domingo, 2 de outubro de 2016

10 anos - A última vitória de Schumacher


Ainda é difícil de acreditar que Schumacher enfrente o momento mais difícil de sua vida a mais de 1000 dias. E tudo isso fica ainda pior sabendo que, dez anos atrás, na China, o alemão conquistava sua 91º e última vitória na Fórmula 1. Era a conquista que faltava para que Schumi voltasse a liderar um campeonato de pilotos e se enchesse de confiança para as duas últimas etapas da temporada, em Suzuka e Interlagos.

Naquele primeiro fim-de-semana de outubro de 2006, a circo estava em Xangai para o terceiro GP da China. Apesar de anos de domínio, Michael Schumacher nunca havia conquistado bons resultados no país, colecionando fracassos e alguns de seus piores desempenhos da carreira. E era isso que a Renault iria explorar naquele fim-de-semana. Após perder a liderança do mundial de construtores para a Ferrari, que vinha de duas vitórias em Monza e Istambul, o time francês precisava vencer para estabelecer a confiança de um bicampeonato.

Depois de um empolgante teste na McLaren, Lewis Hamilton foi cotado como substituto de Pedro de la Rosa em Xangai, mas o bom desempenho do espanhol após a saída de Juan Pablo Montoya fez a equipe de Woking mantê-lo como titular até o final do ano. Na Red Bull, mudanças. Sem nenhuma boa performance, Christian Klien foi chutado pelo time austríaco, que buscou na Holanda seu novo piloto: Robert Doornbos.


Nos treinos, enormes problemas para Felipe Massa, Takuma Sato e Christijan Albers. O motor quase indestrutível da Ferrari abriu o bico na sexta (prenuncio de Suzuka?) e obrigou o brasileiro a troca-lo, perdendo assim dez posições no grid de largada. Sato também enfrentou problemas com seu motor Honda, sendo punido da mesma forma. Já Albers, que renovou com a Spyker para 2007, estava abaixo do peso na hora da pesagem nos treinos, tendo seu tempo deletado.

Com mais de meio segundo de vantagem para seu companheiro Fisichella, Fernando Alonso era o poleman na China. A segunda fila era toda da Honda, com Barrichello em terceiro e Button em quarto. Confiante apesar do quinto lugar, Kimi Räikkönen, tendo ao seu lado o heptacampeão Schumacher. Fechando o top ten estavam Pedro de la Rosa, Nick Heidfeld, Robert Kubica e um surpreendente Robert Doornbos.

Scott Speed conseguiu se enfiar entre os carros da Red Bull, na décima primeira posição, enquanto Liuzzi era apenas o décimo terceiro. Webber e Rosberg eram apenas décimo quarto e décimo quinto colocados, com Ralf Schumacher e Jarno Trulli logo atrás. Tiago Monteiro era o melhor num Midland, na décima oitava posição. Sakon Yamamoto e Felipe Massa dividiam a penúltima fila, enquanto Takuma Sato e Christijan Albers partiam do fundo do grid.

Para alegria dos franceses, choveu forte na manhã de domingo, molhando toda a pista e favorecendo os compostos da Michelin, enquanto os Bridgestone, que calçavam inclusive as Ferraris, eram os maiores prejudicados. Tudo apontava para outra vitória de Alonso, que poderia sair de Xangai com uma boa vantagem para Schumacher.

Jenson Button deu show nas últimas voltas da corrida

Na partida, Alonso e Fisichella mantém as posições enquanto Räikkönen faz bela manobra para superar Button e Barrichello, que larga mal e cai para quinto. Kubica e Doornbos vão para o fundo do pelotão depois de um toque, com Scott Speed escapando ileso da situação para assumir o oitavo lugar com Heidfeld em nono e Liuzzi em décimo.

No oitavo giro, Michael Schumacher supera Barrichella e assume o quinto posto, e, mais atrás, Heidfeld retoma o oitavo lugar de Speed. Se recuperando, Felipe Massa já era décimo terceiro colocado na volta doze, tendo ultrapassado Ralf, Trulli, Rosberg e Coulthard. Pressionando Fisichella desde o começo, Räikkönen foi conseguir fazer a manobra sobre o italiano apenas na volta doze, quando Schumacher também superaria Button na disputa pelo quarto posto.

A empolgação de estar se aproximando do líder acabaria quando Räikkönen enfrentasse problemas no acelerador de sua McLaren. Era o fim de uma promissora prova para o finlandês. Na primeira janela de paradas, Fisichella e Schumacher manterão o mesmo jogo de pneus, enquanto Alonso, temendo maiores problemas com o desgaste, trocaria os dianteiros e manteria os traseiros, estratégia que acabaria tirando a vitória do espanhol.

Depois de uma rápida perseguição pelo líder, Giancarlo Fisichella e Michael Schumacher já o tinham na mira na metade da prova. O italiano tentou superar o companheiro na volta 29, mas falhou. No giro seguinte, não desperdiçou a oportunidade e assumiu a liderança, com Schumacher seguindo-o na volta 31. Em três voltas, Alonso caiu de primeiro para terceiro.


Numa estratégia diferente em relação ao do companheiro Button, Barrichello era quarto colocado com Nick Heidfeld em quinto e Pedro de la Rosa em sexto. Na 35º volta, Fernando Alonso faz uma desastrosa parada que custa quase 20s. Lá na frente, Fisichella se mantém na ponta, enquanto é perseguido por Michael Schumacher.

No giro 40, o alemão vai aos boxes trocar para os compostos de pista seca, estratégia que o ajudaria na volta seguinte, quando Fisichella fizesse sua parada. Ainda com os pneus frios, o italiano sofreu para contornar a primeira curva, deixando a porta aberta para que Michael Schumacher assumisse a liderança da corrida. Alonso agora estava numa situação desesperadora na quarta posição.

Após superar Heidfeld, o campeão espanhol fez de tudo para se aproximar de Fisichella, apostando que Flavio Briatore resolvesse as coisas. E na volta 47, o que todos imaginavam se concretizou: Alonso agora era segundo. Mais atrás, Mark Webber superava David Coulthard na batalha pelo oitavo lugar.

Restando menos de 10 voltas para o fim, Michael Schumacher administrou como sempre, mantendo a liderança sem sustos até cruzar a linha de chegada, conquistando sua 91º e última vitória na Fórmula 1. Fernando Alonso e Giancarlo Fisichella completaram o pódio, enquanto a batalha pelo quarto lugar durou até a última volta, quando Button superou Barrichello e Heidfeld, que se tocaram na penúltima curva, para conquistar mais cinco pontos.

Rejuvenescido, Schumacher agora era líder do campeonato

E pela primeira vez desde 2004, Michael Schumacher era líder do campeonato de pilotos, com 116 pontos, o mesmo número de Fernando Alonso, que só não mantinha a ponta por ter menos vitórias do que o alemão. Com o pódio, Fisichella superou Massa e agora era terceiro colocado, um ponto a frente do brasileiro. Mesmo após o abandono, Räikkönen manteve o quinto posto com 57 pontos. Já no campeonato de construtores, a Renault voltou a liderar por 1 ponto sobre a Scuderia Ferrari.

E assim o circo saía de Xangai para Suzuka, com Schumacher mais confiante do que nunca e Alonso tentando se reerguer após outra queda da Renault sob o poderio da Ferrari. Faltando apenas duas etapas para o fim, a temporada de 2006 se tornava uma das melhores da primeira década do novo milênio...

Imagens tiradas do Google Imagens e www.f1-fansite.com/f1-wallpapers/

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