quinta-feira, 19 de maio de 2016

Les Bleus


E já se passam vinte anos sem uma vitória francesa na Fórmula 1. Sendo o país precursor dos "Grand Prix", pioneiro na introdução do turbo na principal categoria do automobilismo, e casa da principal entidade do esporte, é de se espantar que a França não tenha mais condições de repetir um feito jamais visto nas últimas duas décadas.

A vitória de Olivier Panis em Mônaco veio da maneira mais estranha possível, quando ninguém mais teria condições de vencer naquele dia. Deve ser esclarecido que Panis não teve um caminho fácil para assumir a ponta, necessitando de muito talento para resistir à aquelas intermináveis 78 voltas...

Para começar, largar na décima quarta posição num GP de Mônaco é um atestado de suicídio. E quando o domingo amanheceu com o céu encoberto, Panis tinha mais chances de acabar no muro do que ver a bandeira quadriculado ao fim da prova. Mas o destino havia preparado algo surpreendente para aquele jovem francês no dia 19 de maio.

Para surpresa de todos, pilotos competentes em condições extremas abandonaram no início da prova, deixando a liderança para que um imprevisível Damon Hill vencesse pela primeira vez no principado. Era a realização de um sonho para a família Hill... Mas tudo acabaria na volta 41, quando o motor Renault de seu Williams o deixou na mão em plena saída do túnel.

Laffite havia sido o último piloto a vencer com a Ligier, quinze anos antes...

Naquele momento, Panis se beneficiava da estratégia para assumir uma impossível segunda colocação, logo atrás de Jean Alesi numa pista na qual restavam apenas onze carros. Demoraria cerca de vinte voltas para que o francês da Benetton enfrentasse problemas na suspensão, sendo obrigado a fazer uma parada de emergência que colocava Olivier Panis no caminho da vitória.

Há algumas voltas do fim, Panis tinha que apenas levar sua Ligier até a linha de chegada. Para colocar o GP na história da Fórmula 1, Luca Badoer e Jacques Villeneuve se estranharam na Merabeau, e Eddie Irvine protagonizaria a maior de suas burradas logo na frente de Salo e Häkkinen. Há minutos do fim, restavam apenas 4 carros.

Coulthard, com o capacete emprestado de Schumacher, ainda pressionava Panis na disputa pela vitória, mas, com a rápida chuva que começou a cair sobre Mônaco, não teria condições de superar o francês.

No fim da 75º volta, Olivier Panis entrou na história: venceu o GP de Mônaco á bordo de um Ligier, aos olhares atentos de um tal de Jacques Laffite que havia vencido, quinze anos antes, a última prova pela equipe. Nesses quinze anos entre Panis e Laffite, Prost conquistou 51 vitórias e 4 títulos, colocando o país de vez na história da Fórmula 1...

Agora, todas as esperanças de uma nação estão nos ombros de um homem...

Mas, e antes disso? E agora? Antes tínhamos Didier Pironi, René Arnoux, Jean-Pierre Jabouille, Jean-Pierre Wimille, Raymond Sommer, Patrick Depailler, Jean Behra, Philippe Étancelin, Aldo Gordini, Robert Benoist, entre outros grandiosos nomes... E agora temos apenas Romain Grosjean para representar os Les Bleus na Fórmula 1...

Que INvolução por parte das escolas francesas e italianas de pilotos...

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