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domingo, 27 de dezembro de 2015

O dia que Pintacuda derrotou Stuck no Trampolim do Diabo

Hans Stuck, o monstro alemão das Subidas de Montanha

Hoje seria o 115º aniversário de um cidadão de Varsóvia com o nome Hans Stuck von Villiez, mais conhecido como Hans Stuck, alemão, dominador de montanhas na Era de Ouro das "HillClimbs"...

Na década de 30, o automobilismo expandia pelo mundo, chegando a América do Sul com força em países como Brasil e Argentina. Provas como o GP do Rio de Janeiro e o GP de São Paulo ganhavam fama.

Depois da edição de 1936, os organizadores do GP carioca queriam dar status de Grand Prix á corrida que já ganhava fama na Europa. Com isso algumas reformas, como o asfaltamento de certos pontos do circuito da Gávea, aconteceram. Por sua vez, ACB queria trazer alguns grandes nomes para a prova como a Auto Union e a Alfa Romeo.


A Scuderia Ferrari da Alfa tinha planos de levar dois carros para a prova, mas como as despesas ultrapassavam os limites do possível, acabaram negando a proposta. Sorte que havia um nome como o Comendador Sabbado D'Ângelo para ajudar no pagamento, cobrindo-o e dando á Ferrari a chance de trazer dois de seus pilotos para prova.

O sonho era ver um tal mantovano na prova, chamado Tazio Nuvolari, mas o que a Scuderia de Enzo Ferrari mandou deixou a todos decepcionados: Carlos Pintacuda, já famoso nas bandas brasileiras, ao lado de Antonio Brivio, um com 8C-35 e outro com o 12C-36, respectivamente.

Já a Auto Union não via motivos para mandar Bernd Rosemeyer para a corrida, afinal, a vitória viria fácil, por isso mesmo levou apenas um Type C para Hans Stuck. O alemão também já tinha fama aqui no Brasil, especialmente depois de vencer a prova de Subida de Montanha de Petrópolis em 1932, com um Mercedes-Benz SSKL, e elogiar a engenharia dos brasileiros nas estradas, dizendo que algumas obras seriam algo impossível de se ver na Europa.


A Mercedes-Benz não compareceu a prova, com isso, o maior europeu que estava lá era Stuck, favorito de longe a vitória em cima da dupla de Alfas. Mas havia uma carta na manga da equipe italiana: a experiência no "Trampolim do Diabo", apelido carinhoso dado ao que chamo de "Nürburgring do Brasil" com suas mais de 100 curvas, 11,6Kms e com diferentes tipos de piso como asfalto, areia, paralelepípedo e cimento.

No dia da corrida o tempo nublado seria mais um desafio para os pilotos, com uma garoa caindo no momento da largada. Stuck, com cerca de 200cv a mais do que as Alfas, ainda conseguiu pular para a frente com o monstro alemão apelidado de "Flecha Diabólica", mas com o aumento da chuva e as constantes estilingadas que o Auto Union dava, Pintacuda assumiu a liderança rapidamente.


Brivio, com um carro mais potente do que o companheiro, também sofria com as saídas de traseira no perigoso circuito da Gávea, além de ter problemas que o obrigaram a fazer várias paradas, deixando a briga para Stuck e Pintacuda. O florentino abria para o alemão com o aumento da chuva, já conhecendo o traçado e tendo um carro com menos potencia aliada a seu grande talento.

Agora a chuva diminuía dando a chance para Hans Stuck se aproximar do rival italiano. Na volta 11, o alemão toma a ponta por pouco tempo já que vai ao boxes para reabastecer, desastradamente... A equipe faz uma parada horrível fazendo o número 4 perder 46s para o líder Pintacuda. Agora se inicia uma perseguição alucinante em busca da vitória por parte de Stuck.


A Alfa Romeo do líder começa a sentir a falta de combustível enquanto o alemão da Auto Union vem tirando baldes de diferença há poucas voltas do fim. Enquanto Stuck tentava se beneficiar do arrasto aerodinâmico, Pintacuda fazia manobras agressivas numa pista ainda úmida. E lá vinham os dois competidores para a linha de chegada, com o italiano concretizando o Milagre da Gávea ao terminar 7,3s na frente do alemão.

Os brasileiros aclamavam Carlo Pintacuda novamente vencedor do GP da Cidade do Rio de Janeiro, agora em cima de nada menos nada mais do que Hans Stuck de Auto Union, um milagre concretizado graças a chuva e ao talento do italiano que tinha um carro defasado e com 200cv a menos do que a Flecha Prateada. Com isso, a Alfa levou a bolada de 100 milhões de réis...


No fim, pelo menos nós brasileiros vimos algo semelhante ao ocorrido em Nürburgring anos antes, mas de maneira menor, com apenas uma Flecha de Prata e com um público maior, agora de 300.000 pessoas. E com isso podemos ver como "quando é para acontecer não dá para evitar": uma chuva que deu uma inesperada vitória para a Alfa Romeo.

A edição de 1937 entrou para a história como uma das melhores do "Trampolim do Diabo"...

Imagens tiradas do Google Imagens

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O Mantuano Voador


A primeira vez que ouvi seu nome, ainda pequeno, pensei, com aquela mania de criança de gostar e torcer por pilotos por causa de seu nome: "Nossa, esse cara deve ser f***". Não estava enganado, com o passar dos anos acabei ganhando a chance de aprender mais e mais depois que finalmente recebi meu primeiro computador, e com isso pude ver quem foi esse cara que, mais novo, elogiei apenas por causa de seu nome.

Tazio Nuvolari estaria fazendo mais um ano de vida nessa segunda-feira dia 16 de novembro, mas como ninguém vive tanto assim, é compreensível saber que ele morreu ainda no começo da década de 50, quando já tinha seus "meros" 60 anos. Il Maestro era o homem que qualquer jovem italiano aspirava-se tornar na década de 30.


