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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

GP Memorável 86# - Brasil 1978


Pouco menos de quinze dias após GP da Argentina, a Fórmula 1 chegava à quente Rio de Janeiro para o primeiro Grande Prêmio do Brasil realizado na cidade. Seria o também primeiro evento do tipo desde os tempos do Circuito da Gávea. Infelizmente, o motivo de Jacarepaguá estar no calendário não era dos melhores. O descaso com Interlagos contribuiu para a bagunçada prova de 1977 e a exclusão do autódromo do circo mundial até que os problemas no asfalto fossem resolvidos.

Na quinta-feira, um treino de reconhecimento foi realizado, com Emerson Fittipaldi sendo um dos mais rápidos, logo atrás de Mario Andretti. Seria uma miragem? O F5A era o primeiro Copersucar de efeito solo e já estava causando entre os carros de ponta. Enquanto isso, na Brabham, a situação era completamente diferente, com Niki Lauda insatisfeito com os problemas aerodinâmicos do BT45C. Na Lotus, as coisas iam do céu ao inferno. Favoritos à vitória, os carros de Colin Chapman precisaram ser modificados para se enquadrarem no regulamento para os treinos oficiais.

A cisão da Shadow com Jackie Oliver, Alan Rees e Tony Southgate abandonando John Nichols levou à complicações na justiça. Southgate havia feito uma cópia descarada do novo Shadow DN9, inscrevendo o Arrows FA1 já para a prova do Brasil! John Nichols ficou uma fera e processou os dissidentes por espionagem industrial, algo que só seria resolvido meses mais tarde à favor do ex-espião da CIA.


Dominando a categoria, a Goodyear passou a ser ameaçada pelos novos pneus radiais da Michelin, que equipava Renault e Ferrari. A marca norte-americana também seria cortês em uma de suas atitudes durante aquele fim-de-semana, cedendo um dos melhores jogos de pneus, quase sempre destinados ao ponteiros, para Emerson Fittipaldi.

No treino de qualificação da sexta-feira, o brasileiro foi o terceiro mais rápido! Apesar disso, na manhã seguinte, antes da última sessão oficial, desespero abateu o piloto A quebra do semi-eixo traseiro antes da entrada dos boxes levou à discussão entre fiscais e o bicampeão, que pedia ajuda para empurrar o carro de volta à garagem. Mário Patti, diretor de prova, vendo a situação da torre de controle, pediu, via rádio, para que o carro não fosse empurrado pois seria uma ilegalidade grave que poderia tirar Emerson da disputa. Tudo isso culminou num incidente lamentável na qual um fiscal, de apelido Pulguinha, brigou com o piloto da Copersucar, que o agrediu.

Sem tempo para arrumar o carro até a sessão da tarde, o brasileiro foi multado pela agressão e caiu de terceiro para sétimo colocado. Durante o fim-de-semana, Fittipaldi não foi o único a se envolver nesse tipo de incidente. James Hunt foi fechado por seu ex-companheiro Jochen Mass e foi tirar satisfação com o alemão, que ainda conseguiu escapar do punho do inglês furioso.


Depois de um apagado GP da Argentina, Ronnie Peterson foi o mais rápido ao cravar 1:40.45, oito centésimos mais rápido do que James Hunt. Mario Andretti era o terceiro, ao lado de Carlos Reutemann. Quinto lugar foi para Patrick Tambay, muito bem em suas primeiras corridas de McLaren, seguido por Gilles Villeneuve, Emerson Fittipaldi, Alan Jones, na segunda corrida da Williams, Hans-Joachim Stuck e Niki Lauda. O alemão da Shadow retornava ao Rio mais de quatro décadas depois que seu pai correra na Gávea.

