 29 de janeiro de 1978, em Jacarepaguá
- 6º vitória de Carlos Reutemann
- 50º GP de Hans-Joachim Stuck
- 50º GP de Jacques Laffite
- 69º vitória da Ferrari
- 1º e único pódio da Copersucar
- 1º GP da Arrows
- 69º vitória do motor Ferrari




  • MELHOR PILOTO: Emerson Fittipaldi
  • SORTUDO: Niki Lauda
  • AZARADO: Mario Andretti
  • SURPRESA: Michelin

Emerson Fittipaldi foi fantástico durante aquele fim-de-semana. A vontade de conquistar uma grande resultado na frente da torcida brasileiro era grande e se tornou realidade pelo braço do bicampeão e pela qualidade do novo F5A. O pódio veio na raça e não dos abandonos de outros competidores. Simplesmente, a maior conquista do automobilismo brasileiro! Niki Lauda, mesmo muito insatisfeito, voltou ao pódio, herdando o terceiro lugar de Andretti e se esforçando ao máximo para não deixar o norte-americano escapar no campeonato. Já a Michelin foi a tremenda surpresa. Pela primeira vez na história, um carro equipado com pneus radiais venceu uma corrida. E que vitória! Massacrando a concorrência dos Goodyear e instaurando uma crise na marca americana.



Campeonato de pilotos:
  1. 5 - EUA - Mario Andretti - Lotus Ford - 12pts
  2. 1 - AUT - Niki Lauda - Brabham Alfa Romeo - 10pts
  3. 11 - ARG - Carlos Reutemann - Scuderia Ferrari - 9pts
  4. 14 - BRA - Emerson Fittipaldi - Copersucar Ford - 6pts
  5. 4 - FRA - Patrick Depailler - Tyrrell Ford - 5pts
  6. 7 - GBR - James Hunt - McLaren Ford - 3pts
  7. 17 - SUI - Clay Regazzoni - Shadow Ford - 2pts
  8. 6 - SUE - Ronnie Peterson - Lotus Ford - 2pts
  9. 3 - FRA - Didier Pironi - Tyrrell Ford - 1pt
  10. 8 - FRA - Patrick Tambay - McLaren Ford - 1pt

Campeonato de construtores:
  1. GBR - John Player Team Lotus - Lotus Ford - 78 - AND/PET - G - 12pts
  2. GBR - Parmalat Racing Team - Brabham Alfa Romeo - BT45C - LAU/WAT - G - 10pts
  3. ITA - Scuderia Ferrari SpA SEFAC - Ferrari - 312T2B - REU/VIL - M - 9pts
  4. BRA - Fittipaldi Automotive - Copersucar-Fittipaldi Ford - F5A - FIT - G - 6pts
  5. GBR - Elf Team Tyrrell - Tyrrell Ford - 008 - PIR/DEP - G - 5pts
  6. GBR - Marlboro Team McLaren - McLaren Ford - M26 - HUN/TAM - G - 3pts
  7. GBR - Shadow Racing Team - Shadow Ford - DN8 - STU/REG - G - 2pts


Imagens tiradas do Google Imagens - GPExpert.com.br - F1-History.deviantart.com

sábado, 19 de novembro de 2016

Pós-GP: A corrida para as corridas


Não sabemos se choramos ou rimos após esse fim-de-semana maluco em Interlagos. Na sexta-feira, Fernando Alonso fez de tudo, mais uma vez, para se aparecer, brincando de cameraman e ainda tentando fazer embaixadinhas com uma pequena pedra. No dia seguinte, um guarda-chuva vai parar no S do Senna (presságio?) e, no domingo, o céu vem abaixo depois de anos esperando por um GP do Brasil sob chuva.

Não há melhor lugar no mundo para se decidir um título mundial, mas isso só aconteceria se Nico Rosberg estivesse disposto a derrotar, na chuva, Lewis Hamilton, e, como todos nós sabemos, o alemão está com o regulamento embaixo do braço para levar essa decisão até Abu Dhabi, onde ele precisará apenas de um terceiro lugar caso o companheiro vença...

Infelizmente, o fato de não termos visto o título ser decidido em Interlagos, existem apenas duas formas, pelo menos as que acredito que podem acontecer, de termos um final emocionante em Yas Marina: ou Rosberg e Hamilton batem, em prol do alemão, ou as Red Bull superam o líder do campeonato na pista, em prol do britânico. Vale lembrar ainda que, em 2014 e 2015, a Mercedes só não venceu três corridas, enquanto, nesse ano, foram apenas duas derrotas em vinte provas... seria extremamente interessante ver isso acontecer de novo em 2016, sobretudo se a vitória caísse no colo da Ferrari, que tanto precisa de uma...


Apesar de tudo, o GP do Brasil também foi marcado pelas vaias do público com uma segunda, e sem sentido, bandeira vermelha após voltas e voltas de Safety Car. O povo pediu. E o mundo inteiro assistiu que brasileiro é uma pessoa diferente, impaciente, e que quer ver o "circo pegar fogo" seja embaixo sol ou chuva. Queremos corrida!

Além do mais, a chuva que vimos nesse ano pode se comparar ao que vimos em 2012, quando nenhuma bandeira vermelha foi agitada e o Safety Car só entrou na pista duas vezes, contando as duas últimas voltas após o acidente de di Resta... Isso só mostra que a Fórmula 1 entrou nesse "frescor" após o acidente de Jules Bianchi, e que a FIA ainda não percebeu que toda a fatalidade ocorrida com o francês foi por negligência dela mesma e não do piloto ou das condições meteorológicas...

Talvez a categoria aprenda mais com participações do público como as que vimos no Brasil, com vaias e negativos para uma ação completamente idiota e sem sentido. Se não tem coragem, vá trabalhar num escritório ou algo assim, saia do automobilismo e deixe apenas gente como Max Verstappen por lá...


Mais uma vez, o GP do Brasil poderá servir como lição para o futuro, a corrida para as corridas, e que nada disso se repita: cerca de 31 das 71 voltas foram feitas atrás do Safety Car. Parabéns, Bernd Maylander pelo ótimo trabalho, diga-se de passagem...

Tudo que vemos é uma piada para categorias como WRC e MotoGP. Uma piada...

Na sua décima tentativa, Lewis finalmente venceu no Brasil e realizou seu sonho de criança, e, como não podia perder a chance, tentou fazer um jogo psicológico ao dizer que esta foi a sua vitória mais fácil de todas. Com a conquista, Hamilton se tornou o primeiro piloto a trocar de capacete no meio da prova e ainda vencer a corrida. Algo que, sinceramente, nunca ninguém imaginou que iria acontecer. Foi bonito de ver o britânico com aquele capacete amarelo, não por lembrar Senna, mas por sair da mesmice de um branco tão sem graça que marcou seus dois últimos títulos.


