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sábado, 21 de maio de 2016

TOP 10 - Pilotos mais velhos a vencer na F1


Muitos criticam o que a Fórmula 1 se tornou, em termos de idade de seus protagonistas, nos últimos anos. Já se foi a época na qual os pilotos tinham de passar por todos os degraus do automobilismo até chegar ao topo, ganhando anos e mais anos de suas vidas com experiência nas categorias de base. Apesar de ser vista, por muitos, como algo negativo, essa juventude que invadiu a F1 nas últimas décadas é um sinal de evolução.

Quando o campeonato foi criado, os únicos nomes que desfilavam nos autódromos pelo mundo eram de ex-consagrados dos tempos pré-Guerra, sendo eles os responsáveis por criar toda uma nova geração de pilotos oriundos de uma dura sobrevivência na II Guerra Mundial. Nas décadas seguintes criou-se um ciclo, na qual uma geração leva a outra na medida do envelhecimento dos ases.

O consequente aumento de velocidade dos carros, entre outros fatores, levaram os pilotos a se aposentarem mais cedo, e, assim, novas gerações conseguiram surgir com maior facilidade. Em cerca de vinte anos, a idade média de pilotos com sucesso a estrear na Fórmula 1 caiu substancialmente: Nigel Mansell começou aos 27, Stefan Bellof aos 26, Alain Prost e Ayrton Senna aos 24, enquanto Kimi Räikkönen e Jenson Button estrearam aos 20 anos de idade e Fernando Alonso aos 19. Entre eles, Michael Schumacher, que em 1991 tinha 22 anos.

Quando a barreira dos 18 anos parecia inquebrável, eis que a Toro Rosso anunciou a contratação de um menino de apenas 16 anos. Max Verstappen só estrearia em 2015, já aos 17, mais ainda muito criticado pela falta de experiência, tal como foi com Räikkönen em 2001.

Apenas um ano depois, o jovem holandês se tornaria o mais jovem piloto a vencer na Fórmula 1, com 18 anos, 7 meses e 15 dias...

Os tempo passou rápido, mas, mesmo com essa onda jovial que atinge a categoria, não devemos nos esquecer dos heróis do passado que fizeram a Fórmula 1 ser o que ela é. Sem nomes como Tazio Nuvolari, Jean-Pierre Wimille, Juan Manuel Fangio, Luigi Fagioli, Piero Taruffi, Felice Bonetto e Giuseppe Farina, ela não seria a mesma. E para lembrar dos "velhotes", que tal ver uma lista dos mais "experientes" pilotos a vencer na Fórmula 1?

10º lugar: Clay REGAZZONI - 39 anos, 10 meses e 9 dias
Quando o segundo piloto conquistou o direito do primeiro

Com 39 anos de idade, Clay Regazzoni ainda tentava se reerguer após sua cabisbaixa saída da Ferrari em 1976. Após passar por Ensign e Shadow, o suiço chegou a Williams com o status de segundo piloto, tendo a grande missão de ajudar Alan Jones a conquistar a primeira vitória do time britânico. No fim, foi ele próprio que acabou por dar essa alegria para Frank Williams, vencendo o GP da Grã-Bretanha de 1979 com 39 anos, 10 meses e 9 dias.

9º lugar: Graham HILL - 40 anos, 3 meses e 3 dias
Ah... o Mônaco...

Graham Hill ainda era o atual campeão quando conseguiu vencer o GP de Mônaco de 1969 com 40 anos, 3 meses e 3 dias. Após largar em quarto, o bicampeão precisaria apenas ultrapassar Jean-Pierre Beltoise, sendo o maior beneficiado dos abandonos de Chris Amon e Jackie Stewart. Ao fim das 80 voltas, Hill havia vencido pela quinta e última vez no principado. Haveria lugar melhor para o Mister Monaco conquistar sua última vitória?

8º lugar: Maurice TRINTIGNANT - 40 anos, 6 meses e 18 dias
Na base da experiência, Trintignant deu show em cima de Ferraris e Vanwalls

Após largar em quinto no GP de Mônaco de 1958, a vitória parecia distante do experiente francês, já com seus 40 anos. A bordo de seu revolucionário Cooper com motor traseiro, Maurice Trintignant resistiu aos inúmeros problemas, que sempre marcavam os GPs de Mônaco na época, na base da experiência. Num fim-de-semana na qual Bernie Ecclestone se tornou um PILOTO de F1, Trintignant escreveria seu nome na história após superar os poderosos bólidos da Ferrari e da Vanwall.

7º lugar: Nigel MANSELL - 41 anos, 3 meses e 5 dias
O último rugido do Leão

Pela primeira vez desde 1958, a Fórmula 1 não tinha nenhum campeão mundial no grid, e, para solucionar o problema, a Williams decidiu chamar um velho conhecido do público para melhorar a imagem da categoria: Nigel Mansell, campeão da temporada de 1992. O Leão, claramente, não tinha mais condições físicas para vencer uma corrida, mas não seria preciso muito para que o britânico voltasse a escrever seu nome na história. Quando Schumacher e Hill bateram, o caminho ficou livre para que Mansell vencesse o GP da Austrália de 1994.

6º lugar: Sam HANKS - 42 anos, 10 meses e 17 dias
Após tentar 12 vezes sem sucesso, a vitória finalmente veio em 1957

Existem suspeitas de que Hanks é um parente distante de Abraham Lincoln, e que ele ainda seja o único piloto a participar da Indy 500 antes de 1939, servir na II Guerra e voltar a correr nas 500 Milhas nas décadas de 40 e 50. Todo seu sacrífico de participar 13 vezes de uma das provas mais importantes do automobilismo foi recompensado na edição de 1957, quando, com 42 anos, 10 meses e 17 dias, venceu a prova. 