Patrick Depailler era o melhor Tyrrell em décimo primeiro, seguido por Jody Scheckter, Brett Lunger, Jacques Laffite, Clay Regazzoni, Jean-Pierre Jarier, Lamberto Leoni, Riccardo Patrese, que substituía Gunnar Nilsson, com câncer, na Arrows, Didier Pironi e Jochen Mass. As últimas posições eram ocupadas por John Watson, de Brabham, com problemas, Hector Rebaque, Danny Ongais e Rupert Keegan. Arturo Merzario, Vittorio Brambilla, Eddie Cheever e Divina Galica não conseguiram se qualificar pelo fato do grid permitir apenas 24 carros alinhando.

Surpreendentemente, o carro reserva de Emerson Fittipaldi passou confiança durante o Warm-Up. Na mesma sessão, as Ferrari, equipadas com os pneus Michelin preparados para a corrida, foram dois segundos mais rápidos do que o resto do pelotão, para desespero das equipes Goodyear. Jacques Laffite sofreria um forte acidente, mas o carro estaria pronto para a largada. Na ATS, confusão generalizada quando um vazamento de combustível impede que Jochen Mass largue. Gunter Schmidt, sempre excêntrico, toma uma controversa decisão de dar o carro de Jean-Pierre Jarier para o alemão. O francês sai como perdedor moral...


Na volta de apresentação, Lamberto Leoni enfrenta problemas de transmissão e não deve largar. A temperatura é brutalmente alta. A partida ocorre sem incidentes, com Reutemann pulando do quarto para o primeiro lugar, abrindo para o resto. Peterson é superado por Hunt e vira alvo de Mario Andretti e Emerson Fittipaldi. O brasileiro passara por Tambay e Villeneuve e era quinto colocado.

Mais atrás, Riccardo Patrese e John Watson se tocam. O britânico cai para último, mas retoma à prova. Reutemann mantém a ponta abrindo mais de dois segundos por volta. Gilles Villeneuve também faz progresso e assume o quinto posto de Fittipaldi, ao mesmo tempo em que Andretti passa por Peterson na Curva Sul. Patrick Tambay é apenas nono, tendo sido ultrapassado por Stuck e Lauda.

Pressionando Peterson, Villeneuve erra e devolve a posição para Fittipaldi na volta 8. Mais adiante, James Hunt começa a ter problemas com seus pneus Goodyear. Antes de parar, o inglês ainda seria superado por Ronnie Peterson e Emerson Fittipaldi. É o fim da disputa para o campeão de 1976. Depailler, em décimo, é obrigado a abandonar com problemas nos freios.


Na décima segunda volta, a torcida delira! Emerson assume o terceiro lugar de Peterson, que volta a ser atacado por Villeneuve. Pouco depois, na Curva Sul, os dois acabariam por ser estranharem, saírem fora da pista e deixar o caminho livre para que Fittipaldi aumentasse a vantagem e tivesse uma corrida tranquila já numa posição de pódio!

Na mesma volta, Jody Scheckter e Patrick Tambay também se tocam. O francês é o mais sortudo das duplas bate-bate, o único a não ser obrigado à parar. Com a suspensão danificada, Ronnie Peterson não resiste na pista e bate, reclamando muito com Gilles Villeneuve quando este passa pelo local onde o sueco abandonou seu Lotus 78. Hunt, Villeneuve, Jones e Watson são nomes de peso já fora de uma disputa por pontos.

A corrida foi demasiada movimentada nas primeiras voltas e, apenas na vigésima quinta, voltaria a ter um pouco de emoção. Riccardo Patrese, mais uma vez, se envolve num acidente e tira James Hunt da prova. Resistindo ao ataque de Niki Lauda na disputa pelo quarto posto, Hans-Joachim Stuck tem de abandonar com problemas na bomba de combustível. Um triste fim para o alemão...

Estreia da Arrows com Riccardo Patrese no volante

No trigésimo quarto giro, Héctor Rebaque, em nono, para nos boxes para se refrescar. O calor é terrível. Patrick Tambay cometeria um erro por conta da exaustão e pararia logo depois da Curva da Lagoa. Na mesma volta, os freios da Ferrari e Gilles Villeneuve vão ao pó e quase causam um grave acidente. O canadense é salvo pelas cercas.

