sábado, 19 de novembro de 2016

Pós-GP: A corrida para as corridas


Não sabemos se choramos ou rimos após esse fim-de-semana maluco em Interlagos. Na sexta-feira, Fernando Alonso fez de tudo, mais uma vez, para se aparecer, brincando de cameraman e ainda tentando fazer embaixadinhas com uma pequena pedra. No dia seguinte, um guarda-chuva vai parar no S do Senna (presságio?) e, no domingo, o céu vem abaixo depois de anos esperando por um GP do Brasil sob chuva.

Não há melhor lugar no mundo para se decidir um título mundial, mas isso só aconteceria se Nico Rosberg estivesse disposto a derrotar, na chuva, Lewis Hamilton, e, como todos nós sabemos, o alemão está com o regulamento embaixo do braço para levar essa decisão até Abu Dhabi, onde ele precisará apenas de um terceiro lugar caso o companheiro vença...

Infelizmente, o fato de não termos visto o título ser decidido em Interlagos, existem apenas duas formas, pelo menos as que acredito que podem acontecer, de termos um final emocionante em Yas Marina: ou Rosberg e Hamilton batem, em prol do alemão, ou as Red Bull superam o líder do campeonato na pista, em prol do britânico. Vale lembrar ainda que, em 2014 e 2015, a Mercedes só não venceu três corridas, enquanto, nesse ano, foram apenas duas derrotas em vinte provas... seria extremamente interessante ver isso acontecer de novo em 2016, sobretudo se a vitória caísse no colo da Ferrari, que tanto precisa de uma...


Apesar de tudo, o GP do Brasil também foi marcado pelas vaias do público com uma segunda, e sem sentido, bandeira vermelha após voltas e voltas de Safety Car. O povo pediu. E o mundo inteiro assistiu que brasileiro é uma pessoa diferente, impaciente, e que quer ver o "circo pegar fogo" seja embaixo sol ou chuva. Queremos corrida!

Além do mais, a chuva que vimos nesse ano pode se comparar ao que vimos em 2012, quando nenhuma bandeira vermelha foi agitada e o Safety Car só entrou na pista duas vezes, contando as duas últimas voltas após o acidente de di Resta... Isso só mostra que a Fórmula 1 entrou nesse "frescor" após o acidente de Jules Bianchi, e que a FIA ainda não percebeu que toda a fatalidade ocorrida com o francês foi por negligência dela mesma e não do piloto ou das condições meteorológicas...

Talvez a categoria aprenda mais com participações do público como as que vimos no Brasil, com vaias e negativos para uma ação completamente idiota e sem sentido. Se não tem coragem, vá trabalhar num escritório ou algo assim, saia do automobilismo e deixe apenas gente como Max Verstappen por lá...


Mais uma vez, o GP do Brasil poderá servir como lição para o futuro, a corrida para as corridas, e que nada disso se repita: cerca de 31 das 71 voltas foram feitas atrás do Safety Car. Parabéns, Bernd Maylander pelo ótimo trabalho, diga-se de passagem...

Tudo que vemos é uma piada para categorias como WRC e MotoGP. Uma piada...

Na sua décima tentativa, Lewis finalmente venceu no Brasil e realizou seu sonho de criança, e, como não podia perder a chance, tentou fazer um jogo psicológico ao dizer que esta foi a sua vitória mais fácil de todas. Com a conquista, Hamilton se tornou o primeiro piloto a trocar de capacete no meio da prova e ainda vencer a corrida. Algo que, sinceramente, nunca ninguém imaginou que iria acontecer. Foi bonito de ver o britânico com aquele capacete amarelo, não por lembrar Senna, mas por sair da mesmice de um branco tão sem graça que marcou seus dois últimos títulos.


Já Rosberg fez uma corrida simples e com apenas um susto (pelo menos mostrado na transmissão) na Subida do Café. Não se preocupou em segurar ou atacar Max Verstappen, tendo muita sorte ao terminar na segunda colocação após os problemas enfrentados pela Red Bull com as paralisações, que destruíram as estratégias do holandês e de Daniel Ricciardo, que, apesar de tudo, fez uma corrida apagada, ofuscada pela sua punição ainda nas primeiras voltas.