5º lugar: Jack BRABHAM - 43 anos, 11 meses e 5 dias
Nas últimas, Brabham teve uma participação meteórica em 1970

Já consagrado com três títulos na Fórmula 1, Jack Brabham não tinha muito mais para ganhar em 1970, já com seus 43 anos. Mesmo assim, quando seu novo bólido, o BT33, mostrou ser "bem-nascido", Black Jack não perdeu a chance de conquistar mais uma vitória que colocava seu nome no hall dos pilotos mais velhos a vencerem na categoria. Assim, Jack Brabham venceu o GP da África do Sul de 1970 com 43 anos, 11 meses e 5 dias, e quase melhorou seu recorde em Mônaco, quando perdeu, na última volta, a vitória para Jochen Rindt.

4º lugar: Piero TARUFFI - 45 anos, 7 meses e 6 dias
Tempos em que um Fórmula 1 era na verdade um Fórmula 2

Com cabelos claros, nada parecia parar Piero Taruffi. Depois de dividir o carro com Juan Manuel Fangio no GP da Itália de 1950 e se tornar um piloto da jovem Scuderia Ferrari, Taruffi atingiu o pico de sua carreira na abertura da temporada de 1952 da Fórmula 1. Em Bremgarten, a Raposa de Prata não tinha a presença de Alberto Ascari para se preocupar, tomando a ponta logo após o abandono de Giuseppe Farina e resistindo às perigosas 62 voltas da prova. Com 45 anos, 7 meses e 6 dias, Piero Taruffi venceu o GP da Suiça de 1952.

3º lugar: Juan Manuel FANGIO - 46 anos, 1 mês e 11 dias
O último show do Maestro

Quem disse que é impossível dar show aos 40? Juan Manuel Fangio provou o contrário em 1957, quando, com uma estupenda vitória em Nordschleife, conquistou seu quinto e último título. Com uma ousada estratégia de uma parada para reabastecimento e troca de pneus, o argentino era obrigado a tomar a ponta logo na largada, algo que acabou não conseguindo. Para piorar, Fangio perdeu três voltas atrás de Collins e Hawthorn. Quando parou, os mecânicos da Maserati trabalharam da maneira mais rápida possível, mas nada capaz de evitar que Fangio ficasse 45s atrás dos lideres.

Há 10 voltas do fim, o argentino iniciou a mais espetacular recuperação da história da Fórmula 1, tirando cerca de 10s por volta de Hawthorn e Collins e cravando voltas cerca de 8s mais rápidas do que seu tempo de pole. Restando apenas dois giros, os britânicos já estavam na alça de mira do argentino, que efetuou as ultrapassagens para seguir seu caminho até a vitória. Assim, Juan Manuel Fangio venceu o GP da Alemanha de 1957 com 46 anos.

2º lugar: Giuseppe FARINA - 46 anos, 9 meses e 3 dias
Farina conseguiu colocar mais de 1 minuto sobre Fangio

Quarenta e um inscritos com 34 pilotos partindo no momento da largada. O GP da Alemanha de 1953 é definitivamente um recordista em número de participantes, mas será que é só apenas nesse quesito que a prova se destaca? Já com uma mão na taça, Alberto Ascari enfrentou problemas quando era líder, dando ao jovem Mike Hawthorn a ponta enquanto Farina e Fangio batalhavam pelo segundo posto.

Tão talentoso quanto o argentino, Farina, mesmo alguns anos mais velho, surpreendentemente derrotou Fangio. E depois que Hawthorn enfrentou problemas, nada pode atrapalhar o "velhote" italiano de vencer aos 46 anos de idade, se tornando o mais velho piloto a vencer sozinho um Grande Prêmio de Fórmula 1. E tudo isso colocando mais de 1 minuto sobre Fangio...

1º lugar: Luigi FAGIOLI - 53 anos e 22 dias
Com o #8...

Fagioli é talvez o piloto que, com mais desgosto, conquistou a vitória de toda a nossa lista. Na terceira fila com seu sétimo posto conquistado nos treinos, Luigi tinha a dura missão de ajudar Fangio e Farina a superar os carros da Ferrari, sendo o piloto mais velho do trio mais experiente da história da Fórmula 1. Para piorar as coisas, Fagioli caiu para nono na largada, mas, com um equipamento superior, logo se recuperou.

Após Ascari quebrar, Juan Manuel Fangio assumiu a ponta, enquanto o experiente italiano pressionava José Froilán González na disputa pelo quarto lugar. Porém, o imprevisto aconteceu e Fangio começou a ter problemas em seu bólido de número #4, sendo obrigado a fazer uma parada de emergência. Mesmo com Farina na liderança, a Alfa Romeo não se contentou em ver Fagioli tomar o terceiro posto de González, e chamou o italiano para a parada.

Nos boxes, um inconformado e furioso italiano saia de seu carro número #8 para a entrada do Maestro. Luigi ainda poderia tomar o bólido do argentino, mas, enquanto o mesmo apresentasse problemas, não poderia ir para pista. Resultado? Fagioli voltou 20 voltas atrás do líder, na última posição.

E com o #4...

Se beneficiando dos problemas enfrentados pelos bólidos ferraristas e pelo companheiro Nino Farina, Juan Manuel Fangio conseguiu tomar a ponta e vencer a prova, assumindo a liderança do campeonato de pilotos. Enquanto isso, Fagioli terminaria a prova na 11º e última colocação, mais de 20 voltas atrás do argentino.

Mesmo furioso com o resultado, Luigi Fagioli havia entrado para a história como o piloto mais velho a vencer uma corrida de Fórmula 1, aos 53 anos e 22 dias...

O resistente italiano morreria pouco mais de um ano depois, após se acidentar num treino com carros de turismo.