Quase desmaiando, Rebaque desiste e abandona. Na liderança, Carlos Reutemann é imbatível, com mais de quarenta e cinco segundos de vantagem para Mario Andretti, Emerson Fittipaldi, Niki Lauda, Clay Regazzoni e Didier Pironi, que completam os seis melhores lugares. A corrida caminha para o fim sem maiores mudanças, mas na volta cinquenta e sete...

Emerson Fittipaldi toma o segundo lugar de Mario Andretti, preso na quarta marcha, e a euforia toma conta do autódromo de Jacarepaguá. É o Brasil subindo ao pódio em dobro! Pela primeira na história, a Copersucar deve alcançar uma das três primeiras posições. Lauda também passa por Andretti na volta seguinte.


No fim, Mário Patti agita a bandeira quadriculada para Carlos Reutemann. O argentino finalmente tem sua chance na Ferrari. Apesar da vitória, o ferrarista seria menos aclamado do que o verdadeiro herói daquele 28 de janeiro de 1978. Emerson Fittipaldi cruzou na segunda posição, passando por entre uma multidão que invadiu a pista na volta final. Niki Lauda volta ao pódio pela segunda vez com a Brabham, Mario Andretti termina em quarto, Clay Regazzoni marca seus primeiros pontos com a Shadow e Didier Pironi é sexto logo em sua segunda corrida.

Por motivos óbvios, os pneus foram os principais contribuintes para as conquistas de domingo. A Michelin causou crise na Goodyear, que por sua vez, num ato generoso, aumentou e concretizou as esperanças brasileiras de um pódio da Copersucar-Fittipaldi. A Ferrari parece revivida. No campeonato, Mario Andretti lidera Lauda e Reutemann, enquanto Emerson é o novo quarto colocado na tabela de pilotos. Nos construtores, Lotus, Brabham e Ferrari sustentam suas posições graças apenas ao seus primeiros pilotos.


RESULTADOS:
  1. 11 - ARG - Carlos Reutemann - Scuderia Ferrari - 1:49:59.86 - 9pts
  2. 14 - BRA - Emerson Fittipaldi - Copersucar Ford - +49.13 - 6pts
  3. 1 - AUT - Niki Lauda - Brabham Alfa Romeo - +57.02s - 4pts
  4. 5 - EUA - Mario Andretti - Lotus Ford - +1:33.12 - 3pts
  5. 17 - SUI - Clay Regazzoni - Shadow Ford - +1 Volta - 2pts
  6. 3 - FRA - Didier Pironi - Tyrrell Ford - +1 Volta - 1pt
  7. 9 - ALE - Jochen Mass - ATS Ford - +1 Volta
  8. 2 - GBR - John Watson - Brabham Alfa Romeo - +2 Voltas
  9. 26 - FRA - Jacques Laffite - Ligier Matra - +2 Voltas
  10. 36 - ITA - Riccardo Patrese - Arrows Ford - +4 Voltas
  11. 27 - AUS - Alan Jones - Williams Ford - +5 Voltas
  12. 25 - MEX - Héctor Rebaque - Lotus Ford - Cansaço - OUT
  13. 12 - CAN - Gilles Villeneuve - Scuderia Ferrari - Acidente - OUT
  14. 8 - FRA - Patrick Tambay - McLaren Ford - Rodada - OUT
  15. 16 - ALE - Hans-Joachim Stuck - Shadow Ford - Bomba de combustível - OUT
  16. 7 - GBR - James Hunt - McLaren Ford - Rodada - OUT
  17. 20 - AFS - Jody Scheckter - Wolf Ford - Colisão - OUT
  18. 6 - SUE - Ronnie Peterson - Lotus Ford - Colisão - OUT
  19. 22 - EUA - Danny Ongais - Ensign Ford - Freios - OUT
  20. 30 - EUA - Brett Lunger - McLaren Ford - Superaquecimento - OUT
  21. 4 - FRA - Patrick Depailler - Tyrrell Ford - Freios - OUT
  22. 18 - GBR - Rupert Keegan - Surtees Ford - Acidente - OUT
  23. 23 - ITA - Lamberto Leoni - Ensign Ford - Transmissão - DNS
  24. 10 - FRA - Jean-Pierre Jarier - ATS Ford - Carro usado por companheiro - DNS
  25. 37 - ITA - Arturo Merzario - Merzario Ford - DNQ
  26. 32 - EUA - Eddie Cheever - Theodore Ford - DNQ
  27. 19 - ITA - Vittorio Brambilla - Surtees Ford - DNQ
  28. 24 - GBR - Divina Galica - Hesketh Ford - DNQ
Esses foram os pilotos que participaram do GP.
Volta Mais Rápida: Carlos Reutemann - 1:43.07 - Volta 35

