domingo, 21 de fevereiro de 2016

A chegada mais apertada da história da Fórmula 1


Grande Prêmio da Itália de 1971. Fim da 47º volta: Ronnie Peterson lidera com François Cevert, Chris Amon, Mike Hailwood e Howden Ganley. A disputa é feroz, com os pilotos disputando a liderança em todas as curvas do veloz circuito de Monza que, na época, não tinha chicanes. March, Tyrrell, Matra, Surtees e BRM estão todas no páreo pelo vitória, isso com a equipe do "Tio Ken" prestes a se tornar campeã de construtores - efeito Monza...

Até aquele 5 de setembro, um britânico chamado Peter Gethin só havia tido fracassos na Fórmula 1, mesmo correndo na crescente McLaren ao lado de Denny Hulme. Bruce McLaren havia morrido em Goodwood, e Gethin havia sido escolhido como substituto, porém jamais apresentara um grande potencial, tendo conquistado apenas um sexto lugar no GP do Canadá de 1970.

Para piorar, o M19A não era tão bom quanto seu antecessor, com o campeão de 1967 sofrendo para terminar uma prova e Gethin se arrastando no fundo do pelotão. Seus péssimos desempenhos com a equipe que havia-o colocado no automobilismo mundial, primeiramente na Can-Am, culminaram numa demissão. Porém, a morte de Pedro Rodríguez fez a BRM procurar um novo piloto para seu cockpit, e como o britânico buscava uma nova casa, a proposta foi inevitável.

Em foco, Gethin e Ganley

A estreia foi na Áustria, onde terminou na décima colocação enquanto Jo Siffert, seu companheiro, largou na pole e venceu a prova. Mesmo após o fraco desempenho, Gethin estava preparado para a prova mais veloz do calendário em Monza, onde conquistou uma interessante 11º colocação no grid (com o suiço sendo terceiro colocado).

Na prova, Peter vê o tetracampeão de motociclismo Mike Hailwood recuperar posições de maneira fantástica, assumindo o quarto posto ainda nas voltas inicias, entrando na disputa pela vitória após largar na DÉCIMA SÉTIMA COLOCAÇÃO. Nesse momento, Gethin era apenas oitavo, entre Chris Amon e Jackie Oliver.

E como tudo podia acontecer em Monza naqueles tempos, as Ferraris de Jacky Ickx e Clay Regazzoni, além da Tyrrell do campeão Jackie Stewart, acabaram abandonando, deixando a disputa para Peterson, Cevert, Hailwood, Siffert e Ganley. O suiço, há mero mês antes de sua morte, estava liderando quando começou a ter problemas na caixa de câmbio.

O crescente Chris Amon entra na briga, voltando a ter esperanças de conquistar sua primeira vitória. Enquanto isso, Peter Gethin começa a tirar a diferença para os cinco primeiros, tendo Howden Ganley já nos olhares na 47º volta, onde paramos no início do post...

Gethin perseguindo Amon

Depois de um giro assustadoramente apertado entre os primeiros, Amon começa a perder desempenho propositalmente, temendo um acidente. Gethin entra na briga duas voltas depois, ultrapassando Ganley e Cevert para ser terceiro colocado. Na volta seguinte, é Hailwood que lidera com Peterson e Gethin logo atrás. No próximo giro é o piloto da BRM que assume a primeira colocação, liderando a primeira volta de sua carreira!

No 53º giro, Hailwood é ultrapassado por Cevert, que assume a terceira posição. Na penúltima volta, Peter Gehtin perde a liderança e cai para a quarta colocação, com Peterson liderando Cevert e Hailwood.

55º volta! É Cevert que lidera com Peterson e Gehtin sendo as maiores ameaças: Ganley tenta atacar Hailwood. Estamos no último giro, prestes a entrar na última curva, com Ronnie assumindo a ponta e Peter fazendo uma manobra arriscada, freando tarde e indo para a parte de dentro. Saindo da Parabólica: Peterson lidera Gethin, Cevert, Hailwood e Ganley.

Temendo um erro da cronometragem italiana, Gethin ergue o braço
para sinalizar que é o primeiro colocado.

É Peter Gethin que assume a liderança! Ronnie Peterson perdeu tempo ao sair de lado na parte de fora da Parabólica. Mesmo assim, o sueco está próximo do britânico, saindo do vácuo para a ultrapassagem há metros da linha de chegada... A bandeira quadriculada começa a ser balançada, e Gethin, receoso pela cronometragem italiana, ergue e braço e cruza na primeira colocação - Vitória com apenas três voltas lideradas, entre elas a última!


A diferença entre os cinco primeiros?
Peter Gethin - 1:18:12.60
Ronnie Peterson - +0.01s
François Cevert - +0.09s
Mike Hailwood - +0.18s
Howden Ganley - +0.61s

Assim, o GP da Itália de 1971 entrou para a história por ter a menor diferença entre o primeiro e o segundo colocado e entre o primeiro e o quinto colocado. Incrível!


Semanas depois, no Canadá, Peter Gethin voltaria às últimas colocações, participando ainda das temporadas de 1972, 1973 e 1974 da Fórmula 1. E como hoje seria seu aniversário, tendo participado de 30 GPs, liderando suas únicas três voltas em Monza, e conquistado meros onze pontos, decidi contar um pouco da história desse britânico que morreu em 2011, por causa de um tumor cerebral...

Para assistir um dos melhores Grandes Prêmios da história, eis o link:
www.youtube.com/watch?v=5_GVEMo7mVY

Imagens tiradas do F1-History.deviantart.com - Google Imagens - GPExpert.com

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