Imagens tiradas do Google Imagens e F1-History.deviantart.com

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

GP Memorável 71# - Argentina 1956


Meses depois da última prova da temporada de 1955, muita coisa havia se passado no período que dividiu ambas as temporadas, entre elas a saída da Mercedes-Benz de todas as competições automobilísticas e a "fuga" de Fangio para Ferrari e Moss para Maserati. De todos os construtores, incluindo também BRM, Gordini, Vanwall e Connaught, o favoritismo estava apenas nas equipes vindas da Itália, o que prometia deixar o campeonato bastante emocionante.

Com falta de finanças, apenas carros vermelhos estavam presentes para o GP da Argentina, mesmo com a Gordini fazendo uma inscrição de dois carros para Manzon e Bayol. Querendo peitar a rival conterrânea, a Maserati enviou nada menos nada mais do que oito 250F, a maior parte servindo a equipe oficial da marca: Officine Alfieri Maserati.

O italiano Luigi Piotti compareceu com um dos bólidos da equipe do tridente tendo uma inscrição particular, da mesma forma do uruguaio Alberto Uria, que chamou seu compatriota Oscar González para dividir um velho A6GCM que eles tinham. Já com seus 48 anos de idade, Chico Landi ainda foi convidado pela Maserati para guiar um de seus carros, mas, já se precavendo, a equipe italiana também chamou Gerino Gerini, caso o brasileiro não aguentasse a prova de 3 horas de duração.


Outros nomes que estariam guiando o 250F, além de Moss e Behra, eram José Froilán González e Carlos Menditeguy, para delírio dos torcedores argentinos. Mike Hawthorn foi mandado pela BRM para participar da prova, porém sem o novo P25, e sim com um 250F modificado incluindo freios a disco nas rodas.

Depois de testar vários modelos durante os treinos, a Ferrari finalmente decidira com qual configuração cada piloto seu iria correr, com destaque ao estreante belga Olivier Gendebien. Fangio, Castellotti e Musso correriam com o D50 equipado com um motor V8 2.5, enquanto Collis ficara com um antigo 555 usando um motor L4, com Gendebien utilizando o mesmo chassis porém o mesmo V8 usado pelo trio principal.


Na calorenta qualificação, Juan Manuel Fangio conseguiu a pole position com o tempo de 1:42.5, apenas 0.2s mais rápido do que Eugenio Castellotti. Luigi Musso e Jean Behra completavam a primeira fila, com González conquistando um quinto posto seguido por Menditeguy e Moss numa fila dominada por Maseratis. Mike Hawthorn era oitavo, Peter Collins e Olivier Gendebien mostravam o tão ruim era o 555 conquistando os últimos dois lugares no top ten.

Fechando a terceira fila, Chico Landi, com 1:57.9, deixando-o na frente de Luigi Piotti e do uruguaio Alberto Uria, que não treinou. Depois das absurdas temperaturas da edição anterior, o início da prova voltou a ser marcado às 16:00, programando um fim de corrida para as 19:00, quando a luz natural ainda seria boa o suficiente e as temperaturas aceitáveis.


Na largada, Luigi Musso toma a ponta com José Froilán González e Carlos Menditeguy seguindo o italiano que, ainda na primeira volta, perderia a liderança da prova para González. Castellotti e Fangio fizeram péssimas largadas e ocupavam a quarta e quinta colocação ao fim do primeiro giro, com Moss em sexto, Behra apenas na sétima posição e Hawthorn duelando com Collins pela oitava.

Chico Landi havia ultrapassado Olivier Gendebien, enquanto Alberto Uria seguia o brasileiro e segurava o estreante belga com Piotti ficando em último. Musso logo perderia a segunda colocação para o surpreendente e explosivo Menditeguy, com Eugenio Castellotti se aproveitando para também ultrapassar o companheiro. Andando mais do que seu eterno rival, Stirling Moss passa por Juan Manuel Fangio.


No fundo do pelotão, Gendebien consegue deixar Uria para trás, enquanto Collins e Hawthorn seguem disputando pela oitava colocação. Perseguindo o compatriota, Carlos Menditeguy tem sorte e vê González ter problemas logo em sua frente, deixando a liderança da prova para o companheiro. Decaindo, o "Touro dos Pampas" acompanha todas as manobras de Fangio para retomar a posição perdida para Moss além de ultrapassar Musso.

O Maestro vem fazendo prova fantástica e já se aproxima de Catellotti, ultrapassando o italiano antes de começar a ter problemas e perder várias posições. Inteligente, Stirling Moss se aproveita do ocorrido com o ex-companheiro para ultrapassar Eugenio e assumir a segunda colocação, com Menditeguy abrindo cada vez mais.


González ainda consegue retomar o rendimento de sua Maserati, se mantendo na quarta colocação. Fangio ainda tentaria de tudo para voltar a corrida com o mesmo carro #30 que iniciou, porém, em manobra rápida e esperta, o chefe de equipe, na ocasião Amarotti Ferrari, pede para que Luigi Musso venha aos boxes para substituição.

Na volta 30, o carro número #34 passa a ser do argentino, enquanto a prova já havia visto González ultrapassar Castellotti antes de abandonar e Musso perder a posição para Behra: Fangio teria trabalho pela frente. Menditeguy estava imparável na liderança, marcando volta mais rápida atrás de volta mais rápida, abrindo para Moss, mas agora Fangio entrou para rivalizar com o compatriota.


De maneira alucinante, um batalhava com o outro para conquistarem a melhor volta da prova, enquanto, voltas depois, Castellotti abandonou com problemas na sua caixa de câmbio, facilitando ainda mais a vida de Fangio que assumiu a terceira colocação depois de também passar Jean Behra. Lá na frente, Stirling Moss começa a ver fumaça saindo de seu motor, mas ainda se mantém na prova para assumir a liderança depois de Carlos Menditeguy ter problemas no semi-eixo.