Já Rosberg fez uma corrida simples e com apenas um susto (pelo menos mostrado na transmissão) na Subida do Café. Não se preocupou em segurar ou atacar Max Verstappen, tendo muita sorte ao terminar na segunda colocação após os problemas enfrentados pela Red Bull com as paralisações, que destruíram as estratégias do holandês e de Daniel Ricciardo, que, apesar de tudo, fez uma corrida apagada, ofuscada pela sua punição ainda nas primeiras voltas.

Verstappen deu show, arrancando elogios até dos mais críticos, mas esse desempenho nos fez levantar uma hipótese: os pilotos teriam perdido a magia de como pilotar sob chuva? Verstappen e Ocon, dois dos mais jovens do grid fizeram a alegria dos fãs com uma performance magnífica, coisa que não é rara de se ver em categorias de base, onde outros pilotos, ainda menos experientes, se arriscam tanto que arrancam suspiros daqueles que os assistem. Talvez, o excesso de cautela dos mais velhos venha destruindo o show. Apenas talvez...

De qualquer forma, é inegável que o holandês tenha impressionado todos em Interlagos. Desde seu desejo de iniciar a prova sem mais enrolação até sua última ultrapassagem, sobre Sérgio Pérez, vimos um garoto que estava disposto a arriscar, a cometer erros e, sobretudo, a vencer, mesmo enfrentado os dois melhores carros do grid. É um piloto como Max Verstappen que falta à Fórmula 1. São pilotos com sua garra, com sua marra e com seu talento que os fãs tanto anseiam.


Porém, gostaria de destacar um ponto. O holandês demorou cerca de uma volta para superar uma Manor! Algo assustador pelo fato dele ter pneus mais novos e estar superando todos com tanta facilidade. Mas neste carro azul, branco e vermelho estava ninguém menos do que Esteban Ocon, o francês que derrotou Verstappen na Fórmula 3 e foi campeão da GP3, com muitos méritos, em 2015. Sua contratação pela Force India, tão contestada, sobretudo pelos brasileiros, não foi por acaso, e já expliquei o motivo num de meus últimos posts aqui no blog. O jovem francês, que agora é o piloto mais alto da categoria, soube segurar um carro muito superior e teve azar em não conseguir conquistar seus primeiros pontos numa corrida tão fantástica como essa. Infelizmente, as coisas são assim...

Se Max Verstappen não venceu por falta de sorte, Esteban Ocon não pontuou por falta de equipamento...

No outro carro da Manor, Pascal Wehrlein agora anda ofuscado pelo companheiro, não na pista, mas nos bastidores. O alemão perdeu sua grande (e quem sabe primeira) chance de correr numa equipe média, e agora passa por um momento em que Ocon vem conquistando resultados tão interessantes quanto os seus, tendo o francês participado apenas da metade das provas da temporada. Estive enganado ao apontar Wehrlein na Force India, mas já havia imaginado a sinuca em que a equipe se encontrava...


Voltando à ponta do grid, a Ferrari continua sofrendo com falta de organização interna. Com o pódio de Verstappen, a Red Bull assegurou o vice-campeonato e, agora, o que resta para o time italiano é fazer Sebastian Vettel ficar a frente do jovem holandês no campeonato de pilotos. O dia não foi bom para a dupla ferrarista. Primeiro, o tetracampeão decidiu brincar na grama e rodar e, logo depois, foi a vez de Kimi Räikkönen sem perder em plena reta dos boxes de Interlagos. Por pouco escapou de uma tragédia...

Vettel ainda foi bravo para recuperar as posições perdidas e terminar em quinto, mas demorar tanto para passar Sainz Jr foi fatal para que Verstappen não tivesse muitas dificuldades em supera-lo. É uma pena a Ferrari estar terminando a temporada dessa forma...

A Williams viveu um misto de emoções durante todo o fim-de-semana. Desde os surpreendentes resultados na sexta-feira até o fim de tudo no muro da Subida do Café, Felipe Massa teve altos e baixos, enquanto Valtteri Bottas tentava o impossível com um carro que ainda não aprendeu a andar na chuva. Foi triste ver o brasileiro acabar sua corrida batendo? Foi! Mas o destino quis que fosse assim, e que ele tivesse uma das despedidas mais emocionantes que a categoria já havia visto. Ser aplaudido por Mercedes, Ferrari e Williams não é para qualquer um...


A performance do carro parece não ter melhorado, e agora resta esperar para 2017, com um novo regulamento e com um novo piloto. Quem sabe a Williams não consiga voltar aos dias de glória? É difícil, mas nunca sabemos quando algo surpreendente pode aparecer.

E mais uma vez, o azar ousou tirar Nico Hülkenberg do pódio em Interlagos. Após assinar com a Renault, o alemão ganhou tanta confiança que, frequentemente, supera Sergio Pérez nos treinos classificatórios e, no último domingo, parecia que finalmente havia chegado a vez do vencedor de Le Mans subir ao pódio. Infelizmente, no acidente de Räikkönen, um pedaço da asa da Ferrari foi parar na frente de Hülkenberg, que cruzava a reta dos boxes no meio de todo o spray.

Quando a bandeira verde sinalizou o reinicio da prova, o alemão foi obrigado a parar após um furo: era o fim das chances de pódio. Com isso, Sergio Pérez assumiu uma quarta posição que, voltas depois, se tornaria um terceiro lugar, com a parada de Max Verstappen. O desempenho do mexicano também não deixou a desejar, só não perseguindo Nico Rosberg por falta de equipamento e sendo superado pela Red Bull pelo mesmo motivo.


Um piloto que também teve um desempenho brilhante no Brasil, mas que passou despercebido, foi Carlos Sainz Jr. O jovem espanhol da Toro Rosso partiu da décima quinta posição e já na volta 20 ocupava o sexto posto. Beneficiado pelas marmeladas ferraristas e da Red Bull, Sainz chegou a estar na quarta colocação antes de finalmente fechar em sexto. Apesar do brilhante desempenho do espanhol, a Toro Rosso não viu o mesmo com Daniil Kvyat, que enfrentou problemas com um desgovernado Renault...

Falando de Renault, a renovação de Jolyon Palmer foi vista como idiotice por boa parte dos torcedores, com exceção dos britânicos, que ainda acreditam no talento de um campeão da GP2. É bom lembrar que o inglês derrotou Felipe Nasr em 2014 na categoria, mas mesmo assim só teve sua primeira chance num carro feito para receber o motor Mercedes e com um chassis velho da Lotus. Apesar de todas as burradas, Palmer merece uma chance...

Enquanto isso, Kevin Magnussen foi chutado da equipe e encontrou refúgio na Haas, onde, fontes internas dizem, estão atrasados no desenvolvimento do carro de 2017. Em apenas três temporadas na categoria, o dinamarquês foi do céu ao inferno com McLaren, Renault e, agora pode ir também, com a Haas.


Rumores dizem que a renovação de Palmer foi uma estratégia da Renault para contratar Bottas em 2018, o que poderia abrir uma vaga na Williams para Felipe Nasr, caso o mesmo consiga se manter na Fórmula 1 por mais um ano, ou ainda para Pascal Wehrlein, já que Toto Wolff se tornou grande negociador nos bastidores da categoria.