Verstappen deu show, arrancando elogios até dos mais críticos, mas esse desempenho nos fez levantar uma hipótese: os pilotos teriam perdido a magia de como pilotar sob chuva? Verstappen e Ocon, dois dos mais jovens do grid fizeram a alegria dos fãs com uma performance magnífica, coisa que não é rara de se ver em categorias de base, onde outros pilotos, ainda menos experientes, se arriscam tanto que arrancam suspiros daqueles que os assistem. Talvez, o excesso de cautela dos mais velhos venha destruindo o show. Apenas talvez...

De qualquer forma, é inegável que o holandês tenha impressionado todos em Interlagos. Desde seu desejo de iniciar a prova sem mais enrolação até sua última ultrapassagem, sobre Sérgio Pérez, vimos um garoto que estava disposto a arriscar, a cometer erros e, sobretudo, a vencer, mesmo enfrentado os dois melhores carros do grid. É um piloto como Max Verstappen que falta à Fórmula 1. São pilotos com sua garra, com sua marra e com seu talento que os fãs tanto anseiam.


Porém, gostaria de destacar um ponto. O holandês demorou cerca de uma volta para superar uma Manor! Algo assustador pelo fato dele ter pneus mais novos e estar superando todos com tanta facilidade. Mas neste carro azul, branco e vermelho estava ninguém menos do que Esteban Ocon, o francês que derrotou Verstappen na Fórmula 3 e foi campeão da GP3, com muitos méritos, em 2015. Sua contratação pela Force India, tão contestada, sobretudo pelos brasileiros, não foi por acaso, e já expliquei o motivo num de meus últimos posts aqui no blog. O jovem francês, que agora é o piloto mais alto da categoria, soube segurar um carro muito superior e teve azar em não conseguir conquistar seus primeiros pontos numa corrida tão fantástica como essa. Infelizmente, as coisas são assim...

Se Max Verstappen não venceu por falta de sorte, Esteban Ocon não pontuou por falta de equipamento...

No outro carro da Manor, Pascal Wehrlein agora anda ofuscado pelo companheiro, não na pista, mas nos bastidores. O alemão perdeu sua grande (e quem sabe primeira) chance de correr numa equipe média, e agora passa por um momento em que Ocon vem conquistando resultados tão interessantes quanto os seus, tendo o francês participado apenas da metade das provas da temporada. Estive enganado ao apontar Wehrlein na Force India, mas já havia imaginado a sinuca em que a equipe se encontrava...


Voltando à ponta do grid, a Ferrari continua sofrendo com falta de organização interna. Com o pódio de Verstappen, a Red Bull assegurou o vice-campeonato e, agora, o que resta para o time italiano é fazer Sebastian Vettel ficar a frente do jovem holandês no campeonato de pilotos. O dia não foi bom para a dupla ferrarista. Primeiro, o tetracampeão decidiu brincar na grama e rodar e, logo depois, foi a vez de Kimi Räikkönen sem perder em plena reta dos boxes de Interlagos. Por pouco escapou de uma tragédia...

Vettel ainda foi bravo para recuperar as posições perdidas e terminar em quinto, mas demorar tanto para passar Sainz Jr foi fatal para que Verstappen não tivesse muitas dificuldades em supera-lo. É uma pena a Ferrari estar terminando a temporada dessa forma...

A Williams viveu um misto de emoções durante todo o fim-de-semana. Desde os surpreendentes resultados na sexta-feira até o fim de tudo no muro da Subida do Café, Felipe Massa teve altos e baixos, enquanto Valtteri Bottas tentava o impossível com um carro que ainda não aprendeu a andar na chuva. Foi triste ver o brasileiro acabar sua corrida batendo? Foi! Mas o destino quis que fosse assim, e que ele tivesse uma das despedidas mais emocionantes que a categoria já havia visto. Ser aplaudido por Mercedes, Ferrari e Williams não é para qualquer um...


A performance do carro parece não ter melhorado, e agora resta esperar para 2017, com um novo regulamento e com um novo piloto. Quem sabe a Williams não consiga voltar aos dias de glória? É difícil, mas nunca sabemos quando algo surpreendente pode aparecer.