Caso a conta de que 100 voltas fosse dividida, provavelmente haveria uma troca de pilotos entre as voltas de número 40 e 50, e é nessa altura que acredita-se que Landi foi substituído por Gerini, algo que nunca foi oficializado, mesmo sabendo que o italiano cruzou a linha de chegada no Maserati 250F. Mais ao fundo, Alberto Uria trocava com Oscar González.

Com fortes dores no braço, Gendebien faz boa prova de resistência na sétima colocação, evitando atrapalhar os ponteiros e não sendo pressionado por Piotti, que fez a maior marmelada da prova. Peter Collins, estreando na Ferrari com o terrível modelo Super Squalo, estava na quinta colocação antes de encontrar o italiano, que fechou e freou bruscamente em cima do britânico que acabou batendo e abandonando.


Alucinado, Fangio comete erros tentando se aproximar da Maserati de Moss que a cada volta solta mais fumaça de seu motor, com Behra em terceiro, Hawthorn numa fantástica quarta colocação e Gerini (ou seria Landi) guiando o mesmo bólido de Landi na quinta, e pontuável, posição.

As tentativas de manter a liderança chegavam ao fim, e Stirling Moss teve de ceder para Juan Manuel Fangio na volta 67, ainda se mantendo na segunda colocação por mais seis giros antes de ser ultrapassado por Jean Behra e abandonar. Depois de seu abandono, a classificação era a seguinte: Fangio em primeiro, Behra em segundo, Hawthorn em terceiro, Gerini (quem sabe Landi?) em quarto, Gendebien em quinto e González em sexto.

No carro #10, Chico Landi...

E com o grande número de abandonos, a organização decidiu dar a bandeirada na volta 98 ao invés da 100, talvez porque o herói local, Juan Manuel Fangio, começava a perder terreno para Jean Behra, que fechou o pódio com Mike Hawthorn conquistando um fantástico terceiro posto. Luigi Musso conquistou sua única vitória dessa forma, dividindo sua Ferrari com o companheiro.

Fechando os lugares pontuáveis, Gerini e Landi conquistaria 1,5 ponto pelo fantástico quarto lugar, dando ao Brasil seus primeiros pontinhos na categoria, enquanto Gendebien foi fantástico ao guiar com dores no braço e conquistar dois pontos logo em sua estreia em Grand Prixs...


Assim começava a temporada de 1956 da Fórmula 1, que prometia ser bastante equilibrada.

RESULTADOS:
  1. 34 - ITA / ARG - Luigi Musso / Juan Manuel Fangio - Scuderia Ferrari - 3:00:03.7 - 4 / 5pts
  2. 4 - FRA - Jean Behra - Officine Alfieri Maserati - +24.4s - 6pts
  3. 14 - GBR - Mike Hawthorn - Owen Racing Organisation - +2 Voltas - 4pts
  4. 10 - BRA / ITA - Chico Landi / Gerino Gerini - Officine Alfieri Maserati - +6 Voltas - 1,5 / 1,5pt
  5. 38 - BEL - Olivier Gendebien - Scuderia Ferrari - +7 Voltas - 2pts
  6. 16 - URU / URU - Alberto Uria / Oscar González - A Uria - +10 Voltas
  7. 2 - GBR - Stirling Moss - Officine Alfieri Maserati - Motor - OUT
  8. 36 - GBR - Peter Collins - Scuderia Ferrari - Acidente - OUT
  9. 8 - ITA - Luigi Piotti - L Piotti - Acidente - OUT
  10. 6 - ARG - Carlos Menditeguy - Officine Alfieri Maserati - Semi-eixo - OUT
  11. 32 - ITA - Eugenio Castellotti - Scuderia Ferrari - Caixa de Câmbio - OUT
  12. 12 - ARG - José Froilán González - Officine Alfieri Maserati - Motor - OUT
  13. 30 - ARG - Juan Manuel Fangio - Scuderia Ferrari - Bomba de Combustível - OUT
  14. 18 - FRA - Robert Manzon - Equipe Gordini - DNA
  15. 20 - FRA - Elie Bayol - Equipe Gordini - DNA
Volta Mais Rápida: Juan Manuel Fangio - 1:45.3

Perceba a diferença das rodas de Hawthorn em comparação aos dos outros competidores

Curiosidades:
- 49º GP
- 1º GP de Olivier Gendebien
- 1º GP de Gerino Gerini
- 1º e único GP de Oscar González
- 1º e única vitória de Luigi Musso
- 18º vitória de Juan Manuel Fangio
- 21º vitória da Ferrari
- 20º pole position da Ferrari
- 21º vitória do motor Ferrari
- 20º pole position do motor Ferrari
- Último GP de Alberto Uria
- Último GP de Chico Landi
- Primeiros pontos de Chico Landi e Gerino Gerini na Fórmula 1
- Primeiros pontos do Brasil na Fórmula 1

  • MELHOR PILOTO: Carlos Menditeguy
  • SORTUDO: Juan Manuel Fangio
  • AZARADO: Eugenio Castellotti
  • SURPRESA: Olivier Gendebien
Carlos Menditeguy, em todos os seus GPs argentinos, este foi provavelmente o mais inspirado, liderando a corrida sem problemas e caminhando para uma vitória caso não tivesse quebrado sua Maserati. Fangio teve sorte em dividir o carro com Musso, se beneficiar de abandonos e arrancar uma surpreendente vitória no início da temporada: a Mercedes poderia ter ido embora, mas o Maestro continuava o mesmo. Castellotti poderia ter herdado a vitória caso não abandonasse no meio da prova. Mesmo com dores no braço, Gendebien fez grande prova para marcar seus primeiros pontos logo na estreia.