Curiosidades:
- 299º GP
- VII Grande Prêmio do Brasil
- Realizado no dia 29 de janeiro de 1978, em Jacarepaguá
- 6º vitória de Carlos Reutemann
- 50º GP de Hans-Joachim Stuck
- 50º GP de Jacques Laffite
- 69º vitória da Ferrari
- 1º e único pódio da Copersucar
- 1º GP da Arrows
- 69º vitória do motor Ferrari




  • MELHOR PILOTO: Emerson Fittipaldi
  • SORTUDO: Niki Lauda
  • AZARADO: Mario Andretti
  • SURPRESA: Michelin

Emerson Fittipaldi foi fantástico durante aquele fim-de-semana. A vontade de conquistar uma grande resultado na frente da torcida brasileiro era grande e se tornou realidade pelo braço do bicampeão e pela qualidade do novo F5A. O pódio veio na raça e não dos abandonos de outros competidores. Simplesmente, a maior conquista do automobilismo brasileiro! Niki Lauda, mesmo muito insatisfeito, voltou ao pódio, herdando o terceiro lugar de Andretti e se esforçando ao máximo para não deixar o norte-americano escapar no campeonato. Já a Michelin foi a tremenda surpresa. Pela primeira vez na história, um carro equipado com pneus radiais venceu uma corrida. E que vitória! Massacrando a concorrência dos Goodyear e instaurando uma crise na marca americana.



Campeonato de pilotos:
  1. 5 - EUA - Mario Andretti - Lotus Ford - 12pts
  2. 1 - AUT - Niki Lauda - Brabham Alfa Romeo - 10pts
  3. 11 - ARG - Carlos Reutemann - Scuderia Ferrari - 9pts
  4. 14 - BRA - Emerson Fittipaldi - Copersucar Ford - 6pts
  5. 4 - FRA - Patrick Depailler - Tyrrell Ford - 5pts
  6. 7 - GBR - James Hunt - McLaren Ford - 3pts
  7. 17 - SUI - Clay Regazzoni - Shadow Ford - 2pts
  8. 6 - SUE - Ronnie Peterson - Lotus Ford - 2pts
  9. 3 - FRA - Didier Pironi - Tyrrell Ford - 1pt
  10. 8 - FRA - Patrick Tambay - McLaren Ford - 1pt

Campeonato de construtores:
  1. GBR - John Player Team Lotus - Lotus Ford - 78 - AND/PET - G - 12pts
  2. GBR - Parmalat Racing Team - Brabham Alfa Romeo - BT45C - LAU/WAT - G - 10pts
  3. ITA - Scuderia Ferrari SpA SEFAC - Ferrari - 312T2B - REU/VIL - M - 9pts
  4. BRA - Fittipaldi Automotive - Copersucar-Fittipaldi Ford - F5A - FIT - G - 6pts
  5. GBR - Elf Team Tyrrell - Tyrrell Ford - 008 - PIR/DEP - G - 5pts
  6. GBR - Marlboro Team McLaren - McLaren Ford - M26 - HUN/TAM - G - 3pts
  7. GBR - Shadow Racing Team - Shadow Ford - DN8 - STU/REG - G - 2pts


