sexta-feira, 29 de julho de 2016

1959 - Quando o GP da Alemanha foi separado em duas baterias


O ano era 1959. Após a aposentadoria de Mike Hawthorn, a Fórmula 1 não tinha nenhum campeão em seu grid. Os carros de motor frontal começavam a se extinguir, e uma nova leva de pilotos chegavam. Um ano antes, no Nürburgring, o circo havia perdido um de seus personagens mais queridos e respeitados de todos os tempos: Peter Collins. A morte do inglês fez o Automóvel Clube Alemão transferir o palco do GP da Alemanha para AVUS, em Berlim.

O velho e monstruoso circuito de AVUS estava agora cortado ao meio, sendo metade da Alemanha Ocidental e a outra metade da Alemanha Oriental. O muro ainda não estava construído, e a Fórmula 1 não sofreu dificuldades para correr na configuração de quase 8Km e meio do circuito.


Após a vitória de Jack Brabham em Aintree, as coisas não estariam tão fáceis para os bólidos ingleses na Alemanha. Com apenas quatro curvas e duas longas retas, AVUS beneficiava a Ferrari com seus motores V6 equipados no campeão D246. Com isso, Tony Brooks, Cliff Alisson, Phil Hill e o jovem Dan Gurney eram os favoritos a vitória.

Jean Behra, que havia sido demitido da Scuderia semanas antes, se inscreveu com sua própria equipe, a Behra-Porsche, e participaria de uma prova preliminar antes da corrida. Um dia antes da prova, Behra perderia o controle de seu Porsche 718 na Curva da Morte, bateria num mastro e morreria na hora. Wolfgang von Trips abandonou a prova após a morte do companheiro.

No dia seguinte, o grid estava formado com uma primeira fila mista: a bravura de Brabham e Moss os colocaram ao lado de Brooks e Gurney. Logo atrás, Gregory, Hill e Bonnier formavam a segunda fila, com Harry Schell em oitavo, Bruce McLaren em nono, Graham Hill em décimo e Hans Herrmann em décimo primeiro. Fechando o grid estavam Trintignant, Ireland, Allison (que marcou o melhor tempo, mas foi penalizado) e Burgess.

A temida Norschleife, a Curva da Morte (Curva Norte)

Na partida, Tony Brooks pula na ponta com Stirling Moss em segundo, Masten Gregory em terceiro e Jack Brabham em quarto. Gurney e Hill perderam posições, mas logo recuperariam. No segundo giro, Moss abandonaria com problemas no câmbio, deixando para Gregory a missão de tomar a liderança. O norte-americano não tardaria para duelar contra as Ferrari de Brooks e Gurney, tomando a ponta na volta três.

Dan Gurney e Phil Hill já estavam de volta na disputa pela vitória, enquanto Allison abandonava. As voltas seguintes seriam de intensa batalha entre Brooks, Gurney e o sempre bravo Gregory, que abandonaria com problemas no motor quando liderava. Voltas antes, o líder do campeonato Jack Brabham já havia estacionado seu Cooper.

Na segunda bateria, Hans Herrmann escaparia da morte

A corrida ficaram na mão do trio ferrarista, enquanto McLaren, Bonnier e Trintignant tentavam se aproximar. A bandeira quadriculada sinalizou o fim da primeira bateria, com Brooks como vencedor, seguido pelo jovem Gurney e por Hill. A ideia de dividir a prova em dois compactos de trinta voltas veio da organização, que temia incidentes com o excessivo desgaste de pneu no banking de tijolos. Assim, todos os pilotos largariam com pneus novos na segunda bateria, que tinha o grid baseado na classificação final da primeira.

Na nova largada, Hill tomou a ponta com Joakim Bonnier surpreendendo Brooks e Gurney. No giro seguinte, Bruce McLaren entrou na briga, enquanto o sueco, sem equipamento adequado, perdia posições. Não demoraria muito para que o neozelandês também enfrentasse os mesmos problemas que atingiram o companheiro, sendo obrigado a abandonar a prova.

Na volta 36, o maior susto: o BRM de Hans Herrmann sofre uma falha nos freios na entrada da Curva Sul, bate nos fardos de palha e decola, capotando várias vezes e deixando o alemão no asfalto, atônito, acompanhando as últimas cambalhotas de seu carro. Herrmann saiu sem ferimentos graves.

O trio que dominou a prova: um futuro campeão, um garoto de 28 anos e um dentista

Lá na frente, Brooks travaria uma dura batalha contra seus dois companheiros para vencer o último GP da Alemanha realizado em AVUS. Phil Hill asseguraria o segundo lugar, com Dan Gurney terminando em terceiro e fechando a trinca da Ferrari no pódio. Maurice Trintignant e Jo Bonnier fecharam os lugares pontuáveis.

No próximo dia 2 de agosto se completarão 57 anos da realização da única prova de Fórmula 1 com duas baterias. A última de AVUS. A última vitória de Tony Brooks. E o primeiro pódio de Dan Gurney. Tudo que podia acontecer numa época que nem campeão a categoria tinha em seu grid...

Imagens tiradas do Google Imagens e F1-History.deviantart.com

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