segunda-feira, 28 de março de 2016

35 Anos - Jones declara guerra à Reutemann


Naquele longínquo 29 de março de 1981 o GP do Brasil seria realizado pela segunda vez no autódromo de Jacarepaguá, que definitivamente tomara o lugar de Interlagos:

Era um dia de forte chuva na cidade do Rio de Janeiro, mas água que caiu do céu não foi capaz de parar os torcedores, que vieram para acompanhar mais um espetáculo da categoria automobilística mais rápida do mundo. Sobretudo, agora tínhamos um motivo ainda maior para nos alegrarmos nos fins de semana: a chegada de Nelson Piquet revigorou a imagem do Brasil no esporte.

Para melhorar ainda mais, o brasileiro da Brabham era o poleman para a prova, sendo seguido por Carlos Reutemann, Alan Jones, Riccardo Patrese e Alain Prost. A escolha dos pneus seria crucial para o resultado da corrida, mesmo parecendo óbvio que todos os carros largariam com compostos de chuva. Porém, para choque de todos, Piquet, Pironi e Stohr chegaram ao grid com os slicks, arriscando pontos preciosos no campeonato.


Na partida, o piloto da Brabham patina, perde posições enquanto mais atrás Gilles Villeneuve toca em René Arnoux e causa um grande pile-up, que ainda envolve Mario Andretti, Alain Prost, Eddie Cheever, Chico Serra, Siegfreid Stohr e Héctor Rebaque, com Andrea de Cesaris escapando da carambola pela grama. A segunda etapa da temporada começara intensa.

Sem muitas dificuldades, Carlos Reutemann e Alan Jones começam a abrir para o resto do pelotão, não enfrentando nenhuma pressão da Arrows de Riccardo Patrese e da Alfa Romeo de Bruno Giacomelli, que já é atacado pelo jovem Elio de Angelis. Piquet era apenas décimo sétimo enquanto John Watson iniciava uma recuperação, superando Marc Surer e Alain Prost.

O norte-irlandês da McLaren agora pressionava Gilles Villeneuve, sétimo colocado na prova. Nos giros seguintes, Prost seria superado por Surer enquanto Giacomelli perderia o quarto posto para Elio de Angelis antes de sofrer com problemas na ignição. Na oitava volta, de Angelis começaria a ser atacado por Rosberg, enquanto Villeneuve tentava desesperadamente parar John Watson.


Fazendo interessante prova, Jarier já era oitavo após ultrapassar Prost, seguindo para o ataque em cima de Surer. No décimo quarto giro, Watson supera Rosberg que enfrenta problemas em seu Fittipaldi, perdendo, assim, quaisquer chances de pontuar na casa da equipe. Já sem chuva, com a pista secando lentamente, Keke começa a perder posições, inclusive para Jean-Pierre Jarier, que já passa por Marc para assumir a sexta colocação.

Na vigésima primeira volta, após ultrapassar Keke Rosberg, Alain Prost é atingido por Didier Pironi, que, sendo retardatário, aquaplanou e não conseguiu evitar o choque: ambos estavam fora da prova. Enquanto isso, lá na frente, Reutemann e Jones não enfrentavam nenhum problema com os rivais, tendo Patrese seguindo de longe e Elio de Angelis conseguindo segurar John Watson, que agora passa a ver Jarier em seus retrovisores.

O francês da Ligier, que está substituindo Jabouille, passaria voltas enfrentando problemas de subviragem, não resistindo aos ataques de Marc Surer a Jacques Laffite que o superam no giro 29, quando, mais atrás, Nelson Piquet finalmente se livra de Nigel Mansell. A pista estava secando, e isso ajudava o brasileiro.


O surpreendente Ensign de Marc Surer estava atacando John Watson quando o piloto da McLaren rodou na "Curva Sul", perdendo também a posição para Laffite e Jarier. Recuperando-se com a pista à secar, Piquet começa a ter esperanças de conquistar algum ponto ao fim corrida, mas o brusco retorno da chuva tirava todas as suas chances de algum desempenho agradável em frente à torcida brasileira.

Com uma Ligier mais equilibrada sob água, Jean-Pierre Jarier ultrapassa Laffite para ser sexto, enquanto Elio de Angelis é pressionado por Marc Surer que finalmente faz a ultrapassagem.

No 56º giro, Frank Williams e Jeff Hazell começam a sinalizar com a placa: JONES-REUT.

Ambos os pilotos da equipe britânica claramente enxergam a polêmica placa, mas o argentino não deixa o australiano tomar a liderança. A Ligier também imita a Williams, só que de maneira esperta, sabendo que Laffite era o único piloto que competiria toda a temporada, pedindo para que Jarier cedesse o sexto posto, algo que o francês fez nas últimas voltas.

O fim está próximo com a aproximação das duas horas de corrida, e a tensão aumenta nos boxes da Williams: Reutemann cederia a liderança para Jones?


Na 62º volta a bandeira quadriculada é agitada para a vitória do argentino, com o campeão de 1980 terminando quatro segundos atrás do companheiro. Fechando o pódio estava Riccardo Patrese, feliz por sua Arrows não deixa-lo na mão mais uma vez, com Marc Surer dando show ao marcar a melhor volta da prova e conquistar os primeiros pontos da Ensign desde 1978. O quinto posto ficou com Elio de Angelis, que, de maneira cada vez mais regular, passa a integrar os seis primeiros com um problemático Lotus. Laffite foi sexto, conquistando um importante ponto para a disputa pelo título, enquanto Jarier foi sétimo e John Watson apenas oitavo após sua rodada.

A chegada aos boxes foi marcada pela discussão na equipe Williams: Carlos Reutemann desobedecera as ordens de equipe, e consequentemente às clausulas do contrato assinado para ser o segundo piloto de Alan Jones, que, indignado, não comparece ao pódio, marcado pelos sorrisos de Patrese ao finalizar em terceiro.

Londoño em um de seus poucos registros como piloto da Ensign

O australiano declarou guerra ao companheiro, e agora sabia que teria de enfrentar mais um rival para buscar um provável bicampeonato. Já Nelson Piquet se afogou na própria confiança de sua estratégia, perdendo preciosos pontos e entregando de bandeja um segundo título de construtores para a Williams.

Apesar da guerra declarada e de toda a confusão no time inglês, havia alguém mais feliz do que qualquer um ao fim daquele GP do Brasil de 1981: Marc Surer. O suiço havia sido chamado às pressas pela Ensign após Ricardo Londoño ter sua superlicença negada, fazendo a equipe de Mo Nunn conquistar um impressionante quarto lugar além de sua primeira e única volta mais rápida.

A próxima etapa seria na Argentina, no dia 12 de abril, onde os ânimos prometiam ser quentes...

Imagens tiradas do Google Imagens - F1-History.deviantart.com

domingo, 27 de março de 2016

[We] Miss Long Beach Grand Prix

"E se eu morrer na corrida?"

