Muitos se esquecem da enorme importância de pilotos como Chico Landi, Fritz d'Orey e Gino Bianco, que foram os pioneiros vindos do Brasil na F-1. Além disso, temos outro ponto muito esquecido, a que a Escuderia Bandeirantes foi a primeira equipe brasileira na categoria, sendo fundada por Francisco Landi. Mas temos uma mistério nessa história toda.
Segundo os registros, ou seja, o que sobrou, a Bandeirante foi sim uma equipe brasileira, mas por quê nenhum piloto canarinho correu na estreia? Landi e Philippe Étancelin estavam inscritos para a corrida, mas apenas o francês fez a prova, a única, por sinal, disputada por ele na escuderia. A primeira aventura deu no que deu, 8º lugar.
Antes de continuar, vou explicar um pouco mais a história. Landi, quando foi correr na Europa, chamou a atenção de Enzo Ferrari, que teve ele com um de seus pupilos, mas por pouco tempo, talvez por perceber seu fiel patriotismo, a ponto de querer pintar sua Ferrari de amarelo. Depois de mostrar-se alguém que queria ter a própria equipe, ele perdeu a força em Maranello, e por isso teve que procurar carros na rival, Maserati, que vendeu três A6GCM.
Ao invés de deixar o carro da Europa, ele foi mandado para o Brasil, misteriosamente. A pintura já se sabia qual seria, amarela, com rodas verdes e com uma traseira tendo a bandeira do Brasil (isso segundo a viúva de um ex-piloto). Depois de saber disso fiquei na dúvida quais devem ser mais patriotas, estadunidenses ou brasileiros?
Étancelin ao fundo |
Chico já negou várias vezes, mas acho um pouco difícil o governo de Getúlio Vargas não ter ajudado, mas caso tivesse verdadeiramente ajudado, por quê não obrigou a equipe a ter pilotos brasileiros logo de cara? Além disso, por quê a escolha de Philippe Étancelin como piloto? Será que o francês só queria participar da corrida em casa e jamais voltar a ver aquela Maserati amarela em suas mãos? Nunca saberemos as respostas, afinal, poucos envolvidos nessa empreitada ainda estão vivos, e esses envolvidos nem sequer devem ter visto o carro andar...
Na corrida seguinte, em Silverstone, Gino Bianco e Eitel Cantoni estavam inscritos para correr com carro verde e amarelo, e conseguiram, ambos. Logo na primeira volta, o uruguaio abandonou com problemas nos freios, e daí você pode pensar: "Ah, esse é só mais um piloto que correu pela Escuderia Bandeirantes". Engano seu, pois Eitel era, provavelmente, o fundador da equipe.
Bem, não se sabe muito da vida de Eitel Cantoni depois de sua saída da categoria, mas acredita-se que ele tenha vido morar no Brasil. Bianco e Landi simplesmente ajudaram-o, monetariamente, a fundar a equipe, e por isso devem ser chamados de co-fundadores, mas por quê foi Landi que comprou os carros da Maserati, inscrevendo-os, muitas vezes, em seu nome?
Eitel Cantoni no centro |
É uma história louca mesmo, não? Deixo a vocês decidirem as respostas de cada pergunta. Agora voltando as corridas... A equipe também aparecia várias vezes em provas extra-campeonato, mas, muitas vezes, apenas estava inscrita, pois não aparecia no fim-de-semana. Na prova seguinte, no lindo e perigoso "Paraíso Verde", os mesmos pilotos estavam inscritos.
Bianco fez um belo treino e largou em 16º dos 31 participantes, enquanto Cantoni sofria com o fim do grid, talvez pilotando apenas por diversão, já que, provavelmente, se dava mais bem como diretor do que como piloto. Na corrida, o brasileiro não durou nem a primeira volta, enquanto o uruguaio foi até a 4º de 18 voltas.
Na Itália eles só não queriam repetir a última colocação de Zandvoort, e por isso voltaram a inscrever 3 carros, e agora com Cantoni. Trinta e cinco pilotos estavam inscritos, mas apenas 24 largariam, e por sorte a equipe viu seus pilotos dentro do limite, com Eitel e Gino sendo os últimos colocados. A corrida foi ótima, com os carros resistindo quase até o fim, mas quase.
Parecia que a equipe sumiu do mapa, não há muitas informações sobre Eitel Cantoni e Gino Bianco, mas parece que Landi ainda tentava levar o nome da Escuderia Bandeirantes paras as corridas, sem exito. A temporada estava quase acabando quando, finalmente, Chico se inscrevera ao lado de sua equipe para o GP da Suiça.
Esse rosto me lembrou o de... Pastor Maldonado |
Havia 20 pilotos que iriam participar da corrida, e adivinhe quem largou em último? Chico Landi, que mesmo assim não manchou a honra brasileira e foi atrás de algum ponto milagroso. Talvez o clima iria ajudar, já que o sol era escaldante e os problemas poderiam aparecer, até no defasado Maserati verde e amarelo.
Aos poucos a corrida foi fazendo suas vítimas, até a volta 54, de 65, quando um piloto se tornou o último a abandonar, e esse piloto era Francisco, que teve problemas na sua caixa de câmbio e perderam a chance, de quem sabe, pontuar com a equipe brasileira. A próxima corrida seria em Monza, onde, mais uma vez, Landi tentaria a sorte.
O carro da Escuderia abandonado |
O tailandês Prince Bira tinha muito dinheiro, pois era um monarca, e é claro que equipes que sofriam carência de dinheiro queriam ter-lo, entre eles a Escuderia Bandeirates. Entre as corridas da Itália e da Suiça, ele e Chico conversaram, e entraram num acordo. Esse acordo finalizava os projetos da equipe brasileira, para tudo isso ser transferido para a Scuderia Milano, que iria participar de sua última corrida.
O brasileiro abandonou na volta 18, enquanto Bira terminou em 11º, fechando, completamente, a Escuderia Bandeirantes, que nessa corrida correu com o nome de Scuderia Milano e pintada de vermelho, com alguns detalhes, dizem, em amarelo... Mas agora vem outra pergunta: Se a equipe mudou de nome, por quê Prince não conversou com Cantoni, que é o suposto fundador?
Imagens tiradas do Google Imagens
Muito bom
ResponderExcluirMuito bom
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