domingo, 19 de julho de 2015

Piloto Memorável 17# - Jules Bianchi


É da maneira mais triste que escrevo esse post. Torcia para escreve-lo apenas daqui há algumas décadas, mas, infelizmente, não deu. Jules nasceu dia 3 de agosto de 1989, em Nice na França. Vindo de uma família com um histórico de automobilismo, era difícil não vê-lo correndo no futuro, e foi o que aconteceu. Depois de começar no kart estreou em 2007 nos monopostos.

Em treze corridas, venceu cinco em sua temporada de estreia na Fórmula Renault 2.0 Francesa, se tornando campeão. No ano seguinte esteve na ART, competindo na Fórmula 3, conquistando duas vitórias em 20 corridas e se sagrando terceiro colocado na classificação final. Já no seu segundo ano na categoria dominou boa parte das provas e se tornou, mais uma vez, campeão.


A ART não perdeu a chance de contrata-lo para correr na GP2 em 2010. Mesmo sem conquistar uma vitória sequer, Bianchi foi regular o suficiente para terminar na terceira colocação que seria repetida no ano seguinte, quando se tornou o piloto de testes da Ferrari. Em 2009 entrou pela primeira vez num carro de F-1, e logo na equipe que começaria a apoia-lo até seu último dia de vida...

Em 2012 correu na Fórmula Renault 3.5, onde terminou em segundo no fim da temporada. Seus desempenhos nos treinos de sexta-feira com a Force India foram o bastante para ser contratado pela Marussia em 2013. Começava agora sua, pequena, aventura na categoria máxima do automobilismo, tentando chegar ao estrelato sendo apoiado pela Ferrari...


Sua entrada foi polêmica. Quando Luiz Razia já tinha contrato assinado com a equipe, Jules, por ter uma situação monetária melhor, conseguiu tomar a sua vaga. Ao lado dele, Max Chilton, outro estreante. Nos seus primeiros treinos oficiais, mostrou ser o mais rápido dentro do limite de seu carro, superando o companheiro, van der Garde e Pic.

Na corrida, ele foi o único do "clube dos quatro" (vamos chamar assim as Marussias e Caterhams) á não levar 2 voltas do líder, terminando na 15º colocação. Na corrida seguinte, Bianchi mais uma vez é o mais rápido nos treinos, e repete o feito da primeira corrida, terminando na magnífica 13º colocação, que se tornaria seu melhor resultado no ano.


Semanas depois, na China, terminou na 15º posição. No Bahrein, se viu pela primeira vez superado por alguém do mesmo nível, Charles Pic largou e terminou na sua frente. Era a evolução da Caterham. Na Espanha foi o outro carro verde que superou ele, mas isso não se repetiu na corrida, quando o francês terminou em 18º.

Em Mônaco, enfrentou problemas nos treinos e na corrida, não resistindo ás 78 voltas. No GP do Canadá ele deu um belo show no seu clube, superando até Charles Pic que havia largado na frente de Romain Grosjean. Parecia que sua temporada inteira seria uma batalha com o compatriota, que largou e terminou na sua frente, novamente, em Silverstone.


As evoluções durante o ano estavam sendo positivas demais para a Caterham, deixando a Marussia para trás. Tudo que Bianchi conseguia era superar Chilton e Giedo, enquanto Pic conseguia escapar dele durante as provas. Na Alemanha, o motor Cosworth estourou na subida para a chicane, e, esquecendo de "puxar o freio de mão", o carro correu ladeira abaixo até parar... Esse foi seu momento mais marcante em sua primeira temporada.

Na Hungria, largou na última fila e fez uma prova apagada, não conseguindo superar nenhuma Caterham. Semanas depois, a categoria estava em Spa, onde a chuva finalmente apareceu para embaralhar o grid. Ambas as Marussias passaram para o Q2, mas acabaram não conseguindo superar o único carro verde que estava na sessão.


Na prova, Jules terminou no triste 19º posto. O fim da temporada se aproximava, e mais difícil ficava superar as Caterham, e até Max Chilton, que também tentava andar na frente de alguém. Nas 8 últimas corridas, seu momento mais marcante foi o acidente no GP do Japão, quando bateu em Giedo van der Garde, e o melhor resultado foi na Coréia do Sul, com o 16º lugar...

Manteve-se na equipe para 2014, mais uma vez ao lado de Chilton. Agora teria como maior rival Kamui Kobayashi, que voltava á F-1. Sua segunda temporada seria muito mais agressiva, cometendo certos erros que não havia cometido em 2013, como por exemplo, o acidente com Maldonado na Malásia. Nos treinos para o GP da Austrália, não conseguiu superar Chilton e teve um 18º lugar para a prova.


