terça-feira, 5 de janeiro de 2016

1 Ano - Jean-Pierre Beltoise


Há exatamente um ano, o mundo da Fórmula 1 se chocava com a morte de Jean-Pierre Beltoise aos 77 anos de idade, vítima de dois AVCs. O francês, apesar de ter conseguido apenas uma vitória na categoria, sempre esteve na memória dos fãs mais antigos pela triste fatalidade envolvendo Ignazio Giunti, na Argentina em 1971, e pela conquista nas encharcadas ruas monegascas em 1972. Mas há poucos que se lembrem de outro feito do francês, também sob chuva.

Em sua primeira temporada completa na Fórmula 1, Jean-Pierre Beltoise havia começado bem, com ótimos resultados na África do Sul e na Espanha. À bordo de sua Matra MS11, se esperava muito do francês que tinha como companheiro Jackie Stewart, um dos brilhantes jovens que estavam surgindo no final da década de 60.

Numa época que a Europa parecia viver o dilúvio, depois da triste morte de Jim Clark em Hockenheimring e antes do Grande "Lago" da Alemanha, o GP da Holanda ia ocorrer no dia 23 de junho, com Chris Amon ainda louco atrás da primeira vitória, com Graham Hill ainda querendo estabelecer ordem perto dos mais jovens, e com uma Brabham querendo recuperar o reinado que foi dividido com Ferrari, Matra e Lotus.


Beltoise era apenas um figurante naquele dia, estando na 16º colocação do grid em Zandvoort, que viu uma forte chuva cair no dia da corrida. Com a pista ainda molhada, mas com pouca água caindo na hora da largada, o francês fez, pela primeira vez, aquilo que chamo a volta perfeita. Ao fim do primeiro giro, Jean-Pierre estava na frente de Gurney, Courage, Attwood e Hulme, ganhando a 12º posição.

Mas o melhor estava por vim... na segunda volta, o francês voa novamente para cima de Jack Oliver, Jack Brabham, John Surtees e Bruce McLaren para assumir a 8º colocação enquanto, lá na frente, Jackie Stewart ia ao ataque de Graham Hill. Agora, Beltoise era o quinto no pelotão, tendo acabado de passar por Pedro Rodríguez e Jo Siffert.

Na mesma volta que Stewart assumiu a liderança de Hill, o francês conseguiu passar pelas duas Ferraris de Amon e Ickx para se posicionar na 3º colocação, logo atrás do campeão de 1962. Uma performance formidável de Beltoise, que, em 4 voltas ganhou 13 posições, isso em um circuito escorregadio e inédito para o francês como piloto de Fórmula 1.


Hill e Stewart haviam abrido um caminhão para o resto do pelotão, mas a ambição de Beltoise era maior, levando o francês a duelar com Graham na 10º volta, assumindo a segunda posição e indo a caça do companheiro de Matra, que por sua vez tinha um motor mais fraco para guiar no Zandvoort. Beltoise teve que ir aos boxes na volta 23, depois de rodar e danificar sua Matra (erro decisivo para o resto da prova), voltando na 7º colocação, logo atrás de Dan Gurney, que, quatro giros depois, foi suplantado pelo francês. De volta a perseguição!

Ickx e Amon foram novamente alvos fáceis para Beltoise, que agora corria contra o tempo para alcançar Rodríguez e Hill para voltar a sua segunda colocação. Depois de passar pelo mexicano, na volta 33, o francês tinha o britânico da Lotus novamente a sua frente, mas agora a dificuldade foi ainda maior para alcança-lo.


Na 50º volta, Beltoise reassume a segunda colocação tendo ainda 40 giros até o fim da prova que era liderada, com extrema folga, por Jackie Stewart. Ken Tyrrell, nos boxes, podia se orgulhar por ver seus dois pilotos caminharem para um dobradinha inédita para a Matra, isso com Beltoise dando um inegável show no circuito holandês.

Infelizmente, já não havia fôlego para o francês, que terminou na segunda colocação mais de um minuto e meio atrás de Stewart. Porém, ainda havia um motivo para sorrir: era seu primeiro pódio na categoria, e com um desempenho fantástico.

Pena que Beltoise não conseguiria repetir o mesmo desempenho semanas depois, em Nürburgring Nordschleife, naquilo que considero o GP mais extremo embaixo de chuva que a Fórmula 1 já viu, que teve como vencedor o mesmo Jackie Stewart...

Imagens tiradas do Google Imagens

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