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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Rondel

Clive Walton, Ron Dennis, Neil Trundle e Preston Anderson em 1972.

Eram trinta e seis anos apenas de McLaren. Ronald Dennis, nascido na pequena cidade de Woking em 1947, evoluiu no mesmo passo que a Fórmula 1 durante as décadas de 70 e 80. Passando de mecânico, à serviço de Jack Brabham, para se tornar líder da segunda equipe mais vencedora de todos os tempos, o inglês conquistou 7 dos 8 mundias de construtores da McLaren.

Neste dia que marca seu 70º aniversário, lembro o que esteve a fazer no início da década de 70, antes de começar seus "projetos" (piada cretina detectada!) e ser catapultado para a compra da McLaren nos anos 80.

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Depois da saída de Jack Brabham, Ron Dennis e seu amigo Neil Trundle, em 1971, decidiram criar uma equipe de Fórmula 2, que correria com velhos carros da equipe Brabham. Ainda sem patrocínio, os ingleses tiveram sorte após a namorada de Dennis conseguir, por meio de contatos, o nome de Tony Vlassopulos, que mais tarde também estaria envolvido na fundação da Token (que deu à Pryce seu primeiro ponto na Fórmula 1).

Dennis, Schenken e Trundle

Com ninguém mais do que Graham Hill na equipe, Trundle e Dennis (a junção de seu nomes criou o nome da equipe: Rondel) viram a primeira vitória vir logo na segunda corrida, em Thruxton. A evolução do time era grandiosa. No ano seguinte a presença e as vitórias de Carlos Reutemann e Henri Pescarolo criariam um clima propicio para o primeiro carro próprio da equipe, o M1.

Um ano antes, em 1972, a Motul já havia passado a patrocinar a equipe, o que ajudou ainda mais na contratação de Ray Jessop, que projetaria o M1 de 1973. Apesar do medo, o carro seria um sucesso. Henri Pescarolo, mais uma vez, e Tim Schenken conquistariam as duas últimas vitórias da equipe.

O crescimento era claro. Mas o dinheiro, que tanto era necessário, estava em falta. O sonho era pular para a Fórmula 1, mas a falta de fundos e a saída da Motul do automobilismo foram fatais para Ron Dennis e Neil Trundle, que tiveram que fechar a equipe no inverno de 1974, quando um bólido, com configurações de Fórmula 1, era projetado (mais tarde, este seria o Token RJ02).

Seria o fim da primeira empreitada de Dennis como chefe de equipe. Mas já estava claro que ele tinha habilidade para a coisa. Graham Hill ficara impressionado com o profissionalismo e o detalhismo apresentados pela equipe, características famosas de Ron.

Feliz aniversário, Ronald!

Imagens tiradas do Google Imagens.

sábado, 21 de maio de 2016

TOP 10 - Pilotos mais velhos a vencer na F1


Muitos criticam o que a Fórmula 1 se tornou, em termos de idade de seus protagonistas, nos últimos anos. Já se foi a época na qual os pilotos tinham de passar por todos os degraus do automobilismo até chegar ao topo, ganhando anos e mais anos de suas vidas com experiência nas categorias de base. Apesar de ser vista, por muitos, como algo negativo, essa juventude que invadiu a F1 nas últimas décadas é um sinal de evolução.

Quando o campeonato foi criado, os únicos nomes que desfilavam nos autódromos pelo mundo eram de ex-consagrados dos tempos pré-Guerra, sendo eles os responsáveis por criar toda uma nova geração de pilotos oriundos de uma dura sobrevivência na II Guerra Mundial. Nas décadas seguintes criou-se um ciclo, na qual uma geração leva a outra na medida do envelhecimento dos ases.

O consequente aumento de velocidade dos carros, entre outros fatores, levaram os pilotos a se aposentarem mais cedo, e, assim, novas gerações conseguiram surgir com maior facilidade. Em cerca de vinte anos, a idade média de pilotos com sucesso a estrear na Fórmula 1 caiu substancialmente: Nigel Mansell começou aos 27, Stefan Bellof aos 26, Alain Prost e Ayrton Senna aos 24, enquanto Kimi Räikkönen e Jenson Button estrearam aos 20 anos de idade e Fernando Alonso aos 19. Entre eles, Michael Schumacher, que em 1991 tinha 22 anos.

Quando a barreira dos 18 anos parecia inquebrável, eis que a Toro Rosso anunciou a contratação de um menino de apenas 16 anos. Max Verstappen só estrearia em 2015, já aos 17, mais ainda muito criticado pela falta de experiência, tal como foi com Räikkönen em 2001.

Apenas um ano depois, o jovem holandês se tornaria o mais jovem piloto a vencer na Fórmula 1, com 18 anos, 7 meses e 15 dias...

Os tempo passou rápido, mas, mesmo com essa onda jovial que atinge a categoria, não devemos nos esquecer dos heróis do passado que fizeram a Fórmula 1 ser o que ela é. Sem nomes como Tazio Nuvolari, Jean-Pierre Wimille, Juan Manuel Fangio, Luigi Fagioli, Piero Taruffi, Felice Bonetto e Giuseppe Farina, ela não seria a mesma. E para lembrar dos "velhotes", que tal ver uma lista dos mais "experientes" pilotos a vencer na Fórmula 1?

10º lugar: Clay REGAZZONI - 39 anos, 10 meses e 9 dias
Quando o segundo piloto conquistou o direito do primeiro

Com 39 anos de idade, Clay Regazzoni ainda tentava se reerguer após sua cabisbaixa saída da Ferrari em 1976. Após passar por Ensign e Shadow, o suiço chegou a Williams com o status de segundo piloto, tendo a grande missão de ajudar Alan Jones a conquistar a primeira vitória do time britânico. No fim, foi ele próprio que acabou por dar essa alegria para Frank Williams, vencendo o GP da Grã-Bretanha de 1979 com 39 anos, 10 meses e 9 dias.