Existem tantas lendas em volta de seu nome que fica difícil discernir entre verdade ou mentira. Apesar disso, sabemos que Nivola foi fantástico em feitos até hoje inimagináveis, loucos, que dificilmente alguém repetiria. Fugir de hospitais para correr no domingo, dirigir mesmo com a barra de direção quebrada, andar parecendo uma múmia, pilotar com uma mão por ter a outra toda enfaixada, ter o carro esfarelando a cada curva de Mille Miglia entre outros feitos mitológicos...


Nascido em Castle d'Ario, Nuvolari começou a escrever seu nome no automobilismo ao lado dos já consagrados e ídolos Campari e Borzacchini. Tazio fazia coisas que invejava os rivais, inclusive os companheiros, o que levava a torcida italiana ao delírio com suas vitórias fantásticas. Depois da Itália perder seus dois maiores ídolos no começo da década de 30, Nivola se viu no lugar deles para dar alegria ao seu povo...

Para mim, a melhor dupla de todos os tempos...

Ninguém imaginava, mas a mesma Alemanha Nazista que investiu em suas Flechas de Prata mataria milhões em menos de uma década. Como todos os pilotos, Tazio sonhava em guiar um monstro alemão para trazer alegria de volta ao povo italiano que via a Alfa Romeo se arrastar atrás das Mercedes-Benz e Auto Unions.

Nuvolari nunca escondeu o desejo de correr pela Auto Union, e quando fez testes com o Type A parecia finalmente perto de voltar a conquistar títulos no automobilismo. Mas Hans Stuck, de forma desleal, acabou vetando o italiano, algo que vimos Senna e Prost fazerem nos anos 80 e 90. Com isso, Nivola teria que passar mais tempo sofrendo com as Alfas da Scuderia Ferrari.


Pelo menos, ele teve mais chances de mostrar porque foi um dos melhores de sempre. Um exemplo disso é o que acabou fazendo em Nürburgring, na chamada Melhor Corrida de Todos os Tempos, quando ele superou todas as Flechas de Prata na casa delas, para vergonha do governo nazista que nem sequer tinha o hino italiano em mãos para ser tocado ao fim do GP.

O tempo ia passando, a década de 30 já estava na sua segunda metade, com Nuvolari já com seus quase 45 anos. Mesmo assim, ele se mantinha como um dos grandes do esporte, vencendo provas depois de batalhar com as dificuldades de um carro defasado contra seus rivais. Depois de vencer a Copa Vanderbilt em 1936, Nivola acabou tendo um péssimo 1937.


Depois de vencer apenas uma vez, Tazio ainda teve que lidar com a morte de seu primogênito, o que o abateu ainda mais... Tentando levar a Alfa Romeo de volta aos dias de glória, Nuvolari sofreu grave acidente em testes, sendo hospitalizado e logo depois anunciando o impossível: sua aposentadoria das pistas. Mas como ele era Tazio Nuvolari, nada do que mais algumas voltas em carros de corrida pudessem mudar a história.

Depois de testes em Indianápolis, Nivola retornou á Itália, esperando por qualquer convite, que veio daquela que ele sempre sonhou: Auto Union. Infelizmente, a causa da chamada de Nuvolari por Ferdinand Porsche (que teve que bater pé para contratar o mantuano) era uma das mais trágicas: a morte de Bernd Rosemeyer.


Em menos de um ano, Tazio perdeu seu filho e um de seus grandes amigos, um dos pilotos que vieram da sua mesma escola, o motociclismo, e era tão talentoso quanto ele. Nuvolari voltou para guerrilhar novamente contra as Mercedes-Benz, agora com mais equipamento, mas, ao mesmo tempo, mais azarado.

Nivola venceu apenas três corridas pela Auto Union, o GP da Itália e de Donington de 1938 e o GP de Belgrado de 1939, marcante para a história do esporte à motor. Dia 1 de setembro de 1939, com a Alemanha já avançando no território polonês, um ultimato franco-britânico coloca o futuro da Europa em xeque. O dia da prova na Iuguslávia não é antecipado, nem adiado, o que coincide na última data que os franceses e os britânicos deram para os alemães saírem do território da Polônia.


Num grid quase todo prateado, a corrida é feita com o mundo a tremer, com a II Guerra Mundial começando ao fim da prova que teve como vencedor ele, Tazio Nuvolari, que superou de maneira inteligente todos os seus rivais... Ao fim do mais sangrento conflito da terra, Nivola reaparece ainda mais velho e abatido, com a morte de seu filho mais novo e o desaparecimento da Alemanha no cenário automobilístico.

O mantuano faz de tudo, participa de GPs memoráveis e vence mesmo sofrendo com graves doenças do pulmão causadas pelo tempo cheirando a fumaça que saia do escapamento. Mesmo assim, Nivola dá show como nunca em provas como a Mille Miglia de 1948, quando, aos 56 anos, doente, e sem correr há sete meses faz uma corrida de gênio, liderando a prova mesmo com sua fraca Ferrari se despedaçando (isso mesmo, despedaçando, perdendo desde o capô até a fixação do banco) até os últimos kilometros da prova, quando é obrigado a abandonar...


No dia 10 de abril de 1950, aparece pela última vez numa competição, vencendo em sua categoria e terminando em quinto absoluto. Mesmo sem ter anunciado sua aposentadoria, a saúde da lenda se deteriora e às 6 horas da manhã do dia 11 de agosto de 1953, o mundo acorda com um baque: Tazio Nuvolari havia morrido. Cerca de 55 mil pessoas comparecerem ao enterro do "maior campeão do Mundo...", inclusive ídolos como Fangio, Villoresi e Ascari.

