quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Há 30 Anos...


A virada da década de 70 para 80 via o surgimento de uma leva de talentosos pilotos vindo do centro da Europa, mais precisamente da Suiça, da Áustria e principalmente da Alemanha. Para os germânicos, essa era a sua maior esperança de renascer no topo do automobilismo depois de Wolfgang von Trips morrer em 1961.

Infelizmente, quis o destino tirar a vida de quase todos esses talentos. Primeiro, Markus Höttinger e Hans-Georg Bürger perdem a vida no mesmo ano, 1980. Depois vemos Marc Surer sofrer para arranjar uma equipe que dê a ele um carro á altura de sua capacidade, e por último vemos Stefan Bellof surpreender, mas não chegar lá, e Manfred Winkelhock não ter sorte...


A esperança era que até o fim da década de 80 esses pilotos estivessem no topo da Fórmula 1, mas infelizmente acabaram perdendo a vida antes. Apenas Surer, dos citados, ainda conseguiu seguir vivo, mas sem ter chances de progredir na categoria máxima do automobilismo. Enquanto as outras duas promessas alemãs perderiam a vida com cerca de 3 semanas de diferença no ano de 1985...

Hoje quero falar mais sobre Manfred, um piloto que já experimentou estar à bordo de vários tipos de carro quase sempre se dando bem por onde passa. Com os bons resultados apresentados no início da carreira, Winkelhock se tornou um piloto da BMW, que fazia algo semelhante do que a Mercedes faria no fim da década seguinte.


A primeira tentativa de entrar na F-1 foi sem ajuda da marca de Munique. Após a capotagem do compatriota Jochen Mass, que havia vencido apenas uma corrida durante a carreira. A sua estreia não foi bem-sucedida, não conseguindo se classificar para o GP da Itália e nem conseguindo uma vaga na Arrows para 1981. Assim, o único modo de entrar na categoria foi com ajuda da BMW, que salvou a ATS da falência em 1982, fornecendo-a motores.

Logo na segunda corrida, Winkelhock se mostrou rápido ao conquistar um sétimo lugar, que se tornaria 5º com a desqualificação de Piquet e Rosberg. Semanas depois, no meio da greve dos pilotos, Manfred conquistou um fantástico 6º lugar em Ímola, mas dessa vez acabou sendo a vítima da desqualificação. O carro era terrivelmente pouco confiável, dando ao alemão a chance de terminar apenas outras duas provas.


Agora com o motor BMW, ele esperava ter mais sorte em 1983, mas esse pensamento logo mudou enquanto o ano passava. O chassis era bom, mas a confiabilidade ainda era o ponto fraco, deixando-o a pé em grandes chances de conquistar algum ponto. O mais perto que chegou foi com um 8º lugar em Brands Hatch.

Em 1984 mostraria toda a sua velocidade de maneira mais forte, especialmente nas primeiras provas. Sua melhor corrida, sem dúvidas, foi em Zolder, quando chegou a andar na 4º colocação após largar em 6º. Mas os problemas ainda existiam, o que tirou a chance de qualquer pontinho durante a temporada. Mesmo com a falta de confiabilidade, o que ele mais lamentou foi não ter largado no GP da Itália, quando Gerhard Berger, com o mesmo ATS, conquistou um fantástico 6º posto...


Depois dessa confusa e triste passagem pela equipe alemã, ele foi apoiado, mais uma vez, pela BMW a se juntar a outra equipe motorizada com os propulsores de Munique. A Brabham conseguiu uma vaga para Winkelhock depois de Fabi adoecer perto do GP de Portugal. Na corrida, ele largou na 19º colocação e terminou na 10º, batalhando com o carro já defasado...

Para 1985, chegou a cotar uma volta para alguma equipe alemã, a Zakspeed, perdendo o apoio da BMW. Depois de escolher entre RAM e a estreante conterrânea, Manfred sofreu durante toda a sua temporada, conquistando um 12º lugar em Paul Ricard como melhor resultado. No famoso Nürburgring, fez sua última corrida, abandonando no começo da prova...


Como disse no começo do post, Winkelhock andava de quase tudo, e não se espantava vê-lo à bordo dos belos e potentes carros do Mundial de Marcas durante os fins de semana vagos. Durante mais uma prova, agora nos 1000Km de Mosport, no Canadá, Manfred corria ao lado de Marc Surer à bordo de um Porsche 962C da Kremer. No primeiro stint, o suiço acabou fazendo sua parte, entregando o carro em perfeito estado ao companheiro perto da 69º volta.

Chegando na curva 2, um dos pneus acabou estourando, fazendo o alemão perder o controle do carro e bater violentamente no muro de concreto. As equipes médicas rapidamente apareceram para socorro, mas a maior angustia era ver a demora para a retirada do corpo de Winkelhock do carro, o que demorou quase 1 hora.


Ele foi levado para o Sunnybrook Medical Center, onde foi operado urgentemente... Infelizmente, Manfred acabou não conseguindo se recuperar da cirurgia, vindo á falecer um dia depois da prova, num 12 de agosto. A família e todos os circos em que o alemão já havia passado estavam chocados, afinal, perderam um rival, que ainda prometia para sua nação ávida por conquistas.

Para se ter uma ideia, aquele Porsche havia sido totalmente projetado para Hans-Joachim Stuck, que era alto, enquanto Manfred era mais baixo, o que fazia o banco ficar muito perto da gaiola. No momento da batida, seu capacete acabou atingindo uma das barras daquilo que deveria protege-lo, causando o traumatismo craniano...


Apesar de sua morte, a família continuou no automobilismo alemão, tentando a sorte pelo mundo, mas não conseguindo, como por exemplo o fiasco de Jochim e a Mitagem de Markus, que depois disso jamais voltou a ser cotado para correr na Fórmula 1...

E lá se foram 30 anos...

Caso tenha curiosidade, eis o documentário sobre esses 30 anos de sua morte: Winkelhock - Ein Leben am Limit

Imagens tiradas do Google Imagens

Um comentário:

  1. Bom resumo da carreira de um excelente piloto, que morreu a fazer o que gustava, mas a historia esqueceu muito raoidamente o Manfred.

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