Há 30 anos morria David Purley, um herói que ganhou essa alcunha apenas anos depois de sua morte, já que sua tentativa, infelizmente, de salvar Roger foi em vão. Nascido em Bognor Regis, na Inglaterra, David era filho de Charles Purley, o criador da LEC Refrigeration, e por isso teve um grande apoio até sua chegada na F-1.
Depois de servir ao exército britânico, Purley começou a correr, se destacando até chegar na F-3 e na F-2, competindo ao lado de um grade adversário, mas um amigo ao mesmo tempo, Roger Williamson, que como ele, se destacava nas provas. Logo eles tentaram estrear na categoria, primeiro, David conseguiu comprar um chassis da March, o 722, e se inscreveu para o GP de Mônaco de 1973.
Com uma linda pintura, ele largou em 23º num grid de 25 carros, tentando terminar pelo a corrida, mas sem exito, já que seu March teve um vazamento de combustível na volta 31. Apenas alguns meses depois, em casa, Purley voltaria a se inscrever para uma corrida da categoria. Na última prova disputada no traçado original de Silverstone, David era 16º e um grid de 28 carros, isso já mostrava certa evolução, mas no domingo ele nem sequer conseguiu largar, já que acabou tendo problemas.
Aproveitando que a próxima corrida era na Holanda, alguns Kms da Grã-Bretanha, Purley voltou a se inscrever duas semanas depois, agora para entrar na história. Roger Williamson corria com uma versão mais atualizada da March, afinal corria na equipe oficial da marca, enquanto seu amigo tinha que se sustentar com as finanças da empresa da família.
Dia 28 de julho, sábado em Zandvoort, todos os pilotos marcavam seus tempos em busca da pole, que ficou com Ronnie Peterson, mais de 3 segundos e meio mais rápido do que Purley, o 21º colocado, enquanto Williamson era o 18º. Emerson Fittipaldi bateu forte nos treinos, fez algumas voltas na corrida e abandonou porque não se sentia bem, coisa que nem se sentiria caso tivesse corrido.
Na volta 8, um furo no pneu de Roger faz ele perder o controle e bater violentamente no muro, o mesmo que havia tirado a vida de Courage três anos antes. Logo depois de se chocar, o britânico levantou voo, caindo no chão de cabeça para baixo, com seu tanque de combustível riscando o asfalto como um fósforo até parar e começar a pegar fogo.
Logo que percebeu que o acidente era grave, Purley parou, pulou de sua March e foi correndo até o carro do compatriota, que estava capotado e em chamas. Aos gritos de socorro do conterrâneo, David tentava chamar ficais para ajudar-lo, mas eles não tinham nem sequer treinamento e nem vestimenta adequada, com as chamas sendo terrivelmente fortes.
David chegou a pegar um extintor, mas ele não conseguiu apagar as chamas, que aumentavam cada vez mais. O tempo passava, mas já não havia esperança para aqueles que havia presenciado o acidente, enquanto aqueles que simplesmente estavam assistindo, imaginavam que o carro era do próprio Purley, que conseguiu escapar, mas logo as informações foram chegando e constataram, inicialmente, que o carro era de José Carlos Pace.
Mas alguns da TV holandesa foram até o local, e viram que aquele era uma March da equipe oficial, e que o piloto era Roger Williamson, que, infelizmente, já se encontrava em óbito. O tempo de demora para a equipe de bombeiros chegar também foi crucial, já que Purley pode andar de lá pra cá da pista pedindo aos pilotos ajuda, mas sem ter seu pedido aceito.
Williamson estava morto por asfixia, enquanto Purley, desistiu da Fórmula 1. Isso valeu a ele uma medalha de coragem, a George Medal, que sem dúvida seria trocada pela vida do amigo... Sem dúvida, o vídeo acima é de uma das piores cenas da história da categoria, com ninguém parando para ajudar um colega de profissão.
David ainda participou do GP da Alemanha e da Itália de 1973, conquistando suas melhores classificações. Um ano depois, voltou a tentar a sorte em casa, mas não conseguiu classificação. Agora parecia que era o fim de sua carreira, mas em 1977 ele retornou no GP da Espanha de 1977, não se classificando. Ainda no mesmo ano, participou do GP da Bélgica, da Suécia, da França e da Grã-Bretanha.
Em sua última corrida, em Silverstone, não conseguiu classificar-se por um motivo, sofreu um acidente terrível, diminuindo de 173Km/h á 0 em 66cm, ou seja, uma força de 179.8G. Até hoje é o maior que aconteceu na F-1, mas o de Kenny Brack, em 2003, superou a casa dos 200G. Depois disso, abandonou definitivamente a categoria, indo em busca de novos desafios nas acrobacias aéreas.
Aos 40 anos, Purley perdeu o controle de seu avião e caiu no Canal Inglaterra, perto de sua cidade natal, perdendo a vida. Infelizmente, nem sequer seu corpo foi encontrado. Como eu li mais cedo no Continetal Circus, merecia ter um filme contando sua história, sem dúvida faria sucesso entre nós petroheads, e provavelmente até nas pessoas loucas por cinema, já que sua história é simplesmente de um herói....
Assim termino, dando meu adeus á David, que perdeu sua vida há 30 anos...
Imagens tiradas do Google Imagens
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