Ele é enterrado no túmulo da família, no Cemitério Degli Angeli, para "correr ainda mais rápido nas ruas do céu"... O Mundo havia perdido "Tazio Nuvolari, o maior piloto do passado, do presente e do futuro" segundo Ferdinand Porsche...


Assim encerro, este post sobre ele, o melhor de todos os pilotos, aquele que já correu por templos mesmo com ossos quebrados, duelando e vencendo outras lendas em lugares e em situações impossíveis, deixando sua marca na história do automobilismo...

"Ao fim, não estava enganado, ele era mesmo o melhor de todos os tempos"

Imagens tiradas do Google Imagens

terça-feira, 22 de setembro de 2015

As Lendas do Campeonato Europeu


Estou preparando uma série de publicações sobre o Campeonato Europeu de Automobilismo, que teve seu início em 1931 e foi até 1939, quando a II Guerra estourou. Vou mostrar á vocês uma "pequena" lista de grandes nomes do CEA (vamos chamar assim a partir de agora). Então sente-se na cadeira e leia com calma o nome de cada piloto, pois você sem dúvida voltará á ouvi-lo:

Hermann Paul Müller
Já contei a história de Paul Müller. Mas só vou dar uma rápida lembrada: Depois de uma carreira bem sucedida nas motocicletas alemãs, Hermann se tornou piloto da Auto Union, onde se mostrou como piloto consistente. Em 1939, enfim teve sua chance, conquistando uma vitória e assumindo a liderança do título, que ficou com ele. Mas, uma controvérsia, que dura até hoje, acabou dando o título á Lang, que conquistou mais pontos segundo o novo sistema de pontuação, que não foi oficializado...


Dick Seaman
O britânico chamou a atenção da Mercedes-Benz, que fez bom uso do piloto de Chichester. Na temporada de 1939, quando tudo parecia que daria certo para o piloto da península britânica, Dick acaba morrendo depois de sofrer um grave acidente no GP da Bélgica. Curiosamente, sua mulher, Erica Popp, era filha do CEO da BMW...


Rudolf Hasse
O caso de Rudolf Hasse era curioso. O alemão corria para uma equipe nazista, sendo que ele era socialista. Hasse não coleciona várias vitórias, sendo que tem apenas uma no Campeonato oficial, mesmo assim ele fez parte da importante história da rivalidade entre Auto Union e Mercedes-Benz. Morreu na frente de batalha russa, em 1942.


Carlo Maria Pintacuda
Vindo da Escola Florentina, Pintacuda nunca foi um piloto fenomenal na Europa, mas pelo menos deixou sua marca com duas vitórias em Mille Miglia e uma nas 24 Horas de Spa. Foi mais reconhecido na América do Sul, onde participava de corridas em São Paulo, na Gávea e em Buenos Aires, onde morreu aos 70 anos.


Manfred von Brauchitsch
O primeiro grande azarão que se tem registro é von Brauchitsch. Foi vice-campeão duas vezes, e é mais famoso pelo estouro de pneu no GP da Alemanha de 1935 e pelas chamas que se alastraram pelo seu corpo em Nürburgring, no ano de 1939. Mesmo assim, Manfred mantinha a confiança, vencendo provas oficiais e não oficiais, entre elas o GP de Mônaco. Morreu em 2003, aos 97 anos de idade.


Hermann Lang
Outra história de vida curiosa é de Hermann Lang, que era apaixonado por motos desde a infância. Começou como mecânico, mas seu sucesso como piloto amador chamou a atenção da Mercedes-Benz, que o contratou... para ser mecânico. De repente surgiu a ideia de coloca-lo num carro de corrida. Inicialmente parecia um absurdo, mas o que Lang conseguiu era considerado possível apenas para Rosemeyer e Nuvolari: Superar Rudi Caracciola. Hermann foi campeão. seguindo as novas regras, em 1939, e ainda foi o piloto que trouxe de volta ás conquistas das Flechas de Prata nos anos 50.


Hans Stuck
Stuck sempre fez parte do projeto da Auto Union, e por isso nunca deu muito certo quando a equipe se desfez por causa da II Guerra. Mesmo assim, sua marca já havia sido deixada: Um vice e um terceiro lugar, além de 1 vitória no calendário oficial...


Bernd Rosemeyer
Se apenas talento fosse o suficiente para vencer, Rosemeyer seria invicto. O piloto de Lingen também fazia parte do projeto da Auto Union, sendo o número um da equipe. Depois de ser campeão em 1936, ele buscava voltar ao topo com o novo carro de sua equipe, que por sua vez não correspondia tão bem. Em 1938, enquanto tentava recuperar o recorde de velocidade batido por Caracciola no mesmo dia, Bernd, misteriosamente, perdeu o controle de seu carro, que capotou várias vezes, jogando o corpo dele á metros de distância: Morte instantânea.


Paul Pietsch
Todo país precisa ter seu pioneiro na Fórmula 1. E o pioneiro alemão na categoria foi Paul Pietsch, que já havia corrido no CEA. Naquela época, sem ter chances, Paul sofreu com entradas privadas em carros defasados, mas, mesmo assim, conseguia belos resultados, á ponto de eu meu perguntar: Por quê ele nunca teve uma chance?


Robert Benoist
Quando a França ainda tinha nome no automobilismo, Benoist era o principal piloto, vencendo várias provas da Formula Libre, durante o fim da década de 20. Com o renascimento italiano e alemão, Robert foi pro fundo do pelotão, onde ficou até morrer em 1944, num campo de concentração nazista.


Rudolf Caracciola
O maior vencedor da Era das Flechas de Prata foi Rudi Caracciola, o primeiro grande Raimaster. Rudolf era fantástico, e depois de sofrer um forte acidente pela Alfa decidiu que jamais largaria a Mercedes-Benz (apenas se a marca alemã não o quisesse mais). Resultado disso? Um tricampeonato e o apelido de Schumacher dos anos 30... ou Schummy seria o Caracciola do novo milênio?