E mais uma vez, o azar ousou tirar Nico Hülkenberg do pódio em Interlagos. Após assinar com a Renault, o alemão ganhou tanta confiança que, frequentemente, supera Sergio Pérez nos treinos classificatórios e, no último domingo, parecia que finalmente havia chegado a vez do vencedor de Le Mans subir ao pódio. Infelizmente, no acidente de Räikkönen, um pedaço da asa da Ferrari foi parar na frente de Hülkenberg, que cruzava a reta dos boxes no meio de todo o spray.

Quando a bandeira verde sinalizou o reinicio da prova, o alemão foi obrigado a parar após um furo: era o fim das chances de pódio. Com isso, Sergio Pérez assumiu uma quarta posição que, voltas depois, se tornaria um terceiro lugar, com a parada de Max Verstappen. O desempenho do mexicano também não deixou a desejar, só não perseguindo Nico Rosberg por falta de equipamento e sendo superado pela Red Bull pelo mesmo motivo.


Um piloto que também teve um desempenho brilhante no Brasil, mas que passou despercebido, foi Carlos Sainz Jr. O jovem espanhol da Toro Rosso partiu da décima quinta posição e já na volta 20 ocupava o sexto posto. Beneficiado pelas marmeladas ferraristas e da Red Bull, Sainz chegou a estar na quarta colocação antes de finalmente fechar em sexto. Apesar do brilhante desempenho do espanhol, a Toro Rosso não viu o mesmo com Daniil Kvyat, que enfrentou problemas com um desgovernado Renault...

Falando de Renault, a renovação de Jolyon Palmer foi vista como idiotice por boa parte dos torcedores, com exceção dos britânicos, que ainda acreditam no talento de um campeão da GP2. É bom lembrar que o inglês derrotou Felipe Nasr em 2014 na categoria, mas mesmo assim só teve sua primeira chance num carro feito para receber o motor Mercedes e com um chassis velho da Lotus. Apesar de todas as burradas, Palmer merece uma chance...

Enquanto isso, Kevin Magnussen foi chutado da equipe e encontrou refúgio na Haas, onde, fontes internas dizem, estão atrasados no desenvolvimento do carro de 2017. Em apenas três temporadas na categoria, o dinamarquês foi do céu ao inferno com McLaren, Renault e, agora pode ir também, com a Haas.


Rumores dizem que a renovação de Palmer foi uma estratégia da Renault para contratar Bottas em 2018, o que poderia abrir uma vaga na Williams para Felipe Nasr, caso o mesmo consiga se manter na Fórmula 1 por mais um ano, ou ainda para Pascal Wehrlein, já que Toto Wolff se tornou grande negociador nos bastidores da categoria.

Aproveitando que Nasr foi citado, vamos falar de seu maravilhoso desempenho em Interlagos, onde, dias antes, havia dito que esta seria a maior oportunidade para marcar pontos: e conseguiu! Um piloto que sai da última fila com um carro da estirpe do C35 para aparecer no top ten em apenas dez voltas merece respeito e, pelo menos, um contrato assinado para próxima temporada. Com a saída do Banco do Brasil, os negócios de Felipe Nasr na Fórmula 1 podem chegar ao fim de uma das maneiras mais tristes de sempre.


Um desempenho tão louvável em comparação ao de Marcus Ericsson, que bateu ainda no início da prova, deveria garantir sua vaga em 2017, mas, se tratando de uma equipe que ainda luta para sobreviver, não devemos esperar nada. Para piorar, a vaga do brasileiro estaria ameaçada por nada menos nada mais do que Esteban Gutiérrez, um dos pilotos mais fracos do grid atual, que só não pontuou em 2016 por falta de sorte.

Chegando agora à Haas, onde não há muito o que dizer. Romain Grosjean imitou o maior ídolo francês, só que de maneira ainda mais bizarra: ele ainda estava na volta de saída até o grid. Curiosamente, ele não foi o único a culpar os pneus de chuva extrema da Pirelli. Kimi Räikkönen disse que os compostos de doze anos atrás (o finlandês estava na McLaren, assim, ele usava os Michelin) eram muito melhores.

Concordo com ambos. Se existe algo tão inútil no mundo da Fórmula 1, isso é o pneu de chuva extrema da Pirelli: ele pouco é usado porque o Safety Car sempre está presente em situações onde a chuva aperta e, ainda, quando é, não consegue trabalhar direito, deixando os pilotos na mão como aconteceu com Grosjean e Räikkönen em Interlagos.