Imagens tiradas do Google Imagens - GPExpert.com.br - F1-History.deviantart.com

segunda-feira, 28 de março de 2016

35 Anos - Jones declara guerra à Reutemann


Naquele longínquo 29 de março de 1981 o GP do Brasil seria realizado pela segunda vez no autódromo de Jacarepaguá, que definitivamente tomara o lugar de Interlagos:

Era um dia de forte chuva na cidade do Rio de Janeiro, mas água que caiu do céu não foi capaz de parar os torcedores, que vieram para acompanhar mais um espetáculo da categoria automobilística mais rápida do mundo. Sobretudo, agora tínhamos um motivo ainda maior para nos alegrarmos nos fins de semana: a chegada de Nelson Piquet revigorou a imagem do Brasil no esporte.

Para melhorar ainda mais, o brasileiro da Brabham era o poleman para a prova, sendo seguido por Carlos Reutemann, Alan Jones, Riccardo Patrese e Alain Prost. A escolha dos pneus seria crucial para o resultado da corrida, mesmo parecendo óbvio que todos os carros largariam com compostos de chuva. Porém, para choque de todos, Piquet, Pironi e Stohr chegaram ao grid com os slicks, arriscando pontos preciosos no campeonato.


Na partida, o piloto da Brabham patina, perde posições enquanto mais atrás Gilles Villeneuve toca em René Arnoux e causa um grande pile-up, que ainda envolve Mario Andretti, Alain Prost, Eddie Cheever, Chico Serra, Siegfreid Stohr e Héctor Rebaque, com Andrea de Cesaris escapando da carambola pela grama. A segunda etapa da temporada começara intensa.

Sem muitas dificuldades, Carlos Reutemann e Alan Jones começam a abrir para o resto do pelotão, não enfrentando nenhuma pressão da Arrows de Riccardo Patrese e da Alfa Romeo de Bruno Giacomelli, que já é atacado pelo jovem Elio de Angelis. Piquet era apenas décimo sétimo enquanto John Watson iniciava uma recuperação, superando Marc Surer e Alain Prost.

O norte-irlandês da McLaren agora pressionava Gilles Villeneuve, sétimo colocado na prova. Nos giros seguintes, Prost seria superado por Surer enquanto Giacomelli perderia o quarto posto para Elio de Angelis antes de sofrer com problemas na ignição. Na oitava volta, de Angelis começaria a ser atacado por Rosberg, enquanto Villeneuve tentava desesperadamente parar John Watson.


Fazendo interessante prova, Jarier já era oitavo após ultrapassar Prost, seguindo para o ataque em cima de Surer. No décimo quarto giro, Watson supera Rosberg que enfrenta problemas em seu Fittipaldi, perdendo, assim, quaisquer chances de pontuar na casa da equipe. Já sem chuva, com a pista secando lentamente, Keke começa a perder posições, inclusive para Jean-Pierre Jarier, que já passa por Marc para assumir a sexta colocação.

Na vigésima primeira volta, após ultrapassar Keke Rosberg, Alain Prost é atingido por Didier Pironi, que, sendo retardatário, aquaplanou e não conseguiu evitar o choque: ambos estavam fora da prova. Enquanto isso, lá na frente, Reutemann e Jones não enfrentavam nenhum problema com os rivais, tendo Patrese seguindo de longe e Elio de Angelis conseguindo segurar John Watson, que agora passa a ver Jarier em seus retrovisores.