Luigi Fagioli
Sua época de CEA não foi aquelas coisas, da mesma forma de sua passagem pela Fórmula 1. Mesmo assim, o italiano movimentou o mercado de pilotos, conseguindo a proeza de correr na Mercedes-Benz e na Auto Union em anos seguidos.


Ferdinando Minoia
Caso estivesse vivo, Minoia teria 100 anos para ver Bellof e Senna darem show em Monte Carlo. Mas voltando para o que interessa, Ferdinando nunca foi um piloto fantástico no Campeonato Europeu, afinal, já tinha mais de 40 anos. Mas, mesmo assim, conquistou o título do primeiro Campeonato realizado, em 1931.


Giuseppe Campari
O melhor italiano de sua época. Campari era o favorito ao título de 1931, mas, numa controvérsia, perdeu o título para Minoia. Mesmo assim, ele ainda era o favoritíssimo para o ano seguinte, quando ele não durou nem duas provas. Mesmo assim, continuava a correr, mas sem tanto alarde como antes. No GP de Monza de 1933, Giuseppe perdeu o controle de seu carro, bateu e veio á falecer imediatamente.

Baconin, Enzo e Tazio

Baconin Borzacchini
Talvez o único italiano que podia para Tazio Nuvolari. Borzacchini era outro que prometia muito para sua próspera carreira, que já havia começado com o pé direito, terminando em 3º na temporada de 1931 e em 2º no ano de 1932. No GP de Monza de 1933, quando viu o acidente falta de Campari, Baconin tentou desviar, mas sem sucesso, levantando voo para a morte...


Achille Varzi
Varzi era outro promissor jovem italiano. Parecia que sua chance havia chegado quando foi para a Auto Union, mas lá acabou sendo conhecido como o azarado de Chemnitz. Mesmo assim, Achille tem uma coleção de vitórias memoráveis, vindas desde a época da Formula Libre. Sua última conquista foi em Turin, em 1946, dois anos antes de sua morte.


Louis Chiron
O melhor piloto monegasco que o Mundo já viu teve suas chances no Campeonato Europeu, mas nunca aproveitara. Mesmo assim, ele botava medo em vários competidores, que temiam alguma surpresa de Chiron, que já conseguiu vencer as Flechas de Prata quando parecia impossível. Competiu na Fórmula 1 durante algumas temporadas, se tornando o piloto mais velho á participar de um GP. Morreu em 1979.


Tazio Nuvolari
O melhor de todos os pilotos que já passaram pelo esporte á motor foi Tazio Nuvolari, que, com seus feitos, fazia muitos imaginarem que ele tinha um pacto com ****. Sendo verdade ou não, pelo que sabemos Nivola era um piloto fantástico, que mesmo sem ser muito vitorioso, botava medo em qualquer outro piloto. Seu maior feito foi calar o Terceiro Reich em 1935...


Jean-Pierre Wimille
Dito como o provável primeiro campeão da história da F-1, Wimille havia passado sem sucesso pelo Campeonato Europeu, graças ás suas negações de pedidos da Mercedes-Benz e da Auto Union. Foi preso por espionagem na II Guerra, mas escapou vivo, voltando para dominar o automobilismo até sua misteriosa morte, em 1949, na Argentina.


William Grover-Williams
Sua carreira no meio da década de 30 é pouco conhecida. Não se sabe muito o que ele fez da vida na primeira época de ouro do automobilismo. Mesmo assim, o francês havia feito história, após vencer o primeiro GP de Mônaco, realizado em 1929. Foi executado pelo exército nazi em 1945...


Per-Victor Widengren
O sueco Victor vinha de uma família rica, e por isso não teve muita dificuldade para se tornar piloto. Participou de várias corridas no gelo no início da década de 30, atingindo seu melhor momento em 1935, quando venceu 3 das 4 corridas do gelo na qual participou.


Eugen Bjørnstad
O norueguês é famoso pelo seu estilo agressivo e sua carreira mais vitoriosa do que a de Widengren. Eugen venceu várias corridas entre as temporadas de 1936 e 1937, sendo considerado um dos melhores pilotos que pouco participaram dos Grand Prix.


Karl Ebb
Ebb, como Widengren, era um homem de negócios, que se deu muito bem nos esportes. Ele foi o primeiro finlandês á correr internacionalmente, chegando a vencer uma corrida que tinha Rudolf Caracciola! Karl também competia no atletismo, no ciclismo, na natação e no ski...

Este foi o post de hoje, espero que tenham gostado de saber um pouco mais sobre os grandes nomes do Campeonato Europeu...

Imagens sofridamentes arrancadas do Google Imagens

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Campeonato Europeu - Meu Dream Team

Sorria, você está sendo fotografado...

Prometi, e eis aqui o meu dream team de uma época fantástica do automobilismo, principalmente o europeu, que tinha fantásticos pilotos e equipes que duelavam, principalmente, para continuar ou acabar a hegemonia alemã da Mercedes-Benz com a Auto Union e seus pilotos Rudolf Caracciola, Bernd Rosemeyer, Hans Stuck e Hermann Lang...

Bernd Rosemeyer

PILOTOS:
1 - Tazio Nuvolari
2 - Bernd Rosemeyer
3 - Rudolf Caracciola
Como na época todas as equipes usavam cerca de três pilotos acabei por escolher também três grandes mitos da história do automobilismo. Começando por ele, o melhor piloto de todos os tempos, Tazio Nuvolari, que correu pela Alfa Romeo e pela Auto Union durante os anos do Campeonato Europeu, ganhando fantásticas provas e um título.