9º lugar: Graham HILL - 40 anos, 3 meses e 3 dias
Ah... o Mônaco...

Graham Hill ainda era o atual campeão quando conseguiu vencer o GP de Mônaco de 1969 com 40 anos, 3 meses e 3 dias. Após largar em quarto, o bicampeão precisaria apenas ultrapassar Jean-Pierre Beltoise, sendo o maior beneficiado dos abandonos de Chris Amon e Jackie Stewart. Ao fim das 80 voltas, Hill havia vencido pela quinta e última vez no principado. Haveria lugar melhor para o Mister Monaco conquistar sua última vitória?

8º lugar: Maurice TRINTIGNANT - 40 anos, 6 meses e 18 dias
Na base da experiência, Trintignant deu show em cima de Ferraris e Vanwalls

Após largar em quinto no GP de Mônaco de 1958, a vitória parecia distante do experiente francês, já com seus 40 anos. A bordo de seu revolucionário Cooper com motor traseiro, Maurice Trintignant resistiu aos inúmeros problemas, que sempre marcavam os GPs de Mônaco na época, na base da experiência. Num fim-de-semana na qual Bernie Ecclestone se tornou um PILOTO de F1, Trintignant escreveria seu nome na história após superar os poderosos bólidos da Ferrari e da Vanwall.

7º lugar: Nigel MANSELL - 41 anos, 3 meses e 5 dias
O último rugido do Leão

Pela primeira vez desde 1958, a Fórmula 1 não tinha nenhum campeão mundial no grid, e, para solucionar o problema, a Williams decidiu chamar um velho conhecido do público para melhorar a imagem da categoria: Nigel Mansell, campeão da temporada de 1992. O Leão, claramente, não tinha mais condições físicas para vencer uma corrida, mas não seria preciso muito para que o britânico voltasse a escrever seu nome na história. Quando Schumacher e Hill bateram, o caminho ficou livre para que Mansell vencesse o GP da Austrália de 1994.

6º lugar: Sam HANKS - 42 anos, 10 meses e 17 dias
Após tentar 12 vezes sem sucesso, a vitória finalmente veio em 1957

Existem suspeitas de que Hanks é um parente distante de Abraham Lincoln, e que ele ainda seja o único piloto a participar da Indy 500 antes de 1939, servir na II Guerra e voltar a correr nas 500 Milhas nas décadas de 40 e 50. Todo seu sacrífico de participar 13 vezes de uma das provas mais importantes do automobilismo foi recompensado na edição de 1957, quando, com 42 anos, 10 meses e 17 dias, venceu a prova. 

5º lugar: Jack BRABHAM - 43 anos, 11 meses e 5 dias
Nas últimas, Brabham teve uma participação meteórica em 1970

Já consagrado com três títulos na Fórmula 1, Jack Brabham não tinha muito mais para ganhar em 1970, já com seus 43 anos. Mesmo assim, quando seu novo bólido, o BT33, mostrou ser "bem-nascido", Black Jack não perdeu a chance de conquistar mais uma vitória que colocava seu nome no hall dos pilotos mais velhos a vencerem na categoria. Assim, Jack Brabham venceu o GP da África do Sul de 1970 com 43 anos, 11 meses e 5 dias, e quase melhorou seu recorde em Mônaco, quando perdeu, na última volta, a vitória para Jochen Rindt.

4º lugar: Piero TARUFFI - 45 anos, 7 meses e 6 dias
Tempos em que um Fórmula 1 era na verdade um Fórmula 2

Com cabelos claros, nada parecia parar Piero Taruffi. Depois de dividir o carro com Juan Manuel Fangio no GP da Itália de 1950 e se tornar um piloto da jovem Scuderia Ferrari, Taruffi atingiu o pico de sua carreira na abertura da temporada de 1952 da Fórmula 1. Em Bremgarten, a Raposa de Prata não tinha a presença de Alberto Ascari para se preocupar, tomando a ponta logo após o abandono de Giuseppe Farina e resistindo às perigosas 62 voltas da prova. Com 45 anos, 7 meses e 6 dias, Piero Taruffi venceu o GP da Suiça de 1952.

3º lugar: Juan Manuel FANGIO - 46 anos, 1 mês e 11 dias
O último show do Maestro

Quem disse que é impossível dar show aos 40? Juan Manuel Fangio provou o contrário em 1957, quando, com uma estupenda vitória em Nordschleife, conquistou seu quinto e último título. Com uma ousada estratégia de uma parada para reabastecimento e troca de pneus, o argentino era obrigado a tomar a ponta logo na largada, algo que acabou não conseguindo. Para piorar, Fangio perdeu três voltas atrás de Collins e Hawthorn. Quando parou, os mecânicos da Maserati trabalharam da maneira mais rápida possível, mas nada capaz de evitar que Fangio ficasse 45s atrás dos lideres.

Há 10 voltas do fim, o argentino iniciou a mais espetacular recuperação da história da Fórmula 1, tirando cerca de 10s por volta de Hawthorn e Collins e cravando voltas cerca de 8s mais rápidas do que seu tempo de pole. Restando apenas dois giros, os britânicos já estavam na alça de mira do argentino, que efetuou as ultrapassagens para seguir seu caminho até a vitória. Assim, Juan Manuel Fangio venceu o GP da Alemanha de 1957 com 46 anos.