Garotas e esporte à motor - existe uma combinação tão boa quanto essa para nós (homens) fãs? 

Seja no automobilismo, seja no motociclismo, as garotas sempre estarão lá dando um ar mais gostoso para o evento (como se não bastasse os barulhentos motores que realmente roncam e os belos carros).

Em sua passagem pela categoria, Long Beach recebeu o GP do Oeste dos EUA entre 1976 e 1983 tendo mudanças significativas em seu traçado nesses sete anos. O intenso troca-troca da Fórmula 1 na cidade norte-americana envolvendo pilotos, equipes e até mesmo a localização dos boxes, fez que as mulheres que participava do Miss Long Beach Grand Prix, realizado anualmente antes do Grande Prêmio, se tornasse a única coisa que realmente caracterizou a prova.

Como se já não bastasse as farras feitas no Brasil e na África do Sul, Long Beach também poderia se tornar ponto de loucuras feitas por pilotos caracterizados pelo seu estilo mulherengo, como James Hunt. Na primeira foto, você vê o inglês conversando com a ganhadora do Miss Long Beach GP de 1976, o que pode render boas e divertidas legendas.

E qual seria a grande falta que o GP do Oeste dos EUA traz à Fórmula 1? No mundo em que vivemos, caso alguém dissesse que são as mulheres, poderia facilmente ser taxado de 'machista'. Mas como qualquer circuito que agrade, ele não pode dar satisfação apenas fora dos carros, e sim, especialmente, dentro deles. Então qual foi o motivo de sua saída?

Reginaldo Leme explica no vídeo abaixo:


Há exatos 33 anos acontecia a última edição da prova, vencida surpreendentemente pela dupla da McLaren: John Watson (que partiu de 22º) em primeiro e Niki Lauda (que partiu de 23º) em segundo. E como havia sido em todas as sete edições anteriores, as garotas estavam no pódio ao lado dos três primeiros, recebendo mais destaque do nunca.

John Watson foi o vencedor que mais soube dar destaque para a vencedora da edição do Miss Long Beach GP, deixando-a ao seu lado o tempo todo durante a cerimônia do pódio.

(Você mesmo pode fazer um tira-teima com as fotos abaixo, comparando-as).

No fim, elas fazem tanta falta quanto o próprio circuito que mesmo não sendo tão belo como elas, nos leva à lembranças nostálgicas dos tempos dourados da Fórmula 1...

1977
1978
1979 - Cadê elas?
1981
1980
1982
1983

Gostaria de desejar-lhes:

Feliz Páscoa! (E que todos nós, cristãos, lembremo-nos do que realmente importa nessa data).

E que você tenha uma ótima semana...

Imagens tiradas do Google Imagens

sábado, 26 de março de 2016

Tensão, tragédia e emoção


Já se passaram mais de 40 anos, mas aquele 27 de abril de 1975 continua sendo um dos mais tensos e infelizes dias da história da Fórmula 1. O quarto GP da Espanha realizado nas ruas de Montjuïc, marcado pela sua beleza vislumbrante, parecia estar fadado à um fim trágico desde que os pilotos chegaram. As críticas pela falta de segurança eram inúmeras, mas, como sempre, quem falou mais alto foi o dinheiro.

Mesmo após algumas melhorias durante a noite de sexta para sábado, o circuito estava despreparado para receber uma prova de Fórmula 1. Aquela situação fez Emerson Fittipaldi não largar no domingo, enquanto Wilsinho e Arturo Merzario boicotaram após a confusa primeira volta marcada pelo acidente de Lauda, que felizmente saiu sem ferimentos.

Com o passar da prova, aquela que havia largado na vigésima quarta colocação começava a ganhar posições, beneficiada pelos inúmeros abandonos que ocorriam num circuito de rua. Lella Lombardi fez prova regular, resistindo no meio dos restos mortais de carros e mais carros a cada volta, disputando por posições com Brambilla e Jarier, enquanto previa um iminente atraque de Watson e Regazzoni.

Quando era oitava colocada, a tragédia acontece: Rolf Stommelen perde sua asa traseira e levanta voo após a "Rasante", ponto mais icônico do circuito espanhol, levantando voo sobre o guard-rail para matar três bombeiros e um fotografo canadense. Além de atingir mais de um dezena de pessoas, Stommelen estava extremamente ferido dentro de sua Lola, retorcendo no meio de destroços brancos e vermelhos da pintura "Embassy".

A prova ainda teria outras quatro voltas que seriam determinantes para o resultado de Lombardi, que foi informada do fim da corrida quando estava dois giros atrasada em relação ao vencedor Jochen Mass. O sexto lugar estava garantido, mas a alegria não... O fim-de-semana marcado pela tensão, além de mostrar ao mundo, pela primeira vez, pilotos como Brise e Jones, teve um fim trágico, na qual manchou toda a história de Monjtuïc Park, que passou a ser lembrado pela tragédia e não por sua beleza...

Imagens tiradas do Google Imagens

sexta-feira, 25 de março de 2016

GP Memorável 75# - Brasil 1991


Semanas depois do GP dos EUA nas ruas de Phoenix marcado pela vitória arrasadora da dominante combinação Senna-McLaren-Honda, o circo chegava ao Brasil para a segunda etapa da temporada de 1991. Pelo segundo ano seguido, Interlagos era sede da prova que voltava a ter Ayrton como favorito à vitória. Depois de passar anos tentando em vão, o brasileiro estava ainda mais disposto para quebrar o jejum na vigésima edição do Grande Prêmio do Brasil.

Agora com mais condições do que nunca, sem nenhum rival despontando no início da época, Senna era de longe o principal protagonista do fim-de-semana, deixando desfocada as participações de Nelson Piquet, Roberto Moreno e Mauricio Gugelmin. A Ferrari continuava tentando buscar o lugar que foi tomado pela Williams, mas a equipe britânica fez um evolução tão grande á ponto de dar esperanças para Nigel Mansell.


Antes do treino de qualificação, a pré-qualificação era o maior medo de cinco times: Jordan, Fondmetal, Coloni, Lambo-Modena e Dallara. Tendo condições para brilhar, a dupla da Scuderia Italia foi bem nos treinos da manhã, conseguindo passar para a próxima fase ao lado de Andrea de Cesaris e Bertrand Gachot, que alegraram Eddie Jordan. van de Poele e Larini continuavam no barco à deriva da Lambo-Modena, enquanto Chaves e Grouillard tiveram os piores tempos.

Já no treino principal, quatro nomes não conseguiriam uma vaga no grid para domingo, e infelizmente ambas as Footwork estava no meio disso. A parceria com a Porsche não estava sequer perto de sair da lama, deixando Caffi e Alboreto fora da corrida. Com eles, Bailey e Johansson também voltariam para casa mais cedo. Enquanto lá na frente...