Rudolf Caracciola

A "jovem" promessa alemã chamada Bernd Rosemeyer não desperdiçou sua maior chance de ser campeão, que veio em 1936, quando venceu três das quatro provas do calendário oficial. No ano seguinte teve mais dificuldade em seguir as Mercedes, e em 1938 veio á falecer em testes pela Auto Union. Já Rudolf Caracciola é o "Schumacher dos anos 30", dominando fantasticamente quase tudo que participava. Além disso é o maior vencedor da história de Nürburgring...


CHEFE DE EQUIPE:
- Alfred Neubauer
Ele de novo... Alfred Neubauer. Como já disse dias atrás, ele merece grande respeito por ter criado a sinalização com bandeiras, que ajudavam seus pilotos. A maneira na qual administrava toda a equipe era fantástica, coisa que até Murray Walker, ainda jovem, ficava extremamente impressionado...


CARRO:
- Auto Union Type C
Depois de começar mal a temporada de 1935, 1936 foi um ano próspero para este belo carro que usva um motor central. O domínio exercido por esse veículo era fantástico quando participava de provas, dando á Rosemeyer seu único título. Ele também foi o único prateado da Auto Union (Audi, atualmente) a ser campeão no Campeonato Europeu...

E aí, qual é o seu dream team dessa gloriosa época?

quinta-feira, 30 de julho de 2015

GP Memorável 53# - Alemanha 1935


Campeonato Europeu de Automobilismo, na época, a maior competição mundial do esporte a motor, deixando para trás até a importância das provas nos EUA, que por sua vez tinham as 500 Milhas de Indianapolis. Mas, infelizmente, esse campeonato contava com apenas algumas provas oficiais enquanto várias outras corridas não contavam para a temporada.


A situação dos pontos pode parecer estranha primeiramente, mas aos poucos você se acostuma. Ao invés do vencedor ganhar o máximo de pontos possíveis, ele ganhava o mínimo possível, pois a situação era inversa, quem marcasse menos pontos se tornava campeão. E não era apenas isso, se você abandonasse no início da prova, você ganharia um grande número de pontos, enquanto se você abandonasse no fim da corrida, ganharia poucos.



Naquela época, a ascendente Alemanha Nazi investia muito no automobilismo, já que seu ditador era um grande adepto. Com isso, a Mercedes-Benz e a Auto Union eram as forças do momento, tentando se estabelecer como os maiores vencedores do Campeonato Europeu, coisa que acabou não acontecendo, já que antes deles a Alfa Romeo havia dominado tudo.

A Itália de Benito Mussolini nem sequer tinha chances com a Alemanha de Adolf Hitler, pelo menos na questão de equipes, pois o país do Mediterrâneo tinha um grande número de pilotos talentosos, entre eles Tazio Nuvolari, Achille Varzi e Luigi Fagioli. Mas a cada ano que se passava a situação ficava mais difícil, já que os germânicos não perdiam tempo para investirem em condutores como Rudolf Caracciola, Bernd Rosemeyer e Hans Stuck.

Era uma legítima briga Alemanha x Itália, ambas com seus estilos políticos marcantes dominando o automobilismo europeu. Agora só faltava migrar para a América... Só para vocês terem uma noção, as equipes mais fortes era Mercedes-Benz, Auto Union e Alfa Romeo, cada um com seu estilo de veículo e de escolha de piloto.



O regulamento estava feito, e o GP da Alemanha de 1935 deveria ser realizado no Nordschleife de 22,810Km, com uma duração de 22 voltas. Para cada carro, de 750Kg, até dois motoristas poderiam ser inscritos. Essas eram as principais regras para a prova, que via o retorno de uma grande marca, a Auto Union.

Os problemas da equipe alemã foram vistos durante corridas anteriores, o que deixou-os fora de provas em Montjuïc e Spa-Francorchamps para o solucionamento desses imprevistos no motor. Já a Mercedes ria até cair no chão da desgraça da principal rival, já que sabia que aquela temporada já era dela. A Scuderia Ferrari, lideradas por um tal de Enzo Ferrari, trazia "sobras" da Alfa Romeo, já que seu P3 Tipo B era 3 anos defasado.



A Scuderia Subalpina pensou em trazer uma Maserati mais atualizada, mas devido a problemas preferiram inscrever uma versão mais antiga. Pietro Ghersi, Hans Ruesch e László Hartmann tinham entradas privadas, enquanto Raymond Mays trazia dois ERA de 2 litros para prova, um para ele e outro para mais um alemão empolgado com a chance de brilhar em casa.

Se a possibilidade de vitória italiana era impossível, imagine britânica e francesa... a situação piorava quando a Mercedes e a Auto Union vinham anunciar seus inscritos, que somavam 9 dos 23 pilotos. A melhor das hipóteses agora era terminar numa 5º colocação no máximo, mas a Alfa Romeo tinha uma carta na manga, um tal de Tazio Nuvolari, que era o único homem capaz de parar os alemães.


Os primeiro treinos livres aconteceram durante quase toda a quarta-feira mostrando uma surpresa fantástica. Tazio conseguia ser mais rápido do que as Mercedes e Auto Unions nas subidas e descidas de Nürburgring, mesmo tendo um carro com 30cv à menos. Agora, o sábado se aproximava, um dia importante para se saber quais pilotos se classificariam e passariam pela balança.



Alguns não apareceram, e com isso, o número de 23 pilotos caiu para 20. Tá, e agora? Teremos o treino que definirá o grid de largada? Não, para evitar tumultos a organização alemã decidiu fazer um sorteio para ver as posições do grid, coisa que poderia deixar a corrida ainda mais emocionante. As pessoas chegavam aos montes, antes mesmo do domingo começar, de bicicleta, á pé, de onibus, de caminhões e de carros.

O preço do ingresso era baixíssimo, coisa que atraia muito público. Para vocês terem uma ideia, apenas na região do anel havia 250 mil pessoas, isso sem contar as que estavam na reta dos boxes. O sorteio foi feito, e havia um pouco menos de 50% de chances de vermos um alemão na pole, mas antes de começar a mostrar o grid de largada, vamos falar dos pilotos presentes na ocasião.