2º lugar: Giuseppe FARINA - 46 anos, 9 meses e 3 dias
Farina conseguiu colocar mais de 1 minuto sobre Fangio

Quarenta e um inscritos com 34 pilotos partindo no momento da largada. O GP da Alemanha de 1953 é definitivamente um recordista em número de participantes, mas será que é só apenas nesse quesito que a prova se destaca? Já com uma mão na taça, Alberto Ascari enfrentou problemas quando era líder, dando ao jovem Mike Hawthorn a ponta enquanto Farina e Fangio batalhavam pelo segundo posto.

Tão talentoso quanto o argentino, Farina, mesmo alguns anos mais velho, surpreendentemente derrotou Fangio. E depois que Hawthorn enfrentou problemas, nada pode atrapalhar o "velhote" italiano de vencer aos 46 anos de idade, se tornando o mais velho piloto a vencer sozinho um Grande Prêmio de Fórmula 1. E tudo isso colocando mais de 1 minuto sobre Fangio...

1º lugar: Luigi FAGIOLI - 53 anos e 22 dias
Com o #8...

Fagioli é talvez o piloto que, com mais desgosto, conquistou a vitória de toda a nossa lista. Na terceira fila com seu sétimo posto conquistado nos treinos, Luigi tinha a dura missão de ajudar Fangio e Farina a superar os carros da Ferrari, sendo o piloto mais velho do trio mais experiente da história da Fórmula 1. Para piorar as coisas, Fagioli caiu para nono na largada, mas, com um equipamento superior, logo se recuperou.

Após Ascari quebrar, Juan Manuel Fangio assumiu a ponta, enquanto o experiente italiano pressionava José Froilán González na disputa pelo quarto lugar. Porém, o imprevisto aconteceu e Fangio começou a ter problemas em seu bólido de número #4, sendo obrigado a fazer uma parada de emergência. Mesmo com Farina na liderança, a Alfa Romeo não se contentou em ver Fagioli tomar o terceiro posto de González, e chamou o italiano para a parada.

Nos boxes, um inconformado e furioso italiano saia de seu carro número #8 para a entrada do Maestro. Luigi ainda poderia tomar o bólido do argentino, mas, enquanto o mesmo apresentasse problemas, não poderia ir para pista. Resultado? Fagioli voltou 20 voltas atrás do líder, na última posição.

E com o #4...

Se beneficiando dos problemas enfrentados pelos bólidos ferraristas e pelo companheiro Nino Farina, Juan Manuel Fangio conseguiu tomar a ponta e vencer a prova, assumindo a liderança do campeonato de pilotos. Enquanto isso, Fagioli terminaria a prova na 11º e última colocação, mais de 20 voltas atrás do argentino.

Mesmo furioso com o resultado, Luigi Fagioli havia entrado para a história como o piloto mais velho a vencer uma corrida de Fórmula 1, aos 53 anos e 22 dias...

O resistente italiano morreria pouco mais de um ano depois, após se acidentar num treino com carros de turismo.

Imagens tiradas do Google Imagens e F1-History.deviantart.com

sexta-feira, 1 de abril de 2016

1º de abril.


Ah, o dia da mentira... Como poderíamos esquecer tal data marcada pelas nossas brincadeiras e pegadinhas feitas (e sofridas) com os amigos? Sendo conscientes ou não, elas sempre trazem consequências, seja a curto, médio ou longo prazo. Há pouco menos de 50 anos atrás, esta foto de Graham Hill era tirada.

Imagens tiradas do Twitter de @Stuart_Dent

sexta-feira, 4 de março de 2016

O fazendeiro mais rápido da história


Há alguma palavra que descreve James Clark Jr? Não é possível falar sobre o escocês de maneira simplória e sem exaltação, especialmente pelo seus feitos na pista e seu modo de viver fora delas. Fazendeiro à ponto de se considerar um homem do campo mais do que piloto, uma pessoa humilde e simples que gostava daquilo que fazia.

Numa época em que os problemas mecânicos eram normais, Clark tinha uma habilidade natural de evitar eventuais problemas nos carros tão instáveis feitos por Colin Chapman. A sua maneira suave de dirigir é uma referência, sem maltratar o carro ao simplesmente deixa-lo guiar até a vitória. Seus feitos apenas engrandecem um homem que já era amado no paddock.


A desolação de perder um companheiro também era sentida grandemente pelo escocês, que, infelizmente, se envolveu num dos piores acidentes da história da Fórmula 1 quando Wolfgang von Trips levantou voo sobre seu carro no GP da Itália de 1961, vitimando mais de uma dezena de espectadores além do próprio alemão. Jim só não abandonou a categoria depois que Colin Chapman conseguiu a façanha de segura-lo na equipe, boa parte graças a vitória de Ireland na última etapa da temporada.

O futuro que aguardava um simples pastor de ovelhas era gigantesco. Um carro revolucionário levou Clark para sua primeira vitória e, consequentemente, à sua primeira grande rivalidade. Uma rivalidade que muitas vezes deve ser chamada de amizade. Jimmy e Graham formavam uma dupla formidável de amigos e ao mesmo de grandes rivais, com o escocês levando vantagem em cima do inglês que sofria com a falta de equipamento.

Hill queria voltar ao topo, mas para isso deveria ir para Maranello ou voltar para os braços de Colin Chapman. A escolha foi óbvia, mas faltava algo para coloca-lo de volta ao páreo: a aprovação de Clark. Diferentemente de muitos nomes que discutimos atualmente, o humilde escocês voador aceitou o novo desafio.


Até 1967, quando eles se tornaram companheiros de equipe, Clark já havia se perguntado muitas vezes se aquilo valia a pena. Apesar de ter perdido o título em 1962 e 1964 por falta de confiabilidade, e ter se tornado bicampeão com a melhor campanha da história (único piloto a conquistar dois títulos com todos os pontos possíveis), parecia que aquilo ainda não era tudo. Jimmy queria formar uma família.