O francês da Ligier, que está substituindo Jabouille, passaria voltas enfrentando problemas de subviragem, não resistindo aos ataques de Marc Surer a Jacques Laffite que o superam no giro 29, quando, mais atrás, Nelson Piquet finalmente se livra de Nigel Mansell. A pista estava secando, e isso ajudava o brasileiro.


O surpreendente Ensign de Marc Surer estava atacando John Watson quando o piloto da McLaren rodou na "Curva Sul", perdendo também a posição para Laffite e Jarier. Recuperando-se com a pista à secar, Piquet começa a ter esperanças de conquistar algum ponto ao fim corrida, mas o brusco retorno da chuva tirava todas as suas chances de algum desempenho agradável em frente à torcida brasileira.

Com uma Ligier mais equilibrada sob água, Jean-Pierre Jarier ultrapassa Laffite para ser sexto, enquanto Elio de Angelis é pressionado por Marc Surer que finalmente faz a ultrapassagem.

No 56º giro, Frank Williams e Jeff Hazell começam a sinalizar com a placa: JONES-REUT.

Ambos os pilotos da equipe britânica claramente enxergam a polêmica placa, mas o argentino não deixa o australiano tomar a liderança. A Ligier também imita a Williams, só que de maneira esperta, sabendo que Laffite era o único piloto que competiria toda a temporada, pedindo para que Jarier cedesse o sexto posto, algo que o francês fez nas últimas voltas.

O fim está próximo com a aproximação das duas horas de corrida, e a tensão aumenta nos boxes da Williams: Reutemann cederia a liderança para Jones?


Na 62º volta a bandeira quadriculada é agitada para a vitória do argentino, com o campeão de 1980 terminando quatro segundos atrás do companheiro. Fechando o pódio estava Riccardo Patrese, feliz por sua Arrows não deixa-lo na mão mais uma vez, com Marc Surer dando show ao marcar a melhor volta da prova e conquistar os primeiros pontos da Ensign desde 1978. O quinto posto ficou com Elio de Angelis, que, de maneira cada vez mais regular, passa a integrar os seis primeiros com um problemático Lotus. Laffite foi sexto, conquistando um importante ponto para a disputa pelo título, enquanto Jarier foi sétimo e John Watson apenas oitavo após sua rodada.

A chegada aos boxes foi marcada pela discussão na equipe Williams: Carlos Reutemann desobedecera as ordens de equipe, e consequentemente às clausulas do contrato assinado para ser o segundo piloto de Alan Jones, que, indignado, não comparece ao pódio, marcado pelos sorrisos de Patrese ao finalizar em terceiro.

Londoño em um de seus poucos registros como piloto da Ensign

O australiano declarou guerra ao companheiro, e agora sabia que teria de enfrentar mais um rival para buscar um provável bicampeonato. Já Nelson Piquet se afogou na própria confiança de sua estratégia, perdendo preciosos pontos e entregando de bandeja um segundo título de construtores para a Williams.

Apesar da guerra declarada e de toda a confusão no time inglês, havia alguém mais feliz do que qualquer um ao fim daquele GP do Brasil de 1981: Marc Surer. O suiço havia sido chamado às pressas pela Ensign após Ricardo Londoño ter sua superlicença negada, fazendo a equipe de Mo Nunn conquistar um impressionante quarto lugar além de sua primeira e única volta mais rápida.

A próxima etapa seria na Argentina, no dia 12 de abril, onde os ânimos prometiam ser quentes...

Imagens tiradas do Google Imagens - F1-History.deviantart.com

domingo, 7 de fevereiro de 2016

35 Anos - A corrida que decidiu o título de 1981


Na época mais conturbada da guerra FISA x FOCA, o GP da África do Sul estava programado para abrir a temporada de 1981, coisa que realmente aconteceu no dia 7 de fevereiro, há 25 anos atrás... Com a FISA banindo as saias laterais, beneficiando as montadoras Ferrari, Alfa Romeo e Renault, as garagistas de Bernie Ecclestone contra-atacaram ao protestar sobre regra que tirava um domínio que já durava três temporadas.

