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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

RELEMBRANDO: O sofrimento da Renault em seus primeiros anos...


Amanhã a Renault se tornará a primeira equipe a apresentar seu bólido para a temporada de 2016, com uma promessa de um desenvolvimento de três anos antes de chegar ao tão sonhado topo do automobilismo. Durante esses três anos, é provável que a equipe enfrente alguns problemas que já enfrentou décadas atrás, e é isso que discuto com vocês hoje:

A entrada da equipe na Fórmula 1 ocorreu em 1977 com a ideia vinda da subsidiária Renault Sport, colocando um carro com motor turbo entre tantos aspirados de fabricação norte-americana. A estreia estava programada para acontecer em casa, mas como o carro atrasou Jean-Pierre Jabouille só pode o acelerar em Silverstone, quando conquistou uma 21º colocação no grid. O abandono no domingo por causa do turbo mostrava que havia muito a ser feito caso a equipe quisesse se tornar campeã.

Em Zandvoort, onde as retas eram algo interessante para se colocar o RS01 numa boa posição, Jabouille conquista um 10º lugar no grid, voltando a abandonar no domingo. Como a equipe queria que o carro fosse desenvolvido o mais rápido possível, a escolha de manter Jean-Pierre para 1978 foi ótimo, sendo ele um dos raros pilotos que podem ser considerados até mesmo engenheiros.


Depois de mais fracassos no resto de 1977, sem nenhuma prova completada, o RS01 recebeu o apelido de "Bule Amarelo". Para 1978, o carro ainda não estaria pronto para as duas primeiras etapas na Argentina e no Brasil, voltando ao grid em Kyalami, onde a evolução foi sentida na pele pelos rivais, com Jabouille conquistando um sexto lugar no grid.

Apesar da animação, mais um abandono ainda levava críticas á Renault. Na sequência de pistas de rua passando por Long Beach e Mônaco, a equipe parecia pouco disposta para finalmente terminar uma prova na Fórmula 1, mas quando Jabouille cruzou em décimo na prova monegasca aquele resultado foi realmente uma conquista para toda a nação francesa.

Depois de voltar á ver a bandeira quadriculada em Zolder e em Jarama, os problemas do RS01 voltam em provas que Jabouille finalmente estava se destacando. Na Suécia, abandono quando estava em sétimo; na França, outro abandono depois de largar em décimo primeiro; na Grã-Bretanha, abandono após largar em décimo segundo; e na Alemanha mais problemas quando perseguia James Hunt em busca da sexta posição.


Na Áustria, Jean-Pierre Jabouille surpreende ao alinhar na terceira colocação, fazendo prova de recuperação após ter um carro que não se adequava bem á chuva. O sétimo lugar que ocupava antes dos abandonos de Stuck e Daly mostra que pontos eram possíveis, mas o carro novamente deixou o piloto-engenheiro na mão.

Em Zandvoort, Jabouille faz corrida no meio do pelotão tentando resistir aos problemas de seu RS01, coisa inevitável na volta 34, quando para com o motor fumando. No circuito de Monza, as chances de pódio voltam com força, num traçado que ajuda e muito o carro francês. Em prova trágica, manchada pela morte de Ronnie Peterson, Jean-Pierre guia seu Renault num terceiro lugar milagroso até abandonar, ainda no inicio da corrida.

Com a animação de um quase pódio em Monza, a equipe chega forte em Watkins Glen, disposta a levar Jabouille aos pontos. Depois de uma péssima largada, caindo de nono para décimo segundo, o francês se recupera em prova com poucos abandonos, assumindo a terceira posição perto do fim da corrida. Com a aproximação de carros mais rápidos, Jean-Pierre prefere facilitar a ultrapassagem de ambos para conquistar uma ótima quinta colocação, que se tornaria quarta depois do abandono de Jarier: Primeiros pontos da Renault com motor turbo.


Para 1979, a equipe prepara-se para lançar o seu novo bólido, e por isso chama um reforço que pode ajudar no desenvolvimento: o jovem René Arnoux. Com a liderança de Jean-Pierre Jabouille, a Renault alça novos objetivos, entre eles uma vitória. No Brasil e na Argentina, o experiente domina o novato, e cumpre o seu papel de líder.

Em Kyalami, Jabouille crava a primeira pole position da Équipe Renault Elf, mostrando que na África do Sul os franceses tinham grandes chances de conquistarem sua primeira vitória. Porém, enfrentando uma dupla ferrarista indomável, Jabouille acaba abandonando com problemas no meio da prova, enquanto Arnoux ainda batalha para terminar sua primeira corrida na equipe, sofrendo com um furo e saindo da prova.