Com um Mercedes-Benz W25B (e alguns com o W25A), Rudolf Caracciola, Manfred von Brauchitsch, Luigi Fagioli, Hanns Geier e Hermann Lang. A Auto Union trazia seu modelo B para Hans Stuck, Bernd Rosemeyer, Achille Varzi e Paul Pietsch. A Scuderia Ferrari não deixavam à desejar em número de pilotos, quatro, sendo eles Tazio Nuvolari, Louis Chiron, Antonio Brivio e René Dreyfus como um motorista de testes.

Goffredo Zehender e Philippe Étancelin estavam com a Scuderia Subalpina, que trouxe dois Maseratis 6C-34. Raymond Mays e Ernst von Delius eram da ERA, e Piero Taruffi era o único representante da Bugatti. Ainda tínhamos Hans Ruesch, László Hartmann e Pietro Ghersi com um cadastro privado, como já disse, enquanto Renato Balestrero era do Gruppo San Giorgio.


Antes de tudo, quero relembrar que ao perceber que o carro do companheiro Antonio Brivio era mais rápido nas subidas, Tazio Nuvolari solicitou a troca que foi feito graças à Enzo Ferrari. Três pilotos não estariam no sorteio, e eles eram Luigi Soffietti, que preferiu cuidar de seus pilotos, Ernst von Delius e René Dreyfus.


Agora sim, vamos para o grid: O poleman era Hans Stuck, com Nuvolari e Balestrero fechando a primeira fila. Logo atrás, Zehender e von Brauchitsch compondo a segunda fileira, enquanto a terceira tinha Chiron, Caracciola e Étancelin. Mays e Ruesch vinham na 4º fila, Fagioli, Rosemeyer e Varzi terminavam mais uma linha de três. E, terminando o grid, Pietsch, Hartmann, Taruffi, Lang, Ghersi, Brivio e Geier.

Naquela época, dois nomes brilhavam quando chovia, e eles eram Tazio Nuvolari e Rudolf Caracciola, que poderiam vencer com as, sempre, condições fantásticas de Nürburgring, que no dia 28 de julho de 1935 amanheceu com um "belo" nevoeiro. Pela primeira vez, a bandeira do país não seria agitado para a largada, mas sim as luzes que se ascenderiam...


Quando a largada aconteceu, Tazio Nuvolari pulou para a ponta, com Rudolf Caracciola fazendo uma grande largada, assumindo a primeira colocação nas primeiras curvas. Ao fundo, os carros de Paul Pietsch e Hans Stuck não conseguem sair do lugar, e com a chuva a situação piorava. Stuck ergueu os braços e chamou o mecânico Rudolf Friedrich que atendou o pedido e, com a ajuda de outros dois, entrou embaixo do Auto Union.


Varzi vinha lá de trás, e com o óleo, a chuva e o spray, a visão era quase zero, e nisso acabamos por ver uma coisa muito terrível.... Achille acabou atingiu o carro de Hans. Ambos os mecânicos escaparam a tempo, mas Friedrich foi atingido, ficando inconsciente. A situação do mecânico era grave, mas a medicina alemã resolveu seus problemas (entre eles o traumatismo craniano) rapidamente, dando alta 4 semanas depois.



Depois de toda a confusão, os dois carros que ficaram na largada acabaram voltando a prova. Tazio era bravo e manteve a segunda colocação durante toda a primeira volta da corrida, enquanto seus companheiros sofriam com o spray. Balestrero acabou rodando e batendo já quando a chuva havia pardo.

Na Bergwerk, Nuvolari acabou perdendo o controle de sua Alfa Romeo escapando por pouco de um acidente. Mas depois desse despiste ele não era mais o 2º, e sim o 6º colocado. Luigi Fagioli era terceiro, mas rapidamente foi ultrapassado por Bernd Rosemeyer e Manfred von Brauchitsch. Hartmann e Étancelin tiveram que parar nos boxes para trocar as velas de suas Maseratis, que sofria com esse problema no motor.


Hans Stuck voava na pista, escalando mais e mais posições até chegar na 8º. Nessa volta, Rosemeyer tirou uma enorme diferença para o líder Caracciola, o que significava que poderíamos ver um grande duelo entre alemães: uma promessa e outro consagrado; uma Mercedes-Benz e outra Auto Union. Outra mudança era vista na terceira colocação, Luigi Fagioli havia conseguido se recuperar e passar por von Brauchitsch.


A pista secava cada vez mais rápido, e na 4º volta já estava mais seca do que molhada, permitindo aos pilotos uma pilotagem mais agressiva, e com isso, mais rápida. Rosemeyer conseguiu quebrar o recorde do circuito, marcando 11:35.6, ficando á 4s de Rudi, que tentava ao máximo se manter na pista. Mais atrás, parecia que a Mercedes de Manfred não rendia bem, afinal havia sido ultrapassado por Louis Chiron à bordo de uma Alfa Romeo.


A distância se mantinha na 5º volta, que viu Taruffi abandonar com seu Maserati, enquanto, pela terceira vez, Étancelin parou com sua Maserati. Na volta seguinte, o jovem promissor da Auto Union acabou escapando da pista, andando na lama, entortando a roda e perdendo a chance de tomar a liderança. Agora era a vez de Chiron abandonar, deixando apenas uma Alfa na pista, esta sendo de Tazio Nuvolari, que agora era 5º.



No início da volta 7, Rosemeyer finalmente decide parar para trocar o acelerador, que travou, além de consertar a roda. Com isso, o novo segundo colocado era Luigi Fagioli, com Tazio Nuvolari a passar por von Brauchitsch. Achille Varzi decidiu parar para mostrar seu descontentamento com a continuação de si na corrida, afinal, ele havia provocado o acidente que poderia ter matado o mecânico alemão.