Sem nenhum acordo firmado, o GP da África do Sul abriu o calendário da FOCA enquanto as equipes da FISA estariam apenas na Argentina para iniciar um calendário paralelo. Sem nenhuma montadora, o grid inteiro era constituído por equipes empurradas com motores Cosworth e, acima de tudo, com carros tendo saias laterais.


Com Brabham, Williams, Lotus, Fittipaldi, ATS, McLaren, Arrows, March, Theodore, Ensign e Tyrrell inscrevendo carros para a prova, Nelson Piquet conquistou a pole position com Carlos Reutemann em segundo, Alan Jones em terceiro, Keke Rosberg em quarto, Elio de Angelis em quinto, Riccardo Patrese em sexto, Ricardo Zunino em sétimo, Nigel Mansell em oitavo, Andrea de Cesaris em nono, Jan Lammers em décimo, Siegfried Stohr em décimo primeiro, Eddie Cheever em décimo segundo, Chico Serra em décimo terceiro, Marc Surer em décimo quarto, John Watson em décimo quinto, Desiré Wilson se tornando a última mulher à alinhar num grid (não-oficial), Derek Daly em décimo sétimo e Geoff Lees em último.


Embaixo de chuva, a largada foi dada com Piquet, de Angelis e um incrível Jan Lammers pulando para as três primeiras colocações. Carlos Reutemann inicia de maneira péssima, perdendo posições e não conseguindo acompanhar o ritmo dos ponteiros. O holandês da ATS ataca Elio de Angelis, mas em vão, abandonando por problemas nos freios enquanto Mansell assume a terceira posição.

Em recuperação fantástica, John Watson ataca ambas as Lotus, conseguindo ultrapassar Nigel Mansell depois do britânico tentar múltiplas vezes em cima do companheiro, falhando em todas. Embalado, o norte-irlandês também supera de Angelis. Recuperado, Carlos Reutemann também pressiona os pilotos da Lotus, conseguindo a ultrapassagem.


Com a pista secando, os pilotos pararam para trocar os pneus. Andrea de Cesaris acaba abrindo sua triste temporada cheia de acidentes com mais uma batida, enquanto Desiré Wilson também sai da pista de encontro ao muro. Alan Jones, o campeão, abandona com a saia de sua Williams quebrada, deixando ainda mais aberto o caminho para o rival argentino, que assume a ponta depois das paradas de Nelson Piquet e John Watson.

O ótimo trabalho da equipe Lotus beneficia Elio de Angelis, que termina na terceira colocação logo atrás de Reutemann, o vencedor, e Piquet. Keke Rosberg, com o antigo F8, conquistou uma fantástica quarta colocação, com John Watson sendo apenas o quinto e Riccardo Patrese fechando os lugares pontuáveis.


A vitória de Reutemann daria o título ao argentino no fim de 1981 caso fosse validado, já que a FISA de Jean-Marie Balestre não contou o GP da África do Sul como válido para o campeonato oficial, dando assim o título á Nelson Piquet. Outra pessoa que não se beneficiou foi Desiré Wilson, que, caso a prova fosse oficializada, se tornaria a última mulher à alinhar num grid.

Imagens tiradas do Google Imagens

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

40 Anos - A Primeira Dobradinha Brasileira


Neste 2015 se completaram 40 anos da primeira dobradinha brasileira da história na Fórmula 1, que não podia ser de outra maneira: em casa. No terceiro GP do Brasil contando para o Campeonato do Mundo, todos as atenções estavam viradas ao campeão Emerson Fittipaldi, que chegava em Interlagos mais uma vez favorito á vitória.