Aproveitando que Nasr foi citado, vamos falar de seu maravilhoso desempenho em Interlagos, onde, dias antes, havia dito que esta seria a maior oportunidade para marcar pontos: e conseguiu! Um piloto que sai da última fila com um carro da estirpe do C35 para aparecer no top ten em apenas dez voltas merece respeito e, pelo menos, um contrato assinado para próxima temporada. Com a saída do Banco do Brasil, os negócios de Felipe Nasr na Fórmula 1 podem chegar ao fim de uma das maneiras mais tristes de sempre.


Um desempenho tão louvável em comparação ao de Marcus Ericsson, que bateu ainda no início da prova, deveria garantir sua vaga em 2017, mas, se tratando de uma equipe que ainda luta para sobreviver, não devemos esperar nada. Para piorar, a vaga do brasileiro estaria ameaçada por nada menos nada mais do que Esteban Gutiérrez, um dos pilotos mais fracos do grid atual, que só não pontuou em 2016 por falta de sorte.

Chegando agora à Haas, onde não há muito o que dizer. Romain Grosjean imitou o maior ídolo francês, só que de maneira ainda mais bizarra: ele ainda estava na volta de saída até o grid. Curiosamente, ele não foi o único a culpar os pneus de chuva extrema da Pirelli. Kimi Räikkönen disse que os compostos de doze anos atrás (o finlandês estava na McLaren, assim, ele usava os Michelin) eram muito melhores.

Concordo com ambos. Se existe algo tão inútil no mundo da Fórmula 1, isso é o pneu de chuva extrema da Pirelli: ele pouco é usado porque o Safety Car sempre está presente em situações onde a chuva aperta e, ainda, quando é, não consegue trabalhar direito, deixando os pilotos na mão como aconteceu com Grosjean e Räikkönen em Interlagos.


A Pirelli tem muito a melhorar para 2017, sobretudo nos pneus de chuva, e ela tem essa chance com tantas baterias de testes que já vem acontecendo. E que a marca italiana traga bons compostos para uma nova Fórmula 1 no ano que vem...

Se a corrida de Grosjean não durou muito, a de Gutiérrez foi pífia: o mexicano largou mal e ainda teve uma performance muito abaixo do esperado pelas condições do tempo, digo, da temperatura.

Agora, para terminar, a equipe que mais virou motivo de piada nos últimos dois anos. Chuva e Interlagos trazem boas lembranças para a McLaren, que venceu pela última vez dessa forma em 2012 com Jenson Button, mas agora ela virou motivo de pesadelo para o campeão de 2009. Enquanto Fernando Alonso lutava para estar nas posições pontuáveis, o inglês amargava as últimas colocações em sua penúltima corrida da carreira.

O fim-de-semana no Brasil também marcou o fim de uma era: Ron Dennis, depois de 35 anos no comando do grupo McLaren, foi mandado embora após conflitos internos com acionistas chineses. É o fim da linha para Dennis na segunda maior equipe vencedora na Fórmula 1...


Sobre a corrida...

  • MELHOR PILOTO: Felipe Nasr
  • SORTUDO: Nico Rosberg
  • AZARADO: Lewis Hamilton
  • SURPRESA: Esteban Ocon
Nasr brilhou na chuva, segurou o top ten no braço e conquistou dois importantíssimos pontos para a Sauber; já Nico Rosberg teve sorte com as bandeiras vermelhas que destruíram a estratégia de Max Verstappen, o que também afetou Lewis Hamilton na briga pelo título; Ocon surpreendeu com a Manor, se manteve entre os dez por boa parte da corrida e deu show com um carro que jamais voltará a ter outra chance de pontuar: uma pena que o francês não teve condições para segurar por mais tempo o décimo tempo. Foi uma lição para quem acha que sua ida à Force India só foi por causa da força de alguém como Toto Wolff...

Até o próximo fim-de-semana em Abu Dhabi!

Imagens tiradas do f1fanatic.co.uk.

segunda-feira, 28 de março de 2016

35 Anos - Jones declara guerra à Reutemann


Naquele longínquo 29 de março de 1981 o GP do Brasil seria realizado pela segunda vez no autódromo de Jacarepaguá, que definitivamente tomara o lugar de Interlagos:

Era um dia de forte chuva na cidade do Rio de Janeiro, mas água que caiu do céu não foi capaz de parar os torcedores, que vieram para acompanhar mais um espetáculo da categoria automobilística mais rápida do mundo. Sobretudo, agora tínhamos um motivo ainda maior para nos alegrarmos nos fins de semana: a chegada de Nelson Piquet revigorou a imagem do Brasil no esporte.

Para melhorar ainda mais, o brasileiro da Brabham era o poleman para a prova, sendo seguido por Carlos Reutemann, Alan Jones, Riccardo Patrese e Alain Prost. A escolha dos pneus seria crucial para o resultado da corrida, mesmo parecendo óbvio que todos os carros largariam com compostos de chuva. Porém, para choque de todos, Piquet, Pironi e Stohr chegaram ao grid com os slicks, arriscando pontos preciosos no campeonato.


Na partida, o piloto da Brabham patina, perde posições enquanto mais atrás Gilles Villeneuve toca em René Arnoux e causa um grande pile-up, que ainda envolve Mario Andretti, Alain Prost, Eddie Cheever, Chico Serra, Siegfreid Stohr e Héctor Rebaque, com Andrea de Cesaris escapando da carambola pela grama. A segunda etapa da temporada começara intensa.

Sem muitas dificuldades, Carlos Reutemann e Alan Jones começam a abrir para o resto do pelotão, não enfrentando nenhuma pressão da Arrows de Riccardo Patrese e da Alfa Romeo de Bruno Giacomelli, que já é atacado pelo jovem Elio de Angelis. Piquet era apenas décimo sétimo enquanto John Watson iniciava uma recuperação, superando Marc Surer e Alain Prost.

O norte-irlandês da McLaren agora pressionava Gilles Villeneuve, sétimo colocado na prova. Nos giros seguintes, Prost seria superado por Surer enquanto Giacomelli perderia o quarto posto para Elio de Angelis antes de sofrer com problemas na ignição. Na oitava volta, de Angelis começaria a ser atacado por Rosberg, enquanto Villeneuve tentava desesperadamente parar John Watson.


Fazendo interessante prova, Jarier já era oitavo após ultrapassar Prost, seguindo para o ataque em cima de Surer. No décimo quarto giro, Watson supera Rosberg que enfrenta problemas em seu Fittipaldi, perdendo, assim, quaisquer chances de pontuar na casa da equipe. Já sem chuva, com a pista secando lentamente, Keke começa a perder posições, inclusive para Jean-Pierre Jarier, que já passa por Marc para assumir a sexta colocação.

Na vigésima primeira volta, após ultrapassar Keke Rosberg, Alain Prost é atingido por Didier Pironi, que, sendo retardatário, aquaplanou e não conseguiu evitar o choque: ambos estavam fora da prova. Enquanto isso, lá na frente, Reutemann e Jones não enfrentavam nenhum problema com os rivais, tendo Patrese seguindo de longe e Elio de Angelis conseguindo segurar John Watson, que agora passa a ver Jarier em seus retrovisores.