Nos EUA, a Renault volta a pagar mico na categoria, tendo um carro que não demonstra um mínimo de segurança ao jogar Jabouille para a parede nos treinos e apresentar os mesmos problemas enfrentados por Jean-Pierre no carro de Arnoux. Resultado? Equipe retira seus carros da prova.

Em Jarama, René Arnoux finalmente mostra uma pilotagem do nível de Jabouille, sendo a única Renault a completar a prova com a nona colocação conquistada. Jean-Pierre havia feito a estreia do RS10 com um abandono. Na Bélgica, ambos os pilotos servem apenas para fechar o pelotão, andando nos últimos lugares antes de abandonarem ainda no inicio da prova.


No sul da França, para a prova mais tradicional do calendário, Jabouille e Arnoux voltam a largar entre os últimos, fazendo uma corrida pífia até abandonarem. A equipe exigia uma melhora para o próximo GP, em casa. Em Dijon-Prenois, ambas as Renault conquistam uma primeira fila depois de, semanas antes, largaram na décima fileira do grid de Monte Carlo, demonstrando um assombroso desenvolvimento, que foi extremamente visto durante a corrida.

Com Villeneuve sendo superado por Jabouille, a primeira vitória da equipe era certeira, enquanto Arnoux tentava arrancar uma dobradinha do canadense, protagonizando uma das disputas mais fantásticas da história. No fim da prova, pela primeira vez, um carro e motor francês, pilotado por um piloto francês, num circuito francês e usando pneus franceses havia vencido uma prova, e acima de tudo, era o início de uma das maiores revoluções da história da categoria: o turbo finalmente mostrara seu potencial.

Grandes equipes começaram a se interessar pelos propulsores turbinados, e com isso algumas marcas como Ferrari passaram a fazer parte do fundo do pelotão a partir de 1980, buscando um futuro melhor. Apesar da vitória, a Renault ainda tinha muito o que evoluir, porém haviam passado de meros fechadores de grid á ponteiros. As inúmeras poles ainda conquistadas por Jabouille e Arnoux no resto da temporada mostraram o grande desenvolvimento, mas nas corridas os carros ainda deixavam a desejar.


Em 1980, com o novíssimo RE20, a Renault finalmente sente o mundo aos seus pés, conquistando vitórias em Interlagos e em Kyalami com René Arnoux, enquanto Jean-Pierre Jabouille começa a se tornar um mero figurante no meio do grid. A falta de sorte, e provavelmente de motivação, tiravam ainda mais o posto de primeiro piloto conquistada por Jean-Pierre.

Com Arnoux conquistando interessantes pontos no meio da temporada, o GP da Áustria de 1980 voltou a levar a equipe ao topo da categoria, com ambos os pilotos protagonizando mais uma primeira fila e Jabouille reinando sobre René para conquistar sua segunda e última vitória na Fórmula 1.

A evolução ainda continuava, mas não era mais como antigamente, quando a equipe realmente precisava demonstrar forças para não estar ali só para fazer número. Com dois jovens nomes para 1981, depois do triste acidente de Jabouille no Canadá, a Renault finalmente poderia disputar um título, que infelizmente nunca veio até sua saída em 1985, quando a Fórmula 1 aderiu totalmente á moda turbo.

Alain Prost teve a maior chance de levar a Renault ao título em 1983.

Talvez, com sua saída cabisbaixa da categoria, mostrava que a missão havia sido fracassada, não se tornando a primeira equipe a conquistar um título com motor turbo...

Vinte anos depois, Fernando Alonso conquistaria um bicampeonato com uma equipe renovada, utilizando motores aspirados que não lembravam nem um pouco os antigos e estrondosos turbos da década de 70 e 80. Agora, a Renault tem a chance de se reconciliar com o passado...

Imagens tiradas do Google Imagens

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

35 Anos - Jones e Seu Controverso Título


Há exatos 35 anos acontecia o GP do Canadá de 1980, vencido por Alan Jones seguido por Carlos Reutemann e Didier Pironi. A prova acabou sendo marcante para uma das melhores temporadas da Fórmula 1 até então, afinal, foi nela que Alan Jones conquistou seu único título, em cima de Nelson Piquet. Tá, mas e a controvérsia?

Vamos começar revisando rapidamente a temporada de 1980. Depois de um ótimo fim de ano, a Williams era a favorita para o título, começando logo com o pé direito com a vitória de Alan Jones na Argentina. Semanas depois, no Brasil, é a vez da Renault contra-atacar, com Jabouille fazendo a pole e René Arnoux conquistando a vitória, que seria repetida em Kyalami.


Numa corrida confusa em Long Beach, Nelson Piquet surpreende e conquista sua primeira vitória, com Emerson Fittipaldi e Riccardo Patrese completando o pódio. Uma semana depois, os pilotos estavam na Bélgica, onde Didier Pironi conseguiu parar o poderio das Williams para entrar na briga pelo título, que além do francês tinha Arnoux, Piquet e Jones.