Senna mostrou que era o favorito absoluto para a prova, marcou a pole position com o tempo de 1:16.392 e colocou no bolso a dupla da Williams, com Riccardo Patrese em segundo e Nigel Mansell em terceiro. Gerhard Berger era quarto, enquanto Jean Alesi abria a terceira fila na frente do tricampeão Alain Prost. Fechando o top ten estava Nelson Piquet, Maurício Gugelmin, que havia treinado muito bem, Stefano Modena e um surpreendente Bertrand Gachot.

Na décima primeira colocação estava o Lola de Éric Bernard, ao lado dele a Dallara de Emanuele Pirro, enquanto Andrea de Cesaris e Roberto Moreno formavam a sétima fila. Ivan Capelli era décimo quinto, Satoru Nakajima décimo sexto, Aguri Suzuki décimo sétimo, Thierry Boutsen décimo oitavo, JJ Lehto décimo nono e Pierluigi Martini vigésimo.

Fechando o grid: Gianni Morbidelli, Mika Häkkinen, Érik Comas, Gabriele Tarquini e a dupla da Brabham, Mark Blundell e Martin Brundle. O tempo para a corrida não seria um dos melhores, especialmente em Interlagos, onde as forças da natureza são tão instáveis. Apesar da ameaça de chuva, a prova foi iniciada em pista seca, facilitando o trabalho dos pilotos.


Enquanto a luz vermelha ainda era acesa, quem se estava pegando fogo no grid era o carro de Berger, que não enfrentou maiores problemas apesar da fumaça que saiu de sua McLaren nas primeiras curvas. Quando a luz verde se ascendeu, Ayrton Senna pulou na ponta sem problemas, enquanto Mansell superava Patrese e Alesi tomava a quarta colocação.

Mais atrás, Gachot atrapalha Pirro que vai para a grama, caindo para vigésimo sexto. Logo, a primeira desistência: Gabriele Tarquini danifica a suspensão e bate num dos muros de Interlagos. Lá na frente, Ayrton Senna tenta abrir em relação à Nigel Mansell, mas o Leão é forte e se aproxima do brasileiro. Tentando recuperar-se da fraca posição no grid de largada, Moreno supera Bernard e já é décimo primeiro.

No terceiro giro, de Cesaris ultrapassa o francês da Larrousse e agora persegue Moreno. Sem muitas condições para combate, a dupla da Brabham já é superada por Mika Häkkinen e Emanuel Pirro. Liderando, Senna ainda recebe pressão de Mansell, com Patrese em terceiro, Alesi em quarto, Berger em quinto, Piquet em sexto, Prost em sétimo e Modena em oitavo.


Quem surpreende é Maurício Gugelmin, que, com um carro pouco confiável, vem fazendo milagre na nona colocação. Morbidelli e Martini que haviam largado bem com suas Minardi também iniciam uma prova consistente, com Gianni ultrapassando Lehto na disputa pela décima quarta colocação e Pierluigi assumindo o décimo sétimo posto de Boutsen.

O finlandês da Dallara seria o próximo alvo de Martini antes que Maurício Gugelmin desistisse da prova, tendo se envolvido num incidente que queimou suas nádegas no Warm-Up. As dores eram insuportáveis, e na nona volta o brasileiro decidiu bem em parar e abandonar a prova, apesar dela ser tão promissora para a Leyton House.

Em décimo oitavo, Satoru Nakajima roda e abandona, enquanto Senna mantém uma boa distância para Mansell, que por sua vez abre para Patrese e Alesi, que é pressionado por Berger. No décimo oitavo giro, Alain Prost vai aos boxes fazer sua parada, retornando em décimo primeiro. Modena mal teve tempo de comemorar a posição ganha, abandonando com problemas no câmbio.


Câmbio que estava se tornando o grande pesadelo da prova, com muitos pilotos começando a enfrentar dificuldades terríveis nas trocas de marchas. Perseguindo o companheiro Gachot, Andrea de Cesaris abandona na vigésima volta com problemas no motor, sendo seguido por JJ Lehto com a eletrônica de sua Dallara significando um abandono.

Na vigésima sexta volta é a vez de Nigel Mansell parar, sendo a troca de pneus um desastre com o Leão sofrendo problemas no câmbio, só voltando atrás de Riccardo Patrese e Jean Alesi. O britânico ainda tomaria a posição do francês na volta seguinte, quando Senna foi aos boxes e teve mais sorte, voltando com conforto na liderança da corrida.

No vigésimo oitavo giro é a vez de Patrese, Berger e Alesi pararem, o que beneficia Alain Prost, que jogou bem ao parar voltas mais cedo. Com problemas de embreagem, Bernard é obrigado a abandonar a prova logo depois que Martini usou do mesmo artifício de Prost para ultrapassar seu companheiro, tornando-se décimo colocado.


Voltas depois, Patrese toma a terceira posição de Piquet enquanto Berger assume o sexto posto de Alesi. Demorou estranhamente pouco, mas Alain Prost fez sua segunda parada para retornar na sétima colocação, logo atrás de Jean Alesi, que giros depois também pararia, cedendo a posição para o tricampeão. Um pouco mais na frente, Gerhard Berger persegue incansavelmente Nelson Piquet, que é ultrapassado na volta quarenta e cinco, duas antes dele decidir fazer sua primeira parada.

Escalando o pelotão, Pierluigi Martini tinha acabado de assumir a nona colocação quando um erro o tirou da prova. Conseguindo abrir a diferença, Ayrton Senna começa a se acalmar na liderança, conduzindo magistralmente no início de uma leve garoa. Nigel Mansell ainda faria sua segunda parada, mas os problemas na caixa de câmbio se mantinham para tirar o Leão da prova, na volta 59.

Acorrida já não era tão competitiva, e o abandono de Nigel Mansell evidenciava ainda mais que Ayrton Senna passou a dominar a Fórmula 1 de tal maneira que seria impossível detê-lo. Mas como ninguém é perfeito, a caixa de câmbio da McLaren MP4/6 do brasileiro começou a travar, problemas tão piores quanto aqueles enfrentados por Patrese, enquanto Berger sofria com um acelerador que travava regularmente.


Seriam 11 voltas de pura resistência e raça para todos os pilotos na pista, e a chegada da chuva serviu para consagrar ainda mais uma vitória tão esperada. A diferença era enorme, mas não o suficiente para que Riccardo Patrese alcançasse Senna em suas atuais condições, dando ainda mais alegria ao povo brasileiro.

Quando cruzou a linha de chegada em primeiro, não existiam mais palavras para descrever tal momento: Ayrton Senna havia vencido o GP do Brasil! Depois de ficar apenas na sexta marcha durante todas as últimas voltas, o brasileiro teve espasmos musculares em diversas partes do corpo, deixando, sua McLaren morrer no meio da Reta Oposta na Volta da Vitória. A torcida gritava, e ninguém mais sabia o que fazer no meio de tanta alegria.


