Amanhã a Renault se tornará a primeira equipe a apresentar seu bólido para a temporada de 2016, com uma promessa de um desenvolvimento de três anos antes de chegar ao tão sonhado topo do automobilismo. Durante esses três anos, é provável que a equipe enfrente alguns problemas que já enfrentou décadas atrás, e é isso que discuto com vocês hoje:
A entrada da equipe na Fórmula 1 ocorreu em 1977 com a ideia vinda da subsidiária Renault Sport, colocando um carro com motor turbo entre tantos aspirados de fabricação norte-americana. A estreia estava programada para acontecer em casa, mas como o carro atrasou Jean-Pierre Jabouille só pode o acelerar em Silverstone, quando conquistou uma 21º colocação no grid. O abandono no domingo por causa do turbo mostrava que havia muito a ser feito caso a equipe quisesse se tornar campeã.
Em Zandvoort, onde as retas eram algo interessante para se colocar o RS01 numa boa posição, Jabouille conquista um 10º lugar no grid, voltando a abandonar no domingo. Como a equipe queria que o carro fosse desenvolvido o mais rápido possível, a escolha de manter Jean-Pierre para 1978 foi ótimo, sendo ele um dos raros pilotos que podem ser considerados até mesmo engenheiros.
Apesar da animação, mais um abandono ainda levava críticas á Renault. Na sequência de pistas de rua passando por Long Beach e Mônaco, a equipe parecia pouco disposta para finalmente terminar uma prova na Fórmula 1, mas quando Jabouille cruzou em décimo na prova monegasca aquele resultado foi realmente uma conquista para toda a nação francesa.
Depois de voltar á ver a bandeira quadriculada em Zolder e em Jarama, os problemas do RS01 voltam em provas que Jabouille finalmente estava se destacando. Na Suécia, abandono quando estava em sétimo; na França, outro abandono depois de largar em décimo primeiro; na Grã-Bretanha, abandono após largar em décimo segundo; e na Alemanha mais problemas quando perseguia James Hunt em busca da sexta posição.
Com a animação de um quase pódio em Monza, a equipe chega forte em Watkins Glen, disposta a levar Jabouille aos pontos. Depois de uma péssima largada, caindo de nono para décimo segundo, o francês se recupera em prova com poucos abandonos, assumindo a terceira posição perto do fim da corrida. Com a aproximação de carros mais rápidos, Jean-Pierre prefere facilitar a ultrapassagem de ambos para conquistar uma ótima quinta colocação, que se tornaria quarta depois do abandono de Jarier: Primeiros pontos da Renault com motor turbo.
Em Kyalami, Jabouille crava a primeira pole position da Équipe Renault Elf, mostrando que na África do Sul os franceses tinham grandes chances de conquistarem sua primeira vitória. Porém, enfrentando uma dupla ferrarista indomável, Jabouille acaba abandonando com problemas no meio da prova, enquanto Arnoux ainda batalha para terminar sua primeira corrida na equipe, sofrendo com um furo e saindo da prova.
Nos EUA, a Renault volta a pagar mico na categoria, tendo um carro que não demonstra um mínimo de segurança ao jogar Jabouille para a parede nos treinos e apresentar os mesmos problemas enfrentados por Jean-Pierre no carro de Arnoux. Resultado? Equipe retira seus carros da prova.
Em Jarama, René Arnoux finalmente mostra uma pilotagem do nível de Jabouille, sendo a única Renault a completar a prova com a nona colocação conquistada. Jean-Pierre havia feito a estreia do RS10 com um abandono. Na Bélgica, ambos os pilotos servem apenas para fechar o pelotão, andando nos últimos lugares antes de abandonarem ainda no inicio da prova.
Com Villeneuve sendo superado por Jabouille, a primeira vitória da equipe era certeira, enquanto Arnoux tentava arrancar uma dobradinha do canadense, protagonizando uma das disputas mais fantásticas da história. No fim da prova, pela primeira vez, um carro e motor francês, pilotado por um piloto francês, num circuito francês e usando pneus franceses havia vencido uma prova, e acima de tudo, era o início de uma das maiores revoluções da história da categoria: o turbo finalmente mostrara seu potencial.
Grandes equipes começaram a se interessar pelos propulsores turbinados, e com isso algumas marcas como Ferrari passaram a fazer parte do fundo do pelotão a partir de 1980, buscando um futuro melhor. Apesar da vitória, a Renault ainda tinha muito o que evoluir, porém haviam passado de meros fechadores de grid á ponteiros. As inúmeras poles ainda conquistadas por Jabouille e Arnoux no resto da temporada mostraram o grande desenvolvimento, mas nas corridas os carros ainda deixavam a desejar.
Com Arnoux conquistando interessantes pontos no meio da temporada, o GP da Áustria de 1980 voltou a levar a equipe ao topo da categoria, com ambos os pilotos protagonizando mais uma primeira fila e Jabouille reinando sobre René para conquistar sua segunda e última vitória na Fórmula 1.
A evolução ainda continuava, mas não era mais como antigamente, quando a equipe realmente precisava demonstrar forças para não estar ali só para fazer número. Com dois jovens nomes para 1981, depois do triste acidente de Jabouille no Canadá, a Renault finalmente poderia disputar um título, que infelizmente nunca veio até sua saída em 1985, quando a Fórmula 1 aderiu totalmente á moda turbo.
Alain Prost teve a maior chance de levar a Renault ao título em 1983. |
Vinte anos depois, Fernando Alonso conquistaria um bicampeonato com uma equipe renovada, utilizando motores aspirados que não lembravam nem um pouco os antigos e estrondosos turbos da década de 70 e 80. Agora, a Renault tem a chance de se reconciliar com o passado...
Imagens tiradas do Google Imagens
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