sexta-feira, 29 de abril de 2016

AEROSCREEN - Ressurgido das cinzas do tempo


Quando a Red Bull apresentou seu projeto de "protetor de cabeças", muitos, ou quem sabe todos, diziam ser mais eficiente do que o Halo feito pela Ferrari. Ontem, quando finalmente vimos o Aeroscreen instalado no carro, as opiniões mudaram drasticamente: enquanto alguns acreditam ser a melhor solução, outros pensam ser algo inútil, que pode até mesmo atrapalhar a visibilidade dos pilotos em determinados casos.

Quando Daniel Ricciardo entrou na pista, assistimos a história acontecer, ou melhor, "re-acontecer".


Na década de 30, para priorizar a até então pouco explorada aerodinâmica nos carros de corrida, as potencias Auto Union e Mercedes-Benz lançaram os monstruosos streamliners, com uma carenagem totalmente especial para pistas de alta, como AVUS. Quando o objetivo passava a barreira, digamos, humana, e a loucura era buscar velocidades que ultrapassavam os 400Km/h, a Auto Union sabia bem como melhorar a passagem do vento na região do cockpit, como podemos ver na foto.

Infelizmente, num frio 28 de janeiro, Bernd Rosemeyer perderia sua vida tentando superar o grande amigo e rival Rudolf Caracciola...

Após a II Guerra, muitas das revoluções da equipe "das quatro argolas" foram esquecidas, até mesmo a do carro com motor montado no centro do chassis. Felizmente, não demorou muito para que homens como John Cooper percebessem a grande utilidade dos "mid-engined cars", revolucionando, de maneira geral, o automobilismo mundial.


Anos depois de Cooper, Frank Costin, que desenhou o Vanwall campeão de construtores da temporada de 1958, estava de volta com mais um projeto ambicioso em suas mãos: o canopy. Priorizando novament, a aerodinâmica do carro, Costin chegou a instalar um dos dispositivos num antigo bólido da Vanwall para testa-lo.

Os resultados dos testes, provavelmente, foram positivos, e não demorou muito para que Costin colocasse em prática na equipe Protos, de Ron Harris, a combinação canopy+chassis de madeira, que parecia ser genial pela sua leveza e aspecto aerodinâmico. Na temporada européia da Fórmula 2 em 1967, o Protos F2 foi pilotado por nomes como Brian Hart (sim!), Pedro Rodríguez (sim!) e Kurt Ahrens Jr.


E como o Grande Prêmio da Alemanha geralmente incluía carros de Fórmula 2 ao grid, vimos Kuth Ahrens e Brian Hart participando da edição de 1967 da prova com o modelo. As fotos tiradas dos bólidos de número #25 e #26 são realmente históricas e representam algo fenomenal na trajetória da Fórmula 1, que nunca viu um carro genuinamente montado para ela utilizando o canopy.

Na Eifelrennen de 1968, Vic Elford e Brian Hart correram com o F2 da Protos, protagonizando mais algumas fotos históricas, pois, essa seria uma das últimas vezes que um monoposto sem asas estaria usando o canopy.

Voltando para 1967, Jack Brabham tinha em mãos o BT24, com aparência de Fórmula 2, mas competitividade de Fórmula 1. E para testar o canopy decidiu produzir um especial para seu bólido, que seria testado no fim-de-semana do GP da Itália. "Black Jack" tentava re-inventar parte dos streamliners, mas logo interromperia o projeto, uma vez que o para-brisa distorcia sua visão e causava tonturas...


Quase 20 anos depois, a McLaren faria um rápido teste com Alain Prost (isso mesmo, Alain Prost!), também com um pequeno canopy instalado. E como os resultados não foram tão agradáveis, da mesma forma para Brabham e Protos na década de 60, a equipe de Woking decidiu abandonar a ideia, tacando-a nas chamas do esquecimento...

Trinta anos depois, eis que Adrian Newey re-inventa o canopy, agora com nome Aeroscreen, colocando e testando em um de seus carros na manhã do dia 29 de abril de 2016, em Sochi...

O tempo passou tão rápido nesses últimos 80 anos...

Mais fotos:

Mercedes-Benz: 

Auto Union:

Protos:
Hart na Flugplatz

Brabham:

McLaren:

Imagens tiradas do Google Imagens

Nenhum comentário:

Postar um comentário