quinta-feira, 28 de maio de 2015

A História de Nürburgring - Parte 2 - A Melhor Corrida de Todos Os Tempos?


Depois de contar um pouco sobre o que motivou e como foi a construção do circuito de Nürburgring, agora vamos saber um pouco como foi os GPs da Alemanha disputados lá, no magnifico circuito que botava medo até mesmo no maior dos pilotos da época. Agora vou mostrar um pouco o circuito, curva á curva, começando com o Sudschleife.

Logo depois de cruzar a linha de chegada era feito um S antes de começar a descer para o vale. Agora vinham uma sequência de curvas á esquerda e á direita, que tinha o nome de Bränkekopf. Depois dessa sequência, chegava uma reta, não muito longa, depois dela fazia-se a Aschenschlag para a direita, agora havia uma leve curva á esquerda antes de chegar na Seifgen, depois mais uma sequência de esquerda e direita que leva á Blocksberg.


Agora a reta estava localizada no ponto mais "sulino" do circuito, fazia-se a Mullenbach, que tem esse nome por causa da cidade que é localizada em sua volta. Agora uma reta, que tinha algumas leves curvas á esquerda e á direita até chegarmos na Rassrück, que era uma curva á direta um pouco mais acentuada do que as anteriores. Agora a subida para sair do vale era mais ingrime, até chegarmos, após uma reta, em um harpin, que ligava a parte sul com a reta oposta, que era antecedida pela Scharfer Kopf. Agora a reta oposta era longa, até chegarmos á outro hairpin, que trazia para a reta principal, esse era o circuito de Sudscheleife...


O circuito de Nürburgring tinha uma bifurcação que ligava a parte sul da norte, esse é um detalhe que acabei deixando escapar, mas agora vocês já sabem disso. A pista Sudscheleife não era muito usada por um motivo, impressionar o Mundo, isso mesmo, mostrar ao Mundo que a Alemanha tinha o maior e mais tenebroso circuito do Planeta, mas por quê eles não juntava ambas as pistas, para criar a Gesamtstreck? Essa é uma pergunta que eu e várias outras pessoas não sabem responder. Com isso o circuito Sul ficava abandonado aos olhos do Mundo, mas ainda era importante para outras categorias menores...

Agora terei um trabalho mais difícil para descrever cada local da pista de Nordscheleife. Então vamos começar com a reta dos boxes, que era feita em pé em baixo até chegar á um hairping, que ligava-se á reta oposta, que era feita mais rápida ainda, chegava agora a Nordkehre que era uma dupla curva a esquerda, agora vem uma sequência de curvas á esquerda e á direita que fazem parte da Hatzenbach e da Hohenneichen. Agora uma pequena reta levava até a Flugplatz, onde os carros levantavam, e ainda levantam, belos voos.

Agora uma grande "reta torta", feita em pé embaixo, que fazia parte da Kottenborn e da Schwedenkreutz. Agora o hairpin da Aremberg, seguido por outra pequena "reta torta". Chegamos á um S muito lento, logo depois pegamos mais uma pequena reta, que tem uma leve curva á direita, agora uma curva á esquerda que inicia uma subida até a Kallenhard, que parece um bico de pato. Uma sequência de esquerda e direita até chegar na fechadíssima Wehrseifen. Agora estamos em um S que marca o meio do circuito.


Fazia-se outro hairpin, a Bergwerk , agora inicia-se uma reta com algumas leves curvas á esquerda e á direita, a Kesselchen e a Mutkurve. Logo depois da Klostertal chegamos em mais um harpin, que é seguido por uma pequena reta´até chegarmos na famoso Karrusell. Outra sequência de curvas á esquerda e á direita até chegarmos na Hohe Acht. Agora temos uma sequência de curvas sinuosas, algumas abertas e outras fechadas.

Depois de contornar a Eiskurve é feita uma curva á esquerda e depois á direita, seguimos em uma reta com leves mudanças na direção. Agora viramos para a direita para logo depois contornar a Schwalbenschwanz, seguida da kleines Karrussel, uma curva a esquerda. Chegamos na Galgenkopf e pegamos uma gigantes reta, que tem uma bela paisagem, para admirarmos enquanto pisamos fundo até chegarmos na Antoniusbuche, uma leve curva a esquerda.