Sob pressão, Reutemann vence em Mônaco para se aproximar dos lideres. No fantástico Paul Ricard, Alan Jones sai vencedor mais uma vez, e semanas depois, em Silverstone, repete o feito para abrir seis pontos para Nelson Piquet. Arnoux e Pironi começam a perder fôlego. Depois do triste ocorrido com Patrick Depailler, a categoria vai de luto á Alemanha, onde Laffite vence em honra do amigo.


Na Áustria, Jabouille finalmente tem sorte para conquistar sua última vitória na categoria, enquanto Carlos Reutemann encosta em Nelson Piquet, que deixa Alan Jones escapar na frente do Campeonato de Pilotos. Depois de muitos meses, o brasileiro da Brabham volta a conquistar uma vitória, enquanto Jones abandona. A diferença agora era de 2 pontos.

Em Ímola, o GP da Itália é vencido por Nelson Piquet, com Jones e Reutemann completando o pódio. Para a comemoração brasileira, Nelson liderava pela primeira vez um Campeonato, ascendendo ainda mais as chances de um terceiro título brasileiro. Agora, o circo chegava á Montreal, para outro GP do Canadá, que podia ver o australiano campeão graças á regra dos descartes.


Nos treinos, Piquet marcou 1:27.328 para ser pole, enquanto Jones conseguiu um tempo de 1:28.164 para fechar a primeira fila. Seguindo-os estavam Didier Pironi, Bruno Giacomelli, Carlos Reutemann, Keke Rosberg, John Watson, Andrea de Cesaris, Jacques Laffite e Hector Rebaque. Depois que se apagaram as luzes, Alan conseguiu ficar lado-a-lado com o brasileiro, que não aliviou.

Na primeira curva, Jones joga Piquet para o muro, resultando em acidentes multíplos envolvendo, além do brasileiro, Jean-Pierre Jarier, Derek Daly, Emerson Fittipaldi, Keke Rosberg, Mario Andretti, Gilles Villeneuve e Jochen Mass. Piquet, Emmo, Gil e Mario conseguiram relargar com os carros reservas, mas isso era péssimo para o piloto da Brabham, que tinha um motor Cosworth de treinos em seu novo carro. As chances dele estourar eram altíssimas.


Na relargada, Nelson Piquet perde as duas primeiras colocações, mas logo recupera o segundo posto de Pironi. Na segunda volta, retoma a ponta depois de passar por Alan Jones. Tudo transcorria normalmente, mas com todos os envolvidos com a equipe Brabham apreensivos, para ver se o motor Ford resistiria. Infelizmente, na volta 23, Piquet abandonou depois do estouro de seu V8.

Duas voltas depois, com a quebra da suspensão, Jean-Pierre Jabouille sofre um terrível acidente frontal, quebrando sua perna. Mesmo assim a corrida continua, com Pironi assumindo a liderança em cima de Jones, que precisava de uma vitória para se tornar campeão. Por um momento, parecia que ainda existia um pingo de esperança, mas logo souberam que o francês teria que pagar uma punição de 1 minuto por queimar a largada.


Depois de dar show, Villeneuve consegue um pontinho em casa com um carro defasado, enquanto Didier Pironi vence, mas não leva. Para concretizar o domínio dos carros da Williams, Reutemann ainda consegue um segundo lugar, enquanto Jones, campeão, é o primeiro. Um clima estranho rodava pelo paddock, afinal, era a primeira vez que um título havia sido decidido, pelo menos indiretamente, por causa de um toque, que não foi motivo de punição da direção de prova.

Nelson Piquet ainda pareceu feliz ao dizer: "Não tenho o que reclamar. Venci três corridas, terminei vice-campeão e serei um forte candidato o ano que vem.". Depois do GP canadense, ainda tinha a prova de Watkins Glen, que acabaria sendo vencida por Alan Jones após Nelson Piquet rodar a abandonar. No ano seguinte, o australiano se tornaria elemento chave para a conquista do brasileiro, que curiosamente estava na Brabham, equipe do australiano Jack Brabham...


Assim acabou a temporada de 1980, com uma controvérsia que é pouco discutida atualmente. Para mim, nem Hill, nem Hawthorn e nem Phil Hill foram os piores campeões da história da categoria, e sim Alan Jones, que apesar de ser um piloto talentoso, teve uma equipe inteira trabalhando em pró dele que ainda tinha o melhor carro e ainda foi sujo na hora da decisão. De qualquer modo, como eu disse, acho o australiano um ótimo piloto, mas que merecia menos o título do que outros como Reutemann, Peterson, González, Villeneuve, Bellof...

Imagens tiradas do Google Imagens - GPExperts.com.br - F1-history.deviantart.com