quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Um pouco de Pastor Maldonado


As pessoas estão divididas sobre a saída de Maldonado da Fórmula 1, mas o que todos devem concordar é que o venezuelano já foi um dos motivos de nós sorrirmos em corridas que ficaram marcadas por serem extremamente monótonas.

Lembro, brevemente, de duas provas da temporada passada, quando Pastor deixou todos boquiabertos com as suas peripécias na Áustria e seu hat-trick de punições na Hungria. É esse tipo de coisa que ranca gargalhadas dos fãs e criam uma simpatia que ele já tem no paddock, tendo uma personalidade autêntica e admirada pelos pilotos.

No enterro de Jules Bianchi, de todos os pilotos que choraram, quantidade mínima, Maldonado foi aquele que mais pranteou mostrando todo o amor que sente por aqueles que dividem a pista com ele. Um legítimo latino, alguém de sangue quente que não tem a mesma perícia de segurar suas emoções como os europeus.

Se bem que, emoções e perícia europeias lembram-me de um nome: Nigel Mansell, o Leão. O britânico que era alvo de críticas, até mesmo pelos conterrâneos e. ao mesmo tempo, entrega só de olhar em seu rosto, ser uma pessoa totalmente simpática e amistosa.


Algo que pouco é lembrando, é que Mansell não era dado como um top driver, e sim um 'Riccardo Patrese' da vida, um mero segundo piloto que poderia vencer uma ou duas provas. Esse exemplo poderia dar esperança para Maldonado, mas que possamos compara-lo com um piloto de um nível semelhante, vamos lembrar de outro nome.

Famoso pelo odiado apelido "Andrea de Crasheris", o mitológico italiano era alguém extremamente veloz e que tinha tudo para conquistar algo melhor do que conseguiu fazer ao fim de sua gigantesca carreira de 214 GPs. Seus fantásticos desempenhos na pista em que muitos dizem mostrar se um piloto é talentoso ou não, demonstram que de Cesaris tinha pelo menos um elemento para se tornar um grande piloto.

Mas o que faltou para Andrea alcançar a vitória? São muitos os elementos que faltaram, entre eles a sorte e uma mentalidade boa. Mentalidade que remete novamente á Mansell, e também á pilotos atuais como Romain Grosjean, que, diferentemente de seu ex-companheiro, evoluiu para se tornar um piloto com um grande potencial e com boas chances de se tornar campeão caso obtiver um carro do seu nível.

(Leão demorou doze anos, Prost cinco, Häkkinen sete e por aí vai).

Pastor Maldonado é um piloto que até hoje nunca evoluiu mentalmente para conhecer seus reais limites, e, com isso, uma reputação de batedor é criada em cima de alguém veloz e com espírito de vencedor, algo semelhante ao ocorrido com de Cesaris depois de sua passagem pela desleal McLaren de Ron Dennis.


Giancarlo Minardi, exímio descobridor de talentos, já elogiou Maldonado, e não se sentiu nada surpreendido quando viu o venezuelano vencer o GP da Espanha de 2012.

Subestimado, o venezuelano divide opiniões da mesma maneira de antigos pilotos, como os já citados Nigel Mansell e Andrea de Cesaris. E com o exemplo deles, Maldonado pode manter as esperanças de um futuro melhor...

Quando de Cesaris saiu da Ligier no meio de 1985, seu destino era incerto e também improvável, já que Brabham e Ferrari chegaram a conversar com o italiano antes dele ir para a Minardi e conseguir resultados milagrosos por mais cinco equipes totalmente diferentes, passando por Rial, Scuderia Italia, Jordan, Tyrrell e Sauber antes de se retirar.

No máximo, Pastor pode ainda ter esperanças de se tornar um Nigel Mansell caso as chances aparecerem, porém acredito que seja tarde demais para alguém com a alcunha de 'batedor' e 'destruidor de chassis', como foi para de Cesaris...


De qualquer forma, sentiremos sua falta, e mesmo se não retornares, sempre será lembrado, pelo menos por mim, de alguém que salvou duas equipes (como Humberto Corradi disse) e que alegrou nossas manhãs de domingo com suas malucas peripécias, afinal, o que a Fórmula 1 mais precisa é de alguém como ele: genuíno, veloz, simpático, determinado e mitológico.

Esse é Pastor Maldonado

Imagens tiradas do Google Imagens

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