segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Pós-GP: Geração mimimi


É inegável dizer que nos últimos anos a Fórmula 1 se viu tomada pela 'geração mimimi'. Manobras arriscadas, toques e qualquer outro tipo de incidente são vistos como polêmicos e motivo para reclamações e, sobretudo, punições. E quem mais perde com tudo isso? A própria Fórmula 1, e também você, que assiste a categoria. Qual a graça de acompanhar uma corrida onde é proibido ultrapassar?

Já na primeira curva vimos um acidente que poderia ter mudado o destino do campeonato. Vettel freou tarde, dividiu com Max Verstappen e acabou atingindo Nico Rosberg, que rodou e foi do céu ao inferno em menos de 15s. Estava montada a discussão. Será que o alemão deveria ser punido pelo incidente? Pensei inúmeras vezes em vir aqui comentar sobre isso, mas nunca tive tempo para tal. Agora tenho. E qual a necessidade de discutirmos se isso é ou não é motivo de punição? Não há o que reclamar! Foi um incidente de corrida.

Em 2001, Rubens Barrichello rodou Ralf Schumacher e ainda saiu impune. Ninguém abriu a possibilidade dele ser punido. E por que, agora, quinze anos depois, um incidente tão semelhante poderia causar uma punição? Não são só os comissários que mudaram seu jeito de interpretar um acidente, mas nós também. É triste dizer, mas, talvez, nossas cabeças já foram corrompidas pela tal 'geração mimimi'. E não vemos isso só no mundo da F1, e menos ainda no do esporte a motor. Isso está em todo lugar...

Já perto do fim, após se recuperar, Nico Rosberg forçou e conseguiu uma bela ultrapassagem sobre Kimi Räikkönen, ultrapassagem que custaria dez segundos no tempo de prova do alemão. Outra punição totalmente desnecessária feita pela direção de prova. Em 1999, por exemplo, David Coulthard, na volta quatro, fez exatamente a mesma manobra de Rosberg para superar Michael Schumacher e assumir o segundo posto. Punição? Nenhuma! A corrida seguiu normalmente e com o alemão sequer reclamando da manobra do escocês, mesma atitude de Räikkönen na corrida de domingo (pelo menos naquilo que vimos na transmissão...).


Simplesmente, uma palhaçada.

Não que seja culpa do comissário convidado, mas, por ser tão experiente, por ter participado de tantas provas numa época tão idolatrada pelos fãs da Fórmula 1, penso que Derek Warwick deveria ter pulso suficiente para evitar que punições tolas como essa fossem dadas. Tão tolas, como aquelas que envolvem trocas de câmbio, motor ou quaisquer outros tipos de dispositivos que compõem a unidade de potência.

Se não bastasse isso, temos agora maus perdedores. Sebastian Vettel já virou piada por tantas reclamações, o famoso "choro", antes, durante e após as corridas. Apesar dessa infantilidade, o alemão nunca foi capaz de criar uma polêmica que envolvesse toda a equipe Ferrari. Max Verstappen é outro nome que ultimamente vem causando problemas dentro da pista, enquanto, fora dela, chama atenção e anima os torcedores com duras declarações que confrontam até grandes nomes do esporte.

De qualquer forma, nenhum dos dois pilotos citados foi capaz de colocar toda a equipe contra si próprio. No último domingo, após outro estranho abandono, Lewis Hamilton foi à publico dizer que "alguém não quer que eu vença. Os motores Mercedes só quebram comigo". Uma atitude lamentável, que dão um status ainda mais negativo para a equipe e para o próprio tricampeão, que é visto como um mau perdedor, imagem que insiste em manter mesmo após 10 temporadas na Fórmula 1. Se existe um lugar para responder, é na pista.


Vamos lembrar de incidentes semelhantes, e pior, quando esses incidentes tiraram títulos. Em 1984, por exemplo, Alain Prost chegou na Itália ainda a frente de Lauda no campeonato de pilotos, mas acabaria por sair de lá com a segunda posição após abandonar na terceira volta, quando era segundo colocado e favoritíssimo à vitória. Cinco anos depois, na mesma Monza, Ayrton Senna acabaria perdendo a vitória nas últimas voltas depois de seu "inquebrável" motor Honda estourar. Abandono que colocou o brasileiro sob pressão nas últimas etapas da temporada.

Uma década depois, em Indianapolis, Mika Häkkinen viu seu motor Mercedes ir pelos ares quando era segundo, caminhando para um pódio que o deixaria mais próximo de um possível tricampeonato. O mesmo Schumacher que saiu beneficiando do ocorrido em 2000 seria a vitima seis anos depois, em Suzuka, quando liderava antes do motor Ferrari decidir abrir o bico pela primeira vez em anos durante uma corrida...

Desde que Nico Rosberg e Lewis Hamilton se tornaram companheiros, o alemão não pontou oito vezes por causa de problemas mecânicos, enquanto o inglês apenas quatro. Dificilmente isso teria mudado o destino dos campeonatos de 2014 e 2015, mas é fato que em 2016 esse número poderá fazer a diferença. O placar é de 1 a 0 para o tricampeão, no momento...

Voltando ainda mais no tempo, vale lembrar que Hamilton sempre correu com motores Mercedes, conquistando 3 títulos, 49 vitórias, 57 poles, 31 voltas mais rápidas, 99 pódios e 2132 pontos. Dos 183 GPs disputados, o inglês abandonou 25, sendo apenas dois deles causados por problemas no motor. No fim, é lamentável ver um tricampeão agir dessa forma, especialmente após tantas e tantas conquistas no circo.


É claro que Hamilton pode ter razão em algumas declarações, mas só neste ano que os motores Mercedes começaram a, digamos, 'pipocar' perto do tricampeão. A equipe mesma não seria louca de colocar o futuro do piloto em xeque dentro da equipe, sendo ele o mais bem pago do grid, o maior vencedor e o maior favorito ao título nos últimos três anos. Isso seria suicídio. E sujo.

E agora, restando poucas etapas para o fim, não seria hora de fazer uma declaração forte como essa que pudesse desestabiliza-lo dentro da equipe. Quem agradece é Nico Rosberg. Mas ainda há uma luz no fim do túnel para o inglês. E, conhecendo bem o estilo de Lewis Hamilton, não é impossível que ele vença todas as corridas restantes e ainda saia com o tetracampeonato, isso com Rosberg podendo quebrar em qualquer uma dessas provas. Está aí a inutilidade de uma declaração como essa. Boba e lamentável.

Se Lewis Hamilton sair como campeão dessa "época" de 2016, tendo derrotado Nico Rosberg na pista durante as últimas etapas, tenha certeza que assistiu uma das melhores temporadas da história da Fórmula 1, com uma das mais impressionantes viradas da história. Agora é esperar para ver.

Ainda nessa semana saem as notas do GP da Malásia, onde Daniel Ricciardo finalmente voltou a vencer, Fernando Alonso deu outro show e Jolyon Palmer conquistou seu primeiro ponto.

Até Suzuka...

Imagens tiradas de f1-fansite.com/tag/2016-wallpapers/ - facebook.com/Formula1/photos

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