Haviam surgido alguns grandes nomes nos último anos que poderiam atrapalhar a festa brasileira, como os de Carlos Reutemann, Niki Lauda, James Hunt, Jody Scheckter e até Jean-Pierre Jarier, que fez uma inacreditável pole position com sua Shadow, sendo o único a abaixar da casa dos 2:30 para 2:29.88. Emerson conquistou a segunda posição sendo seguido por Reutemann, Lauda e Regazzoni.


Fechando os dez primeiros estavam Carlos Pace, James Hunt, Jody Scheckter, Patrick Depailler e Jochen Mass. No dia da corrida, o sol mais uma vez reinava em Interlagos, com altas temperaturas que dificultariam a vida dos pilotos e das equipes. Na largada, Fittipaldi acaba saindo mal, caindo para sétimo enquanto Reutemann tomava a ponta e Moco a terceira colocação depois de passar ambas as Ferraris.

O argentino até que tentou, mas o carro negro de Jarier fazia forte pressão sobre ele, o que desgastou gravemente seu pneu. Na 5º volta, Jean-Pierre assume a ponta com sua Shadow, enquanto Reutemann tinha que segurar um grupo que se aproximava, tendo como cabeça José Carlos Pace. Moco trás consigo Regazzoni, Lauda, Sheckter e Fittipaldi, deixando a corrida emocionante ainda nas primeiras dez voltas.


Depois de não aguentar mais, El Lole cede para o companheiro de equipe que vê uma diferença de 20s dele para Jarier. Logo depois, Jody Scheckter começa a enfrentar problemas em sua Tyrrell, abandonando e dando mais uma posição para Emerson que já se tornava sexto. Enquanto isso, Jochen Mass pressionava Patrick Depailler.

Na 20º volta, Regazzoni finalmente passa Reutemann, enquanto Fittipaldi consegue ultrapassar Lauda que nas voltas seguintes ainda perderia a posição para Depailler e Mass. Parece que os pneus chegaram ao limite extremo, e o argentino teve que se contentar em ser ultrapassado por Emerson, Patrick e Jochen antes de fazer sua parada, obviamente, atrasada.


Quando Lole parou, Fittpaldi finalmente conseguiu passar por Regazzoni para se tornar terceiro colocado há 10 voltas do fim, mas a alegria maior estava por vim, quatro giros depois, quando a Shadow de Jean-Pierre Jarier começa a ter problemas na alimentação e para, deixando a ponta para os dois principais pilotos brasileiros da época.

As arquibancadas foram á loucura em Interlagos, com uma dobradinha brasileira eminente após o abandono de Jarier. Jochen Mass, em dia inspirado ainda toma a terceira posição de Regazzoni, mostrando que veio para duelar contra Fittipaldi na McLaren. Lauda ainda conseguiu se recuperar para entrar na zona pontuável, enquanto Reutemann sofreu para terminar na misera oitava posição.


Com o público delirando, José Carlos Pace venceu o Grande Prêmio do Brasil de 1975 sendo seguido por Emerson Fittipaldi, uma dobradinha inesquecível para o automobilismo brasileiro que via seus dois melhores pilotos assumirem a ponta também do Campeonato de Pilotos. Jochen Mass deu um show em Interlagos, sem cometer erros e nem ter problemas para terminar na ótima terceira colocação, conquistando o primeiro pódio alemão desde Wolfgang von Trips. Regazzoni foi quarto, Lauda quinto e Hunt fechou os pontos.


Ao fim, o Brasil vivia um momento espetacular para um país que há meros cinco anos não tinha sequer uma vitória na Fórmula 1, e agora tinha um bicampeão consagrado e uma promessa que fazia todos os torcedores sonharem com suas futuras vitórias...

Moco deixou saudades, e o mínimo que Interlagos podia fazer por ele era trocar seu nome para Autodromo José Carlos Pace, uma homenagem jus ao piloto que foi esse paulistano que nos deixou em 1977, num triste acidente aéreo.


Imagens tiradas do Google Imagens - GpExperts.com.br - F1-history.deviantart.com