Campeonato de Pilotos
  1. FRA - Jean Behra - Officine Alfieri Maserati - 6pts
  2. ARG - Juan Manuel Fangio - Scuderia Ferrari - 5pts
  3. ITA - Luigi Musso - Scuderia Ferrari - 4pts
  4. GBR - Mike Hawthorn - Owen Racing Organisation - 4pts
  5. BEL - Olivier Gendebien - Scuderia Ferrari - 2pts
  6. BRA - Chico Landi - Officine Alfieri Maserati - 1,5pts
  7. ITA - Gerino Gerini - Officine Alfieri Maserati - 1,5pts

Imagens tiradas do Google Imagens e www.f1-web.com.ar/argentina56

terça-feira, 13 de outubro de 2015

VÍDEO: Momentos Mágicos das Flechas de Prata da Mercedes-Benz


A motivo de não ter post desde a semana passada? Simples, estou escrevendo um gigantesco sobre Andrea de Cesaris o que está tomando boa parte do meu tempo nesse começo de semana e continuará tomando durante todo o resto. Para quebrar um pouco do gelo, deixo a vocês este fantástico filme produzido pela própria Mercedes-Benz, contando sobre a época das Flechas de Prata de modo muito realístico á ponto de nos espantarmos.


Se você entende de inglês, merece e muito vê-lo. Mas caso você entenda pouco, como eu, assista do mesmo jeito, pois esse filme é incrível e merece ser salvo na cabeça de cada pessoa que curte o automobilismo.

Imagens tiradas do Google Imagens

sexta-feira, 17 de julho de 2015

O Que Uma Fronteira Faz Para 20 Anos


Meio estranho esse título, mas aos poucos você irá entender. Hoje voltei da escola já sabendo que se faz 20 anos que perdíamos Juan Manuel Fangio, na minha opinião, o melhor piloto da história da Fórmula 1. Torcia para que houvesse alguma postagem sobre ele em algum grande site brasileiro, de notícias em geral, e o que eu encontro? Nada.

Para mim isso é um terrível mico, mostrando que tudo que fazem é pachequismo, como por exemplo quando entupiram os sites no ano passado falando sobre a morte de Senna, #Senna20Anos... E assim vai... Esquecer do Fangio é esquecer do automobilismo, lembrar de Ayrton é lembrar de automobilismo, mas quando não se trata de VERDADEIROS fãs do automobilismo, é tudo pacheco...

Qual sua opinião sobre isso? E mais uma vez vemos a imprensa mostrando ser totalmente injusta com um verdadeiro guerreiro que foi Juan Manuel Fangio, deixou saudades, Maestro...

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Há 57 Anos, Uma Pausa

Opa! Uma câmera? Pausa para uma foto, xiss...

Há exatos 57 anos, Juan Manuel Fangio fazia sua última corrida na Fórmula 1. Com seu belo Maserati número 34, o argentino largou em 8º, e logo percebeu que aquele ano não seria dele depois de ver as Ferraris desaparecerem em sua frente, inclusive com Wolfgang von Trips fazendo uma linda corrida, largando em 21º e terminando em 3º. Voltando para El Maestro, sua posição final foi um 4º lugar, que ele havia repetido no GP da Argentina no começo do ano, sua única prova além dessa e da Indy 500.

Infelizmente sua aposentadoria foi causada por um acidente, não envolvendo ele, mas Luigi Musso, amigo pessoal que faleceu na volta 9, enquanto perseguia Mike Hawthorn, que venceria a corrida. E essa imagem? Fantástica não? Grande Maestro Fangio, saudado por todos até por Ayrton Senna, deixa saudades até hoje...

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Le Mans, 1955


Dia 11 de junho de 1955, todos estavam no circuito de La Sarthe, apreensivos para o início da maior e mais difícil prova do mundo: as 24 Horas de Le Mans. Como sempre há, os favoritos eram as Mercedes e os Jaguares, que traziam uma rivalidade imensa vinda da II Guerra. Diferentemente das 500 Milhas de Indianapolis, a Fórmula 1 não contava as 24h como uma corrida em seu calendário, algo que não evitava a presença de estrelas da categoria.

Nesse ano, a corrida contaria com 46 pilotos britânicos, 35 franceses, 11 italianos, 9 norte-americanos, 6 pilotos alemães, 4 belgas, 3 suiços, 2 pilotos argentinos, inclusive Fangio, 1 do Brasil e outro da Guatemala. O "desbravador" brasileiro daquela edição era Hermano da Silva Ramos.


As grandes marcas marcavam sua presença com suas equipes oficiais: a Porsche, a Jaguar, a Aston Martin, a Mercedes, a Maserati e a Ferrari colocaram três carros cada uma, "equipados" com os pilotos, respectivamente: Helmut Polensky, Richard von Frankenberger, Helmut Glöckler, Jaroslav Juhan, Auguste Veuillet e Zora Arkus Duntov. Mike Hawthorn, Ivor Bueb, Tony Rolt, Duncan Hamilton, Ron Beauman e Norman Dewis. Peter Collins, Pau Frère, Roy Salvadori, Peter Walker, Tony Brooks e John Riseley-Pritchard. Juan Manuel Fangio, Stirling Moss, Karl Kling, André Simon, Pierre Levegh e John Fitch. Luigi Musso, Gino Valenzano, Carlo Tomasi, Francesco Giardini, Roberto Mières e Cesare Perdisa. Maurice Trintignant, Harry Schell, Umberto Maglioli, Phill Hill, Eugenio Castelotti e Paolo Marzotto.


Só desse citados, nos lembramos mais de Fangio, Moss, Hawthorn, Collins, Rolt, Perdisa, Kling, Brooks, Frère, Salvadori, Musso, Hill, Trintignant, Schell, Maglioli e Castelotti. Mas ainda tinhamos outros nomes conhecidos como o de Hermano da Silva Ramos, Reg Parnell, Peter e Graham Whitehead, Masten Gregory, Yves Giraud-Cabantous e Ron Flockhart.

