terça-feira, 22 de março de 2016

35 anos sem um herói...


No ano passado comentei sobre David Purley na data em que se completaram 30 anos de sua morte, e hoje volto a comentar sobre mais um piloto que, com um ato heroico, entrou na história da Fórmula 1: Mike Hailwood.

Apelidado de "The Bike", o britânico nascido no dia 2 de abril de 1940 na cidade de Great Milton começou a participar de provas no motociclismo logo cedo, ainda quando criança. Seu ingresso nas competições internacionais foi em 1958, tendo uma evolução tremenda até conquistar seu primeiro título, em 1961, na 250cc. No ano seguinte, Hailwood já dominava a 500cc, conquistando mais um campeonato.


Mike já era um dos maiores, e aos poucos ia adquirindo status de lenda inglesa. As temporadas de 1963, 1964 e 1965 se seguiram com um tricampeonato sem contestação nas 500cc, com a MV Agusta. Já sendo associado à Honda desde o início da década, Hailwood passa a competir nas quatro categorias pela empresa japonesa, conquistando mais títulos na 250cc e 350cc.

Até esse momento, Mike Hailwood também havia participado de provas esporádicas em um Lotus 25 com a inscrição de Reg Parnell na Fórmula 1, conquistando até um ponto no GP de Mônaco de 1964, mas havia deixado de lado toda a possibilidade de seguir carreira nas quatro rodas. Quando a Honda anunciou sua saída do motociclismo, em 1968, o inglês foi impedido de assinar com outra equipe, sendo obrigado a voltar para o automobilismo, começando pela Fórmula 5000.

Conquistando resultados empolgantes, Hailwood termina na terceira colocação em seu primeiro campeonato na 5000, seguindo em 1969 com um pódio nas 24 Horas de Le Mans, à bordo de um Ford GT40. Dois anos depois, John Surtees convida o compatriota para participar do GP da Itália de 1971, onde Mike surpreende.


Surtees havia sido campeão mundial nas motos, se tornando, mais tarde, o primeiro homem a repetir o feito nos carros. Para mostrar que tinha toda a habilidade para repetir o feito do novo chefe de equipe, Hailwood dá show em Monza, saindo da décima sétima colocação para batalhar pela vitória, terminando na ótima quarta colocação na prova vencida por Peter Gethin. Semanas depois, em Watkins Glen, volta a surpreender com um bom desempenho, abandonando quando disputava a sexta colocação com Clay Regazzoni.

Suas ótimas performances no fim da temporada confirmaram ele para 1972, já no modelo evoluído da Surtees, o TS9B. A abertura da época é marcada por um belo início de prova do inglês, que era segundo colocado antes de abandonar. Nas provas seguintes, Hailwood se torna figurinha carimbada na disputa pelos pontos, que quase sempre eram alcançados quando o equipamento permitia.

Dois quartos lugares conquistados na Bélgica e na Áustria além do sexto posto no GP da França não se comparam ao pódio que Hailwood conseguiu em Monza, quando todos em sua frente, exceto o campeão Fittipaldi, tiveram problemas. Infelizmente, o projeto do novo bólido da Surtees não era tão fantástico, o que levou a um mal nascimento do TS14A.


Mike passou a maior parte de 1973 enfrentando problemas, conquistando um oitavo lugar como melhor resultado numa temporada marcada pelo seu feito heroico no GP da África do Sul. A prova em Kyalami era a terceira etapa da época, e Regazzoni tentava se recuperar depois de uma péssima largada. Hailwood estava afrente, batalhando com Dave Charlton.

Correndo com um Lotus particular, Charlton acabou se envolvendo num acidente com Hailwood. Todos os pilotos conseguiram passar pelo local sem enfrentar problemas, mas Clay Regazzoni acabou atingindo o Surtees do multi-campeão de motociclismo. Mike logo saiu de seu bólido e começou a soltar o cinto do suiço, atordoado ao meio das fortes chamas.

Seus braços e pernas começaram a pegar fogo, e Hailwood saiu correndo pela pista até conseguir apagar as labaredas enquanto o fiscal tentava extinguir as chamas da BRM de Regazzoni. Logo após se safar, mesmo com algumas queimaduras, Mike volta ao local do acidente e retira o colega de seu carro: The Bike havia salvado a vida de um piloto - algo que lhe renderia a maior condecoração civil inglesa, a George Medal.

Há duas voltas do final, Hailwood estava na quinta posição quando embateu
fortemente num dos muros de Nürburgring

Para 1974, Mike parece ter um futuro mais promissor ao assinar com a McLaren, onde conquista resultados empolgantes nas três primeiras provas, incluindo um pódio no GP da África do Sul. Mas, a partir da terceira rodada ocorre um revés, e Hailwood passa a conquistar resultados fracos e pouco animadores, com exceção do quarto posto em Zandvoort, semanas antes do GP da Alemanha.

No Nürburgring, sofre um forte acidente na qual decreta o fim de sua carreira o automobilismo. The Bike ainda teve um rápido retorno ao motociclismo em 1978, conquistando a Fórmula I com sua Ducati 900SS.

Anos antes, Hailwood visitou um cartomante na África do Sul, e lá acabou ouvindo que não passaria dos 40 anos, e que morreria ao se chocar com um caminhão.

Em 1981, quando já era casado e tinha dois filhos, Mike embateu fortemente com um caminhão, que fez uma manobra ilegal na estrada. David, seu rapaz, sobreviveu, enquanto Michelle, sua filha, morreu de imediato, dois dias antes do pai não resistir aos ferimentos. O motorista que causou um grande buraco em toda uma família foi multado em apenas 100 libras...


O esporte à motor havia perdido um de seus maiores homens de sempre... e já se passaram 35 anos de tal.

Imagens tiradas do Google Imagens - F1-History.deviantart.com

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