Para terminar. ainda temos a Tiergarten e a Hohenrain, que leva até a reta dos boxes. Essa é uma volta em Nüburgring Nordschleife, escrevi "seguimos", "chegamos" e outras coisas, porque eu acabei de dar uma volta na pista no rFactor, por isso o modo de falar, peço desculpa se não gostou... Agora imaginem ambos o circuitos unidos, o Gesamtstrecke...


A corridas no circuito quase sempre eram emocionantes, e a competitividade aumentava a cada ano, com as empresas italianas sempre querendo mostrar força, enquanto as alemães queriam chegar lá. A situação mudaria na década de 30, quando Adolf Hitler quase que impôs a regra que todo o carro alemão deveria ser um vencedor. A Mercedes cresceu muito nessa década, graças á ajuda do governo, enquanto a Auto Union não ficava para trás.


Com isso, três equipes quase sempre disputava a vitória, a Mercedes, a Auto Union e a Alfa Romeo. Até o inicio dos anos 30, três pessoas haviam morrido OFICIALMENTE em Nürburgring, mas dizem que também que haja mais duas á três mortes não documentadas no circuito. Os veículos estavam cada vez mais rápidos, e os perigos maiores ainda. Só em 1932, dois alemães (Heirich-Joachim von Morgen e Paul Gründel) perderam sua vida. Dois anos depois, Emil Frankl perdeu sua vida á bordo de um Bugatti.


28 de julho de 1925, um dia que ficaria marcado na história do automobilismo mundial. O circuito? Para estar aqui... é claro que é Nürburgring, que estava prestes a ver uma das maiores demonstrações de pilotagem da história, e talvez a melhor corrida de todos os tempos. As Mercedes e Auto Unions era as favoritas, o domínio nas competições europeias não negava a supremacia dos alemães, enquanto isso. A esperança dos fãs do país da casa eram tão grandes em ver mais uma vitória de seus carros patreados, que 300 mil pessoas compareceram ao gigantesco Nords...


O normal era ver as equipes alinhando com 3 carros, mas a Auto Union alinhou 4 carros equipados com um monstruoso V-16 4.9L de 360cv, pilotados por Achille Varzi, Bernd Rosemeyer, Hans Stuck e Paul Peitsch. Se isso já é considerado muito, a Mercedes quis mostra superioridade só na quantidade de carros, 5 Mercedes W25 de 455cv, era um exagero? Para mim não. Rudolf Caracciola, Manfred von Brauchitsch, Luigi Fagioli, Andreas Geier e Hermann Lang eram os pilotos dessas máquinas.

A Alfa vinha com um P3 que forma construído três anos antes, mesmo assim eram tão bons para superar a concorrência não-alemã. Comandados por Enzo Ferrari, Tazio Nuvolari, Louis Chiron e René Dreyfus seriam os guerrilheiros da principal esquadra italiana. Ainda havia outros competidores, que só citarei nos próximos dias, quando escreverei sobre o GP da Alemanha de 1935....


Os 22 pilotos foram sorteados para saber quem iria largar da pole, e até mesmo nisso os alemães tinha sorte, Stuck estaria alinhado em primeiro, enquanto Nuvolari (nosso herói mitológico com a cara do Maldonado) era segundo. e Balestero em terceiro. O grid era 3-2-3-2, ou seja, três em uma fila, dois em outra. Por incrível que pareça, a largada não foi por meio de bandeira, e sim de luzes. Da vermelha passou-se para a amarela, e segundos depois a verde mostrou o inicio da prova.

Tazio assumiu a ponta, mas não a manteve por muito tempo, a chuva acabou vindo, mas não ficou por muito tempo. Nuvolari perdeu a ponta e caiu não só de segundo, mas para sexto, parecia que era mais uma corrida dominada por Caracciola e sua Mercedes. Logo ao fim da primeira volta, duas das três Alfas já haviam tido problemas, uma em seu motor e outra no diferencial. Só restava Nuvolari, que andava no limite do limite de seu carro.