O francês da Ligier, que está substituindo Jabouille, passaria voltas enfrentando problemas de subviragem, não resistindo aos ataques de Marc Surer a Jacques Laffite que o superam no giro 29, quando, mais atrás, Nelson Piquet finalmente se livra de Nigel Mansell. A pista estava secando, e isso ajudava o brasileiro.


O surpreendente Ensign de Marc Surer estava atacando John Watson quando o piloto da McLaren rodou na "Curva Sul", perdendo também a posição para Laffite e Jarier. Recuperando-se com a pista à secar, Piquet começa a ter esperanças de conquistar algum ponto ao fim corrida, mas o brusco retorno da chuva tirava todas as suas chances de algum desempenho agradável em frente à torcida brasileira.

Com uma Ligier mais equilibrada sob água, Jean-Pierre Jarier ultrapassa Laffite para ser sexto, enquanto Elio de Angelis é pressionado por Marc Surer que finalmente faz a ultrapassagem.

No 56º giro, Frank Williams e Jeff Hazell começam a sinalizar com a placa: JONES-REUT.

Ambos os pilotos da equipe britânica claramente enxergam a polêmica placa, mas o argentino não deixa o australiano tomar a liderança. A Ligier também imita a Williams, só que de maneira esperta, sabendo que Laffite era o único piloto que competiria toda a temporada, pedindo para que Jarier cedesse o sexto posto, algo que o francês fez nas últimas voltas.

O fim está próximo com a aproximação das duas horas de corrida, e a tensão aumenta nos boxes da Williams: Reutemann cederia a liderança para Jones?


Na 62º volta a bandeira quadriculada é agitada para a vitória do argentino, com o campeão de 1980 terminando quatro segundos atrás do companheiro. Fechando o pódio estava Riccardo Patrese, feliz por sua Arrows não deixa-lo na mão mais uma vez, com Marc Surer dando show ao marcar a melhor volta da prova e conquistar os primeiros pontos da Ensign desde 1978. O quinto posto ficou com Elio de Angelis, que, de maneira cada vez mais regular, passa a integrar os seis primeiros com um problemático Lotus. Laffite foi sexto, conquistando um importante ponto para a disputa pelo título, enquanto Jarier foi sétimo e John Watson apenas oitavo após sua rodada.

A chegada aos boxes foi marcada pela discussão na equipe Williams: Carlos Reutemann desobedecera as ordens de equipe, e consequentemente às clausulas do contrato assinado para ser o segundo piloto de Alan Jones, que, indignado, não comparece ao pódio, marcado pelos sorrisos de Patrese ao finalizar em terceiro.

Londoño em um de seus poucos registros como piloto da Ensign

O australiano declarou guerra ao companheiro, e agora sabia que teria de enfrentar mais um rival para buscar um provável bicampeonato. Já Nelson Piquet se afogou na própria confiança de sua estratégia, perdendo preciosos pontos e entregando de bandeja um segundo título de construtores para a Williams.

Apesar da guerra declarada e de toda a confusão no time inglês, havia alguém mais feliz do que qualquer um ao fim daquele GP do Brasil de 1981: Marc Surer. O suiço havia sido chamado às pressas pela Ensign após Ricardo Londoño ter sua superlicença negada, fazendo a equipe de Mo Nunn conquistar um impressionante quarto lugar além de sua primeira e única volta mais rápida.

A próxima etapa seria na Argentina, no dia 12 de abril, onde os ânimos prometiam ser quentes...

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sexta-feira, 25 de março de 2016

GP Memorável 75# - Brasil 1991


Semanas depois do GP dos EUA nas ruas de Phoenix marcado pela vitória arrasadora da dominante combinação Senna-McLaren-Honda, o circo chegava ao Brasil para a segunda etapa da temporada de 1991. Pelo segundo ano seguido, Interlagos era sede da prova que voltava a ter Ayrton como favorito à vitória. Depois de passar anos tentando em vão, o brasileiro estava ainda mais disposto para quebrar o jejum na vigésima edição do Grande Prêmio do Brasil.

Agora com mais condições do que nunca, sem nenhum rival despontando no início da época, Senna era de longe o principal protagonista do fim-de-semana, deixando desfocada as participações de Nelson Piquet, Roberto Moreno e Mauricio Gugelmin. A Ferrari continuava tentando buscar o lugar que foi tomado pela Williams, mas a equipe britânica fez um evolução tão grande á ponto de dar esperanças para Nigel Mansell.


Antes do treino de qualificação, a pré-qualificação era o maior medo de cinco times: Jordan, Fondmetal, Coloni, Lambo-Modena e Dallara. Tendo condições para brilhar, a dupla da Scuderia Italia foi bem nos treinos da manhã, conseguindo passar para a próxima fase ao lado de Andrea de Cesaris e Bertrand Gachot, que alegraram Eddie Jordan. van de Poele e Larini continuavam no barco à deriva da Lambo-Modena, enquanto Chaves e Grouillard tiveram os piores tempos.

Já no treino principal, quatro nomes não conseguiriam uma vaga no grid para domingo, e infelizmente ambas as Footwork estava no meio disso. A parceria com a Porsche não estava sequer perto de sair da lama, deixando Caffi e Alboreto fora da corrida. Com eles, Bailey e Johansson também voltariam para casa mais cedo. Enquanto lá na frente...


Senna mostrou que era o favorito absoluto para a prova, marcou a pole position com o tempo de 1:16.392 e colocou no bolso a dupla da Williams, com Riccardo Patrese em segundo e Nigel Mansell em terceiro. Gerhard Berger era quarto, enquanto Jean Alesi abria a terceira fila na frente do tricampeão Alain Prost. Fechando o top ten estava Nelson Piquet, Maurício Gugelmin, que havia treinado muito bem, Stefano Modena e um surpreendente Bertrand Gachot.

Na décima primeira colocação estava o Lola de Éric Bernard, ao lado dele a Dallara de Emanuele Pirro, enquanto Andrea de Cesaris e Roberto Moreno formavam a sétima fila. Ivan Capelli era décimo quinto, Satoru Nakajima décimo sexto, Aguri Suzuki décimo sétimo, Thierry Boutsen décimo oitavo, JJ Lehto décimo nono e Pierluigi Martini vigésimo.

Fechando o grid: Gianni Morbidelli, Mika Häkkinen, Érik Comas, Gabriele Tarquini e a dupla da Brabham, Mark Blundell e Martin Brundle. O tempo para a corrida não seria um dos melhores, especialmente em Interlagos, onde as forças da natureza são tão instáveis. Apesar da ameaça de chuva, a prova foi iniciada em pista seca, facilitando o trabalho dos pilotos.