Fiscais empurraram a McLaren de Senna que voltou a funcionar até onde o brasileiro conseguiu guiar. De maneira tão heroica quanto a vitória de Piquet em Jacarepaguá em 1982, Ayrton vencia definitivamente no Brasil, espantando um último fantasma em sua carreira. Para melhorar, sua situação no campeonato mundial não poderia ser melhor: 20 pontos conquistados dos 20 possíveis, tendo Prost apenas com 9, na segunda colocação.

No pódio, três gladiadores que fizeram do GP do Brasil de 1991 uma prova de resistência às dores e ao cansaço, uma corrida marcada pelo heroísmo mesmo após 71 voltas extremamente monótonas e sem nenhum grande momento... O que uma vitória com sabor à mais não faz, não é mesmo?


RESULTADOS:
  1. 1 - BRA - Ayrton Senna - McLaren Honda - 1:38:28.128 - 10pts
  2. 6 - ITA - Riccardo Patrese - Williams Renault - +2.991s - 6pts
  3. 2 - AUT - Gerhard Berger - McLaren Honda - +5.416s - 4pts
  4. 27 - FRA - Alain Prost - Scuderia Ferrari - +18.369s - 3pts
  5. 20 - BRA - Nelson Piquet - Benetton Ford - +21.960 - 2pts
  6. 28 - FRA - Jean Alesi - Scuderia Ferrari - +23.641s - 1pt
  7. 19 - BRA - Roberto Moreno - Benetton Ford - +1 Volta
  8. 24 - ITA - Gianni Morbidelli - Minardi Ferrari - +2 Voltas
  9. 11 - FIN - Mika Häkkinen - Lotus Judd - +3 Voltas
  10. 25 - BEL - Thierry Boutsen - Ligier Lamborghini - +3 Voltas
  11. 21 - ITA - Emanuele Pirro - Dallara Judd - +3 Voltas
  12. 7 - GBR - Martin Brundle - Brabham Yamaha - +4 Voltas
  13. 32 - BEL - Bertrand Gachot - Jordan Ford - Sistema de Combustível
  14. 5 - GBR - Nigel Mansell - Williams Renault - Caixa de Câmbio - OUT
  15. 26 - FRA - Érik Comas - Ligier Lamborghini - Motor - OUT
  16. 23 - ITA - Pierluigi Martini - Minardi Ferrari - Rodada - OUT
  17. 8 - GBR - Mark Blundell - Brabham Yamaha - Motor - OUT
  18. 29 - FRA - Éric Bernard - Lola Ford - Radiador - OUT
  19. 22 - FIN - Jyrki Juhani Järvilehto - Dallara Judd - Elétrico - OUT
  20. 33 - ITA - Andrea de Cesaris - Jordan Ford - Motor - OUT
  21. 4 - ITA - Stefano Modena - Tyrrell Honda - Caixa de Câmbio - OUT
  22. 16 - ITA - Ivan Capelli - Leyton House Ilmor - Transmissão - OUT
  23. 3 - JAP - Satoru Nakajima - Tyrrell Honda - Rodada - OUT
  24. 15 - BRA - Mauricio Gugelmin - Leyton House Ilmor - Físico - OUT
  25. 17 - ITA - Gabriele Tarquini - AGS Ford - Suspensão - OUT
  26. 30 - JAP - Aguri Suzuki - Lola Ford - Bomba de Combustível - OUT
  27. 10 - ITA - Alex Caffi - Footwork Porsche - DNQ
  28. 18 - SUE - Stefan Johansson - AGS Ford - DNQ
  29. 9 - ITA - Michele Alboreto - Footwork Porsche - DNQ
  30. 12 - GBR - Julian Bailey - Lotus Judd - DNQ
  31. 35 - BEL - Eric van de Poele - Lambo-Modena Lamborghini - DNPQ
  32. 34 - ITA - Nicola Larini - Lambo-Modena Lamborghini - DNPQ
  33. 31 - POR - Pedro Chaves - Coloni Ford - DNPQ
  34. 14 - FRA - Olivier Grouillard - Fondmetal Ford - DNPQ
Esses foram os pilotos que participaram do fim-de-semana de GP
Volta Mais Rápida: Nigel Mansell - 1:20.436 - Volta 35


Curiosidades
- 502º GP
- XX Grande Prêmio do Brasil
- Realizado no dia 24 de março de 1991, em Jacarepaguá
- 28º vitória de Ayrton Senna
- 88º vitória da McLaren
- 210º pódio da McLaren
- 60º vitória do motor Honda
- 30º melhor volta do motor Renault
- 50º GP do motor Judd

  • MELHOR PILOTO: Ayrton Senna
  • SORTUDO: Ayrton Senna
  • AZARADO: Maurício Gugelmin
  • SURPRESA: N/H
Ayrton Senna guiou de forma magistral, mostrando que não era mais o mesmo Ayrton que havíamos conhecido na década de 80, muitas vezes sem cabeça em determinadas situações. O brasileiro ainda contou com a sorte que todo o campeão deve ter, resistindo à dois pilotos que sofriam de problemas semelhantes. Gugelmin tinha tudo para marcar pontos com sua Leyton House, mas o incidente no Warm-Up estragou qualquer possibilidade de festa em Interlagos.


Campeonato de Pilotos:
  1. 1 - BRA - Ayrton Senna - McLaren Honda - 20pts
  2. 27 - FRA - Alain Prost - Scuderia Ferrari - 9pts
  3. 6 - ITA - Riccardo Patrese - Williams Renault - 6pts
  4. 20 - BRA - Nelson Piquet - Benetton Ford - 6pts
  5. 2 - AUT - Gerhard Berger - McLaren Honda - 4pts
  6. 4 - ITA - Stefano Modena - Tyrrell Honda - 3pts
  7. 3 - JAP - Satoru Nakajima - Tyrrell Honda - 2pts
  8. 30 - JAP - Aguri Suzuki - Lola Ford - 1pt
  9. 28 - FRA - Jean Alesi - Scuderia Ferrari - 1pt
Campeonato de Construtores:
  1. GBR - Honda Marlboro McLaren - McLaren Honda - MP4/6 - SEN/BER - G - 24pts
  2. ITA - Scuderia Ferrari - Ferrari - 642 - PRO/ALE - G - 10pts
  3. GBR - Camel Benetton Ford - Benetton Ford - B190B - MOR/PIQ - P - 6pts
  4. GBR - Canon Williams Team - Williams Renault - FW14 - MAN/PAT - G - 6pts
  5. GBR - Braun Tyrrell Honda - Tyrrell Honda - 020 - NAK/MOD - P - 5pts
  6. FRA - Larrousse F1 - Lola Ford - LC91 - BER/SUZ - G - 1pt
Imagens tiradas do Google Imagens - F1-History.deviantart.com - GPExpert.com.br

quarta-feira, 23 de março de 2016

GP Memorável 74# - Brasil 1986



Os rigorosos testes de inverno haviam acabado com um acidente que poderia ter sido fatal para uma das principais figuras de todo o circo. O Ford Sierra alugado de Frank Williams não ficou totalmente destruído, mas o impacto foi forte o suficiente para lesionar gravemente o inglês que perdeu todos os seus movimentos a partir do pescoço. Fundador e chefe da equipe Williams, Frank não estaria presente no Brasil para o primeiro fim-de-semana de GP da temporada de 1986.