Fatalidades atrás de fatalidades eram apenas um presságio do que estava por vim a partir de 1968. Clark mesmo assim se mantinha firme como piloto, mostrando que o amor pelo automobilismo pode superar qualquer medo ou problema na vida. Suas cinco participações nas 500 Milhas de Indianápolis, as miseras três vezes em que correu nas 24 Horas de Le Mans, seu tricampeonato na Tasman Series, suas várias vitórias espalhadas por corridas extra-campeonatos, além de outras na Fórmula 2, e as milhares de participações em diversas categorias pelo mundo mostram a grandeza e o amor que esse homem sentia pelo que fazia. Um piloto versátil, duro de se achar nos dias de hoje.

Jimmy ao lado de Dan

De muitos nomes que já correram ao seu lado, Jim temia apenas um: Dan Gurney. De todos em que correu junto, Masten Gregory era seu herói. E de todos que já haviam sido os melhores, Juan Manuel Fangio era sua inspiração.

Mesmo com suas múltiplas conquistas, o dinheiro parecia que não mudava aquele homem simples que muitos passaram a gostar desde sua chegada ao circo. Jimmy era tão idolatrado pelos outros pilotos que parecia ser impossível que ele se acidentaria. Quem bateu? Jim? Não pode ser, você deve estar se confundindo.

Se Jim Clark sofresse um acidente, todos sabiam que era por uma falha mecânica, já que o erro humano seria impossível para alguém com tanta suavidade e inteligência atrás do voltante. Sem nenhum ataque de loucura que caracteriza Gilles Villeneuve e Nigel Mansell, o escocês voador alcançou a Fórmula 1, derrotou os melhores pilotos do Novo e do Velho Mundo, e só não venceu a morte...


Se existe algo que dá ainda mais emoção no esporte à motor é você passar ao lado da Dona Morte, brincar com ela, e sair como nada tivesse acontecido. O que vale a vida se ela não tiver obras, ou melhor, o que lembrarão de você quando deixardes o mundo? Jimmy deixou sua marca, foi o melhor de seu tempo, ou talvez o melhor de todos. Um piloto calmo, que usou a inteligência para conquistar tudo que foi possível fazendo aquilo que ama.

Jim Clark, o fazendeiro que cresceu, se tornou o melhor, e morreu fazendo aquilo que sempre mais amou.

Imagens tiradas do Google Imagens

domingo, 29 de novembro de 2015

40 Anos - Tragédia Aérea


Dia 29 de novembro de 1975, a Embassy-Hill está em testes no circuito de Paul Ricard para a temporada de 1976 com seu novo carro: o GH2. O talentoso Tony Brise testa o projeto da equipe do "tio Graham", que tem planos mais ambiciosos a partir do GP da Espanha, quando os periscópios dos motores seriam banidos. O carro se mostrava muito eficiente, o que poderia levar o jovem britânico a belos resultados na temporada que se aproximava.


O bimotor Piper Aztec de Graham Hill, comprado com sua vitória na Indy 500, levava a equipe de um lado pro outro na Europa, e naquela ocasião não seria diferente, com o habilidoso dono da equipe levando-os de volta para casa. Porém, uma forte neblina cercava o Elstree Aerodrome, onde ele pousaria, por isso, o Mister Mônaco, tentou fazer um pouco de emergência.

Pouco antes das 22 horas, o Piper acabou atingindo algumas árvores de um campo de golfe, caindo e explodindo logo depois, matando Graham Hill, Tony Brise, Andy Smallman, Ray Brimble, Tony Alcock e Terry Richards. A neblina era tanta que os socorristas tiveram sérias dificuldades de se aproximar do lugar do acidente que deixou um buraco na história e no futuro dos ingleses na Fórmula 1...


O funeral do bicampeão foi uma semana depois, no dia 5 de dezembro, reunindo três mil pessoas. Apesar da tristeza de todos da família Hill, o pior ainda estava por vim... A falta de um seguro adequado teve consequências desastrosas da família, que teve que vender bens e propriedades para conseguir pagar as indenizações às famílias das outras vítimas...

De repente, um sonho que vinha, aos poucos, se tornando realidade, se tornou um pesadelo que levou quase tudo da família Hill, Brise, o time técnico e de mecânicos e... Graham... Assim acabava a aventura do Mister Mônaco como construtor da categoria máxima do automobilismo.


Poucos percebem, mas essa tragédia também refletiria no resultado do campeonato de 1976, já que o GH2 e Tony Brise tinham plenas condições de pontuarem e de até mesmo conquistarem um pódio...

Imagens tiradas do Google Imagens

domingo, 1 de novembro de 2015

GP do México - História


Neste fim-de-semana, a Fórmula 1 retornará á Cidade do México para voltar a receber o GP mexicano, realizado, mais uma vez, no Hermanos Rodríguez. Mas o que essa corrida tem de especial em sua história? Grandes corridas? Grandes vitórias? Acidentes? Bem, decidi que hoje esse seria o tema do post, para informar-los um pouco mais sobre o GP do México.

O primeiro GP do México aconteceu no dia 4 de novembro de 1962, quando o circuito ainda se chamava Magdalena Mixhuca e havia acabado de ser inaugurado. A promessa mexicana Ricardo Rodríguez estaria na prova mesmo que ela era extra-campeonato, ou seja, não valia pontos para a temporada de Fórmula 1.


O GP contou com um ótimo número de inscritos, inclusive com nomes da estirpe de Jim Clark, Jack Brabham, Innes Ireland, Bruce McLaren, Roger Penske, Masten Gregory, Trevor Taylor, Dan Gurney, Jo Bonnier, Roy Salvadori e John Surtees. A Ferrari acabou não participando da prova, o que dificultou a vida do herói local que teve de caçar um Lotus nas portas de Rob Walker.