Os problemas eram vários, afinal, era a primeira vez dos motores turbo desde 1988. O motor Ferrari era muito ruim, e deixou o francês na mão na metade da corrida. Mesmo assim, Jules terminou a prova, em último, não sendo considerado classificado por estar 8 voltas atrás de Rosberg. No GP do Bahrein, ele voltou a normalidade, superando o companheiro e ficando no meio das Caterham.

Na corrida, a primeira disputada de noite em 2014, ele foi punido pelo toque em Adrian Sutil, que abandonou. No GP seguinte, conseguiu superar Koba na corrida, e terminou na 17º colocação. Na Espanha, o carro andou melhor do que os negros e verdes, dando a Bianchi a chance de uma melhor colocação, que veio com o 18º lugar...


Em Mônaco, Jules conseguiu o 19º lugar, mas saiu da 21º colocação por causa de uma punição, que não faria nenhuma diferença no fim das 78 voltas. Numa corrida fantástica, o francês fez grandes ultrapassagens e foi beneficiado pelos problemas de outros pilotos, inclusive alguns incidentes, como o de Räikkönen e Magnussen.

Sua ultrapassagem em Kobayashi rendeu uma punição, mas não foi capaz de tirar alegria da Marussia no fim da prova. Jules cruzou em 8º, mas se classificou em 9º, conquistando seus primeiros dois pontos, da mesma forma de sua equipe, que comemorou mais do que um título... Era o começo do surgimento de uma grande temporada.


No Canadá, se classificou em 19º, mas não conseguiu terminar a corrida pois se envolveu num acidente com Max Chilton, que abandonou uma corrida pela primeira vez. Semanas depois, voltou a andar bem e terminar na fantástica 15º colocação, na frente dos pilotos da Caterham. No GP da Grã-Bretanha, a chuva apareceu para melhorar as chances de mais um ponto, mas no sábado...

No Q1, Jules foi o 4º colocado, colocando-se no Q2, onde mais uma vez fez um ótimo tempo, mas que não foi suficiente para passar pro Q3. A 12º posição já era ótima, e ficou melhor ainda depois da confusão na primeira volta, mas ele, infelizmente, ficou apenas na 14º colocação. Na Alemanha, mais uma vez foi o mais rápido do seu clube, seja nos treinos, seja na corrida.


Em Hungaroring, ele fez um Q1 fantástico, mesmo no seco conseguiu tirar Kimi da segunda parte dos treinos. Na corrida, foi o 15º. Em Spa, mais uma vez foi beneficiado pela chuva no sábado, mas na corrida nada o ajudou, tendo que abandonar nas últimas voltas. A volta de Kobayashi mostrava que ele voltaria a ter um adversário à altura, especialmente quando terminou atrás do japonês no fim da prova...

No GP da Cingapura, conseguiu um belo 16º posto, terminando na mesma volta do vencedor... infelizmente, foi a última vez que Jules terminou uma corrida... Semanas depois, os pilotos estavam em Suzuka, palco, mais uma vez, do GP do Japão. Eu aqui, entrei nos resultados da corrida e vejo ao lado do nome de Jules Bianchi: "Fatal accident"... é muito triste ver isso...


Nos treinos, o francês manteve a normalidade, conseguindo um 18º lugar. Herdou a 17º colocação depois da rodada de Marcus Ericsson e aos poucos foi fazendo uma prova de recuperação, chegando a estar na 3º COLOCAÇÃO, isso mesmo, 3º posição quando todos os pilotos estavam parando. Era mais uma corrida normal, tirando que era o primeiro GP embaixo de chuva intensa disputada por Jules.

Na volta 40, Sutil, que estava logo atrás do francês, rodou e bateu. Uma volta depois, a chuva estava muito mais intensa, e um trator retirava o carro do alemão da pista, e no meio de tudo isso.... Jules Bianchi perde o controle, escapa da pista e passa por baixo do guindaste, que quebrou o santantonio e fez com que o francês sofresse uma brutal desaceleração.


Ele fez uma cirurgia de emergência e se manteve no estado crítico durante 9 meses. Durante esse tempo, a angustia da família e dos amigos foi imensa, com Jules saindo do coma induzido e vindo a falecer na madrugada de sábado do dia 18 de julho de 2015, se tornando o primeiro piloto a morrer depois de Ayrton Senna...

É pessoal, foi difícil para mim escrever esse post, pois é a primeira morte que vejo acontecer na categoria máxima do automobilismo, que evoluiu muito desde os falecimentos de Ayrton e Roland..

Homenagem que fiz na escola, no último sábado...

Minha Opinião - 8,9: Sem dúvida tinha um talento para se tornar um futuro campeão, mas infelizmente, como pilotos como Stefan Bellof, Tony Brise, Tom Pryce e outros, não teve tempo para chegar lá... Para as pessoas que conheciam, Jules era uma pessoa carismática, respeitosa, confiante e contagiante. Penso que o circo da F-1 não perdeu mais um piloto, mas, mais um amigo...

Adeus, Jules...

Imagens tiradas do Google Imagens

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