A Pirelli tem muito a melhorar para 2017, sobretudo nos pneus de chuva, e ela tem essa chance com tantas baterias de testes que já vem acontecendo. E que a marca italiana traga bons compostos para uma nova Fórmula 1 no ano que vem...

Se a corrida de Grosjean não durou muito, a de Gutiérrez foi pífia: o mexicano largou mal e ainda teve uma performance muito abaixo do esperado pelas condições do tempo, digo, da temperatura.

Agora, para terminar, a equipe que mais virou motivo de piada nos últimos dois anos. Chuva e Interlagos trazem boas lembranças para a McLaren, que venceu pela última vez dessa forma em 2012 com Jenson Button, mas agora ela virou motivo de pesadelo para o campeão de 2009. Enquanto Fernando Alonso lutava para estar nas posições pontuáveis, o inglês amargava as últimas colocações em sua penúltima corrida da carreira.

O fim-de-semana no Brasil também marcou o fim de uma era: Ron Dennis, depois de 35 anos no comando do grupo McLaren, foi mandado embora após conflitos internos com acionistas chineses. É o fim da linha para Dennis na segunda maior equipe vencedora na Fórmula 1...


Sobre a corrida...

  • MELHOR PILOTO: Felipe Nasr
  • SORTUDO: Nico Rosberg
  • AZARADO: Lewis Hamilton
  • SURPRESA: Esteban Ocon
Nasr brilhou na chuva, segurou o top ten no braço e conquistou dois importantíssimos pontos para a Sauber; já Nico Rosberg teve sorte com as bandeiras vermelhas que destruíram a estratégia de Max Verstappen, o que também afetou Lewis Hamilton na briga pelo título; Ocon surpreendeu com a Manor, se manteve entre os dez por boa parte da corrida e deu show com um carro que jamais voltará a ter outra chance de pontuar: uma pena que o francês não teve condições para segurar por mais tempo o décimo tempo. Foi uma lição para quem acha que sua ida à Force India só foi por causa da força de alguém como Toto Wolff...

Até o próximo fim-de-semana em Abu Dhabi!

Imagens tiradas do f1fanatic.co.uk.

domingo, 6 de novembro de 2016

OPINIÃO: Sobre o futuro


Ah, o futuro... Não sabemos sequer se estaremos vivos no próximo instante de nossas vidas, você mesmo não sabe se terá tempo para ler a próxima palavra deste texto. Bem, pelo menos temos a capacidade de pensar sobre nosso futuro, nossas expectativas e esperanças por uma vida melhor. Nunca sabemos o que pode acontecer daqui uma hora, uma semana, um mês ou quem sabe um ano, mas podemos trabalhar para que este futuro seja melhor, algo que guarde coisas boas, realizações.

A polêmica que envolveu Sebastian Vettel, Max Verstappen e Daniel Ricciardo serviu para movimentar um pouco mais os bastidores do circo da Fórmula 1. O tetracampeão já vinha fazendo diversas reclamações bobas e sem sentido nas últimas corridas, mas dessa vez acabou saindo do decoro de um piloto para dizer poucas e boas para Charlie Whiting, algo que, sinceramente, muitos de nós sonhamos a tanto tempo.

Esse decoro que citei anteriormente é uma das principais "armas" do politicamente correto que "robotiza" quase todos os pilotos do automobilismo. Com isso, o que nos resta é torcer para que mais pilotos como Max Verstappen surjam com coragem e força o suficiente para peitar alguns dos grandes nomes da categoria, pois é esse tipo de piloto que motiva, muitas vezes, "polêmicas de meio de semana", que aquecem de tal forma o circo que todo o fim-de-semana pode acontecer algo novo.

Verstappen e Ricciardo - a dupla dos pesadelos de Vettel

A falta de consistência nas decisões feitas pelos diretores de prova já vem a tempos atormentando os pilotos, e isso, somado a nova Verstappen rule, deixam as coisas ainda mais polêmicas. O próprio holandês, personagem mais polêmico do último fim-de-semana na Cidade do México, veio à publico pedir uma revisão nas regras após tanta confusão que colocou um trio de respeito numa situação um tanto quanto desagradável e, pior, vergonhosa aos olhos mais críticos.