Na primeira seção de treinos, a Lotus 24 de Rodríguez sofre uma falha na suspensão traseira direita, deixando o mexicano sem o que fazer no meio da curva Peraltada. O impacto na barreira de pneus foi violentíssimo, arremessando o corpo do jovem piloto e quase partindo-o ao meio. Com isso, a Fórmula 1, e o México, perdiam mais uma promessa.


Segundo muitos, o modo que Ricardo fazia a Peraltada acabou culminando na quebra da suspensão que foi fatal para o garoto mexicano de apenas 20 anos. Pedro Rodríguez, seu irmão, também estava inscrito para a prova, mas acabou desistindo por causa do acontecimento que abalou, e muito, sua carreira no automobilismo.

Mesmo assim, a corrida ocorreu com Jim Clark dominando sem piedade até levar bandeira preta dos comissários mexicanos. Como as regras da prova não eram muito complexas, o escocês pode entrar no lugar de Trevor Taylor que era o terceiro colocado, coisa que não era nada para alguém como Jimmy, que ainda conseguiu recuperar a liderança e abrir mais de 1 minuto para o segundo colocado que foi Jack Brabham.


Um ano depois, com o GP do México já dentro do calendário oficial, Jim Clark repetiu o domínio, dessa vez sendo ainda mais hegemônico do que no ano anterior. Após fazer uma pole position arrasadora, o escocês voador manteve o sentido de sua alcunha no domingo, liderando de ponta-a-ponta para conquistar mais uma vitória na temporada de 1963, marcada pelo seu primeiro título.

Em 1964 a prova seria muito polêmica. Três pilotos disputando o título chegaram em Hermanos Rodríguez para a última prova da temporada: John Surtees, Jim Clark e Graham Hill. O escocês necessitava vencer a prova para ter alguma chance de título, enquanto Surtees e Hill eram os principais postulantes ao título.


Nos treinos, Jimmy coloca quase um segundo entre ele e Dan Gurney, que arranjou uma segunda posição ali no grid. Seguindo-os: Lorenzo Bandini, John Surtees, Mike Spence, Graham Hill, Jack Brabham, Jo Bonnier, Pedro Rodríguez e Bruce McLaren. A Ferrari, como sempre, tinha suas gambiarras e sujeiras por trás dos panos preparadas para a corrida.

No domingo, Surtees e Hill fazem péssima largada, caindo para lá do décimo posto, o que dava o título para Jim Clark que era o líder. Mas como Lotus e Ferrari tinham os melhores carros, foi fácil escalar o pelotão e retornar as posições pontuáveis. Até a 30º volta, Graham já havia passado pelo conterrâneo e se mantinha na ótima 3º colocação, com Bandini ficando entre ele e seu rival.


Na mesma volta, o italiano da Ferrari joga seu carro azul e branco em cima de Hill que cai para a péssima 10º colocação, ainda sofrendo com problemas além de estar duas voltas atrás do líder Clark. Há duas voltas para o fim, Jimmy vê seu motor explodir e entregar a vitória para Gurney, enquanto Bandini ainda entregava a segunda colocação para o companheiro que se tornou o único homem a conquistar um título no topo do automobilismo e do motociclismo.


Em 1965, o título já estava com Jim Clark, que mais uma vez não facilita no circuito mexicano ao fazer mais uma pole position, mas agora com mais dificuldade. Richie Ginther, que corria pela Honda, acabou surpreendendo ao colocar seu carro branco na terceira colocação, mostrando otimismo para a corrida.


Na prova, Gurney e Clark sofrem problemas na largada, dando a ponta para o estadunidense que se mantém na frente de Mike Spence. Sendo os dois melhores pilotos no circuito mexicano, Dan e Jimmy começam uma recuperação estupenda que resultado num segundo lugar para o piloto da Brabham e um abandono para o campeão.

Ao fim das 65 voltas, Richie Ginther conquistou uma vitória inesperada com seu problemático Honda em cima de nomes como Dan Gurney. Essa prova acabou sendo a última com os carros usando motores 1.5 litros, e também a última a ver Ginther no pódio e a única com Mike Spence terminando entre os três melhores.


Na edição de 1966, Jim Clark já não tem um desempenho tão fantástico como nos anos anteriores, sendo superado por John Surtees da Cooper. Seguindo os britânicos estavam Richie Ginther, ainda de Honda, Jack Brabham, Jochen Rindt, Denny Hulme, Graham Hill, Pedro Rodríguez, Dan Gurney e o jovem Jackie Stewart fechando o top ten.

Na largada, mais uma vez, Clark sai mal, agora levando Surtees junto. Ginther agradeceu, assumindo a ponta pela segunda vez consecutiva. Mas a alegria do estadunidense não duraria como em 1965, já que Jack Brabham tomou a ponta na qual ele também não manteria por muito tempo, já que o campeão de 1964 ressurgiria na liderança da prova que seria vencida por ele. Richie ainda terminou em quarto depois de segurar a terceira colocação nas últimas 14 voltas...


Mesmo sem saber que essa era a sua última corrida em Hermanos Rodríguez, Clark deixou sua marca mais uma vez no circuito mexicano. Em 1967, a pole foi do escocês, com Chris Amon conquistando um segundo posto e Dan Gurney o terceiro com sua Eagle. Seguindo o grid estavam Graham Hill, Jack Brabham, Denny Hulme, John Surtees, Bruce McLaren, Moises Solana e Jo Siffert.

Na corrida, Jimmy não largou bem, caindo para terceiro. Mas como ele é Jim Clark, a recuperação foi rápida, com o escocês voltando á ponta na terceira volta. Graham Hill segurava a segunda colocação para a alegria de Colin Chapman que poderia ver mais uma dobradinha, mas problemas no belo Lotus do inglês acabou com as chances de dobradinha.