As intensa troca de cadeiras foi ainda mais forte entre 1985 e 1986. Niki Lauda havia se aposentado, Elio de Angelis não tinha mais o apoio da Lotus, Stefan Bellof havia morrido e a Ligier tinha perdido todo o carinho que tinha para Philippe Streiff. Na atual campeã do mundo, poucas mudanças no novo MP4/2C, com a contratação de Keke Rosberg sendo o grande destaque do time.

Warwick testa, em vão, pela Lotus...

Na Tyrrell, Philippe Streiff tem a chance de continuar com sua carreira a Fórmula 1, agora como companheiro definitivo de Martin Brundle. A Williams, que perdeu Rosberg para a McLaren, ganhou Nelson Piquet, pronto para voltar aos dias de glória nos tempos de Brabham, que por sua vez vinha com uma dupla renovada, formada pelo já conhecido Riccardo Patrese e por Elio de Angelis, que chegava à equipe com status de líder, pronto para levar o novo, e radical, projeto de Gordon Murray para frente.

A Lotus era incapaz de colocar dois carros na mesma condição, e Senna se viu num empasse antes de vetar Derek Warwick na equipe, deixando a vaga para o Barão Crichton-Stuart, mais conhecido como Johnny Dumfries. Continuando com apenas um carro, a Zakspeed manteve Jonathan Palmer para a temporada de 1986, com esperança de colher bons frutos plantados em 1985. A nova empreitada americana na categoria vinha com uma dupla de pré-aposentados, formada por Alan Jones e Patrick Tambay. O projeto do motor turbo da Ford Cosworth não era promissor, obrigando a equipe utilizar os antigos Hart L4 nas primeiras etapas.

Seria o imprevisível Rosberg um candidato ao título?

Pela terceira temporada seguida, a Arrows começava a época com Thierry Boutsen sendo um de seus pilotos, que agora voltava a ter a companhia de Marc Surer. Enquanto isso, Toleman era vendida à Benetton, que tinha finalmente uma equipe na Fórmula 1. A dupla era formada por Teodorico Fabi e pelo jovem Gerhard Berger, parecendo estar mais estável para sua terceira temporada.

A Osella trouxe de volta Piercarlo Ghinzani, agora como companheiro de Christian Danner, que substituiu Jonathan Palmer em algumas etapas da temporada de 1985. Já a rival de quintal italiano trazia uma dupla totalmente nacional, formada pelo estreante Alessandro Nannini e pelo grandioso Andrea de Cesaris, que havia saído da Ligier na metade do ano anterior. A Ligier, por sua vez, tinha uma dupla extremamente experiente.

Jacques Laffite e René Arnoux dividiram as atenções do time francês que se tornou esperançosa após os primeiros testes da pré-temporada. A Ferrari que havia demitido misteriosamente Arnoux ainda no início de 1985 era a única equipe grande que matinha a dupla do ano anterior, com Michele Alboreto e Stefan Johansson em seus bólidos.

Elio de Angelis em sua bela Brabham "skate"

No primeiro fim-de-semana oficial, é Nelson Piquet que acaba embatendo contra o muro, perdendo a chance de batalhar pela pole position com Ayrton Senna e Nigel Mansell. A Lotus comemorou o ótimo início, mas sabia que uma pole não representava muito num circuito como Jacarepaguá. Piquet e Mansell vinham logo atrás de Senna no grid de largada, sendo seguidos por Arnoux e Laffite que traziam ares de surpresa para a prova.

Michele Alboreto era apenas sexto, tendo Keke Rosberg entre ele seu companheiro de equipe Stefan Johansson. O atual campeão do mundo não teve nenhum desempenho agradável na qualificação, conquistando um mero décimo posto no grid, ao lado de Riccardo Patrese e sua Brabham "skate". Johnny Dumfries era o décimo primeiro com sua Lotus, tendo Teo Fabi, Patrick Tambay e Elio de Angelis logo atrás.

Fechando o grid estavam: Thierry Boutsen em décimo quinto, Gerhard Berger em décimo sexto, Martin Brundle em décimo sétimo, Philippe Streiff em décimo oitavo, Alan Jones em décimo nono, Marc Surer em vigésimo, Jonathan Palmer em vigésimo primeiro, Andrea de Cesaris em vigésimo segundo, Piercarlo Ghinzani em vigésimo terceiro, Christian Danner em vigésimo quarto e Alessandro Nannini na vigésima quinta e última colocação na sua prova de estreia.

Mansell largou bem, mas a sua combinação explosiva com Senna não foi
nada boa

No domingo, mais sol para esquentar as cabeças dos cariocas. Na partida, Nelson Piquet mais uma vez pula mal, perdendo a segunda posição para Nigel Mansell que ataca sem reconhecimento a liderança de Ayrton Senna. Logo, como nenhuma das duas bombas ambulantes podia andar uma perto da outra, o Leão acabou se perdendo na Curva Sul, batendo no guard-rail e abandonando.

René Arnoux agora era terceiro, seguido por Michele Alboreto, Keke Rosberg, Stefan Johansson e Riccardo Patrese, enquanto Jacques Laffite caíra para oitavo e Alain Prost não tinha pulado bem na partida, caindo para o décimo terceiro posto. Quando percebeu que tinha grandes chances de tomar a ponta de Senna, Piquet não desperdiçou-a e colocou-se na primeira colocação já na terceira volta.

Com Alboreto mostrando uma certa recuperação em relação ao péssimo fim de 1985, Arnoux perde a terceira posição para o italiano, enquanto, mais atrás, Prost supera Dumfries e Boutsen e de Cesaris conquista a posição de Gerhard Berger e Teo Fabi. A prova está movimentada, ocasionando nos primeiros abandonos. Jones e Rosberg já não passam da volta 7.

Os azares começaram cedo para o finlandês

Apesar do péssimo início do companheiro, Alain Prost faz prova de recuperação e já é sétimo após superar Jacques Laffite. Dez voltas depois, o francês já era o quarto colocado após ultrapassar Riccardo Patrese, Stefan Johansson e René Arnoux. Apesar da posição conquistada, o francês não era o homem que mais dava show em Jacarepaguá até aquele momento, já que Andrea de Cesaris passou por Elio de Angelis, Martin Brundle, Johnny Dumfries, Thierry Boutsen e Patrick Tambay para ser o nono colocado com sua pouca confiável Minardi.