Carlos Sainz também já pediu uma correção nessa loteria que se tornou a Fórmula 1, onde uns são punidos e outros não. O escândalo fica ainda maior se lembrarmos que Lewis Hamilton cometeu o mesmo erro de Max Verstappen na largada, fugindo de quaisquer problemas que pudesse enfrentar com quem vinha atrás. Daniel Ricciardo e Nico Hülkenberg reclamaram. E a equipe Red Bull se tornou uma das mais críticas às generosas áreas de escape que tanto estragam o show.

O sorridente australiano afirmou que prefere brita do que asfalto, e que elas servem para penalizar pilotos que cometem erros. Há uma controversa sobre as caixas de brita que mexem muito com a cabeça dos organizadores de Gp: elas já se mostraram perigosas demais, vide os capotamentos de Schumacher e Alonso na Austrália, em 2001 e 2016, respectivamente, por exemplo.

Ross Brawn pode estar de volta ao circo da Fórmula 1

Apesar disso, vimos mais uma vez, no acidente do espanhol no início desse ano, que a Fórmula 1 é a categoria mais segura do mundo quando não há negligência por parte dos organizadores (como na fatalidade ocorrida com Jules Bianchi em 2014). Por isso, sou totalmente a favor da volta das caixas de brita, pois apenas ela conseguiriam punir os pilotos de forma, digamos, natural e igualitária, e não absurda e idiota como vemos nos últimos anos vindos de Charlie Whiting e companhia...

É o futuro da categoria que fica em jogo. A própria Verstappen rule idiota também mexe um pouco com os ânimos, pois foi por causa dela que Sebastian Vettle foi punido e Daniel Ricciardo herdou o pódio. Um regra tão idiota que deve estar "revirando Gilles em seu túmulo". É o cúmulo do absurdo punir um piloto que muda de direção na freada. Estamos falando de um esporte, mas que já se parece uma novela mexicana.

O pouco tempo que ainda resta para que Bernie Ecclestone deixe de vez o comando da categoria (que parece uma eternidade) nos faz indagar sobre como poderá ser o futuro, quando, como muitos dizem, Ross Brawn será um dos principais homens: será que teremos uma Fórmula 1 melhor do que temos hoje? Tomara. Apenas tomara... Uma renovação total nem sempre é boa como imaginamos, especialmente no início...

Audi voltou a superar a Porsche, mas ainda não consegue liderar o campeonato

Agora saindo um pouco de onde a babaquice reina, entramos num assunto um tanto quanto triste e polêmico. As saídas de Audi e Volkswagen, respectivamente, do WEC e do WRC, chocaram o mundo do automobilismo. A polêmica que envolveu a marca alemã no ano passado, chamada de dieselgate, começa a ter consequências no esporte a motor, e elas não são das mais fáceis de se lidar.

Porsche e Audi são do grupo VAG, e por isso não havia sentido manter duas equipes de ponta lutando entre si enquanto existe uma enorme e monstruosa divida a se pagar nos EUA. A saída de uma das marcas já estava quase que programada quando o dieselgate veio à público, e isso se confirmou quando o time de Ingolstadt oficializou sua saída do Mundial de Endurance para o fim desse ano, algo que chocou, pois se esperava que a equipe participasse de mais uma temporada, ainda mais tendo um bólido que mostrou ser o mais rápido da categoria logo em seu primeiro ano, só não superando a Porsche no campeonato por motivos diversos.

Loïc Duval quer continuar correndo na LMP1

Loïc Duval e Lucas di Grassi estão na Fórmula E, enquanto André Lotterer correu na Super Fórmula em 2016, e por isso não correm riscos de passar um 2017 sabático. Já Benoît Tréluyer, Marcel Fässler e Oliver Jarvis tem futuro indefinido. O britânico manifestou interesse em ficar na LMP1, e sua maior chance seria na arqui-rival Porsche, onde Mark Webber se aposentará no fim desse ano. Porém, os favoritos a vaga de Stuttgart são Earl Bamber e Nick Tandy, vencedores de Le Mans em 2015 ao lado de Nico Hülkenberg.

Com a saída da Audi, Porsche e Toyota se tornam as duas principais equipes da categoria, deixando vazio um espaço que será difícil preencher. A Peugeot manifestou interesse em um retorno, mas acabou culpando os altos custos da LMP1 para se manter longe, pelo menos nos próximos anos, do WEC.