Amon, o azarado, tomou a segunda colocação, na qual manteve por boa parte da prova. Faltando três voltas, Chris acaba abandonando após enfrentar problemas com sua Ferrari, entregando o segundo lugar para Jack Brabham e o último lugar no pódio para Denny Hulme. Ao fim das 65 voltas, lá estava ele comemorando novamente: Jim Clark.

A prova de 1968 novamente decidiria o título entre três grandes pilotos: Graham Hill (de novo), Jackie Stewart e Denny Hulme. Nos treinos, Jo Siffert, de Lotus, conseguiu marcar o melhor tempo sendo seguido por Chris Amon, Graham Hill, Denny Hulme, Dan Gurney, John Surtees, Jackie Stewart, Jack Brabham, Bruce McLaren e Jochen Rindt.


No dia da corrida, vemos um Stewart ambicioso, focado em conquistar seu primeiro título. Enquanto isso, Denny Hulme tem uma calma para resolver seus problemas, já que sabia que era o piloto com menos chances de se tornar campeão. Na largada, o novo escocês voador sai da 7º colocação para ser 3º enquanto Siffert cai e Hill assume a ponta.

Logo, a Honda de John Surtees não seria mais obstaculo para Jackie Stewart que começou a perseguir bravamente Graham Hill, que usa toda a experiência para segurar e se manter na cola do escocês que assumiu a ponta na volta. A alegria foi rápida, já que ele acabaria perdendo a liderança para o mesmo Hill, que deu o troco. Para Hulme já era, o neozelandês abandona com problemas na suspensão.


Jo Siffert fazia uma prova de recuperação incrível, passando por Stewart na volta 17 e assumindo a ponta na 22, parecia que a prova tinha seu novo dono depois da morte de Clark: Siffert. Mas, da mesma forma do piloto da Matra, a alegria durou pouco, com o suiço tendo graves problemas que levaram ele para a última posição...

Stewart caminhava para a segunda colocação que confirmava seu vice, mas quis o destino que o escocês não completasse a prova na Cidade do México. Com isso, Bruce McLaren assumiu a segunda posição enquanto Jack Brabham era terceiro, mas por pouco tempo, já que seu Brabham começaria a ter problemas dando esperança para o povo mexicano que poderia ver um mexicano no pódio...

Jackie Oliver de Lotus e Pedro Rodríguez de BRM

Pedro Rodríguez agora batalhava pela terceira colocação com Jackie Oliver, que também fez grande prova. Infelizmente, para a torcida mexicano, Pedro acabou em quarto enquanto o britânico subia ao pódio pela primeira vez na sua carreira. Graham Hill se tornara bicampeão 6 anos depois de seu primeiro título, de maneira sofrida, mas merecida.

Em 1969 vemos uma Brabham dominante no México, com Jack marcando a pole e Jacky conquistando o segundo posto no grid que ainda tinha: Jackie Stewart, Denny Hulme, Jo Siffert, Jochen Rindt, Bruce McLaren, Jean-Pierre Beltoise, Piers Courage e John Surtees. O campeão escocês ainda queria mostrar força, e por isso rapidamente tomou a ponta do GP do México.


Mas, rapidamente, o novo Jack acabaria tomando a liderança do xará campeão. Quem surpreendia vindo lá de trás era Hulme, que caminhava para tomar a ponta mais rápido do que o próprio Ickx, o que aconteceu na volta 10 enquanto Stewart perdia ainda mais posições. A prova de 1969 seria sem muita emoção, com Denny conquistando uma merecida vitória, sendo seguido pelo belga mais rápido do mundo e Brabham...

Naquela que seria o último GP do México no traçado original, Clay Regazzoni marca sua primeira pole com Stewart e Ickx seguindo-o. O título já estava decidido, mas o belga da Ferrari ainda queria mostrar que poderia ter sido campeão caso não tivesse problemas em Watkins Glen. Na largada, Jacky toma a liderança num passe de mágica, enquanto Rega fica com a terceira colocação.


Uma enorme quantidade de pública (200 mil) havia comparecido para assistir o último GP do México torcendo para Pedro Rodríguez. Mas, por falta de infraestrutura, um cachorro invadiu a pista e acabou sendo atropelado por Stewart, que teve problemas que deram a Ferrari uma dobradinha surpreendente. Agora dá para perceber o porque da prova não estar mais no calendário a partir de 1971. Da mesma forma da edição de 1969, a edição de 1970 não teria tanta emoção se comparada á outros anos, já que a única mudança de mais importante depois da volta 15 foi a de Hulme passando Brabham, que tinha problemas. No fim, Ickx venceu com Regazzoni em segundo e Denny em terceiro.


Depois de ficar esquecido por vários anos, o circuito Magdalena Mixhuca acabou sendo renomeada para Hermanos Ricardo y Pedro Rodríguez, em homenagem aos dois maiores nomes do automobilismo mexicano. O traçado também foi reformulado, com a pista sendo reformada para voltar a abrigar a Fórmula 1 após 16 anos de espera.

No dia 12 de outubro de 1986, lá estavam no grid Ayrton Senna, Nelson Piquet, Nigel Mansell, Gerhard Berger, Riccardo Patrese, Alain Prost, Derek Warwick, Patrick Tambay, Teodorico Fabi, Philippe Alliot, Keke Rosberg, Michele Alboreto, René Arnoux, Stefan Johansson, Alan Jones e outros monstros da categoria máxima do automobilismo.


Era um sonho que se tornava realidade no México: A Fórmula 1 estava de volta. Na largada, o líder do campeonato, Nigel Mansell, cai para a última colocação enquanto Nelson Piquet assume a primeira colocação. O Leão agora começava uma desesperadora recuperação para se aproximar do pelotão intermediário enquanto seus rivais iam abrindo lá na frente.