Para os grandes fãs da equipe preta e dourada, Colin Chapman esteve nessa edição, não apenas como um chefe de equipe, mas também como piloto, ao lado de Ron Flockhart, pilotando um Lotus Mark IX. Haviam outros nomes de equipes na qual nos lembramos muito, como MG, Cooper, Gordini e até mesmo a Bristol Aeroplane Company, que tem sua tradição e história construída nos aviões...


Depois de todas essas informações, para muitos desnecessárias, vamos para o que interessa, a corrida e o acontecimento. Pelo menos o início da prova seria feita em céu aberto, às três horas da tarde. A disputa, como todos previam, foi da Mercedes de Fangio e Moss com o Jaguar de Hawthorn e Bueb, que ainda se mantinha na frente enquanto a corrida já estava a todo vapor, mas sendo ferozmente perseguidos pela dupla da equipe alemã.

Já era fim da tarde, e os pilotos estavam prestes a fazer suas paradas. Mesmo assim, alguns batalhadores ainda se mantinham atrás de seus gigantescos volantes, entre eles Mike e Juan Manuel, que colocavam voltas em cima de seus adversários adversários. O próximo retardatário seria Levegh, com a outra Mercedes, tentando se recuperar na corrida.


Percebendo a falta de combustível, Mike Hawthorn passa rapidamente por Pierre Levegh e Lance Macklin, indo a caminho do pit lane, que na época era aberto. Com isso, o britânico freou, e como a Jaguar usava freios a disco, a freada foi muito mais brusca do que Macklin esperava, causando um travão inesperado para se desviar do bólido de Hawthorn. Infelizmente, o britânico acabou entrando na frente de Levegh, que instantes antes sinalizou para Fangio, que vinha logo atrás, passar por ele. O francês salvou a vida do companheiro, mas não a sua...

Pierre morto no asfalto

A Mercedes levantou voo depois de tocar no carro da equipe Macklin. Depois de capotar várias vezes, o Mercedes se dividiu ao meio, jogando estilhaços em cima do público e matando Levegh instantaneamente. O bloco do motor rolou por cima dos espectadores, que ainda tiveram que enfrentar as fortes chamas que vinham do carro prateado.


Pessoas foram decapitadas, perderam membros, causando óbito de boa parte do público presente na arquibancada principal, que ainda teve de enfrentar a fumaça do carro de Pierre, que estava no asfalto, "estirado" no chão e com partes de seu corpo queimadas. O público viu suas vidas mudarem para sempre, seja para aqueles que sobreviveram e perderam familiares, seja para os pilotos que estavam nos boxes vendo toda aquela tragédia.


A noite caia, e a única forma de impedir mais mortes foi não interromper a corrida, para que os espectadores não congestionassem as estradas. John Fitch era companheiro de Pierre Levegh, e agora sem carro não correria mais, se tornando uma figura importante para toda a história. O norte-americano morreu aos 95 anos em 2012, mas em seu aniversário de 92 anos fez um vídeo explicando a decisão alemã de se retirar da prova:

John Fitch, Pierre Levegh e Alfred Neubauer

"Quando eu estava no telefone, um jornalista que eu conhecia estava falando com um jornal e disse que as informações indicavam que 65 pessoas estavam mortas. Fiquei chocado, pois não sabíamos, estávamos nos boxes. Falei com Rudolph Uhlenhaut, diretor da Mercedes, e falei o que tinha acontecido. Disse: 'Rudy, talvez não seja a minha área, mas pensando no que aconteceu na guerra, a Mercedes não deve ganhar essa corrida em cima dos corpos de não importa quantos franceses. Não é bom para as relações, não é bom para a Mercedes, não é bom para ninguém'. Ele foi ligar para a cúpula, voltou e disse que os diretores ficaram horrorizados. E então disse que ficou decidido que eles iam se retirar. Moss ficou furioso comigo, pois ele e Fangio estavam na liderança e ele achava que eles iam vencer. Mas superou, hoje somos amigos."


Mal haviam se passado 10 anos do fim da II Guerra, e as relações dos países europeus com a Alemanha ainda eram com um "mau-olhado", e, para não piorar isso, a Mercedes decidiu se retirar, quando a lua já tomara conta do céu francês. Ainda haviam pessoas feridas, que mais tarde faleceriam, para se juntarem ao terrível número de 84 mortos...

A temporada de 1955 foi modificada em grandes proporções, a começar pela Fórmula 1, que tinha um grande calendário programado para aquele ano, mas que, depois do ocorrido, acabou perdendo os GPs da Alemanha, da França, da Espanha e da Suiça. Para que as corridas de automóveis voltassem a ser realizadas, os governos exigiram reformas em pró da segurança. Aos poucos as corridas voltaram a acontecer em várias países, que haviam aderido á esse tipo de "greve".


Mas a Suiça... Mesmo não sendo disputada lá, as 24 Horas de Le Mans de 1955 marcou toda a sua história, já que nunca mais foi disputada uma corrida novamente no país. Além disso, a tragédia mudou a trajetória e a história da Fórmula 1: a saída da Mercedes-Benz do automobilismo, que se deu no fim da temporada de 1955, com seu segundo título mundial. A volta da equipe alemã aconteceu apenas em 1989, quando o nazismo não era mais uma preocupação...

Uma das mais tristes cenas da história do automobilismo

E a corrida? Ela continuou! A Mercedes ainda chamou a Jaguar a retirar-se também da prova, em sinal de protesto e também de luto, mas a rivalidade falou mais alto, e os britânicos continuaram em sua busca incessante pela vitória, que chegou no dia seguinte, embaixo de chuva, talvez representando a tristeza de todos com o acontecimento daquele fatídico dia 11 de junho.