Enquanto Berger tentava se recuperar, Fabi enfrentava problemas que o colocaram na última posição. Na décima primeira volta, Jacques Laffite ultrapassa Riccardo Patrese e se torna sétimo colocado, logo atrás de Johansson. Prost está tendo uma recuperação fenomenal, e após superar Alboreto no décimo sexto giro já parte para cima de Ayrton Senna. A prova ainda era intensa, e com o início das paradas tudo podia mudar.

Depois de parar, Stefan Johansson entregou a sexta posição para um surpreendente Andrea de Cesaris, que havia acabado de superar Patrese e Laffite. Infelizmente, o italiano abandonaria com problemas no turbo enquanto, algumas voltas depois, Piquet e Alboreto iam aos boxes. O brasileiro saiu sem problemas na terceira posição, mas o italiano acabou caindo para o décimo quarto posto, tirando todas suas chances de um bom resultado na prova de abertura.


As surpreendentes Ligiers de Arnoux e Laffite ainda se mantinham na pista quando Alain Prost assumiu a ponta de Ayrton Senna, que foi para a troca de pneus. Correndo na décima quarta posição, Elio de Angelis perde uma de suas rodas, já preparando-o para o duro ano que está por vir. Quem estava se beneficiando com as paradas e um carro consideravelmente estável era Tambay, sexto colocado antes de abandonar.

Johansson retomou a posição na qual estava antes de parar, mas teve pouco tempo para aproveita-la, já que os freios de sua Ferrari se tornaram incapacitados no calor do Rio de Janeiro. Até então sem muitas perspectivas, Boutsen, Dumfries, Brundle e Berger passam a ter boas chances de um top six logo no início da temporada.

Lá na frente, Piquet retoma a ponta, com Ayrton Senna em segundo e Alain Prost caindo para terceiro. No giro trinta, marcado pela parada de Laffite, o atual campeão do mundo começa a ter problemas em seu motor TAG-Porsche, sendo obrigado a abandonar na estreia do novo MP4/2C. Já com mais de 30 voltas completadas, Piquet é líder, Senna é segundo, Arnoux terceiro, Laffite quarto, Dumfries quinto e Alboreto sexto.

Dois anos depois de marcar seus primeiros pontos, Brundle finalmente
termina entre os seis primeiros com um carro turbo

O mais surpreendente era ver o companheiro de Ayrton Senna na zona de pontos, mesmo não tendo as mesmas condições do brasileiro, porém, logo em sua parada, ficou claro que a Lotus não tinha a qualidade de colocar dois carros do mesmo nível na pista. Dumfries fez sua parada na volta trinta e oito, sendo ela um verdadeiro desastre que tacou pontos importantes no lixo. O britânico retornou à pista na nona posição, quando apenas dez carros ainda corria.

Quem se beneficiava com os problemas de Dumfries e com o abandono de Alboreto era Berger, agora quinto colocado com sua Benetton. Sendo perseguido por Martin Brundle, logo perde a posição para o britânico, mantendo o ótimo sexto posto até o fim da prova. Lá na frente, as últimas trocas de pneus da prova acontecem sem muito alarde ou mudanças.


Nas últimas voltas, a prova passa a ser monótona, tendo como melhor momento a disputa entre Arnoux e Laffite pelo pódio. Poucos meses depois de Adelaide, a Ligier voltava a ter seus dois carros batalhando pelo top three, mas agora com menos nervosismo ao ver toda a experiência de seus pilotos entrar em jogo. No fim, foi o mais velho do grid que ganhou do companheiro.

Sem nenhuma mudança até a 61º e última volta, Nelson Piquet conquistou sua última vitória no GP do Brasil realizado em Jacarepaguá, com Ayrton Senna e Jacques Laffite fechando o pódio. René Arnoux ainda foi quarto no seu retorno à categoria, enquanto Martin Brundle marcou seus primeiros pontos com um carro turbo e Gerhard Berger começou o ano com mais cabeça do que nunca...


RESULTADOS:
  1. 6 - BRA - Nelson Piquet - Williams Honda - 1:39:32.583 - 9pts
  2. 12 - BRA - Ayrton Senna - Lotus Renault - +34.827s - 6pts
  3. 26 - FRA - Jacques Laffite - Ligier Renault - +59.759s - 4pts
  4. 25 - FRA - René Arnoux - Ligier Renault - +1:28.429s - 3pts
  5. 3 - GBR - Martin Brundle - Tyrrell Renault - +1 Volta - 2pts
  6. 20 - AUT - Gerhard Berger - Benetton BMW - +2 Voltas - 1pt
  7. 4 - FRA - Philippe Streiff - Tyrrell Renault - +2 Voltas
  8. 8 - ITA - Elio de Angelis - Brabham BMW - +3 Voltas
  9. 11 - GBR - Johnny Dumfries - Lotus Renault - +3 Voltas
  10. 19 - ITA - Teo Fabi - Benetton BMW - +5 Voltas
  11. 18 - BEL - Thierry Boutsen - Arrows BMW - Escapamento - OUT
  12. 27 - ITA - Michele Alboreto - Scuderia Ferrari - Sistema de Combustível - OUT
  13. 1 - FRA - Alain Prost - McLaren TAG-Porsche - Motor - OUT
  14. 22 - ALE - Christian Danner - Osella Alfa Romeo - Motor - OUT
  15. 28 - SUE - Stefan Johansson - Scuderia Ferrari - Freios - OUT
  16. 16 - FRA - Patrick Tambay - Lola Hart - Bateria - OUT
  17. 7 - ITA - Riccardo Patrese - Brabham BMW - Vazamento de Água - OUT
  18. 14 - GBR - Jonathan Palmer - Zakspeed Racing - Motor - OUT
  19. 17 - SUI - Marc Surer - Arrows BMW - Motor - OUT
  20. 24 - ITA - Alessandro Nannini - Minardi Motori Moderni - Embreagem - OUT
  21. 23 - ITA - Andrea de Cesaris - Minardi Motori Moderni - Turbo - OUT
  22. 21 - ITA - Piercarlo Ghinzani - Osella Alfa Romeo - Motor - OUT
  23. 2 - FIN - Keke Rosberg - McLaren TAG-Porsche - Motor - OUT
  24. 15 - AUS - Alan Jones - Lola Hart - Injeção - OUT
  25. 5 - GBR - Nigel Mansell - Williams Honda - Rodada - OUT
Esses foram os pilotos que participaram da corrida
Volta Mais Rápida: Nelson Piquet - 1:33.546 - Volta 46


Curiosidades:
- 421º GP
- XV Grande Prêmio do Brasil
- Realizado no dia 23 de março de 1986, em Jacarepaguá
- 14º vitória de Nelson Piquet
- 10º pódio de Ayrton Senna
- 30º pódio de Nelson Piquet
- 1º GP de Alessandro Nannini
- 1º GP de Johnny Dumfries
- 23º vitória da Williams
- 1º GP da Benetton
- 8º vitória do motor Honda


  • MELHOR PILOTO: Nelson Piquet
  • SORTUDO: Gerhard Berger
  • AZARADO: Johnny Dumfries
  • SURPRESA: Andrea de Cesaris
Nelson Piquet deu uma aula de como se comportar numa prova marcada pelo intenso calor e os inúmeros problemas mecânicos, conquistando mais uma vitória sem enfrentar muitas dificuldades. Quem teve sorte em estar nas seis primeiras posições foi Gerhard Berger, que estava longe de ter chances de marcar pontos com sua Benetton, diferentemente de Johnny Dumfries, que viu a Lotus tacar todas as suas probabilidade de começar a carreira com o pé direito. Andrea de Cesaris surpreendeu, correu como louco até abandonar ainda no início da prova. Apesar do desempenho impressionante, creio que a pressão de seu turbo era superior ao dos outros bólidos.