Enquanto a luz vermelha ainda era acesa, quem se estava pegando fogo no grid era o carro de Berger, que não enfrentou maiores problemas apesar da fumaça que saiu de sua McLaren nas primeiras curvas. Quando a luz verde se ascendeu, Ayrton Senna pulou na ponta sem problemas, enquanto Mansell superava Patrese e Alesi tomava a quarta colocação.

Mais atrás, Gachot atrapalha Pirro que vai para a grama, caindo para vigésimo sexto. Logo, a primeira desistência: Gabriele Tarquini danifica a suspensão e bate num dos muros de Interlagos. Lá na frente, Ayrton Senna tenta abrir em relação à Nigel Mansell, mas o Leão é forte e se aproxima do brasileiro. Tentando recuperar-se da fraca posição no grid de largada, Moreno supera Bernard e já é décimo primeiro.

No terceiro giro, de Cesaris ultrapassa o francês da Larrousse e agora persegue Moreno. Sem muitas condições para combate, a dupla da Brabham já é superada por Mika Häkkinen e Emanuel Pirro. Liderando, Senna ainda recebe pressão de Mansell, com Patrese em terceiro, Alesi em quarto, Berger em quinto, Piquet em sexto, Prost em sétimo e Modena em oitavo.


Quem surpreende é Maurício Gugelmin, que, com um carro pouco confiável, vem fazendo milagre na nona colocação. Morbidelli e Martini que haviam largado bem com suas Minardi também iniciam uma prova consistente, com Gianni ultrapassando Lehto na disputa pela décima quarta colocação e Pierluigi assumindo o décimo sétimo posto de Boutsen.

O finlandês da Dallara seria o próximo alvo de Martini antes que Maurício Gugelmin desistisse da prova, tendo se envolvido num incidente que queimou suas nádegas no Warm-Up. As dores eram insuportáveis, e na nona volta o brasileiro decidiu bem em parar e abandonar a prova, apesar dela ser tão promissora para a Leyton House.

Em décimo oitavo, Satoru Nakajima roda e abandona, enquanto Senna mantém uma boa distância para Mansell, que por sua vez abre para Patrese e Alesi, que é pressionado por Berger. No décimo oitavo giro, Alain Prost vai aos boxes fazer sua parada, retornando em décimo primeiro. Modena mal teve tempo de comemorar a posição ganha, abandonando com problemas no câmbio.


Câmbio que estava se tornando o grande pesadelo da prova, com muitos pilotos começando a enfrentar dificuldades terríveis nas trocas de marchas. Perseguindo o companheiro Gachot, Andrea de Cesaris abandona na vigésima volta com problemas no motor, sendo seguido por JJ Lehto com a eletrônica de sua Dallara significando um abandono.

Na vigésima sexta volta é a vez de Nigel Mansell parar, sendo a troca de pneus um desastre com o Leão sofrendo problemas no câmbio, só voltando atrás de Riccardo Patrese e Jean Alesi. O britânico ainda tomaria a posição do francês na volta seguinte, quando Senna foi aos boxes e teve mais sorte, voltando com conforto na liderança da corrida.

No vigésimo oitavo giro é a vez de Patrese, Berger e Alesi pararem, o que beneficia Alain Prost, que jogou bem ao parar voltas mais cedo. Com problemas de embreagem, Bernard é obrigado a abandonar a prova logo depois que Martini usou do mesmo artifício de Prost para ultrapassar seu companheiro, tornando-se décimo colocado.


Voltas depois, Patrese toma a terceira posição de Piquet enquanto Berger assume o sexto posto de Alesi. Demorou estranhamente pouco, mas Alain Prost fez sua segunda parada para retornar na sétima colocação, logo atrás de Jean Alesi, que giros depois também pararia, cedendo a posição para o tricampeão. Um pouco mais na frente, Gerhard Berger persegue incansavelmente Nelson Piquet, que é ultrapassado na volta quarenta e cinco, duas antes dele decidir fazer sua primeira parada.

Escalando o pelotão, Pierluigi Martini tinha acabado de assumir a nona colocação quando um erro o tirou da prova. Conseguindo abrir a diferença, Ayrton Senna começa a se acalmar na liderança, conduzindo magistralmente no início de uma leve garoa. Nigel Mansell ainda faria sua segunda parada, mas os problemas na caixa de câmbio se mantinham para tirar o Leão da prova, na volta 59.

Acorrida já não era tão competitiva, e o abandono de Nigel Mansell evidenciava ainda mais que Ayrton Senna passou a dominar a Fórmula 1 de tal maneira que seria impossível detê-lo. Mas como ninguém é perfeito, a caixa de câmbio da McLaren MP4/6 do brasileiro começou a travar, problemas tão piores quanto aqueles enfrentados por Patrese, enquanto Berger sofria com um acelerador que travava regularmente.


Seriam 11 voltas de pura resistência e raça para todos os pilotos na pista, e a chegada da chuva serviu para consagrar ainda mais uma vitória tão esperada. A diferença era enorme, mas não o suficiente para que Riccardo Patrese alcançasse Senna em suas atuais condições, dando ainda mais alegria ao povo brasileiro.

Quando cruzou a linha de chegada em primeiro, não existiam mais palavras para descrever tal momento: Ayrton Senna havia vencido o GP do Brasil! Depois de ficar apenas na sexta marcha durante todas as últimas voltas, o brasileiro teve espasmos musculares em diversas partes do corpo, deixando, sua McLaren morrer no meio da Reta Oposta na Volta da Vitória. A torcida gritava, e ninguém mais sabia o que fazer no meio de tanta alegria.


Fiscais empurraram a McLaren de Senna que voltou a funcionar até onde o brasileiro conseguiu guiar. De maneira tão heroica quanto a vitória de Piquet em Jacarepaguá em 1982, Ayrton vencia definitivamente no Brasil, espantando um último fantasma em sua carreira. Para melhorar, sua situação no campeonato mundial não poderia ser melhor: 20 pontos conquistados dos 20 possíveis, tendo Prost apenas com 9, na segunda colocação.

No pódio, três gladiadores que fizeram do GP do Brasil de 1991 uma prova de resistência às dores e ao cansaço, uma corrida marcada pelo heroísmo mesmo após 71 voltas extremamente monótonas e sem nenhum grande momento... O que uma vitória com sabor à mais não faz, não é mesmo?