Depois de fazer uma linda manobra na Karussell, Nuvolari voltou a quarta colocação depois de ver Manfred passar por ele na Döttinger Höhe. Hans Stuck continuava sua aventura subindo de posições, e agora já havia passado por Varzi e era o 6º, logo atrás de Rosemeyer, que por sua vez voava em busca da última Alfa Romeo P3.



Luigi Fagioli começou a perder rendimento, sendo ultrapassado por Tazio Nuvolari, Manfred von Brauchitsch e Bernd Rosemeyer. Outros pilotos que estavam pilotando Maseratis paravam, enquanto o Grande Tazio voava, tirando fantásticos 28 segundos do líder Rudolf Caracciola, que já não andava bem há voltas.


Na entrada da volta 10, o público alemão se choca ao ver Nuvolari passar por Rudi à bordo de uma Alfa Romeo três anos defasada. Outro momento de extremo foi ver quatro carros passarem num período de dez segundos, primeiro o #12, depois Caracciola, quase sendo ultrapassado por Rosemeyer, e von Brauchitsch. Mais atrás, Stuck tentava tirar o minuto de atraso á Fagioli.


Agora os pilotos estavam no metade da prova e iam para as paradas. Primeiro Nuvolari, depois Rosemeyer e von Brauchitsch, enquanto, após 27s, aparecia Caracciola. As paradas eram "rápidas", com Manfred conseguindo uma de 47 segundos para voltar na ponta, enquanto Bernd fazia uma de 1:15 e Rudi uma de 1:07, mas voltando atrás dos compatriotas.



Para a loucura dos alemães, Tazio Nuvolari estava lá nos boxes, gritando para os mecânicos, que na pressa acabaram destruindo a bomba de combustível. A partir daí o reabastecimento começou a ser feito por meio de vasilhas, fazendo a parada virar uma eternidade. Depois de 2:14, O Magnífico sai dos boxes, na 6º colocação, mais de um minuto atrás dos lideres.

A possibilidade da vitória de Tazio era zero de agora em diante, com von Brauchitsch a se mostrar o futuro vencedor do GP da Alemanha de 1935. A prova perdera mais um piloto, agora Hartmann desistia de sua aventura na Maserati. Na volta seguinte, Luigi Fagioli e Hans Stuck vão para os boxes, com o alemão marcando um tempo abaixo dos 11 minutos.


Na volta seguinte, Rosemeyer faz outra parada para consertar o acelerador, que ainda tinha sérios problemas. Agora, o jovem alemão estava fora da disputa pela vitória, enquanto Manfred von Brauchitsch abria para Caracciola que tinha logo atrás Nuvolari se aproximando. Abalado, Achille Varzi acabou sendo substituído por Leininger.



Bernd tirava a vantagem que tinha para Stuck num piscar de olhos, ficando á poucos segundos do compatriota. Lá na frente, von Brauchitsch e Nuvolari, que havia passado por Rudi, imprimiam uma ritmo tão forte que Alfred Neubauer pediu para seu piloto diminuir o ritmo. Todos os cinco primeiros estavam tão velozes a ponto de fazerem tempos abaixo dos 11 minutos.

Hermann Lang tinha problemas e teve de abandonar. Enquanto isso, Tazio fazia um milagre tirando 10s em uma volta para o líder, que diminuía o ritmo. Bernd Rosemeyer parou mais uma vez, já que os problemas no pedal eram frequentes e poderiam provocar um acidente grave. Nuvolari tirou mais 13s na volta seguinte, dançando com sua Alfa no maravilhoso Nürburgring.


Depois de perder a posição para Fagioli, Rosemeyer consegue recuperar na volta 18, quando todos os 300 mil espectadores viam um italiano tirar fantásticos 17s para seu piloto, que tinha um carro teoricamente melhor. A verdade é que von Brauchitsch estava poupando sua Mercedes para evitar problemas futuros.



Na 19º volta, Manfred consegue recuperar a diferença, deixando o piloto da Scuderia para trás. Pietsch tinha apenas duas marchas no seu Auto Union, mas nada que impedisse-o de passar por mais uma Maserati. Duas voltas atrás, Philippe Étancelin decide deixar a prova já que tinha zero de chances de conquistar alguma coisa...


A situação era difícil para Rudolf Caracciola, que perdera mais uma posição na 20º volta, agora para Hans Stuck. Na frente, von Brauchitsch passava pelos boxes apontando para os pneus traseiros, que já estavam carecas. Neubauer interpretou isso como se o seu piloto quisesse parar na próxima volta, por isso deixou boa parte de seus mecânicos à postos.


Ao fim da volta 21, quatro pilotos já não eram considerados classificados por estarem muito atrás dos lideres. Agora, um momento de suspense na reta principal, com os mecânicos á espera, von Brauchitsch fez uma volta ainda mais rápida e não parou, uma coisa absurda, já que era visível até mesmo a parte interna do pneu...



No começo da 22º e última volta, Nuvolari estava quase á 1 minuto atrás de Manfred, que basicamente tinha a vitória nas mãos. Os espectadores apenas esperavam o momento para comemorar a vitória de seu piloto, que não era um qualquer, mas o sobrinho do general von Brauchitsch do Reich. Os gritos no rádio deixavam o público atônito...


Nuvolari havia tirado uma diferença de 40s para 10 até a Karussell, enquanto Manfred von Brauchitsch tentava segurar sua Mercedes na pista, travando e forçando os pneus como nunca até o.... estouro. Há menos de 1Km, o jovem piloto vê Tazio escapar com sua Alfa para primeira colocação, tentando segurar seu carro prateado na pista.


Ao saber disso, a tribuna do Reich se retirou rapidamente do circuito, temendo serem envergonhados pela torcida, que acabou vendo um italiano vencer a corrida, com as bocas abertas. Ao contrário do que se imaginava, a torcida foi extremamente gentil com o vencedor, aplaudindo-o como se não houvesse fim.