A Joest Racing fica sem rumo definido no endurance, sobretudo pelo fato de que sua antiga parceira, a Porsche, agora ter equipe oficial. Um destino interessante seria os EUA, onde a IMSA cresce a cada ano. Esperemos para ver qual será a decisão da equipe de Reinhold Joest.

O Polo que jamais correrá - dinheiro jogado fora...

Já no WRC o choque foi maior. A Volkswagen estreou em 2013 e desde então dominava a categoria de tal forma que destituiu uma era e iniciou outra: Loeb havia conquistado nove títulos seguidos até então e, agora, Ogier tem quatro canecos - são doze anos de domino de pilotos da França! A última vez que um carro alemão havia vencido o campeonato foi em 1984, com o Audi Quattro.

Voltando à década de 80, é de se lembrar que o Grupo B foi extinto em 1986 quando a Audi preparava, secretamente, um super carro para o Grupo S, espécie de substituto obscuro do famoso Grupo B. O Audi 002 Quattro não era de motor frontal, mas sim traseiro, tendo traços que lembravam os sportscar da época. Um projeto ambicioso, feito longe dos olhos dos grandes executivos da marca. Walter Röhrl chegou a testar um Quattro S1 na Tchecoslováquia com motor traseiro, elogiando (e muito!) o carro, mas acabaria por jamais andar no 002.


O cancelamento do Grupo S decretou a morte do projeto que se manteve na escuridão por quase 20 anos antes de novas informações aparecerem na revista Motorsport. Trinta anos após o fim do Grupo B, o carro finalmente apareceu em um rally no Eifel Rallye Festival desse ano.

Mas por que escapar do assunto e leva-lo para um carro que jamais correu? Pois bem... há quem diga que o novo Polo era um dos mais rápidos já vistos na história do WRC! E como a Volkswagen não tem o costume de vender seus carros, estes provavelmente serão mandados direto para um museu (!), antes de reaparecem daqui algumas décadas em outro festival...

Veja também: Sobre o fim da Volkswagen no WRC.

Assim, Sébastien Ogier, Jari-Matti Latvala e Andreas Mikkelsen ficam sem equipe para 2017. Um trio de respeito que muito provavelmente vai conseguir uma vaguinha em alguma das grandes marcas: Ogier é cobiçado especialmente por Citroën e M-Sport (Ford), enquanto nada sobre Latvala surgiu na mídia. Mikkelsen tem experiência em equipes privadas, e deve aparecer na temporada que vem.

O Rallye da Austrália será o último de uma era...


Enquanto o ano não acaba, muita coisa ainda pode acontecer. Li hoje no Continental Circus, que chegou a se falar de um abandono por completo dos programas esportivos da empresa alemã, o que acarretaria no desaparecimento também da Porsche no WEC! Não sei se posso estar exagerando ou falando bobagem num ponto como esse, mas a verdade é dolorida: a VW está a pagar pelo maior erro de sua história - e não é apenas ela que sente por isso, mas também o esporte...

Será difícil imaginar o que poderia acontecer no WEC e no WRC em 2017, quando Audi finalmente poderia ter superado a Porsche a Citroën parecia ter se aproximado dos carros da Volkswagen. Viveremos apenas de suposições, apenas de "e se...", e isso é chato, é besta, é algo desnecessário para nosso futuro, e que poderia ser evitado caso nosso presente não fosse tão conturbado.

O que quero dizer é que se a Volkswagen não tivesse c*****, vamos dizer assim, poderíamos ter duas das melhores temporadas de sempre no WEC e no WRC, e tudo não passará de meras suposições um dia. Isso se já não as fazemos hoje...

E o velho continua com suas idiotices

Sobre o futuro, devemos aprender com os erros de hoje e corrigi-los. E é isso que a Fórmula 1 deverá fazer caso não queria cavar um buraco tão fundo, onde não poderá sair com tanta facilidade como queremos, tal como ocorre com o Grupo VAG.

Até outro dia...

Imagens tiradas do Google Imagens e http://www.f1-fansite.com/f1-wallpaper/hires-wallpapers-pictures-2016-mexican-f1-gp/.