Numa ótima estratégia, Gerhard Berger decide não parar para trocar seus pneus Pirelli, o que leva-o para a liderança da prova em poucas voltas. Alain Prost conseguiria superar Nelson Piquet e Ayrton Senna para terminar na segunda colocação, enquanto Mansell contaria com a sorte para conquistar dois pontinhos sofridos na Cidade do México.

O clima de "pré-decisão" estaria presente na edição de 1987 novamente, agora apenas com Mansell e Piquet. Nos treinos, o Leão conquista pole sendo seguido por Gerhard Berger, Nelson Piquet, Thierry Boutsen, Alain Prost, Teo Fabi, Ayrton Senna, Riccardo Patrese, Michele Alboreto e Andrea de Cesaris.


No domingo, Berger e Boutsen assumem a primeiras posições, com o belga tomando a ponta na segunda volta e só largando-a quando começou a ter problemas em sua Benetton. O austríaco da Ferrari caminhava para mais uma vitória no Hermanos Rodríguez, mas seu motor acabaria abrindo o bico na volta 20. Nesse momento, Mansell, Senna e o MITO iam para um surpreendente pódio na Cidade do México.

Infelizmente, parece que a alegria mexeu com a concentração de de Cesaris que acabou rodando e abandonando logo depois. Piquet, que teve problemas na largada, e por isso veio da última posição, já era o quarto colocado. Depois da forte pancada de Derek Warwick na Peraltada, os organizadores foram obrigados a interromperem a prova para a limpar a pista.


Na relargada, Piquet pula para a ponta, mas na soma dos tempos ainda se mantém na 4º colocação. Senna abandonaria na volta 54, dando o terceiro lugar para Riccardo Patrese de Brabham, já que Nelson já havia tomado a segunda colocação voltas antes. Ao fim das 63 voltas, Nigel Mansell venceu em grande prova de Piquet e Patrese.


Em 1988, Philippe Alliot acaba deixando sua marca na reta dos boxes de Hermanos Rodríguez, protagonizando várias capotagens espetaculares, mas saindo ileso. Ayrton Senna mostrou mais uma vez seu talento em marcar voltas rápidas ao fazer a pole position em cima de Alain Prost, que era seguido por Gerhard Berger, Nelson Piquet, Michele Alboreto, Satoru Nakajima, Eddie Cheever, Alessandro Nannini, Derek Warwick e Ivan Capelli, que completava o top ten.

Em mais uma prova chata da temporada de 1988, Alain Prost deu show para cima de Ayrton Senna, tomando a ponta na primeira volta e se mantendo por lá até a bandeirada. Piquet e Nakajima até que tentaram, mas ambas as Ferraris conseguiram superar as Lotus Honda do campeão de 1987 e do destruidor niponico.

Andrea de Cesaris: O único piloto a fazer a Peraltada ao contrário

Se a prova de 1988 foi chata, a de 1989 foi do mesmo nível. Num domingo marcante para o automobilismo brasileiro que viu Emerson Fittipaldi conquistar a Indy 500 e Ayrton Senna vencer o GP do México. A escolha dos pneus seria fundamental na corrida que tinha um brasileiro nas duas pontas do grid, Prost em segundo, Mansell em terceiro, Capelli em quarto e Patrese em quinto.


Na corrida, após uma má escolha do jogo dos pneus, Alain Prost foi obrigado a parar enquanto Senna se manteve na pista que ia perdendo carros a cada volta. Thierry Boutsen, Gerhard Berger, Nigel Mansell e Derek Warwick já haviam abandonado, o que ajudava pilotos com suas equipes médias e nanicas a crescerem mais e mais na corrida.

Gabriele Tarquini, de AGS, caminhava para um quinto lugar até ser ultrapassado por Prost, mas nada que desanimasse "a caminhada" em busca de pontos tão sonhados. Depois do abandono do Leão, Michele Alboreto assumiu a terceira colocação para conquistar o primeiro pódio da Tyrrell desde o GP de Detroit de 1983... Senna venceu, com Patrese em segundo, Nannini em quarto, Prost em quinto e Tarquini "mitando" em sexto.


As ondulações já atormentavam os pilotos no México, incidentes mais fortes ocorriam a cada ano na Peraltada, o fazia os organizadores temerem pelos showmans. Em 1990 vimos uma ótima prova marcada pela disputa entre Ferrari de Alain Prost e Nigel Mansell, e McLaren de Ayrton Senna e Gerhard Berger.

O austríaco marcou a pole com Riccardo Patrese em segundo, Ayrton Senna em terceiro, Nigel Mansell em quarto, Thierry Boutsen em quinto, Jean Alesi em sexto, Pierluigi Martini em sétimo, Nelson Piquet em oitavo, Satoru Nakajima em nono e Stefano Modena em décimo num grid que Alain Prost era apenas o 13º.


Depois de largar magnificamente, Ayrton Senna tomou a ponta em Hermanos Rodríguez. Ambas as Williams, aos poucos, iriam perdendo rendimento se comparada á outras equipes como Ferrari e Benetton que viam seus pilotos ganhar posições e se aproximarem de um pódio ao lado daquilo que parecia outra supremacia da McLaren.

Berger começa a ter problemas em seu motor Honda, o que leva-o para a 12º colocação enquanto Alain Prost já assumia a sexta posição logo atrás de Mansell que saiu cansado de uma feroz batalha com Jean Alesi, que também começou a perder rendimento. Nesse momento, o Brasil vinha tendo uma dobradinha nas pistas, alegria que duraria cerca de 20 voltas...