RESULTADOS:
  1. 1 - BRA - Ayrton Senna - McLaren Honda - 1:38:28.128 - 10pts
  2. 6 - ITA - Riccardo Patrese - Williams Renault - +2.991s - 6pts
  3. 2 - AUT - Gerhard Berger - McLaren Honda - +5.416s - 4pts
  4. 27 - FRA - Alain Prost - Scuderia Ferrari - +18.369s - 3pts
  5. 20 - BRA - Nelson Piquet - Benetton Ford - +21.960 - 2pts
  6. 28 - FRA - Jean Alesi - Scuderia Ferrari - +23.641s - 1pt
  7. 19 - BRA - Roberto Moreno - Benetton Ford - +1 Volta
  8. 24 - ITA - Gianni Morbidelli - Minardi Ferrari - +2 Voltas
  9. 11 - FIN - Mika Häkkinen - Lotus Judd - +3 Voltas
  10. 25 - BEL - Thierry Boutsen - Ligier Lamborghini - +3 Voltas
  11. 21 - ITA - Emanuele Pirro - Dallara Judd - +3 Voltas
  12. 7 - GBR - Martin Brundle - Brabham Yamaha - +4 Voltas
  13. 32 - BEL - Bertrand Gachot - Jordan Ford - Sistema de Combustível
  14. 5 - GBR - Nigel Mansell - Williams Renault - Caixa de Câmbio - OUT
  15. 26 - FRA - Érik Comas - Ligier Lamborghini - Motor - OUT
  16. 23 - ITA - Pierluigi Martini - Minardi Ferrari - Rodada - OUT
  17. 8 - GBR - Mark Blundell - Brabham Yamaha - Motor - OUT
  18. 29 - FRA - Éric Bernard - Lola Ford - Radiador - OUT
  19. 22 - FIN - Jyrki Juhani Järvilehto - Dallara Judd - Elétrico - OUT
  20. 33 - ITA - Andrea de Cesaris - Jordan Ford - Motor - OUT
  21. 4 - ITA - Stefano Modena - Tyrrell Honda - Caixa de Câmbio - OUT
  22. 16 - ITA - Ivan Capelli - Leyton House Ilmor - Transmissão - OUT
  23. 3 - JAP - Satoru Nakajima - Tyrrell Honda - Rodada - OUT
  24. 15 - BRA - Mauricio Gugelmin - Leyton House Ilmor - Físico - OUT
  25. 17 - ITA - Gabriele Tarquini - AGS Ford - Suspensão - OUT
  26. 30 - JAP - Aguri Suzuki - Lola Ford - Bomba de Combustível - OUT
  27. 10 - ITA - Alex Caffi - Footwork Porsche - DNQ
  28. 18 - SUE - Stefan Johansson - AGS Ford - DNQ
  29. 9 - ITA - Michele Alboreto - Footwork Porsche - DNQ
  30. 12 - GBR - Julian Bailey - Lotus Judd - DNQ
  31. 35 - BEL - Eric van de Poele - Lambo-Modena Lamborghini - DNPQ
  32. 34 - ITA - Nicola Larini - Lambo-Modena Lamborghini - DNPQ
  33. 31 - POR - Pedro Chaves - Coloni Ford - DNPQ
  34. 14 - FRA - Olivier Grouillard - Fondmetal Ford - DNPQ
Esses foram os pilotos que participaram do fim-de-semana de GP
Volta Mais Rápida: Nigel Mansell - 1:20.436 - Volta 35


Curiosidades
- 502º GP
- XX Grande Prêmio do Brasil
- Realizado no dia 24 de março de 1991, em Jacarepaguá
- 28º vitória de Ayrton Senna
- 88º vitória da McLaren
- 210º pódio da McLaren
- 60º vitória do motor Honda
- 30º melhor volta do motor Renault
- 50º GP do motor Judd

  • MELHOR PILOTO: Ayrton Senna
  • SORTUDO: Ayrton Senna
  • AZARADO: Maurício Gugelmin
  • SURPRESA: N/H
Ayrton Senna guiou de forma magistral, mostrando que não era mais o mesmo Ayrton que havíamos conhecido na década de 80, muitas vezes sem cabeça em determinadas situações. O brasileiro ainda contou com a sorte que todo o campeão deve ter, resistindo à dois pilotos que sofriam de problemas semelhantes. Gugelmin tinha tudo para marcar pontos com sua Leyton House, mas o incidente no Warm-Up estragou qualquer possibilidade de festa em Interlagos.


Campeonato de Pilotos:
  1. 1 - BRA - Ayrton Senna - McLaren Honda - 20pts
  2. 27 - FRA - Alain Prost - Scuderia Ferrari - 9pts
  3. 6 - ITA - Riccardo Patrese - Williams Renault - 6pts
  4. 20 - BRA - Nelson Piquet - Benetton Ford - 6pts
  5. 2 - AUT - Gerhard Berger - McLaren Honda - 4pts
  6. 4 - ITA - Stefano Modena - Tyrrell Honda - 3pts
  7. 3 - JAP - Satoru Nakajima - Tyrrell Honda - 2pts
  8. 30 - JAP - Aguri Suzuki - Lola Ford - 1pt
  9. 28 - FRA - Jean Alesi - Scuderia Ferrari - 1pt
Campeonato de Construtores:
  1. GBR - Honda Marlboro McLaren - McLaren Honda - MP4/6 - SEN/BER - G - 24pts
  2. ITA - Scuderia Ferrari - Ferrari - 642 - PRO/ALE - G - 10pts
  3. GBR - Camel Benetton Ford - Benetton Ford - B190B - MOR/PIQ - P - 6pts
  4. GBR - Canon Williams Team - Williams Renault - FW14 - MAN/PAT - G - 6pts
  5. GBR - Braun Tyrrell Honda - Tyrrell Honda - 020 - NAK/MOD - P - 5pts
  6. FRA - Larrousse F1 - Lola Ford - LC91 - BER/SUZ - G - 1pt
Imagens tiradas do Google Imagens - F1-History.deviantart.com - GPExpert.com.br

quarta-feira, 23 de março de 2016

GP Memorável 74# - Brasil 1986



Os rigorosos testes de inverno haviam acabado com um acidente que poderia ter sido fatal para uma das principais figuras de todo o circo. O Ford Sierra alugado de Frank Williams não ficou totalmente destruído, mas o impacto foi forte o suficiente para lesionar gravemente o inglês que perdeu todos os seus movimentos a partir do pescoço. Fundador e chefe da equipe Williams, Frank não estaria presente no Brasil para o primeiro fim-de-semana de GP da temporada de 1986.

As intensa troca de cadeiras foi ainda mais forte entre 1985 e 1986. Niki Lauda havia se aposentado, Elio de Angelis não tinha mais o apoio da Lotus, Stefan Bellof havia morrido e a Ligier tinha perdido todo o carinho que tinha para Philippe Streiff. Na atual campeã do mundo, poucas mudanças no novo MP4/2C, com a contratação de Keke Rosberg sendo o grande destaque do time.

Warwick testa, em vão, pela Lotus...

Na Tyrrell, Philippe Streiff tem a chance de continuar com sua carreira a Fórmula 1, agora como companheiro definitivo de Martin Brundle. A Williams, que perdeu Rosberg para a McLaren, ganhou Nelson Piquet, pronto para voltar aos dias de glória nos tempos de Brabham, que por sua vez vinha com uma dupla renovada, formada pelo já conhecido Riccardo Patrese e por Elio de Angelis, que chegava à equipe com status de líder, pronto para levar o novo, e radical, projeto de Gordon Murray para frente.