Campeonato de Pilotos:
  1. 6 - BRA - Nelson Piquet - Williams Honda - 9pts
  2. 12 - BRA - Ayrton Senna - Lotus Renault - 6pts
  3. 26 - FRA - Jacques Laffite - Ligier Renault - 4pts
  4. 25 - FRA - René Arnoux - Ligier Renault - 3pts
  5. 3 - GBR - Martin Brundle - Tyrrell Renault - 2pts
  6. 20 - AUT - Gerhard Berger - Benetton BMW - 1pt
Estreia com o pé direito

Campeonato de Construtores:
  1. Canon Williams Honda Team - Williams Honda - FW11 - MAN/PIQ - G - 9pts
  2. Équipe Ligier - Ligier Renault - JS27 - ARN/LAF - P - 7pts
  3. John Player Special Team Lotus - Lotus Renault - 98T - DUM/SEN - G - 6pts
  4. Data General Team Tyrrell - Tyrrell Renault - 014 - BRU/STR - G - 2pts
  5. Benetton Formula Ltd - Benetton BMW - B186 - FAB/BER - P - 1pt
Imagens tiradas do Google Imagens - GPExpert.com.br - F1-History.deviantart.com

terça-feira, 22 de março de 2016

35 anos sem um herói...


No ano passado comentei sobre David Purley na data em que se completaram 30 anos de sua morte, e hoje volto a comentar sobre mais um piloto que, com um ato heroico, entrou na história da Fórmula 1: Mike Hailwood.

Apelidado de "The Bike", o britânico nascido no dia 2 de abril de 1940 na cidade de Great Milton começou a participar de provas no motociclismo logo cedo, ainda quando criança. Seu ingresso nas competições internacionais foi em 1958, tendo uma evolução tremenda até conquistar seu primeiro título, em 1961, na 250cc. No ano seguinte, Hailwood já dominava a 500cc, conquistando mais um campeonato.


Mike já era um dos maiores, e aos poucos ia adquirindo status de lenda inglesa. As temporadas de 1963, 1964 e 1965 se seguiram com um tricampeonato sem contestação nas 500cc, com a MV Agusta. Já sendo associado à Honda desde o início da década, Hailwood passa a competir nas quatro categorias pela empresa japonesa, conquistando mais títulos na 250cc e 350cc.

Até esse momento, Mike Hailwood também havia participado de provas esporádicas em um Lotus 25 com a inscrição de Reg Parnell na Fórmula 1, conquistando até um ponto no GP de Mônaco de 1964, mas havia deixado de lado toda a possibilidade de seguir carreira nas quatro rodas. Quando a Honda anunciou sua saída do motociclismo, em 1968, o inglês foi impedido de assinar com outra equipe, sendo obrigado a voltar para o automobilismo, começando pela Fórmula 5000.

Conquistando resultados empolgantes, Hailwood termina na terceira colocação em seu primeiro campeonato na 5000, seguindo em 1969 com um pódio nas 24 Horas de Le Mans, à bordo de um Ford GT40. Dois anos depois, John Surtees convida o compatriota para participar do GP da Itália de 1971, onde Mike surpreende.


Surtees havia sido campeão mundial nas motos, se tornando, mais tarde, o primeiro homem a repetir o feito nos carros. Para mostrar que tinha toda a habilidade para repetir o feito do novo chefe de equipe, Hailwood dá show em Monza, saindo da décima sétima colocação para batalhar pela vitória, terminando na ótima quarta colocação na prova vencida por Peter Gethin. Semanas depois, em Watkins Glen, volta a surpreender com um bom desempenho, abandonando quando disputava a sexta colocação com Clay Regazzoni.

Suas ótimas performances no fim da temporada confirmaram ele para 1972, já no modelo evoluído da Surtees, o TS9B. A abertura da época é marcada por um belo início de prova do inglês, que era segundo colocado antes de abandonar. Nas provas seguintes, Hailwood se torna figurinha carimbada na disputa pelos pontos, que quase sempre eram alcançados quando o equipamento permitia.

Dois quartos lugares conquistados na Bélgica e na Áustria além do sexto posto no GP da França não se comparam ao pódio que Hailwood conseguiu em Monza, quando todos em sua frente, exceto o campeão Fittipaldi, tiveram problemas. Infelizmente, o projeto do novo bólido da Surtees não era tão fantástico, o que levou a um mal nascimento do TS14A.


Mike passou a maior parte de 1973 enfrentando problemas, conquistando um oitavo lugar como melhor resultado numa temporada marcada pelo seu feito heroico no GP da África do Sul. A prova em Kyalami era a terceira etapa da época, e Regazzoni tentava se recuperar depois de uma péssima largada. Hailwood estava afrente, batalhando com Dave Charlton.

Correndo com um Lotus particular, Charlton acabou se envolvendo num acidente com Hailwood. Todos os pilotos conseguiram passar pelo local sem enfrentar problemas, mas Clay Regazzoni acabou atingindo o Surtees do multi-campeão de motociclismo. Mike logo saiu de seu bólido e começou a soltar o cinto do suiço, atordoado ao meio das fortes chamas.

Seus braços e pernas começaram a pegar fogo, e Hailwood saiu correndo pela pista até conseguir apagar as labaredas enquanto o fiscal tentava extinguir as chamas da BRM de Regazzoni. Logo após se safar, mesmo com algumas queimaduras, Mike volta ao local do acidente e retira o colega de seu carro: The Bike havia salvado a vida de um piloto - algo que lhe renderia a maior condecoração civil inglesa, a George Medal.

Há duas voltas do final, Hailwood estava na quinta posição quando embateu
fortemente num dos muros de Nürburgring

Para 1974, Mike parece ter um futuro mais promissor ao assinar com a McLaren, onde conquista resultados empolgantes nas três primeiras provas, incluindo um pódio no GP da África do Sul. Mas, a partir da terceira rodada ocorre um revés, e Hailwood passa a conquistar resultados fracos e pouco animadores, com exceção do quarto posto em Zandvoort, semanas antes do GP da Alemanha.