Mike Hawthorn e Ivor Bueb venceram a corrida, e o mais incrível, comemoraram com champagne. A Aston Martin de Peter Collins e Paul Frère terminou em segundo, 5 voltas atrás dos compatriotas. Fechando o TOP 3 esteve a equipe Ecurie Francorchamps, que usava os mesmos carros da Jaguar, e tinha Johnny Claes e Jacques Swarters como pilotos.

Isso tudo mudou a história do automobilismo, e ao mesmo tempo o destruiu em certos países, manchando o esporte que infelizmente sempre foi assim: "Loucos que correm em círculos em busca de um prêmio que vale mais do que a vida, se arriscando em altas velocidades, querendo provar ser o melhor...."

Os restos da Mercedes de Levegh

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sexta-feira, 5 de junho de 2015

A História de Nürburgring - Parte 4 - A Fórmula 1


Depois de contar como foi o período da II Guerra, agora chegamos á um novo período, o da Fórmula 1 em Nürburgring, categoria, que infelizmente, destruiria a tradição do circuito. falei como foi a corrida de 1951, agora vou falar como foram as provas da década de 1950 e 1960. A primeira década da F-1 seria dominada por italianos e argentinos, além da volta da Mercedes...

Na edição de 1952, incríveis 34 pilotos participaram da corrida, inclusive um brasileiro com sua equipe também brasileira, Gino Bianco correu ao lado do uruguaio Eitel Cantoni, na Escuderia Bandeirantes. Com a Maserati, Gino conquistou um 16º lugar no grid, mais de 20s atrás de Ascari, enquanto Cantoni foi apenas 26º.

A corrida teve 18 voltas, e uma duração de mais de 3 horas, pena que Bianco nem sequer completou uma volta, já que teve problemas no motor. Lá na frente, as 3 Ferraris dominavam a corrida ao lado de seus "clientes", já que houve equipes que compraram um carro da marca italiana. O domínio de Alberto Ascari e Nino Farina foi incontestável, com ambos no pódio ao lado de Rudi Fischer, que havia comprado um carro do "Tio Enzo".

Farina, o mais velho vencedor de todos os tempos

A verdade é que a Ferrari não tinha mais nenhuma rival á seu nível, já que a Alfa Romeo havia saído da competição e os carros alemães não estavam prontos para correr. Em 1953, surge um novo desafio, a Maserati, que tinha Juan Manuel Fangio. O GP da Alemanha daquele ano deixaria sua marca na história. No ano anterior, "apenas" 30 carros largaram, já que um teve problemas antes da largada e outros três não quiseram largar. Com isso, a edição de 1953 marcou a história por ser a corrida com o maior número de participantes largando ao mesmo tempo, 34 carros. Esse é recorde é em âmbito da Fórmula 1.

Outro recorde acabou acontecendo ao fim de 3:02:05.0s, quando Nino Farina cruzou a linha de chegada e se tornou o vencedor mais velho de um GP na F-1, com seus joviais 46 anos. A corrida mostrou ao mundo que a Ferrari tinha alguém para se preocupar, a Maserati fez uma grande corrida, com Fangio terminando em 2º, Felice Boneto em 4º e Toulo de Graffenried em 5º.


Em 1954 o circo da F-1 se espantou. A Mercedes voltou, e voltou dominando, com seus grandes pilotos, incluindo Juan Manuel Fangio. A corrida mais uma vez seria marcada na história, graças a sua duração, de 3 horas, 45 minutos, 45 segundos e 8 milésimos, que só foi superado no GP do Canadá de 2011. Fangio dominou a prova com sua flecha de prata, mas ele não viu seus companheiros alemães terem a mesma sorte, Kling foi apenas o 4º, Lang rodou e Herrmann teve problemas.


No ano seguinte, um desastre marca para sempre o automobilismo. As 24 Horas de Le Mans viu um terrível acidente, que vitimou, além do piloto, mais de 80 pessoas que assistiam a corrida. Depois desse acidente, a Mercedes anunciou sua retirada do automobilismo, retirada que durou mais de três décadas. Além disso, os GPs da França, da Alemanha, da Espanha e da Suiça foram cancelados, deixando a temporada com apenas 7 corridas.


A Mercedes havia ido embora, agora os italianos poderiam ficar na deles, e dominarem mais uma vez o esporte. Para você ter uma ideia desse domínio, apenas a Gordini era uma equipe fora da Itália a participar do GP da Alemanha de 1956, e ainda por cima, todos os seus carros abandonaram. Fangio foi o único ferrarista a terminar a corrida, mas pelo menos foi em uma bela posição, a 1º. Mal imaginava ele, e nem o mundo, que a edição de 1957 entraria para a história.

Para muitos o GP da Alemanha de 1935 foi o melhor da história, para outros o GP da Alemanha de 1957 foi melhor ainda, resta á você decidir. Nos treinos, Fangio conseguiu marcar o melhor tempo, seguido por Hawthorn, Behra e Collins. O argentino sabia que os carros da Maserati eram piores do que os da Ferrari, equipe que ele havia abandonado após perceber que Enzo Ferrari estava em busca de pilotos britânicos, e até mesmo favorecendo-os em cima de Juan. Aquilo era uma estratégia do italiano, para aumentar a venda de seus carros no Reino Unido.


A estratégia de Fangio era fazer uma parada, encher meio tanque para, na metade da corrida, trocar os pneus e reabastecer. A largada era um elemento importante nessa estratégia, e ela acabou dando errado. Os dois carros da Ferrari pularam para ponta, com Fangio logo atrás, querendo ultrapassar-los o mais rápido possível. A demora foi grande, apenas na 3º volta o argentino se encontrava na ponta, agora tentando ir o mais rápido possível, para conseguir abrir uma vantagem o suficiente para voltar colado depois da parada.