A Lotus era incapaz de colocar dois carros na mesma condição, e Senna se viu num empasse antes de vetar Derek Warwick na equipe, deixando a vaga para o Barão Crichton-Stuart, mais conhecido como Johnny Dumfries. Continuando com apenas um carro, a Zakspeed manteve Jonathan Palmer para a temporada de 1986, com esperança de colher bons frutos plantados em 1985. A nova empreitada americana na categoria vinha com uma dupla de pré-aposentados, formada por Alan Jones e Patrick Tambay. O projeto do motor turbo da Ford Cosworth não era promissor, obrigando a equipe utilizar os antigos Hart L4 nas primeiras etapas.

Seria o imprevisível Rosberg um candidato ao título?

Pela terceira temporada seguida, a Arrows começava a época com Thierry Boutsen sendo um de seus pilotos, que agora voltava a ter a companhia de Marc Surer. Enquanto isso, Toleman era vendida à Benetton, que tinha finalmente uma equipe na Fórmula 1. A dupla era formada por Teodorico Fabi e pelo jovem Gerhard Berger, parecendo estar mais estável para sua terceira temporada.

A Osella trouxe de volta Piercarlo Ghinzani, agora como companheiro de Christian Danner, que substituiu Jonathan Palmer em algumas etapas da temporada de 1985. Já a rival de quintal italiano trazia uma dupla totalmente nacional, formada pelo estreante Alessandro Nannini e pelo grandioso Andrea de Cesaris, que havia saído da Ligier na metade do ano anterior. A Ligier, por sua vez, tinha uma dupla extremamente experiente.

Jacques Laffite e René Arnoux dividiram as atenções do time francês que se tornou esperançosa após os primeiros testes da pré-temporada. A Ferrari que havia demitido misteriosamente Arnoux ainda no início de 1985 era a única equipe grande que matinha a dupla do ano anterior, com Michele Alboreto e Stefan Johansson em seus bólidos.

Elio de Angelis em sua bela Brabham "skate"

No primeiro fim-de-semana oficial, é Nelson Piquet que acaba embatendo contra o muro, perdendo a chance de batalhar pela pole position com Ayrton Senna e Nigel Mansell. A Lotus comemorou o ótimo início, mas sabia que uma pole não representava muito num circuito como Jacarepaguá. Piquet e Mansell vinham logo atrás de Senna no grid de largada, sendo seguidos por Arnoux e Laffite que traziam ares de surpresa para a prova.

Michele Alboreto era apenas sexto, tendo Keke Rosberg entre ele seu companheiro de equipe Stefan Johansson. O atual campeão do mundo não teve nenhum desempenho agradável na qualificação, conquistando um mero décimo posto no grid, ao lado de Riccardo Patrese e sua Brabham "skate". Johnny Dumfries era o décimo primeiro com sua Lotus, tendo Teo Fabi, Patrick Tambay e Elio de Angelis logo atrás.

Fechando o grid estavam: Thierry Boutsen em décimo quinto, Gerhard Berger em décimo sexto, Martin Brundle em décimo sétimo, Philippe Streiff em décimo oitavo, Alan Jones em décimo nono, Marc Surer em vigésimo, Jonathan Palmer em vigésimo primeiro, Andrea de Cesaris em vigésimo segundo, Piercarlo Ghinzani em vigésimo terceiro, Christian Danner em vigésimo quarto e Alessandro Nannini na vigésima quinta e última colocação na sua prova de estreia.

Mansell largou bem, mas a sua combinação explosiva com Senna não foi
nada boa

No domingo, mais sol para esquentar as cabeças dos cariocas. Na partida, Nelson Piquet mais uma vez pula mal, perdendo a segunda posição para Nigel Mansell que ataca sem reconhecimento a liderança de Ayrton Senna. Logo, como nenhuma das duas bombas ambulantes podia andar uma perto da outra, o Leão acabou se perdendo na Curva Sul, batendo no guard-rail e abandonando.

René Arnoux agora era terceiro, seguido por Michele Alboreto, Keke Rosberg, Stefan Johansson e Riccardo Patrese, enquanto Jacques Laffite caíra para oitavo e Alain Prost não tinha pulado bem na partida, caindo para o décimo terceiro posto. Quando percebeu que tinha grandes chances de tomar a ponta de Senna, Piquet não desperdiçou-a e colocou-se na primeira colocação já na terceira volta.

Com Alboreto mostrando uma certa recuperação em relação ao péssimo fim de 1985, Arnoux perde a terceira posição para o italiano, enquanto, mais atrás, Prost supera Dumfries e Boutsen e de Cesaris conquista a posição de Gerhard Berger e Teo Fabi. A prova está movimentada, ocasionando nos primeiros abandonos. Jones e Rosberg já não passam da volta 7.

Os azares começaram cedo para o finlandês

Apesar do péssimo início do companheiro, Alain Prost faz prova de recuperação e já é sétimo após superar Jacques Laffite. Dez voltas depois, o francês já era o quarto colocado após ultrapassar Riccardo Patrese, Stefan Johansson e René Arnoux. Apesar da posição conquistada, o francês não era o homem que mais dava show em Jacarepaguá até aquele momento, já que Andrea de Cesaris passou por Elio de Angelis, Martin Brundle, Johnny Dumfries, Thierry Boutsen e Patrick Tambay para ser o nono colocado com sua pouca confiável Minardi.

Enquanto Berger tentava se recuperar, Fabi enfrentava problemas que o colocaram na última posição. Na décima primeira volta, Jacques Laffite ultrapassa Riccardo Patrese e se torna sétimo colocado, logo atrás de Johansson. Prost está tendo uma recuperação fenomenal, e após superar Alboreto no décimo sexto giro já parte para cima de Ayrton Senna. A prova ainda era intensa, e com o início das paradas tudo podia mudar.

Depois de parar, Stefan Johansson entregou a sexta posição para um surpreendente Andrea de Cesaris, que havia acabado de superar Patrese e Laffite. Infelizmente, o italiano abandonaria com problemas no turbo enquanto, algumas voltas depois, Piquet e Alboreto iam aos boxes. O brasileiro saiu sem problemas na terceira posição, mas o italiano acabou caindo para o décimo quarto posto, tirando todas suas chances de um bom resultado na prova de abertura.


As surpreendentes Ligiers de Arnoux e Laffite ainda se mantinham na pista quando Alain Prost assumiu a ponta de Ayrton Senna, que foi para a troca de pneus. Correndo na décima quarta posição, Elio de Angelis perde uma de suas rodas, já preparando-o para o duro ano que está por vir. Quem estava se beneficiando com as paradas e um carro consideravelmente estável era Tambay, sexto colocado antes de abandonar.

Johansson retomou a posição na qual estava antes de parar, mas teve pouco tempo para aproveita-la, já que os freios de sua Ferrari se tornaram incapacitados no calor do Rio de Janeiro. Até então sem muitas perspectivas, Boutsen, Dumfries, Brundle e Berger passam a ter boas chances de um top six logo no início da temporada.

Lá na frente, Piquet retoma a ponta, com Ayrton Senna em segundo e Alain Prost caindo para terceiro. No giro trinta, marcado pela parada de Laffite, o atual campeão do mundo começa a ter problemas em seu motor TAG-Porsche, sendo obrigado a abandonar na estreia do novo MP4/2C. Já com mais de 30 voltas completadas, Piquet é líder, Senna é segundo, Arnoux terceiro, Laffite quarto, Dumfries quinto e Alboreto sexto.