De maneira fantástica, Tazio começou a se aproximar dos lideres, na sexta volta ele passou por Rosemeyer e na volta seguinte teria Manfred von Brauchitsch na sua frente, a disputa foi tão incrível que durou duas das 22 voltas no Nordschleife. No meio da prova, quase todas as equipes param ao mesmo tempo, e mais preparados os alemães fazem um ótimo trabalho, com os 47s de Manfred von Brauchitsch, 1:07 de Caracciola e 1:15 de Rosemeyer.

Mas, e Tazio? Ele estava alí parado nos boxes da Alfa, furioso por perder a disputa pela vitória. Por incrível que pareça, a bomba de combustível da equipe de Enzo Ferrari estava quebrada, e eles tiveram que encher o tanque com vasilhas. O tempo perdido era de 2 minutos e 4 segundos, era o fim da prova pra Nuvolari, que deveria se contentar com o 6º posto, mas eles não fez isso...


A chuva voltou, e agora para ficar por boa parte das últimas 11 voltas. Fagioli foi aos boxes pela primeira vez, voltando na quarta colocação. Quando volta, constata-se que tem problemas na suspensão, enquanto o seu compatriota, Rosemeyer, tem problemas na alimentação do motor V-16 de seu Auto Union. O líder era Manfred von Brauchitsch, com Rosemeyer, Caracciola, Fagioli e Stuck completando o TOP 5.

Na 13º volta, Tazio ultrapassa Stuck, Fagioli e Caracciola sem tomar reconhecimento. O melhor piloto embaixo d'água era o italiano que andava sempre no limite, correndo o risco de destruir a sua corrida em algum erro. Rosemeyer foi para os boxes, para ver se conseguia resolver os problemas, com isso o novo segundo colocado era Nuvolari, 1:09 atrás de von Brauchitsch.


Agora o mundo veria um piloto ser incrivelmente rápido e agressivo embaixo de muita chuva. Nuvolari começaria a tirar a diferença, von Brauchitsch estava tentando fugir do piloto italiano, que sabia fazer uma coisa que o alemão não sabia, administrar os pneus, enquanto ele ia com uma classe magistral, o líder travava os pneus e saia de lado em todas as curva.

A cada volta iam se embora quase 10s, até que na entrada na casa das 20 voltas, Tazio arranca 11 segundos do alemão, que vê o italiano fazer a melhor volta e ainda chegar á marca dos 280Km/H. Manfred ainda responde na volta seguinte, mas ele não contava com um perigo, os pneus estourarem, os 4 já estavam no limite, e apenas rezando o alemão não perderia-os.


A última volta já estava á acontecer, logo após a Flugplatz a diferença era de 30s, e alguns Kms depois a diferença é meros 200m na região do Karrusell. As pessoas ficavam atônitas no que poderia acontecer, todos os narradores ficam entusiasmados, e a espera de ver quem venceria o GP da Alemanha de 1935.

De repente... o estouro... era o pneu traseiro esquerdo de Manfred von Brauchitsch que ia se embora. Ele ainda segurava o carro na pista, na tentativa desesperada de evitar Nuvolari passar, mas os últimos 4,5 Kms era do italiano, que assumiu a liderança e cruzou a linha de chegada em primeiro. com von Brauchitsch sendo apenas o quinto colocado. Havia sido um erro do piloto alemão de 30 anos, que era sobrinho de um general do Reich...


O mais curioso foi o momento da comemoração. Os louros já estavam em Tazio, que não recebeu o hino italiano de imediato, tudo porque a organização não tinha um disco com o hino italiano para ser tocada na frente de 300.000 alemães boquiabertos com o que viram. Por sorte, o italiano era um homem precavido, e sempre levava consigo um disco com o hino italiano, que foi tocado....

Uma corrida fantástica em um templo do automobilismo, isso é Nüburgring, isso é automobilismo... Para você, essa foi a melhor corrida de todos os tempos? Se ainda tem alguma duvida, nos próximos dias vou escrever sobre ela...

Imagens tiradas do Google Imagens

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