No Nürburgring, sofre um forte acidente na qual decreta o fim de sua carreira o automobilismo. The Bike ainda teve um rápido retorno ao motociclismo em 1978, conquistando a Fórmula I com sua Ducati 900SS.

Anos antes, Hailwood visitou um cartomante na África do Sul, e lá acabou ouvindo que não passaria dos 40 anos, e que morreria ao se chocar com um caminhão.

Em 1981, quando já era casado e tinha dois filhos, Mike embateu fortemente com um caminhão, que fez uma manobra ilegal na estrada. David, seu rapaz, sobreviveu, enquanto Michelle, sua filha, morreu de imediato, dois dias antes do pai não resistir aos ferimentos. O motorista que causou um grande buraco em toda uma família foi multado em apenas 100 libras...


O esporte à motor havia perdido um de seus maiores homens de sempre... e já se passaram 35 anos de tal.

Imagens tiradas do Google Imagens - F1-History.deviantart.com

Os não-campeões que já usaram o #1 em provas oficiais


Seria o número #1 uma exclusividade para os campeões no automobilismo? Atualmente podemos até considerar isso, mas nos tempos em que Grandes Prêmios eram eventos isolados e não necessariamente formavam um campeonato, era consideravelmente comum vermos nomes que jamais entraram no hall dos campeões do mundo correndo com o mais icônico de todos os números.

Para fazer a lista retirei as 500 Milhas de Indianapolis e provas não válidas para o campeonato, além de aceitar apenas pilotos que conseguiram participar das corridas.

Graham Whitehead
Você provavelmente jamais ouviu falar nesse nome, mas ele é o único, até hoje, a conseguir a façanha de participar de apenas uma corrida e curiosamente correr com o carro número #1. O britânico esteve presente no GP da Grã-Bretanha de 1952 com um Alta privado, conquistando um décimo segundo lugar ao fim das oitenta e cinco voltas.


Lance Macklin
Outro britânico que conseguiu tal feito em casa, na edição de 1953 do GP da Grã-Bretanha. Macklin tem como melhor resultado uma vitória num evento extra-campeonato realizado em 1952, no Silverstone. Um ano depois, no mesmo autódromo, lá estava Macklin largando na décimo segunda colocação, não conseguindo terminar a prova após seu HWM ter problemas.


José Froilán González
Agora a lista passa a ter respeito, com o grande argentino que alcançou grandes resultados mesmo não participando regularmente de toda a temporada. A única vez que sentiu o gosto de correr com o carro número #1 foi no GP da Alemanha de 1954, terminando em segundo após dividir sua Ferrari com Mike Hawthorn. O por que dele ter usado o número? Havia ganho o GP da Grã-Bretanha, etapa que antecedeu o GP alemão...


Stirling Moss
O piloto mais "segundão" de todos já teve seu momento de alegria com o #1. Usando o número em sua belíssima Vanwall, Moss teve sorte no GP da Holanda de 1958, conquistando uma importante vitória que o fez superar Luigi Musso na disputa pelo título. Infelizmente, o inglês falharia mais uma vez ao tentar conquistar o campeonato de pilotos...


Peter Collins
Já pensou em utilizar o número #1 na última corrida de sua carreira que não foi marcada por nenhum título mundial? Isso pode até parecer bom, mas para Peter Collins não foi. Mesmo vencendo o GP da Grã-Bretanha de 1958 com o #1 espantado em sua Ferrari, o inglês não teria muita felicidade na prova seguinte, realizada no Nürburgring e manchada pela sua morte...


Jean Behra
Depois de Stirling Moss, foi a vez de Jean Behra usar o número #1 no GP da Holanda, agora na edição de 1959. Meses antes de falecer em AVUS, o francês participou de uma de suas últimas provas pela Ferrari em Zandvoort, conquistando um mero quinto lugar na prova marcada pela única vitória de Joakim Bonnier.

É possível ver Ward na última colocação

Rodger Ward
A história é curiosa, e como não havia nenhum campeão no grid, decidiram dar o número #1 para o vencedor das 500 Milhas de Indianapolis, que por sua vez iria correr com um carro da Indy. Ward participou do GP dos EUA de 1959 numa carroça se comparada aos bólidos europeus. Seu Kurtis Kraft Offenhauser não era capaz de competir com Ferraris, Coopers e até mesmo com Tec-Mecs. Com isso, o norte-americano abandonou a prova na volta 20, com problemas na embreagem.


Chris Amon
Famoso pelo seu azar combinado com a cautela, Amon já participou de um GP com o carro #1. Em Spa-Francorchamps, na edição de 1967 do Grande Prêmio da Bélgica, o neozelandês teve a sua chance, fazendo uma boa prova ao completar no terceiro posto após 28 voltas.


Jean-Pierre Beltoise
O francês não conseguiu se qualificar para o GP de Mônaco de 1967 com o #1, mas seu retorno na edição de 1968 com o mesmo número em sua Matra foi mais feliz. Beltoise tinha grandes chances numa prova com tantos abandonos, porém, um erro acabou sendo fatal para os resultados finais. Na décima primeira volta, Jean-Pierre sofreu um acidente, danificou a suspensão e ficou incapaz de voltar à corrida.


Pedro Rodríguez
Como se não houvesse algo tão raro como utilizar o número #1 em sua única corrida largada, Pedro Rodríguez conseguiu a façanha de participar de duas provas seguidas utilizando o algarismo em seu carro. No GP da Bélgica, foi algo que ajudou o mexicano a alcançar sua última vitória, após assumir a ponta no giro cinco. Semanas depois, no triste GP da Holanda, Rodríguez não teve a mesma forte, sofrendo problemas que tiraram as chances de qualquer bom resultado.

Ronnie Peterson
O sueco nunca conquistou um título, mesmo sendo duas vezes vice-campeão e uma vez terceiro colocado. Idolatrados por tantos, é impossível esquecer a temporada de 1974 pela Lotus, na qual Peterson participou integralmente com o número #1 em seu bólido preto e dourado. Apesar das três vitórias, não foi possível se igualar com as McLarens e Ferraris, tendo de se contentar com um quinto lugar geral.


John Watson
A última vez que vimos um não-campeão usar o número #1 foi no GP da Europa de 1985, realizado em Brands Hatch. John Watson, um daqueles que sempre colocamos em listas dos melhores que nunca conquistaram títulos, substituía seu ex-companheiro Niki Lauda, que havia se machucado nos treinos do GP da Bélgica. Infelizmente, o desempenho do norte-irlandês não condisse com seu talento, terminando na sétima colocação após sofrer durante todo o fim-de-semana marcado pelo título de Alain Prost.

Antes mesmo de conquistarem títulos, alguns pilotos já haviam utilizado o #1 em seus bólidos, mas, sem dúvida, os casos mais marcantes são daqueles que jamais sentiram o prazer de serem campeões do mundo. Espero que tenham gostado do post.

Imagens tiradas do Google Imagens - GPExpert.com.br - F1-History.deviantart.com