Mais atrás, Stuck e Caracciola terminam o TOP 3, enquanto Rosemeyer, cheio de problemas, é quarto e von Brauchitsch é quinto, e por último temos Fagioli. Ao final de 22 voltas e mais de quatro horas, vemos um milagre, que só foi possível por uma combinação de fatores: Tazio trocou de carro com um companheiro que teve problemas na primeira volta; a chuva apareceu voltas depois das paradas (lembrem o que eu disse: Caracciola e Nuvolari são os melhores em chuva); e a falta de experiência de Manfred.


O sobrinho do general foi chorar nos boxes de sua equipe, enquanto o único Alfa Romeo, mais precisamento o único carro não alemão a terminar a prova, era do vencedor. E o mais fantástico, os alemães eram tão confiantes numa conquista de seus pilotos que nem sequer tinham um disco do hino da pátria dos outros pilotos.


Mas problema resolvido, Tazio Nuvolari sempre levava consigo um disco com o hino italiano gravado 78 vezes, o que serviu para a organização de prova ficar mais envergonhada ainda. E essa foi a tal "Melhor Corrida de Todos Os Tempos".... As coisas mudariam depois da prova, que foi uma exceção para os alemães, que continuaram a dominar a Europa.



Acho que seria uma boa hora pra responder algumas perguntas que devem ter ficado no ar, então aqui vai: Por quê Caracciola, correndo em Nürburgring, não teve um desempenho tão eficiente quanto nos demais anos? Rudi acabou sofrendo ataques de fraqueza durante a prova, chegando a ficar branco enquanto guiava e ver a pista azul, mas isso foi logo resolvido pelos médicos que o trataram da mesma forma de Friedrich.

A Continental se pronunciou sobre problemas de pneu que afligiam as Mercedes? Não há notícias sobre isso, mas nesse fim-de-semana, eles acabaram fazendo uma reunião para falar sobre a sua estratégia. O presidente da marca de pneus disse que o carro era potente demais para aguentar com apenas uma parada durante a prova inteira, por isso todos os pilotos deveriam andar á uma rotação mais baixa, coisa que o jovem e afobado von Brauchitsch não fez nas últimas voltas...

E assim termino esse maravilhoso post, que durou 3 dias de muito suor, sofrimento, sono e trabalho. Espero que gostem, e qualquer erro peço que me corrijam.



RESULTADOS:
  1. 12 - Tazio Nuvolari - Scuderia Ferrari - Alfa Romeo - TIPO B/P3 - 04:08.40.2
  2. 1 - Hans Stuck - Auto Union AG - Auto Union - B - +1:38.6s
  3. 5 - Rudolf Caracciola - Daimler-Benz AG - Mercedes-Benz - W25 - +2:22.9s
  4. 3 - Bernd Rosemeyer - Auto Union AG - Auto Union - B - +4:10.8s
  5. 7 - Manfred von Brauchitsch - Daimler-Benz AG - Mercedes-Benz - W25 - +5:37.2s
  6. 6 - Luigi Fagioli - Daimler-Benz AG - Mercedes-Benz - W25 - +7:18.1s
  7. 8 - Hanns Geier - Daimler-Benz AG - Mercedes-Benz - W25A - +1 Volta
  8. 2 - Achille Varzi - Auto Union AG - Auto Union - B - +1 Volta
  9. 4 - Paul Pietsch - Auto Union AG - Auto Union - B - +2 Voltas
  10. 21 - Hans Rüesch - H. Rüesch - Maserati - 8CM - +2 Voltas
  11. 16 - Goffredo Zehender - Scuderia Subalpina - Maserati - 6C-34 - +2 Voltas
  12. 18 - Pietro Ghersi - Scuderia Subalpina - Maserati - 8CM - +2 Voltas
  13. 17 - Philippe Étancelin - Scuderia Subalpina - Maserati - 6C-34 - Motor - OUT
  14. 9 - Hermann Lang - Daimler-Benz AG - Mercedes-Benz - W25A - Motor - OUT
  15. 10 - Raymond Mays/Ernst von Delius - H.W. Cook - ERA - B - Ignição - OUT
  16. 20 - László Hartmann - L. Hartmann - Maserati - 8CM - Ignição - OUT
  17. 14 - Louis Chiron - Scuderia Ferrari - Alfa Romeo - Tipo B/P3 - Diferencial - OUT
  18. 23 - Piero Taruffi - Automobiles Ettore Bugatti - Bugatti - T59 - Motor - OUT
  19. 15 - Antonio Brivio - Scuderia Ferrari - Alfa Romeo - Tipo B/P3 - Diferencial - OUT
  20. 11 - Renato Balestrero - Gruppo Genovese San Giorgio - Maserati - 8C 3000 - Acidente - OUT
Esses foram os pilotos que participaram da corrida
Volta Mais Rápida: Manfred von Brauchitsch - 10:32.0 - Volta 14


  • MELHOR PILOTO: Tazio Nuvolari
  • SORTUDO: Hans Stuck
  • AZARADO: Rudolf Caracciola
  • SURPRESA: Tazio Nuvolari
  • Prêmio Bônus - AFOBADO: Manfred von Brauchitsch
Na melhor corrida da história, ele, Tazio Nuvolari, deu show em cima das flechas de prata, sendo beneficiado pela chuva e pelos problemas dos adversários. Stuck teve problemas na largada, e fez uma linda prova de recuperação até o segundo posto. Caracciola tinha tudo para vencer mais uma vez, mas infelizmente acabou tendo ataques de fraqueza. Manfred von Brauchitsch foi muito afobado em sua escolha, não duvidando de sua sorte até os últimos metros...

Imagens tiradas do Google Imagens