Depois de passarem pelas Williams, Nigel Mansell, Alain Prost e Alessandro Nannini corriam em direção de Ayrton Senna que perdia terreno para os rivais. Piquet foi a primeira vitima brasileira a ser atingido pelo bonde vermelho e verde, o que levou-o para os boxes para trocar os pneus numa arriscada estratégia que poderia tirar pontos do tricampeão.

Gerhard Berger estava de volta na briga após passar por Boutsen e Alesi. As últimas voltas prometiam ser fantásticas. Na volta 55, Nigel Mansell não resiste aos ataques de Alain Prost e cede a segunda posição para o Professor que vai em busca de seu maior rival. Agora a corrida entra nas suas últimas dez eletrizantes voltas.


O austríaco da McLaren passa por Nannini e começa a correr em busca de um pódio. Na 60º volta, Senna perde a ponta para o francês, e logo depois a segunda colocação para Mansell que estava sendo perseguido por Berger. Sem chances de volta, o brasileiro abandona a prova após furar seu pneu. Alain Prost agora ia tranquilo na liderança enquanto o Leão era caçado por um austríaco.

Numa das mais lindas e emocionantes batalhas da história da Fórmula 1, Berger e Mansell disputam roda-com-roda para saber quem terminará em segundo. Na penúltima volta, o ferrarista realizada uma das manobras mais medonhas da história da categoria: passar Gerhard Berger por fora, na Peraltada! Um feito fantástico que colocou Mansell, definitivamente, na segunda posição.


No fim da prova, Alain Prost vence, com Nigel Mansell em segundo e Gerhard Berger em terceiro. Completando os lugares pontuáveis estavam Alessandro Nannini, Thierry Boutsen e Nelson Piquet que ainda conseguiu um pontinho depois de batalhar com Jean Alesi pelo sexto posto.

Vários pilotos já haviam sentido os perigos de Hermanos Rodríguez, inclusive Senna, mas o que o brasileiro iria sentir em 1991 seria num outro nível. Nos treinos, sua McLaren ficou com as quatro rodas para o ar após bater e capotar na Peraltada (sempre ela), algo que felizmente não machucou o ídolo brasileiro que correu no domingo.


Riccardo Patrese surpreendeu a todos após marcar a pole position para o GP do México, sendo seguido por Nigel Mansell, Ayrton Senna, Jean Alesi, Gerhard Berger, Nelson Piquet, Alain Prost, Stefano Modena, Roberto Moreno e Olivier Grouillard fechando o top ten. Nas últimas 7 provas da Fórmula 1, o Brasil havia ganhando as 7, um feito inédito e único para qualquer país no automobilismo.

Mas parecia que essa sequência acabaria bem no GP do México... Mesmo depois de uma péssima largada, Riccardo Patrese se recuperou e retomou a ponta na volta 15 enquanto Ayrton Senna mal conseguia superar a Ferrari de Jean Alesi. Os problemas da altitude iam pegando vários pilotos que pararam e paravam para resolver seus problemas e trocar os pneus, o que levava surpresas para os pontos.


No fim das 67 voltas, Riccardo Patrese conquistou uma merecida vitória no Hermanos Rodríguez, sendo seguido por Nigel Mansell e Ayrton Senna. Na quarta colocação, o MITO chegou empurrando sua Jordan na frente da Benetton de Roberto Moreno e da Larrousse de Eric Bernard, digno de mais uma "mitagem" para entrar na história.

Da mesma forma que saiu do calendário em 1971, México estaria fora em 1992 pelos mesmos motivos da falta de infraestrutura, mas agora na pista que era cheia de bumps, sujeira, grandes erros de projeto, emendas de madeira e enormes rachaduras. O circuito estava ficando pior a cada ano, o que aumentava o perigo para os pilotos.


Ayrton Senna, nos treinos, acabou rodando no Carrossel, batendo no muro e tendo seu pé preso no pedal. Mesmo assim, o brasileiro participou da corrida que tinha Mansell na pole, Riccardo Patrese em segundo, um tal de Michael Schumacher em terceiro e Martin Brundle em quarto. Os antigos carros da Benetton estavam superando os antigos da McLaren, que ainda agonizava estar se tornando a terceira força do grid.

No fim-de-semana de seu aniversário, Senna não teve o que comemorar: batida no sábado e abandono no domingo. A prova foi semelhante a boa parte das de 1992: chata. As duas Williams desapareceram na frente, com Schumacher se mantendo em terceiro e apenas uma disputa de gente grande. Brundle e Berger foram ferozes na hora de defenderem-se um do outro, mas apenas um saiu vencendo, e esse foi o piloto da Benetton.


Infelizmente, para a Benetton, Martin Brundle acabou abandonando no meio da prova. Mesmo assim, a equipe ainda tinha a esperança de ver Michael Schumacher no pódio, coisa que se concretizou ao final da prova vencida por Nigel Mansell. A Alemanha estava em festa, afinal, voltaram ao pódio depois de 8 anos de espera (Bellof em Mônaco 1984) não-oficias e 15 anos (Mass no Canadá em 1977) oficiais.

Além da Benetton, a Lotus e Tyrrell estavam em festa: Andrea de Cesaris foi quinto e Mika Häkkinen o sexto e fantástica prova de ambos. Assim, a Fórmula 1 deixou o México pela última vez, com a Williams dominando, Senna cansado, Prost em ano sabático, um mito mitando entre outras várias coisas que corriam pelo circo em 1992...


Depois de várias tentativas de trazer a Fórmula 1 para o México em 2002, 2003, 2005, 2006 e 2009, a categoria finalmente conseguiu voltar á Hermanos Rodríguez em 2015, numa outra realidade... Agora é esperar para ver o que vai acontecer na prova logo mais.

Curiosamente, a Fórmula 1 volta no mesmo dia em que se completam 53 anos da morte de Ricardo Rodríguez...

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