Dois anos depois de marcar seus primeiros pontos, Brundle finalmente
termina entre os seis primeiros com um carro turbo

O mais surpreendente era ver o companheiro de Ayrton Senna na zona de pontos, mesmo não tendo as mesmas condições do brasileiro, porém, logo em sua parada, ficou claro que a Lotus não tinha a qualidade de colocar dois carros do mesmo nível na pista. Dumfries fez sua parada na volta trinta e oito, sendo ela um verdadeiro desastre que tacou pontos importantes no lixo. O britânico retornou à pista na nona posição, quando apenas dez carros ainda corria.

Quem se beneficiava com os problemas de Dumfries e com o abandono de Alboreto era Berger, agora quinto colocado com sua Benetton. Sendo perseguido por Martin Brundle, logo perde a posição para o britânico, mantendo o ótimo sexto posto até o fim da prova. Lá na frente, as últimas trocas de pneus da prova acontecem sem muito alarde ou mudanças.


Nas últimas voltas, a prova passa a ser monótona, tendo como melhor momento a disputa entre Arnoux e Laffite pelo pódio. Poucos meses depois de Adelaide, a Ligier voltava a ter seus dois carros batalhando pelo top three, mas agora com menos nervosismo ao ver toda a experiência de seus pilotos entrar em jogo. No fim, foi o mais velho do grid que ganhou do companheiro.

Sem nenhuma mudança até a 61º e última volta, Nelson Piquet conquistou sua última vitória no GP do Brasil realizado em Jacarepaguá, com Ayrton Senna e Jacques Laffite fechando o pódio. René Arnoux ainda foi quarto no seu retorno à categoria, enquanto Martin Brundle marcou seus primeiros pontos com um carro turbo e Gerhard Berger começou o ano com mais cabeça do que nunca...


RESULTADOS:
  1. 6 - BRA - Nelson Piquet - Williams Honda - 1:39:32.583 - 9pts
  2. 12 - BRA - Ayrton Senna - Lotus Renault - +34.827s - 6pts
  3. 26 - FRA - Jacques Laffite - Ligier Renault - +59.759s - 4pts
  4. 25 - FRA - René Arnoux - Ligier Renault - +1:28.429s - 3pts
  5. 3 - GBR - Martin Brundle - Tyrrell Renault - +1 Volta - 2pts
  6. 20 - AUT - Gerhard Berger - Benetton BMW - +2 Voltas - 1pt
  7. 4 - FRA - Philippe Streiff - Tyrrell Renault - +2 Voltas
  8. 8 - ITA - Elio de Angelis - Brabham BMW - +3 Voltas
  9. 11 - GBR - Johnny Dumfries - Lotus Renault - +3 Voltas
  10. 19 - ITA - Teo Fabi - Benetton BMW - +5 Voltas
  11. 18 - BEL - Thierry Boutsen - Arrows BMW - Escapamento - OUT
  12. 27 - ITA - Michele Alboreto - Scuderia Ferrari - Sistema de Combustível - OUT
  13. 1 - FRA - Alain Prost - McLaren TAG-Porsche - Motor - OUT
  14. 22 - ALE - Christian Danner - Osella Alfa Romeo - Motor - OUT
  15. 28 - SUE - Stefan Johansson - Scuderia Ferrari - Freios - OUT
  16. 16 - FRA - Patrick Tambay - Lola Hart - Bateria - OUT
  17. 7 - ITA - Riccardo Patrese - Brabham BMW - Vazamento de Água - OUT
  18. 14 - GBR - Jonathan Palmer - Zakspeed Racing - Motor - OUT
  19. 17 - SUI - Marc Surer - Arrows BMW - Motor - OUT
  20. 24 - ITA - Alessandro Nannini - Minardi Motori Moderni - Embreagem - OUT
  21. 23 - ITA - Andrea de Cesaris - Minardi Motori Moderni - Turbo - OUT
  22. 21 - ITA - Piercarlo Ghinzani - Osella Alfa Romeo - Motor - OUT
  23. 2 - FIN - Keke Rosberg - McLaren TAG-Porsche - Motor - OUT
  24. 15 - AUS - Alan Jones - Lola Hart - Injeção - OUT
  25. 5 - GBR - Nigel Mansell - Williams Honda - Rodada - OUT
Esses foram os pilotos que participaram da corrida
Volta Mais Rápida: Nelson Piquet - 1:33.546 - Volta 46


Curiosidades:
- 421º GP
- XV Grande Prêmio do Brasil
- Realizado no dia 23 de março de 1986, em Jacarepaguá
- 14º vitória de Nelson Piquet
- 10º pódio de Ayrton Senna
- 30º pódio de Nelson Piquet
- 1º GP de Alessandro Nannini
- 1º GP de Johnny Dumfries
- 23º vitória da Williams
- 1º GP da Benetton
- 8º vitória do motor Honda


  • MELHOR PILOTO: Nelson Piquet
  • SORTUDO: Gerhard Berger
  • AZARADO: Johnny Dumfries
  • SURPRESA: Andrea de Cesaris
Nelson Piquet deu uma aula de como se comportar numa prova marcada pelo intenso calor e os inúmeros problemas mecânicos, conquistando mais uma vitória sem enfrentar muitas dificuldades. Quem teve sorte em estar nas seis primeiras posições foi Gerhard Berger, que estava longe de ter chances de marcar pontos com sua Benetton, diferentemente de Johnny Dumfries, que viu a Lotus tacar todas as suas probabilidade de começar a carreira com o pé direito. Andrea de Cesaris surpreendeu, correu como louco até abandonar ainda no início da prova. Apesar do desempenho impressionante, creio que a pressão de seu turbo era superior ao dos outros bólidos.


Campeonato de Pilotos:
  1. 6 - BRA - Nelson Piquet - Williams Honda - 9pts
  2. 12 - BRA - Ayrton Senna - Lotus Renault - 6pts
  3. 26 - FRA - Jacques Laffite - Ligier Renault - 4pts
  4. 25 - FRA - René Arnoux - Ligier Renault - 3pts
  5. 3 - GBR - Martin Brundle - Tyrrell Renault - 2pts
  6. 20 - AUT - Gerhard Berger - Benetton BMW - 1pt
Estreia com o pé direito

Campeonato de Construtores:
  1. Canon Williams Honda Team - Williams Honda - FW11 - MAN/PIQ - G - 9pts
  2. Équipe Ligier - Ligier Renault - JS27 - ARN/LAF - P - 7pts
  3. John Player Special Team Lotus - Lotus Renault - 98T - DUM/SEN - G - 6pts
  4. Data General Team Tyrrell - Tyrrell Renault - 014 - BRU/STR - G - 2pts
  5. Benetton Formula Ltd - Benetton BMW - B186 - FAB/BER - P - 1pt
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