Acabou não dando certo. Juan parou seu Maserati, que começou a ser "servido" pelos mecânicos, que tentavam ser o mais rápido possível. No fim da parada, Fangio estava 45s atrás dos lideres ferraristas, e para muitos acabara a chance de vitória do argentino, que começou a voar na floresta alemã. A diferença estava caindo igual ao dilúvio do GP português de 1985. Todos os espectadores alemães estavam atônitos, da mesma forma que estavam 22 anos antes.

Fangio tirava monstruosos 10s por volta, a ponto de cravar um tempo 8.2s mais rápidos do que sua própria pole. O argentino estava tirando leite de pedra, e agora tinha as Ferraris no visual. Collins e Hawthorn ainda tentavam aumentar a diferença, mas o espetáculo que o Maestro Fangio estava dando era superior. Na 20º volta, lá se foram os carro vermelhos da Scuderia, o Juan Manuel já se tornava líder, para não perder mais.


A vitória ainda foi suada, Peter Collins perdeu o ritmo, mas Mike Hawthorn ainda se manteve colado atrás de Fangio, querendo passar e não dando espaço para erros, que não aconteceram. O argentino comemorou pela última vez a vitória na F-1, o resultado era fantástico para a Maserati, que se tornaria campeã com seu piloto preferido, o Maestro Juan Manuel Fangio, que foi carregado pelos seus mecânicos e pela torcida alemã, que havia comparecido em peso.

As 200 mil pessoas viram a melhor corrida de toda a carreira do argentino, que afirmou, mais tarde, que ele dirigiu tão rápido do que ele nunca seria capaz de dirigir novamente. Acabara o GP alemão de 1957, um dos melhores de todos os tempos, uma causa para mim considerar Fangio como o melhor piloto de todos os tempos (pelo menos até agora).


A corrida do ano seguinte não contou com Fangio, mas pelo menos a Alemanha tinha alguém para torcer, Wolfgang von Trips entrou para a equipe da Ferrari, e tinha boas chances de vencer a corrida, coisa que não aconteceu. Começava o domínio britânico, com suas equipes garagistas. Mika Hawthorn largou na pole, mas teve problemas há voltas do fim da corrida. Apenas um carro da Scuderia terminou a corrida, e esse carro era o de von Trips, o 4º colocado, mais de 6 minutos atrás de Tony Brooks, que venceu pela primeira vez na Alemanha.

No ano seguinte, Nürburgring foi substituído por AVUS, que viu Tony Brooks vencer mais uma vez. Em 1960, o GP da Alemanha seria realizado mias uma vez no circuito de Berlim, que por sua vez foi boicotado pelos pilotos, que afirmaram falta de segurança do circuito alemão. A corrida que aconteceu no circuito de Nürbrugring foi de F-2, realizado apenas no Sudschleife...


A corrida, para muitos, foi muito chata, falta de disputas de posições e de velocidade. A visão dos espectadores ficou prejudicada, já que a chuva e a densa neblina tomaram contra do Suds, que viu Jo Bonnier vencer a corrida, com um Porsche. Acabara a década de 1950, e as fatalidades continuaram existindo, as mais famosas foram a de Onofre Marimón e Peter Collins, mas devemos lembrar dos outros guerreiros automobilistas que perderam suas vidas fazendo o que amam: Josef Hackenberg, Paul Kresser, Onofre Marimón, Ricardo Galvagni, Rudi Godin, Viktor Springler, Bernhard Thiel, Erwin Bauer, Peter Collins, Fausto Meyrat e Gustav Baumm...


Moss deu um show para cima das Ferraris

Em 1961, o GP da Alemanha voltava a ser disputado em Nürburgring, depois da F-1 destruir todo o legado de AVUS. A esperança de ver um alemão vencendo era grande novamente, Wolfgang von Trips liderava o campeonato, e estava a poucos passos de se tornar o primeiro alemão campeão do mundo. Ele largou em 5º, enquanto Phil Hill foi pole, mas na corrida nenhum deles ganhou. Stirling Moss mostrou que ainda tem forças para ser um campeão, e venceu a corrida, seguido por von Trips, que conseguiu superar Hill.

Moss havia dado um show em 1961, mas ele não participaria da corrida em 1962, que foi dominada por um jovem chamado Graham Hill, com sua BRM. Depois dessa vitória, Graham era líder do campeonato, e estava á caminho de seu primeiro título. A única alegria alemã naquele dia foi ver Dan Gurney terminar em terceiro com seu Porsche.

Hill voando até sua vitória em 1962

A edição de 1963 seria marcante na história da F-1. Com sua Lotus, Jim Clark largou na pole, e se imaginava uma vitória do escocês, coisa que não veio. O seu segundo lugar ficou marcado por ser seu único em toda a sua carreira. John Surtees conseguiu supera-lo com uma Ferrari, enquanto os alemães tiveram de ser orgulhar em ver Gerhard Mitter terminar em 4º com seu Porsche.

No ano seguinte, John Surtees não deixa espaço para erros novamente, e vence de forma soberana em cima de Graham Hill e Lorenzo Bandini. Apesar de sua vitória, o fim-de-semana foi marcado por uma tragédia, havia morrido Carel Godin de Beaufort, que se acidentou nos treinos livres com seu Porsche. O circuito e Nordschleife sempre se mostrou perigoso, e na década de 1960 estava mostrando isso mais ainda, já que os carros aumentavam sua velocidade...

Surtees e sua misteriosa técnica de pilotar...
Nos próximos dias veremos como foi a segunda parte da década de 1960 em Nürburgring, e também a década de 1970, até o acidente de Niki lauda. Espero que estejam gostando, e obrigado por ler, qualquer erro de concordância ou palavras erradas, me avise...


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